domingo, 27 de dezembro de 2015

Pedagogia da lei

03/01/16
02º após natal
Sl 119.97-104; 1 Rs 3.4-15; Gl 3.23-29; Lc 2.40-52
Tema: Pedagogia da lei

              Foi muito difícil à caminhada dos judeus convertidos para o cristianismo. Estavam acostumados a viver submetidos a severas e difíceis exigências da Lei. Havia grupos, como os descendentes dos fariseus, que ainda proclamavam com indisfarçável orgulho seus estágios e conquistas nessa área.
O apóstolo Paulo estava preocupado e, de certa forma, aflito com seus queridos irmãos e irmãs da congregação da Galácia. A maioria era de origem gentílica. Pela pregação do apóstolo, tinham recebido e aceito Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas. Muitos deles, porém, estavam adotando apressadamente pensamentos, posturas e comportamentos sugeridos por alguns mestres judaizantes. Entre outros, a observância da lei judaica tanto moral quanto ritual, a circuncisão. Por isso, o apóstolo Paulo escreve a carta aos gálatas.
         O apóstolo Paulo no v.23 escreve que o propósito pedagógico da Lei estava completo: "Antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela (custódia) da lei, e nela encerrados, para essa fé que de futuro haveria de revelar-se". Antes da era do Evangelho, antes da pregação da fé na redenção em Cristo, os judeus estavam confinados debaixo da Lei. Os fiéis do Antigo Testamento estavam sob a guarda da Lei que regulava suas vidas até aos mínimos detalhes. Porém, o propósito de Deus ao impor essa abrangente custódia, era de cuidado e amável misericórdia para servir ao futuro tempo do Novo Testamento, quando Cristo viria para livrá-los da escravidão da Lei.
         Paulo diz que a "... a lei nos serviu de aio". Segundo o dicionário da língua portuguesa, aio significa: preceptor (mestre, mentor) de crianças ilustres ou ricas. Entre os gregos, aio era um escravo fiel, incumbido do cuidado com a criança desde a infância até o início da maturidade, cujos deveres consistiam especificamente em proteger e cuidar da criança sob seus cuidados de perigos físicos e morais e em acompanhá-la a escola e locais de lazer.
         O dever, o objetivo maior era torná-los cidadãos habilitados, dignos e honrados da cidade. Os fiéis do Antigo Testamento, de acordo com essa comparação, ainda não tinham atingido a maturidade espiritual.
         Deus lhes havia dado a Lei, com todas suas exigências e injunções, como se fosse um aio. O propósito era guiá-los a salvação em Cristo, quando então a Lei, ou melhor, a era da Lei cessaria. Na verdade, o fato da Lei ser aio vale até hoje, visto que ela age e trabalha no sentido de apontar o pecado ao coração de ser humano, mostrando-lhe sua insuficiência e inabilidade em relação à santa vontade e santa justiça de Deus. Quando o coração humano é atingido desta forma pela pregação da Lei, então a boa nova do Evangelho, doce e gracioso, traz fé na justiça da obra salvadora de Jesus Cristo e assegura ao fiel a sua salvação. A Lei, portanto, é apenas preparatória. Quando a fé chega pelo Evangelho e toma conta da vida, o aio fica dispensado. Nos tornamos adultos, atingimos a maturidade como filhos e filhas de Deus.
         No versículo 26 o apóstolo aponta esse fato especialmente para os gentios convertidos: Vocês são filhos de Deus pela "fé em Cristo Jesus", não por qualquer obra da Lei.
         No versículo 27, o apóstolo une, conecta a essa verdade, outra, qual seja: nós nos tornamos filhos de Deus pela fé, através do sacramento do santo batismo. Entramos na mais íntima relação com Cristo, fomos vestidos com os vestidos da perfeita justiça de Jesus. "Com e em Cristo" diz Lutero, "Somos vestidos com sua inocência, justiça, sabedoria, poder, salvação, espírito e vida".
         Sendo assim, todos os fiéis são iguais perante Deus, pois "todos vós sois um em Cristo Jesus". Na vida social as distinções persistem. Na igreja, porém, todos são iguais perante Deus, pobres pecadores carentes da salvação, filhos e filhas de Deus pela fé em Jesus e nele, todos sendo um. E, por consequência, descendentes espirituais de Abraão, "herdeiros segundo a promessa".

Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia

IGREJA LUTERANA - NÚMERO 1 – 1998. Norberto E. Heine. pp. 63 – 65.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Preço a pagar pelos filhos!

27 de dezembro de 2015
1º Domingo após Natal
Sl 111; Êx 13.1 – 3ª, 11 – 15; Cl 3.12 – 17; Lc 2. 22 – 40
Tema: Preço a pagar pelos filhos!

