07/02/16
Transfiguração
de Jesus
Sl
99; Dt 34.1-12; Hb 3.1-6; Lc 9.28-36
Tema:
A melhor maneira de caminhar e morrer!
Moisés
recebeu a notícia de que não iria entrar na terra prometida, (Nm 20.12). Essa
decisão divina recebe muitas interpretações. A minha leitura do episódio faz
concluir que Moisés confiou em seu conhecimento geográfico. A região era
formada por partes finas de calvário. Tendo vivido nessa região por 40 anos e
sempre estar em busca de água para as cabras de seu sogro, Moisés sabia que, ao
bater forte nesse solo fino de calcário jorraria água. Moisés ao bater forte
confiou no seu conhecimento. Seu saber o levou a incredulidade.
Quando
Deus ouviu a reclamação do povo, solicitou que “Moisés e Arão apenas falassem com a rocha”
(Nm 20.8). Moisés, por conhecer e saber esses detalhes geográficos, preferiu
agir a sua maneira.
Os
anos se passaram e Moisés caminhou com o povo rumo a terra prometida. Chegando
próximo, Moisés “subiu
ao monte Nebo, ao cimo de Pisga” e viu toda a terra prometida. Os 40
anos de caminhada e liderança do povo de Deus estava terminando.
O
monte do qual Moisés viu a terra prometida faz parte de uma cadeia montanhosa interligada
com o monte Sinai/Horebe. Cadeia montanhosa onde Deus havia dado a lei para seu
povo e também se mostrou
diante do sacrifício de seu Filho Jesus anos mais tarde, assim como já havia
antecipado com o relato de Abraão e Isaque (Gn 22).
A
experiência de Moisés em ter visto a terra prometida foi incrível. Moisés pode
ver a terra “que
sob juramento, Deus havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó” (Dt
34.4). De certa perspectiva, é uma pena não termos o relato da experiência
pessoal de Moisés ao visualizar a terra prometida.
A
vida de Moisés foi marcada pelos extremos. Desses extremos pode-se aprender
grandes lições.
Ao
nascer, por ser menino, deveria ter sido morto. A ordem do rei do Egito a todo
o povo era que: “todos
os filhos que nascerem aos hebreus lançareis no Nilo, mas, as filhas deixareis
viver” (Ex 1.22).
Deus
que já havia traçado um plano libertador, concedeu sabedoria a Joquebede, mãe
de Moisés. E assim, o menino se tornou o filho da filha de Faraó. Como neto do
Faraó, Moisés “foi
educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras”
(At 7.22).
Moisés
não sabia que Deus o estava preparando para libertar o povo da escravidão, que
conforme havia dito à Abraão estava terminando (Gn 15.13). Por isso, como neto
de Faraó tornou-se orgulhoso e prepotente.
Em
seu orgulho e prepotência, Moisés resolveu matar um soldado egípcio. Ele,
através do conhecimento da história do povo hebreu sabia de que Deus libertaria
seu povo, mas, através duma ação humana pensou que fosse capaz de realizar o
mesmo.
Moisés
estava sendo preparado por Deus, e mesmo nessa situação bem humana, Deus o
colocava em sua segunda etapa de preparação. E para a mesma, foi conduzido ao
deserto, nas terras de Midiã.
Longos
40 anos se passaram, e após esse período, tendo se cumprido o tempo de Deus,
Moisés foi chamado e enviado para libertar o povo de Israel da escravidão
egípcia. Assim, iniciou-se uma nova etapa em sua vida: a liderança.
Que vida! Quantos extremos!
A
julgar por tudo que passou, talvez pensemos que Moisés merecesse entrar na
terra prometida. Será que Deus não foi injusto? Para responder essa questão,
é preciso fazer uma correta distinção. Existe diferença entre a justiça cristã e as outras justiças. A justiça cristã é
diferente da justiça política, da justiça cerimonial e da justiça da lei. Não
se pode julgar um ato de Deus de acordo com as justiças existentes, mesmo que
esses tipos de justiça seja um dom de Deus. Nossas obras e realizações não influenciam as
decisões e os mistérios de Deus.
A Bíblia não pode ser lida e interpretada numa
perspectiva humanitária ou política. É necessário ler e interpretar a Bíblia
com os olhos da fé, na perspectiva da promessa de Deus.
Com
a perspectiva correta, vê-se a graça e a misericórdia de Deus para com Moisés,
pois, Deus do alto do monte Pisga permitiu a Moisés uma boa visão da terra
prometida. Deus disse a Moisés: “eu te faço vê-la com os próprios olhos;” (Dt
34.4).
O
ver a terra prometida com seus próprios olhos
era a certeza dada por Deus à Moisés de que sua promessa havia sido cumprida.
Deus havia feito a promessa a Abrão quando lhe disse: “Ergue os olhos e olha desde onde estás para
o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra
que vês, eu te darei, a ti e à tua descendência, para sempre” (Gn
13.14-15).
Promessa feita, promessa cumprida!
Ao
ver a terra prometida, Moisés teve uma experiência maravilhosa. Como disse
anteriormente, essa experiência não foi escrita em nenhum livro por Moisés,
mas, tenho certeza de que foi a maior experiência humana que alguém pode ter.
Moisés,
(com 120 anos, após 40 anos de liderança de um povo que não lhe pertencia, após
tantos episódios, tantas dúvidas e questionamentos), vê com seus próprios olhos
que Deus cumpriu a sua promessa.
Após
ver a terra prometida e com isso a certeza de que Deus havia cumprido sua
promessa, Moisés morreu. Que morte bem aventurada!
Vivemos
numa época diferente da de Moisés, mas, os personagens parecem os mesmos. Temos
líderes e liderados. Todos estamos a caminho da terra prometida, o céu, afinal “... a nossa
pátria está nos céus, ...” (Fp 3.20).
Os
líderes dessa geração estão passando por uma situação delicada. A exemplo do
povo liderado por Moisés, muitos duvidam da terra prometida, da pátria
celestial. Outros estão apegados a pátria terrena. Alguns líderes vislumbram o
concreto, ou seja, os grandes milagres de Deus realizados por suas mãos que são
mais poderosas que as de qualquer outro.
O
dia 07 de fevereiro de 2016 é o último domingo de Epifania. Em alguns dias se iniciará
a quaresma. O tempo da quaresma é um tempo de caminhada e reflexão. Caminhada e
reflexão em direção a cruz de Jesus.
A
cruz é a certeza da promessa cumprida por Deus em Jesus. Somos convidados a
continuar nossa caminhada e vislumbrar a pátria celestial pela certeza de que
Deus em Jesus cumpriu sua promessa de redenção. O último domingo da epifania é
marcado pela transfiguração de Jesus. Esse episódio mostra a luz de Deus,
Jesus, que brilha diante de nós. Nele “...guardamos firmes, até o fim, a ousadia e a
exultação da esperança” (Hb 3.6). Amém!
Rev. MST Edson Ronaldo Tressmann