sábado, 10 de setembro de 2016

Desabafo de um quase pai

Desabafo de um quase pai

Um casal ficou extremamente feliz quando soube da primeira gravidez. Já se faziam 10 anos de casados, era momento de uma gravidez. Mas, na primeira transvaginal, o médico constatou que era uma gravidez anembrionária. O casal não aceitando e pensando ser um erro médico, recorreu a outro profissional, mas o laudo foi o mesmo. Foi necessário uma curetagem. O dia do procedimento, era aniversário daquele que seria o futuro papai (24 de janeiro 2014).  
O tempo passou, e após alguns exames, ficou constatado que não era nenhuma impossibilidade do casal ter filhos. Uma segunda gravidez aconteceu. A chama da felicidade em receber de Deus um filho acendeu-se novamente. Exames iniciais, com bastante apreensão, foram feitos. Graças a Deus tudo estava bem. O casal aliviado sorria, escolhia nome, fazia planos.
No entanto, num segundo ultrassom, constatou-se um aborto retido. Outra curetagem foi realizada. E dessa vez foi no mês do aniversário daquela que seria a futura mamãe (05 de setembro de 2015).
Os dias foram passando, e muitas manhãs, muitos café da manhã, regado de lágrimas e perguntas. O tempo foi passando, e o casal, em especial a mulher se consolando.
Após alguns meses, para ser mais exato, seis meses depois, outra gravidez. A alegria foi misturada a ansiedade. Assim como haviam sido recomendados pelo médico, já desde o início, três dias de atraso da regra feminina, exames foram feitos e a gravidez constatada. O médico que já acompanhava o casal desde a primeira gravidez, medicou e recomendou remédios que possibilitariam uma gravidez segura.
Há um ditado popular que diz: “gato escaldado, tem medo d’água fria”. Essa era a situação, alegria e ansiedade, perguntas e lágrimas, marcavam cada novo ultrassom. Ao fim de cada ultrassom, sorrisos e planos.
Era o terceiro mês dessa terceira gravidez. O casal já estava se acostumando e cheio de planos, afinal, tudo iria terminar bem. E o terminar bem era com aquele bebê no colo. No entanto, aquele dia, 02 de setembro de 2016, outro ultrassom e a constatação de outro aborto retido. Por um momento, tente imaginar a situação do casal?
Num dos piores momentos da vida do povo de Jerusalém, o profeta Jeremias escreveu cinco poemas fúnebres, e foi justamente de um desses poemas que o pai buscou e ofereceu consolo. “A minha porção é o Senhor, ..., esperarei nele” (Lamentações 3.24).
Na sua Palavra, Deus vai consolando de um jeito muito especial.
Pessoas conversam com o casal. Tentam de todas as maneiras consolar e trazer palavras de ânimo. Todos querem ajudar e ajudam muito, mesmo que seja num abraço. Agradeço a todos.
Nesses três episódios unido a minha experiência de cinco anos junto ao CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente) tenho aprendido uma preciosa lição. Aprendi que:
Deus na sua graça e onisciência ainda não me permitiu ter um(a) filho(a). Em Jesus estou confortado e consolado! Mas, na minha responsabilidade pastoral, estou extremamente preocupado. Preocupado com aqueles pais que pela graça de Deus receberam um valioso presente (Salmo 127.3), mas, estão perdendo seus filhos para si mesmos”.
Muitas pessoas dizem: “Deus quis assim”. Tudo bem! Eu não duvido do amor de Deus, mesmo nessa situação. No entanto, pai e mãe, há uma coisa que Deus não quer: “Ele não quer que você perca seu filho por sua responsabilidade”.
Dias atrás ouvi uma mãe expressar sua preocupação diante da irresponsabilidade de um pai que dirigia seu veículo e permitia a filha ficar com meio corpo fora, pela janela do carro. Uma preocupação razoável e louvável. Mas, me desculpe, uma preocupação hipócrita. Afinal, o filho dessa mãe e acredito que ela nem saiba disso, se gabava de ter faltado aulas por quatro dias.
Em muitas reuniões a frente do CMDCA ressaltei: “muitos pais tem filhos, mas, nem todos os filhos tem pais”.
Há quase quinhentos anos, em 1524, Martinho Lutero numa carta aberta “Aos prefeitos das cidades Alemãs” exortou os cidadãos e autoridades à investir na educação cristã da juventude. Em 1530, o mesmo Martinho Lutero fez um apelo aos pais para que enviassem seus filhos à escola. Para o reformador, todas as crianças, “pobres ou ricas” devem receber uma educação secular e cristã. 
Martinho Lutero, nunca deixou de se preocupar com os dois meios em que Deus governa, por isso propôs que todos frequentem a escola para serem instruídos em todas as ciências para uma boa atuação na sociedade e também na Palavra de Deus para agirem de forma cristã na sociedade.
Disse o sábio: “Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele” (Provérbios 22.6).
O sábio Salomão elucida nessas palavras que cada pai e cada mãe tem uma dupla responsabilidade em relação aos filhos: responsabilidade com o corpo e com a alma.
Pai e mãe, por mais alta e necessária que seja a responsabilidade para com o corpo do seu filho, maior, muito maior, é a responsabilidade para com a alma do seu filho. De que adianta oferecer todas as possibilidades nesta vida? De que adianta dar formação acadêmica, riquezas, dias aprazíveis, se vieram a perder sua alma? Jesus afirma: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Marcos 8.36). Ouça bem, essa é uma séria advertência de Jesus.
A vida que é composta por corpo e alma, é um presente, um dom de Deus. E seu filho é uma vida presenteada a seu cuidado!
Como pastor eu sei que não é fácil aplicar a Palavra de Deus. Mas, não é por causa dessa dificuldade que pais devem perder a paciência. Por isso, Martinho Lutero recomendou: “Como o chefe de família deve ensinar com simplicidade em sua casa”. Lembre-se: sem a síndrome de Adão. Ou seja, não culpe o outro.
É preciso paciência para explicar, repetir, dirigir os(as) filhos(as) para dentro da Palavra de Deus. Além de paciência é necessário muita oração. Como diz o pastor Paulo Moisés Nerbas, os filhos tem duas fases. A fase em que os aconselhamos e oramos por eles e a fase em que apenas oramos.
Muitos pais se sentem fracos para esta tão nobre missão. Por isso, pai e mão, o auxílio só vem de um lugar. Daquele lugar, com o qual você precisa ensinar: “... vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos” (Efésios 6.4).
Se o pai e mãe não sabem o caminho. O caminho da igreja, da verdade, da ética, da moral, em qual caminho irão caminhar?
Ensinar vem do latim “educare”, ou seja, “deixar marcas”.
Como eu gostaria, mas, Deus na sua graça e onisciência ainda não me deu um(a) filho(a) para deixar marcas cristãs. Mas, Deus deu a você essa graça. Aproveite!
Deus abençoe
Em Jesus
o desabafo de um quase pai

Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com
(44) 9856 - 8020

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