         Na Congregação Evangélica Luterana Concórdia (IELB) de Querência do Norte, PR, os membros são incentivados a ler um determinado livro bíblico e depois de um determinado tempo, os departamentos (Jovens, Leigos e Servas) se reúnem para uma gincana bíblica.
         Após a leitura e estudo de Êxodo houve questionamentos quanto ao capítulo 13, principalmente sobre a consagração do primogênito à Deus.
         Naquela oportunidade não houve tempo adequado para nos deter nesse assunto. Por isso é maravilhoso e bondade de Deus podermos retomar esse assunto e buscar responder a questão trazida naquela ocasião: qual o preço que temos a pagar por nossos filhos?  
         Os vv. 1 a 3 e os vv. 11-16 do capítulo 13 de Êxodo ensinam sobre a consagração do primogênito a Deus.
         A princípio, o texto e o tema podem causar muita dor de cabeça, mas, estudado com carinho e atenção se mostra como um texto chave para a correta compreensão da ordem de Deus.
         O povo já está livre da opressão egípcia que havia perdurado 430 anos (Ex 12.40; Gl 3.17) e caminhando rumo ao Sinai. Para que o povo fosse libertado da escravidão do Egito, Deus, através de 10 pragas foi atingindo os deuses do Egito e mostrando seu poder. A 10º praga atingiu a cabeça de faraó, considerado um deus para os egípcios.
         Na 10º praga, Deus passou pelo meio do Egito (Ex 11.4; 12.29) e feriu os primogênitos dos egípcios. Os israelitas foram salvos pela marca do sangue do cordeiro que havia sido sacrificado. Essa mesma fé, dada como presente no Batismo e na Pregação da Palavra, consagra o pecador como filho de Deus, pois, “sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.24-25).
         O povo de Israel pertencia ao Senhor, assim como Deus havia Moisés falar ao Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito” (Ex 4.21). Como previa a própria lei de Deus, todo primogênito tinha privilégios especiais.
         O “primogênito de Deus” foi resgatado da escravidão e recebeu a instrução de consagrar todo primogênito à Deus, (Ex 13). Essa ordem foi amplamente enfatizada e ensinado ao povo livre e redimido: “Não tardarás em trazer oferta do melhor das tuas ceifas e das tuas vinhas; o primogênito de teu filho me darás” (Ex 22.29), isso “porque todo primogênito é meu; desde o dia em que feri a todo o primogênito na terra do Egito, consagrei para mim todo primogênito em Israel, desde o homem até o animal; serão meus. Eu sou o Senhor” (Nm 3.13).
         Cada primogênito do povo devia ser sacrificado a Deus, ou, resgatado através da morte de outro em seu lugar. Deus disse: “...todo primogênito ... é meu” (Ex 13.2). Como se resgata os filhos? ou: Qual preço a pagar pelo filhos?
         O texto de Ex 13. 1 – 2 e 11 – 16 trata da questão da consagração dos primogênitos a Deus.
         Por ocasião da gincana bíblica na CEL Concórdia em Querência do Norte, PR, uma das participantes perguntou: que preço os pais precisam pagar pelos seus filhos? Será necessário matar o primeiro filho para que os demais vivam? Se fosse de fato necessário matar o primeiro filho para resgatar os demais, acredito que o cristianismo seria a pior de todas as religiões.
         A boa nova é que Deus em Jesus pagou o preço. Jesus é o “primogênito de entre os mortos” (Cl 1.18; Ap 1.5), ou seja, é aquele que resgatou com sua maravilhosa obra todos os seres humanos (Rm 8.29; Hb 1.6).
         A pergunta: que preço os pais precisam pagar pelos seus filhos? é que não é preciso sacrifício do filho mais velho pelos demais. No entanto, o tema, mostra que há sim, responsabilidade por parte dos filhos para com seu pai celestial: consagrá-lo!
         A pergunta feita sobre o preço a pagar pelos filhos aconteceu porque o termo “consagrar” pode significar “sacrificar”. A pergunta na verdade foi temerosa e cheia de dúvidas. Ou seja, “é preciso sacrificar meu filho mais velho para salvar os demais?” É preciso deixar claro que “consagrar” pode significar também “considerar pertencente a Deus”.
         Querido pai e querida mãe: seu filho batizado não é propriedade sua. Ele pertence ao Senhor. Assim, você pai, você mãe precisa estar ocupado em manter seu filho ocupado e envolvido com Deus. Maria e José ouviram da boca de Jesus: “...Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc 2.52), ou seja, não sabem que eu estou ocupado com os negócios do meu pai. 
         Deus comprou os primogênitos do povo de Israel. Como propriedade de Deus, cada pai e mãe deve Consagrá-los ao Senhor! Ou seja, mostrar através da continuação da festa dos pães asmos e da páscoa essa pertença ao Senhor. As duas festas são eventos históricos que mostram o resgate dos primogênitos. Porém, Deus enviou Moisés para falar com o Faraó nos seguintes termos: “Israel é meu filho, meu primogênito” (Ex 4.21) e assim sendo, “...todo primogênito de meus filhos eu resgato” (Ex 13.15).
         A morte dos primogênitos do Egito foi o golpe na cabeça da maior divindade egípcia e esse golpe permitiu os israelitas serem libertados por Faraó. Os primogênitos de Israel só não foram mortos por causa do sangue do cordeiro e a certeza, a fé, do povo de Deus de que a marca, o sangue do cordeiro sacrificado os livraria da tragédia. 
          Aos filhos redimidos e livres da escravidão, Deus exige que os mesmos cresçam sabendo que eles são consagrados ao Senhor, ou seja, que pertencem ao Senhor. Ser consagrada à Deus significa pertencer a Deus, estar completamente envolvido com Deus.
         Querido pai e mãe, não é preciso “sacrificar” o filho mais velho para redimir os demais, no entanto, é necessário assumir a missão cristã: consagrar” ou seja, “considerar o filho batizado como pertencente ao Senhor.
         Se houvesse a necessidade do sacrifício de um para salvamento de outros, o cristianismo já teria sido extinto da face da terra. Afinal, a simples e nobre missão “educar a criança no caminho em que deve andar” (Pv 22.6) já está sendo lentamente abandonada.
         É preciso refletir sobre a missão dada aos pais que saíram do Egito: “Consagra-me ... lembrai-vos deste mesmo dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão; ...” (Ex 13.1,3).
         Devido à tentação imposta a velha natureza, milhares de pais e mães estão negligenciando aos seus filhos o direito de saberem-se pertencentes ao Senhor. Milhares de pais e mães apenas cumprem com seus rituais: batismo e confirmação. Mas, a missão é: “Consagra-me!” Ou seja, deixe que teu filho saiba que “pertence ao Senhor e foi resgatado por ele”. Para que o filho saiba é preciso “ensiná-lo a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.20).
         Consagrado significa “dedicado, pertencente ao Senhor”. E todo aquele que pertence ao Senhor faz parte da “comunhão dos santos”. Essa comunhão dos santos é a “igreja dos primogênitos arrolados nos céus, ...” (Hb 12.23).
         Querido pai e mãe, não deixe o assunto consagração do filho para depois. É um assunto para hoje, para agora. Infelizmente, muitos pais decidiram deixar seus filhos decidirem sua consagração a Deus quando adultos.
         Consagrar o filhos a Deus é a primeira prioridade do pai e da mãe na vida do filho. Não adianta planejar o quarto, as roupas, o nome, etc. Afinal, isso não possui valor nenhum diante da consagração. Lembre-se: A consagração não termina no ritual do batismo, na verdade, continua na vida como batizado, na vida como filho de Deus, como pertencente a Deus. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Natal - Remédio para uma boa memória!

