Desabafo de
um quase pai
Um casal
ficou extremamente feliz quando soube da primeira gravidez. Já se faziam 10
anos de casados, era momento de uma gravidez. Mas, na primeira transvaginal, o
médico constatou que era uma gravidez anembrionária. O casal não aceitando e pensando
ser um erro médico, recorreu a outro profissional, mas o laudo foi o mesmo. Foi
necessário uma curetagem. O dia do procedimento, era aniversário daquele que
seria o futuro papai (24 de janeiro 2014).
O tempo passou, e após alguns exames, ficou constatado
que não era nenhuma impossibilidade do casal ter filhos. Uma segunda gravidez
aconteceu. A chama da felicidade em receber de Deus um filho acendeu-se
novamente. Exames iniciais, com bastante apreensão, foram feitos. Graças a Deus
tudo estava bem. O casal aliviado sorria, escolhia nome, fazia planos.
No entanto, num segundo ultrassom, constatou-se um
aborto retido. Outra curetagem foi realizada. E dessa vez foi no mês do aniversário
daquela que seria a futura mamãe (05 de setembro de 2015).
Os dias foram passando, e muitas manhãs, muitos café
da manhã, regado de lágrimas e perguntas. O tempo foi passando, e o casal, em
especial a mulher se consolando.
Após alguns meses, para ser mais exato, seis meses
depois, outra gravidez. A alegria foi misturada a ansiedade. Assim como haviam sido
recomendados pelo médico, já desde o início, três dias de atraso da regra
feminina, exames foram feitos e a gravidez constatada. O médico que já
acompanhava o casal desde a primeira gravidez, medicou e recomendou remédios
que possibilitariam uma gravidez segura.
Há um ditado popular que diz: “gato escaldado, tem medo d’água fria”. Essa era a situação, alegria e ansiedade,
perguntas e lágrimas, marcavam cada novo ultrassom. Ao fim de cada ultrassom,
sorrisos e planos.
Era o terceiro mês dessa terceira gravidez. O casal já
estava se acostumando e cheio de planos, afinal, tudo iria terminar bem. E o
terminar bem era com aquele bebê no colo. No entanto, aquele dia, 02 de
setembro de 2016, outro ultrassom e a constatação de outro aborto retido. Por
um momento, tente imaginar a situação do
casal?
Num dos piores momentos da vida do povo de Jerusalém,
o profeta Jeremias escreveu cinco poemas fúnebres, e foi justamente de um
desses poemas que o pai buscou e ofereceu consolo. “A minha porção é o Senhor, ..., esperarei
nele” (Lamentações 3.24).
Na sua Palavra, Deus vai consolando de um jeito muito
especial.
Pessoas conversam com o casal. Tentam de todas as
maneiras consolar e trazer palavras de ânimo. Todos querem ajudar e ajudam
muito, mesmo que seja num abraço. Agradeço a todos.
Nesses três episódios unido a minha experiência de
cinco anos junto ao CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente)
tenho aprendido uma preciosa lição. Aprendi que:
“Deus na sua graça e onisciência ainda não me permitiu ter
um(a) filho(a). Em Jesus estou confortado e consolado! Mas, na minha
responsabilidade pastoral, estou extremamente preocupado. Preocupado com aqueles
pais que pela graça de Deus receberam um valioso presente (Salmo 127.3), mas,
estão perdendo seus filhos para si mesmos”.
Muitas pessoas dizem: “Deus quis assim”. Tudo bem! Eu
não duvido do amor de Deus, mesmo nessa situação. No entanto, pai e mãe, há uma
coisa que Deus não quer: “Ele não quer que você perca seu filho por sua
responsabilidade”.
Dias atrás ouvi uma mãe expressar sua preocupação
diante da irresponsabilidade de um pai que dirigia seu veículo e permitia a
filha ficar com meio corpo fora, pela janela do carro. Uma preocupação razoável
e louvável. Mas, me desculpe, uma preocupação hipócrita. Afinal, o filho dessa mãe e acredito que
ela nem saiba disso, se gabava de ter faltado aulas por quatro dias.
Em muitas reuniões a frente do CMDCA ressaltei: “muitos pais tem filhos, mas, nem todos os filhos tem pais”.
Há quase quinhentos anos, em
1524, Martinho Lutero numa carta aberta “Aos
prefeitos das cidades Alemãs” exortou os cidadãos e autoridades à investir
na educação cristã da juventude. Em 1530, o mesmo Martinho Lutero fez um apelo
aos pais para que enviassem seus filhos à escola. Para o reformador, todas as
crianças, “pobres ou ricas” devem
receber uma educação secular e cristã.
Martinho Lutero, nunca deixou de se
preocupar com os dois meios em que Deus governa, por isso propôs que todos
frequentem a escola para serem instruídos
em todas as ciências para uma boa atuação
na sociedade e também na Palavra de Deus
para agirem de forma cristã na sociedade.
Disse o sábio: “Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da
vida não se desviará dele” (Provérbios 22.6).
O sábio Salomão elucida
nessas palavras que cada pai e cada mãe tem uma dupla responsabilidade
em relação aos filhos: responsabilidade com o corpo e com a alma.
Pai e mãe, por
mais alta e necessária que seja a responsabilidade para com o corpo do seu
filho, maior, muito maior, é a responsabilidade para com a alma do seu filho. De
que adianta oferecer todas as possibilidades nesta vida? De que adianta dar formação
acadêmica, riquezas, dias aprazíveis, se vieram a perder sua alma? Jesus
afirma: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a
sua alma?” (Marcos 8.36). Ouça bem, essa é uma
séria advertência de Jesus.
A vida que
é composta por corpo e alma, é um presente, um dom de Deus. E seu filho é uma
vida presenteada a seu cuidado!
Como pastor
eu sei que não é fácil aplicar a Palavra de Deus. Mas, não é por causa dessa
dificuldade que pais devem perder a paciência. Por isso, Martinho Lutero
recomendou: “Como o chefe de família deve ensinar com
simplicidade em sua casa”.
Lembre-se: sem a síndrome de Adão. Ou seja, não culpe o outro.
É preciso
paciência para explicar, repetir, dirigir os(as) filhos(as) para dentro da Palavra
de Deus. Além de paciência é necessário muita oração. Como diz o pastor Paulo
Moisés Nerbas, os filhos tem duas fases. A fase em que os aconselhamos e oramos por eles e a fase em que apenas oramos.
Muitos
pais se sentem fracos para esta tão nobre missão. Por isso, pai e mão, o
auxílio só vem de um lugar. Daquele lugar, com o qual você precisa ensinar: “... vocês devem criá-los com a disciplina
e os ensinamentos cristãos” (Efésios 6.4).
Se o pai e mãe não sabem o caminho. O
caminho da igreja, da verdade, da ética, da moral, em qual caminho irão caminhar?
Ensinar vem do latim “educare”, ou seja, “deixar marcas”.
Como eu gostaria, mas, Deus na sua graça
e onisciência ainda não me deu um(a) filho(a) para deixar marcas cristãs. Mas,
Deus deu a você essa graça. Aproveite!
Deus abençoe
Em Jesus
o desabafo de um quase pai
Edson Ronaldo
Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com
(44) 9856 - 8020
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