20 de dezembro de 2015
4º Domingo de Advento
Sl 80.1 – 7; Mq 5.2- 5ª; Hb 10. 5 – 10; Lc 1. 39 – 45
Tema: Natal - Remédio para uma boa memória

         Você seria capaz de dizer um evento ocorrido 700 anos atrás?
      Esquecimento é uma das piores doenças que se pode ter. É terrível esquecer quem você é; esquecer o rosto daqueles que te visitam; ... 
       Os relatos do antigo testamento mostram que o povo de Deus inúmeras vezes se esqueceu da sua origem, de quem eram e do amor e da misericórdia de Deus.
       O povo de Deus, a quem o profeta Miquéias transmite a mensagem, havia esquecido que Deus faz e cumpre suas promessas.
        Miquéias significa: “Quem é assim como Deus, o Senhor?” lembra ao povo que Deus trará o novo Davi, de Belém, ao seu povo e por isso, trará uma nova época de paz e alegria.
       Desde essa profecia até o nascimento do Filho de Davi passaram-se 700 anos. Muitos do povo de Deus, que continuavam vivendo um verdadeiro Alzheimer espiritual, não se lembravam da promessa. Em meio a quem deveria se lembrar, surgiram magos do Oriente que foram à Jerusalém tentando encontrar o novo rei que havia nascido. Herodes foi surpreendido pela busca desse rei, afinal, quem era esse rei? Inquieto, consultou sobre o possível nascimento desse rei. Os peritos da lei de Moisés, os escribas e fariseus, aqueles que deveriam se lembrar, confirmaram a Herodes que o profeta Miquéias havia anunciado há 700 anos que um rei da paz nasceria na pequena Belém-Efrata.
    É natural as pessoas se esquecerem de eventos que ocorreram a muitos anos atrás. Milhares, ainda nesse ano de 2015, estarão comemorando o natal sem o verdadeiro presente, sem Jesus. Milhares, esquecidos do verdadeiro Jesus o buscam onde o mesmo não pode ser encontrado.
           Onde encontrar Jesus? Nas Escrituras Sagradas. Nas profecias.
     Herodes ao saber do nascimento do rei da paz, imaginou sua importância. Afinal, seu nascimento já havia sido registrado 700 anos antes de nascer. Dominado pelo medo, Herodes tentou impedir com derramamento de sangue que esse rei crescesse. No entanto, mesmo contra todos os propósitos de Herodes, “Jesus cresceu em graça e sabedoria”.
         Em poucos dias, o mundo inteiro estará comemorando o natal. Para alguns, com seus mais variados argumentos, esse natal é falso, afinal, Jesus não nasceu dia 25 de dezembro. Não quero e não há espaço para discussão desse tema. No entanto, a verdade é que seja como for, é importante e necessário que os cristãos lembrem a respeito do “homem da paz” que nasceu. Nasceu para nos trazer a paz, uma paz que o mundo não consegue compreender (Fp 4.7). 
         Assim como Judá, uma pequena cidade que era muito lembrada na época de Davi por ser a cidade de seu nascimento, mas que, com o passar dos anos, por ser pequena e de pouca importância, acabou sendo esquecida, são milhares de pessoas, ou seja, só sentem valorizadas e amadas quando são prósperas. E na hora das desgraças?
         Homens estrangeiros, magos do Oriente, foram buscar o rei que havia nascido, mas foram encaminhados para a pequena Judá que por muitos havia sido esquecida. Lembre-se: nas desgraças da vida, Deus está contigo, mesmo que todos tenham te esquecido. O príncipe da paz nasceu numa pequena vila esquecida. O príncipe da paz foi enviado para um povo que se imaginava esquecido, pequeno e desprezado.
         Quando o profeta Miquéias anunciou o nascimento do príncipe da paz, o povo de Deus estava sendo oprimido pelos assírios e babilônicos. Em meio a essa opressão não viam saída para seu desespero. Por mais que o povo quisesse independência, todos sabiam que era impossível, afinal, o poderio bélico dos assírios e babilônicos era invencível. Nesse momento em que tudo parecia ser impossível, o profeta Miquéias lembra ao povo que Deus fez e cumprirá a sua promessa: enviará a paz.
       O povo esquecido do amor e da misericórdia de Deus diante da desgraça que estavam enfrentando, precisava lembrar que seriam libertados.
         Faltam poucos dias e milhões de pessoas no mundo inteiro celebrarão o natal. Alguns completamente esquecidos do amor de Deus manifestado naquele que nasceu na manjedoura. Outros, apenas indagando que Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro e por isso, nem sequer estarão lembrando daquele que veio para trazer a paz.
     Natal é o dia do ano em que recebemos a dose do antídoto para uma boa memória. Memória da libertação que aconteceu e acontece pelo “homem da paz – Jesus”. Jesus é a paz personificada. Ele conquistou a paz e transmite a paz. Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Pequeno grupo! Grande diferença!

13 de dezembro de 2015
3º Domingo de Advento
Sl 85; Sf 3.14 – 20; Fp 4.4 – 7; Lc 7.18 – 28
Tema: Pequeno grupo! Grande diferença!

         Sofonias é um discípulo do profeta Isaías. Suas mensagens tinham por objetivo resolver os problemas de cada dia, denunciando as transgressões contra Deus e o próximo. Sofonias atacava a idolatria cultual, as injustiças, o materialismo, a indiferença religiosa, os abusos da autoridade e as ofensas cometidas pelos estrangeiros contra Deus. Em meio a toda essa situação que por si só é desalentadora, o profeta Sofonias, como bom discípulos de Isaías, não se compraz em condenar, na verdade, com um coração evangélico, anuncia que da cidade rebelde, manchada e opressora, “os restantes de Israel ...” (Sf 3.13), ou seja, aqueles que confiarem no Senhor.
      O rei Josias reinava por ocasião da atuação do profeta Sofonias. O período era caótico. Havia uma urgente e séria necessidade de reforma política, social e religiosa. No entanto, a questão era: Como realizar um reforma em meio a esse povo rebelde e corrupto?
      A mensagem do profeta Sofonias se inicia com o anúncio de um desastre de dimensões universais. Os pecados de Judá, destruirá “todas as coisas sobre a face da terra”. Só se salvarão os mansos da terra, ou seja, aqueles que expressam sua fé na vida de justiça para com seu próximo.  
         A julgar pela mensagem apresentada em Sf 3.14-20, esse grupo parece ser pequeno. Para esse grupinho, “os restantes de Israel” (Sf 3.13), o “povo modesto e humilde” (Sf 3.12) a mensagem é de libertação e retorno do cativeiro Babilônico.
       Os vv. 14 – 20 do capítulo 3 mostram o amor de Deus para com Jerusalém. O profeta fala em alegria e gozo. No entanto, há clareza por parte do profeta quando o mesmo diz que a alegria não provêm dos bens materiais, mas da relação pessoal do amor para com Deus e para com o próximo.
         Jerusalém, Judá, por mais permeada que esteja no pecado, nada deve temer. Deus irá ocupar o único lugar de rei, soldado e marido do seu povo. O casamento entre Deus e o povo está renovado pelo perdão.
       Assim é a igreja de Cristo, um pequeno grupo, mas, uma grande diferença. Mesmo que permeada por pecadores, é um grupo perdoado por Deus em Jesus. Essa é a mensagem espetacular do terceiro domingo de advento, pois, assim como os pastores, estamos envolvidos em nossos afazeres. Afazeres que inúmeras vezes nos afastam da Palavra de Deus. Afazeres que inúmeras vezes nos conduz a práticas pecaminosas. Mas, em meio aos afazeres os anjos anunciam: “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Sim, nasceu o salvador, aquele que perdoa todos os nossos pecados. 
         A igreja é um pequeno grupo, mas, vivendo uma grande diferença, no perdão e na certeza da salvação. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Culto que agrada a Deus!

06 de dezembro de 2015
2º Domingo de Advento
Sl 66.1-12; Ml 3.1-7; Fp 1.2-11; Lc 3.1-14
Tema: Culto que agrada a Deus!

         O texto de Malaquias é frequentemente usado por muitos pregadores para justificar o dízimos. Mas, será que o profeta Malaquias tinha apenas o objetivo de falar sobre dízimos?     
         Sempre se refere a Malaquias como um profeta, mas, pode-se também referir ao mesmo apenas como um título a quem Deus confiou o ministério profético sem saber seu nome. Malaquias deriva do termo hebraico “mal’aky” e significa “meu mensageiro”.
         Os mensageiros de Deus, os Malaquias, continuam sendo enviados por parte de Deus para transmitir a mensagem de Deus. Os mensageiros de Deus são diversos e estão espalhados pelo mundo inteiro e nas mais variadas denominações. Devido à dificuldade da tarefa, devido a responsabilidade da pregação, cada mensageiro, “Malaquias”, ouve-se a promessa de Jesus que diz “Ter na mão direita sete estrelas,...” (Ap 1.16), ou seja, o ministério está protegido.
         Cada mensageiro precisa da proteção divina, afinal, a mensagem de Deus faz com que o mensageiro encontre pessoas indiferentes a mensagem de Deus. Assim como Malaquias, “o mensageiro”, encontra-se pessoas desalentadas pelas muitas promessas que não se cumprem. Pessoas apáticas religiosamente, vivendo sua vida numa verdadeira falta de confiança em Deus. Os mensageiros de Deus, os Malaquias atuais, encontram pessoas que duvidam do amor e da misericórdia de Deus. Por tudo isso, os mensageiros precisam anunciar a mensagem de Cristo de maneira fiel. Afinal, a verdadeira mensagem de Deus liberta as pessoas do culto e da ética degradante.
         O mensageiro, Malaquias, havia sido enviado por Deus para pregar à um povo moralmente e eticamente degradado. Esse por sua vez vivia de maneira hipócrita, pensando que assim enganavam a Deus.
         O mensageiro de Deus, conforme a mensagem registrada no livro conhecido como Malaquias, atuou entre um povo que havia deixado apagar a chama inicial do ânimo, da fé. O templo havia sido reconstruído, mas o culto, mesmo que precariamente, ainda funcionava.
         Será que os Malaquias (mensageiros de Deus) do século XXI encontram pessoas e situações diferentes dessa do século V a.C.?
         O lema da IELB para o novo ano eclesiástico que iniciou dia 29 de novembro de 2015 e seguirá até o dia 20 de novembro de 2016 trata a respeito da vida de culto e serviço. Vou viver e anunciar o que o Senhor tem feito! Na vida de culto e serviço.    
         Luteranos, como está a vida de culto e de serviço à Deus?
        Deus diz: “Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor, ...” (Ml 3.1).
         Cada mensageiro é enviado por Deus para preparar o caminho. O caminho que conduz as pessoas à salvação. Por isso, a pergunta: “Quem poderá suportar o dia da sua vinda? Quem poderá subsistir quando ele aparecer?” (Ml 3.2). A mensagem do segundo domingo de advento é uma mensagem de arrependimento. Cada qual é convidado a se arrepender, pois, o arrependimento é a preparação do caminho para o Senhor.
         É preciso comunicar a todos que não se trata apenas em estar na igreja sentado no banco a cada culto. Malaquias, o mensageiro de Deus, fala que a questão é de fé, invocação, ação de graças, confissão e pregação do evangelho. Deus deseja cultos de coração e esses são prestados em todas as ocasiões de nossa vida.
         Tudo o que Deus requer de seus filhos são sacrifícios justos. Lembre-se que: Não é o meu sacrifício, o meu culto, a minha oferta que me torna justo diante de Deus. A verdade é que assim como disse o profeta Jeremias, “Jesus Cristo é a nossa justiça”. Pela fé em Jesus Cristo, meu sacrifício, meu culto, minha oferta se torna justo. Tudo é uma questão de fé, invocação, confissão. Jesus disse: “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21).
         Quando o apóstolo Paulo ao escrever aos Romanos: “Ofereço em sacrifício o evangelho de Deus, para que a oferta dos gentios se torne aceitável, santificada pelo Espírito Santo,....” (Rm 15.16), tem como objetivo esclarecer que só pelo Evangelho que cria a fé é possível oferecer sacrifícios agradáveis a Deus. Evangelho esse, do qual o apóstolo não se envergonhava, pois é o poder de Deus para salvar todos os que creem. O evangelho mostra uma única coisa: Deus aceita o pecador por meio da fé. (Rm 1.16-17). E todos os que estão nessa fé oferecem verdadeiro culto à Deus, dentro e fora da igreja, afinal, “...sem fé é impossível agradar a Deus, ...” (Hb 11.6). Pela fé, todos “somos participantes da graça” (Fp 1.7), ou seja, obtemos o lucro de Deus, a salvação em Jesus. Como participantes da graça de Deus, cada cristão está “cheio do fruto da justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Fp 1.11).  
         Tanto o culto como o dízimo de nada servem se não forem realizados pela fé. Aliás, há um fato que muitos pastores tem medo de dizer. Os dízimos, as ofertas só podem ser realizadas pelos cristãos, pelos que tem fé. Afinal, as ofertas e os dízimos provêm da fé.
      Infelizmente, há muitas pessoas agindo em pleno século XXI, como as pessoas do século V a.C. Realizam seus cultos e fazem suas ofertas de maneira hipócrita, sem considerar se estão ou não na fé verdadeira.
      Mensageiros de Deus continuam sendo enviados por Deus. Mensageiros que possuem uma revelação, não proveniente de sonho ou visão, mas, a revelação suprema, o Evangelho e pelo Evangelho, “toda carne verá a salvação de Deus” (Lc 3.6).
       “Porque eu, o Senhor, não mudo,...” (Ml 3.6).
      Deus continua enviando mensageiros, independentemente dos ouvintes. Deus continua se revelando através do seu Evangelho e através desse, continua operando a fé verdadeira. Através do Evangelho aceita o culto, o louvor, o serviço e as ofertas. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Jesus é a nossa justiça!

Temática da IELB para o novo ano eclesiástico: 
                    Viver e anunciar o que o Senhor tem feito! Na vida de culto e serviço.

1º Domingo de Advento
29 de novembro de 2015
Sl 25.1 – 10; Jr 33.14-16; 1Ts 3.9-13; Lc 19. 28-40
Tema: Jesus é a nossa justiça!


         O contexto do livro de Jeremias apresenta-se entre dois extremos. Dos anos 642 – 609 a.c. e dos anos 609 – 586 a.c. Um total de 56 anos. O período mais longo, 642 – 609 a.c., foi de otimismo. Houve independência política, prosperidade crescente, reforma religiosa. O período de 609 – 586 a.c., foi marcado pelo declínio do reino do sul e o domínio do Egito e da Babilônia, para onde foram exilados.
         O povo constantemente esteve envolvido em tensões internas. As lutas partidárias foram acompanhando as injustiças sociais e uma nova corrupção religiosa. O povo de Deus iniciava sua caminhada rumo ao fim.
         O profeta Jeremias viveu esses momentos de transição entre o povo de Deus. A mensagem profética descrita em Jr 33.14-16, dada por Deus entre os anos de 587 / 586 a.c. ao profeta e Jeremias por ocasião do início do exílio Babilônico.
         O povo estava sem saber o que fazer e como agir. Os dias de festa, haviam se tornado dias de choro.
         O capítulo 32 narra o episódio do primo de Jeremias, Hanameel. Esse aparece no átrio da guarda pedindo que Jeremias lhe compre a sua propriedade. Essa transação era absurda, afinal, comprar um terreno numa cidade de onde todos seriam levados cativos para outro país era incompreensível. No entanto, o profeta Jeremias mostra que essa transação era uma mensagem extraordinária de Deus ao seu povo. Era a mensagem de que todos retornariam do exílio, quando todos imaginavam que era o fim: “Ainda se comprarão casas, campos e vinhas nesta terra” (Jr 32.15).
         A mensagem de Deus ao seu povo era que todos agissem com fé, confiança e certeza. Eles voltariam do exílio. Entre esse povo, Deus tinha uma promessa à ser cumprida: o nascimento do salvador. Ouça o profeta: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que cumprirei a boa palavra que proferi à casa de Israel e à casa de Judá. Naqueles dias e naquele tempo, farei brotar a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e justiça na terra. Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; ela será chamada Senhor, Justiça Nossa” (Jr 33.14 - 16).
         O momento do povo de Judá era de humilhação pelo cativeiro babilônico. Mas, o que eles não conseguiam imaginar era que seriam exaltados, pois, entre eles, nasceria o salvador. O médico Lucas registra essa verdade ao escrever: “José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, ...O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.4,10,11).
         Todo o evento para a salvação do pecador teve seu início na promessa feita por Deus à Adão e Eva por ocasião da queda (Gn 3.15). Todas as páginas das Escrituras Sagradas revelam esse plano salvador, a mensagem do profeta Jeremias: Jesus é a nossa justiça!  
         A partir da queda em pecado sempre houve pecadores que necessitaram da graça e da misericórdia de Deus. A necessidade da graça e misericórdia de Deus se deve ao fato da consequência imediata da queda em pecado, ou seja, a separação de Deus. A humanidade estava fadada ao fracasso da perdição eterna. No entanto, Deus fez a promessa de que enviaria seu filho para que o mesmo pagasse o preço para resgatar a humanidade. Assim, quando do alto da cruz Jesus exclamou: “Está consumado!” (Jo 19.30), anunciava que “a dívida foi paga, o pecador está liberto de toda a culpa e condenação”.
     Infelizmente, mesmo sendo Jesus a justiça do pecador, muitos não vivem pela fé. Sem fé na obra redentora de Cristo, sem Cristo que é a justiça do pecador perante Deus, milhares não irão receber a salvação.
         Quando o profeta Jeremias anunciou ao povo que Deus permitiria que eles fossem ao exílio, houve desespero e falta de confiança em Deus. Mas, para os assegurar do amor e da misericórdia de Deus, o profeta anunciou que desse povo que iria para o exílio, Deus levantaria o salvador.
         A igreja cristã inicia, dia 29 de novembro de 2015, o advento. Advento é o período de preparação para a comemoração do nascimento de Jesus.
         O natal é para muitos, assim como é Jesus, ou seja, só é “bom e alegre” quando está tudo bem. Qual é o propósito de Deus com o exílio (sofrimento)? O que Deus nos reserva após o exílio?

         Adventomomento de preparação para algo muito maior. Jesus é a nossa justiça! É a nossa luz na caminhada pelo exílio. É a nossa certeza de salvação. Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Compadecer-se dos que tem dúvidas

22 de novembro de 2015
Último domingo após Pentecostes
Sl 93; Is 51.4-6; Jd 20-25; Mc 13.24-37
Tema: Compadecer-se dos que tem dúvidas.

         Recordo a congregação evangélica Luterana que no ano de 2012 as palavras do texto de Judas foram lidas por ocasião do culto. Mas, mesmo 3 anos após, muitos ao abrirem suas Bíblias nesse culto para a leitura da epístola de Judas pensaram: - não me lembro de ter lido a carta de Judas em um culto da IELB.
         No dia 19 de novembro de 2012, o tema abordado sobre a epístola de Judas foi: Uma convocação Urgente! Qual? Batalhar pela fé entregue aos santos - http://sermoescristoparatodos.blogspot.com.br/2012/11/uma-convocacao-urgente.html
   Há outro motivo para a convocação urgente feita por Judas, “E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida” (Jd 22), ou, “a alguns que duvidam, convencei-os”.           É possível convencer alguém que está em dúvida a respeito da fé cristã?
         É necessário olhar para os 3 versículos anteriores ao versículo 20. Conforme os versículos 17 – 19 os “homens sensuais” aos quais Judas se refere não são apenas aqueles que se afastam da congregação visível, mas também, àqueles que se separam definitivamente de Cristo e da sua Igreja, unindo-se ao diabo com práticas ímpias e pecaminosas. Esses homens são “sensuais” justamente por não terem o Espírito de Deus, “...sensuais, que não têm o Espírito” (Jd 19).
         Cair da graça é um fato que pode acontecer conosco. E isso pode ocorrer de maneira bem sutil. Lembro-me que a poucos meses atrás uma pessoa disse que nunca deixaria sua vida de fé e prática na congregação. Essa pessoa era ativa e participativa. Em pouco tempo, passou a participar de pouquíssimos eventos da congregação.
         Esse exemplo mostra que todos nós estamos sujeitos a nos afastar vagarosamente. Por causa dessa situação, Judas recomenda: “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna. E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; ...” (Jd 20-22).
         Judas recomenda que nos vigiemos fielmente e com prudência. É preciso agir com compaixão. O exemplo da pessoa que citei anteriormente mostra que é preciso nos advertir no sentido de termos cuidado para não nos tornar soberbos. O diabo faz uso da nossa carne que é fraca para fortalecer seus propósitos, destruir o filho de Deus. Ao reconhecer nossa fraqueza, somos convidados a voltar e nos edificar na fé, orar no Espírito, nos guardar no amor de Deus, esperar a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo.
         Voltando a questão: É possível convencer alguém que está em dúvida a respeito da fé cristã? Sim! No entanto, é necessário estar firme na fé.
         O propósito de Judas na sua carta visa resguardar os cristãos contra os falsos mestres que estavam disseminando preceitos perigosos para reduzir o cristianismo a uma mera fé nominal. É preciso: “... batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd. 3), ou seja, lutar pela fé. Todos os profetas e apóstolos e o próprio Cristo lutaram ininterruptamente pela verdadeira fé. Jesus disse: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa (Mt 10.34-36).
         Porque é necessário lutar? A necessidade como disse Judas se deve ao fato de muitos serem “escarnecedores, andando sem suas próprias paixões. ... sensuais, que não têm o Espírito” (Jd 18-19).
         Se não houvesse quem fraudasse a Palavra de Deus, não haveria necessidade de compaixão aos que vivem em dúvidas. Afinal, os duvidosos a quem Judas se refere são aqueles que foram e são enganados pelos falsificadores da Palavra de Deus.
         Sempre quando as pessoas me perguntam sobre os congregados de outras denominações que lhes trazem observações a respeito da Palavra de Deus, a minha resposta é única: “O problema é que aprendem assim. O problema está com aquele que ensina. Quanto às pessoas que congregam na determinada igreja, se mesmo tendo entendimento errado de um texto bíblico, mas, possuir a fé verdadeira na obra de Jesus realizada na cruz, será salva. No entanto, aí daquele que ensina as pessoas fraudando a Palavra de Deus”.
         É necessário compadecer-se dos que tem dúvida.
         Compadecer é ajudar alguém que está aflito ou que busca ajuda.  
         Certa vez um pastor foi solicitado a ir à um hospital. Um paciente que havia recebido alta hospitalar desejava oração. O pastor foi, no entanto, ficou impressionado com o fato de estar sendo chamado para orar por um paciente que havia recebido alta e estava bem de saúde. O pastor disseque seu diálogo com aquele homem foi da seguinte maneira:
                   - Você é cristão?
                   - sim, sou da igreja...
         O pastor observou que não havia brilho em seu olhar. E a falta de brilho não era devido ao seu estado de saúde. Assim o pastor disse:
                 - Ao chegar no quarto vi que estava lendo a Bíblia. Qual livro bíblico estava lendo?
                   - Salmo 135.
                   - O que entende da Bíblia?
                   - temer ao Senhor.
                   - O que é temer ao Senhor?
                - Temer ao Senhor e saber que Deus faz justiça. Afinal, Deus é irado e sempre pune seus filhos até que os mesmos aprendam a se comportar.
         O pastor relatou que após aquela resposta, aquele homem cheio de medo e pavor de Deus confessou os pecados que havia cometido antes da enfermidade e que sua luta pela cura era justamente a punição pelos seus pecados.
         As pessoas, muitas dessas, nossos familiares, outros, nossos amigos e alguns moram ao nosso lado, se encontram nas mais variadas dúvidas. Há aqueles que mesmo estando numa igreja se encontram numa verdadeira confusão espiritual.
         “E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida” (Jd 22).
        Judas no início da sua carta diz que desejava escrever uma carta a respeito da salvação que tinham em comum, mas, devido a infiltração de ensinamentos contrários a Palavra de Deus e desses fraudulentos continuarem fazendo estragos e deixando muitas pessoas em dúvida, Judas escreveu uma carta de convocação (Jd 3) para a batalha em torno da fé santíssima.
         A convocação é um chamado para a vida na fé santíssima. Só se é possível compadecer-se de alguém que está em dúvida quando se está firme na fé.
         Compadecer-se de alguém que está em dúvida é saber que cada cristão e cristã firme na fé está em missão. Como diz a letra do hino: “E nós que conhecemos brilhante luz da fé, nas trevas deixaremos aquele que não crê? Sem mais demora vamos falar-lhe do perdão que por Jesus gozamos: a eterna salvação” (Hinário Luterano 330.3). 
        “E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida” (Jd 22). O missionário da nossa rua, do nosso bairro sou eu e não outra pessoa.
         A missão do cristão é “arrebatando-os do fogo” (Jd 23). Isso quer dizer que é necessário levar pela força, reivindicar para si mesmo ansiosamente o próximo. Não pode deixá-lo se perder. Nem o que está em dúvida, bem como o que ensina e causa polêmica. O apóstolo Paulo mostrou isso ao corrigir o apóstolo Pedro em uma falta: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gl 6.1).
        O problema, seja com quem está em dúvida ou com que causa a dúvida, não deve ser resolvido com a exclusão. É necessário ter “compaixão e arrebatá-los do fogo”. É necessário, aos que estão em Cristo, trabalhar urgentemente entre os criadores de problemas e os que estão em dúvida. É preciso defender a verdade do evangelho entre os hereges e os duvidosos.
         Há uma preciosa missão à cada membro, à cada paróquia para com os que estão em dúvida, bem como com aqueles que semeiam as dúvidas. Não se pode simplesmente “cortar o mal pela raiz”. É necessário espírito de compaixão, a qual nosso Senhor Jesus Cristo teve para com cada pecador ao tomar seu lugar na cruz.
     Dessa maneira, “guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (Jd 21).
         Continue esperando o que lhe foi e é oferecido por Jesus, “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, ...” (Hb 12.2). Somente Jesus é “...àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ...” (Jd 24)
          Só Jesus mantêm o olhar sobre, ou seja, cuida para que não escape de suas mãos amorosas. Estando nas mãos de Jesus pela fé, cada pecador é apresentado, ou seja, capaz de ficar de pé diante de Deus. Em Jesus, pela fé, cada pecador permanece pronto e preparado e assim a igreja se curva em louvor diante de Deus. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O princípio do Fim!

15 de novembro de 2015
25º Domingo após Pentecostes
Sl 16; Dn 12.1-3; Hb 10.11-25; Mc 13.1-13
Tema: O princípio do fim!

         O texto do evangelho de Marcos 13 apresenta um impressionante diálogo de Jesus com seus discípulos. Um diálogo iniciado com a euforia dos grandes feitos humanos e num segundo momento a resposta de Jesus sobre a grandiosidade de Deus.
         Diz o texto que ao sair do Templo após o episódio em que Jesus constatou a fé da viúva pobre em ter ofertado tudo o que tinha na certeza de que Deus proveria todo o necessário para a mesma, um dos discípulos de Jesus lhe diz: “Mestre! Que pedras, que construções” (Mc 13.1).
         É de fato impressionante o que o homem com a sabedoria que Deus lhe concede consegue fazer. E as construções humanas não são apenas valorizadas pela sua arquitetura, mas, também pela sua funcionalidade.
         O Templo era uma magnífica construção. Não era apenas um projeto arquitetônico, na verdade, o templo simbolizava o vínculo de todo o povo judeu como sendo o povo eleito por Deus.           Ao relatar a admiração do discípulo com o templo e a resposta de Jesus: “Vês estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada” (Mc 13.2), parece que Jesus ignora tudo o que o templo simboliza para os judeus e para os discípulos. Mas, a verdade é que Jesus quer fazer com que seus discípulos pensem não apenas na simbologia do templo, mas, de maneira muito especial sobre o seu papel na vida do povo.
         Infelizmente o templo havia deixado de ser o local de encontro entre Deus e o seu povo através da palavra e havia se tornado um centro de corrupção, exploração, concentração de riqueza e dominação.
         Houve um período de silêncio, até que, sentados no monte das Oliveiras, defronte do templo, os discípulos Pedro, Tiago, João e André perguntaram a Jesus quando o templo de pedra seria destruído.
         A preocupação dos discípulos na destruição do templo é saber quando e quais sinais anteciparão a destruição. Mas, Jesus mostra que o quando e os sinais não se relacionam. Assim, saber os sinais não me indicam o quando o mesmo ocorrerá. 
         Afinal, sinais como: falsos mestres, guerras, terremotos, fome, são vistos a muitos anos e todas esses sinais deixaram de ser sinais de Deus como um aviso e passaram a ser erros humanos na realização de suas grandes construções.
         Todo efeito colateral que a sociedade vive, é devido ao seu progresso. Para edificação de grandes prédios, foi necessário derrubar grandes árvores. E o desmatamento gerou o que vivemos hoje, o aquecimento global.
         Tudo foi realizado pelo homem e tudo pode ser modificado pelo homem. Infelizmente, esqueceu-se a muitos anos que Deus é o Senhor da história.
         Não quero e não me entendam mal, dizer que não temos nenhuma responsabilidade. Afinal, temos responsabilidade sim, mas, não podemos esquecer que a “...a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (Rm 8.21-22).
         A queda em pecado proporcionou tudo o que hoje estamos vivendo.
       Os sinais anunciados por Jesus não tem por objetivo assustar o ser humano que vive com medo de Deus e da fúria das consequências da queda em pecado. Os sinais apontados por Jesus visam mostrar que Deus continua agindo mesmo em meio a esses sinais com um único objetivo: “...que o evangelho seja pregado” (Mc 13.10).
         Eis aí o grande desafio da igreja cristã! Pregar o evangelho em meio as catástrofes humanas que na sua maioria atinge os grandes feitos humanos e seus grandes projetos arquitetônicos.
         Toda tragédia busca uma resposta humana. E a maioria das respostas humanas estão embasadas na mesma raiz das tragédias, ou seja, provêm da natureza pecaminosa do ser humano. O ser humano pecador, assim como aconteceu com Adão logo após a queda, busca se esconder de Deus. Esse ser humano que vive se escondendo de Deus precisa ouvir o evangelho, a boa notícia do amor de Deus pelo ser humano pecador.
         Os discípulos estavam preocupados com o quando e quais seriam os sinais. Estavam com medo, queriam se proteger. Para isso Jesus lhes diz que o quando e os sinais não se relacionam. Por isso, Jesus transmite que quando esses sinais estiverem acontecendo não pense que a volta de Jesus será eminente, apenas não deixe que esses sinais o engane.  
         É fácil ser engando pelos sinais. Foi assim na história humana. Nos anos (66 – 70 d.C.) muitos viram a destruição do templo como o início da tribulação.
         Os sinais mostram que o fim virá, mas, não se sabe quando, afinal, “estas coisas são o princípio das dores” (Mc 13.8). Sendo o princípio das dores, é necessário lembrar a explicação de Jesus narrada pelo evangelista João (Jo 16, 21-22), onde diz que as dores de uma mulher para dar à luz é terrível, mas, a alegria de ter seu filho nos braços a faz esquecer toda a dor. Assim, o cristão na vida de fé, sabe que por mais que sofra nesse mundo e por mais que sofra com os sinais do fim, “E lhes enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas já passaram” (Ap 21.4).
         Muitos se assustam pelos sinais que acontecem, no entanto, o convite de Jesus é de que cada qual “persevere até o fim” (Mc 13.13).
         A minha pergunta não é sobre quando se dará o fim, mas, como viver na fé em meio aos sinais que mostram que um dia se dará o fim. Por isso, “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima” (Hb 10.25).
         “...aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mc 13.13). Por isso, não esqueça as belas palavras do profeta Daniel: “Nesse tempo, aparecerá o anjo Miguel, o protetor do povo de Deus. Será um tempo de grandes dificuldades, como nunca aconteceu desde que as nações existem. Mas nesse tempo serão salvos todos os do povo de Deus que tiverem os seus nomes escritos no livro de Deus. Muitos dos que já tiverem morrido viverão de novo: uns terão a vida eterna, e outros sofrerão o castigo eterno e a desgraça eterna. Os mestres sábios, aqueles que ensinaram muitas pessoas a fazer o que é certo, brilharão como as estrelas do céu, com um brilho que nunca se apagará” (Dn 12.1-3). Amém.


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Aprenda a lição que a figueira ensina (Mc 13.28)

  Último Domingo do ano da Igreja 24 de novembro de 2024 Salmo 93; Daniel 7.9-10;13-14; Apocalipse 1.4b-20; Marcos 13.24-37 Texto : Ma...