15 de novembro de 2015
25º Domingo após Pentecostes
Sl 16; Dn 12.1-3; Hb 10.11-25; Mc 13.1-13
Tema: O princípio do fim!
O
texto do evangelho de Marcos 13 apresenta um impressionante diálogo de Jesus
com seus discípulos. Um diálogo iniciado com a euforia dos grandes feitos
humanos e num segundo momento a resposta de Jesus sobre a grandiosidade de
Deus.
Diz
o texto que ao sair do Templo após o episódio em que Jesus constatou a fé da
viúva pobre em ter ofertado tudo o que tinha na certeza de que Deus proveria
todo o necessário para a mesma, um dos discípulos de Jesus lhe diz: “Mestre! Que
pedras, que construções” (Mc 13.1).
É
de fato impressionante o que o homem com a sabedoria que Deus lhe concede
consegue fazer. E as construções humanas não são apenas valorizadas pela sua
arquitetura, mas, também pela sua funcionalidade.
O
Templo era uma magnífica construção. Não era apenas um projeto arquitetônico,
na verdade, o templo simbolizava o vínculo de todo o povo judeu como sendo o
povo eleito por Deus. Ao
relatar a admiração do discípulo com o templo e a resposta de Jesus: “Vês estas
grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada”
(Mc 13.2), parece que Jesus ignora tudo o que o templo simboliza para os judeus
e para os discípulos. Mas, a verdade é que Jesus quer fazer com que seus discípulos
pensem não apenas na simbologia do templo, mas, de maneira muito especial sobre
o seu papel na vida do povo.
Infelizmente
o templo havia deixado de ser o local de encontro entre Deus e o seu povo
através da palavra e havia se tornado um centro de corrupção, exploração,
concentração de riqueza e dominação.
Houve
um período de silêncio, até que, sentados no monte das Oliveiras, defronte do
templo, os discípulos Pedro, Tiago, João e André perguntaram a Jesus quando o
templo de pedra seria destruído.
A
preocupação dos discípulos na destruição do templo é saber quando e quais sinais anteciparão a
destruição. Mas, Jesus mostra que o quando e os sinais não se relacionam. Assim, saber os
sinais não me indicam o quando o mesmo ocorrerá.
Afinal,
sinais como: falsos mestres, guerras, terremotos, fome, são vistos a muitos
anos e todas esses sinais deixaram de ser sinais de Deus como um aviso e
passaram a ser erros humanos na realização de suas grandes construções.
Todo
efeito colateral que a sociedade vive, é devido ao seu progresso. Para
edificação de grandes prédios, foi necessário derrubar grandes árvores. E o
desmatamento gerou o que vivemos hoje, o aquecimento global.
Tudo
foi realizado pelo homem e tudo pode ser modificado pelo homem. Infelizmente,
esqueceu-se a muitos anos que Deus é o Senhor da história.
Não
quero e não me entendam mal, dizer que não temos nenhuma responsabilidade.
Afinal, temos responsabilidade sim, mas, não podemos esquecer que a “...a própria
criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos
filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e
suporta angústias até agora” (Rm 8.21-22).
A
queda em pecado proporcionou tudo o que hoje estamos vivendo.
Os
sinais anunciados por Jesus não tem por objetivo assustar o ser humano que vive
com medo de Deus e da fúria das consequências da queda em pecado. Os sinais
apontados por Jesus visam mostrar que Deus continua agindo mesmo em meio a
esses sinais com um único objetivo: “...que o evangelho seja pregado” (Mc 13.10).
Eis
aí o grande desafio da igreja cristã! Pregar o
evangelho em meio as catástrofes humanas que na sua maioria
atinge os grandes feitos humanos e seus grandes projetos arquitetônicos.
Toda
tragédia busca uma resposta humana. E a maioria das respostas humanas estão
embasadas na mesma raiz das tragédias, ou seja, provêm da natureza pecaminosa
do ser humano. O ser humano pecador, assim como aconteceu com Adão logo após a
queda, busca se esconder de Deus. Esse ser humano que vive se escondendo de
Deus precisa ouvir o evangelho, a boa notícia do amor de Deus pelo ser humano
pecador.
Os
discípulos estavam preocupados com o quando e quais seriam os sinais. Estavam com medo,
queriam se proteger. Para isso Jesus lhes diz que o quando e os sinais não se relacionam. Por
isso, Jesus transmite que quando esses sinais estiverem acontecendo não
pense que a volta de Jesus será eminente, apenas não deixe que esses sinais o
engane.
É
fácil ser engando pelos sinais. Foi assim na história humana. Nos anos (66 – 70
d.C.) muitos viram a destruição do templo como o início da tribulação.
Os
sinais mostram que o fim virá, mas, não se sabe quando, afinal, “estas coisas são
o princípio das dores” (Mc 13.8). Sendo o princípio das dores, é
necessário lembrar a explicação de Jesus narrada pelo evangelista João (Jo 16,
21-22), onde diz que as dores de uma mulher para dar à luz é terrível, mas, a
alegria de ter seu filho nos braços a faz esquecer toda a dor. Assim, o cristão
na vida de fé, sabe que por mais que sofra nesse mundo e por mais que sofra com
os sinais do fim, “E lhes enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já
não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras
coisas já passaram” (Ap 21.4).
Muitos
se assustam pelos sinais que acontecem, no entanto, o convite de Jesus é de que
cada qual “persevere
até o fim” (Mc 13.13).
A minha pergunta não é sobre
quando se dará o fim, mas, como viver na fé em meio aos sinais que mostram que
um dia se dará o fim. Por isso, “Não deixemos de congregar-nos, como é
costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o
dia se aproxima” (Hb 10.25).
“...aquele,
porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mc 13.13). Por
isso, não esqueça as belas palavras do profeta Daniel: “Nesse tempo, aparecerá o anjo Miguel, o
protetor do povo de Deus. Será um tempo de grandes dificuldades, como nunca
aconteceu desde que as nações existem. Mas nesse tempo serão salvos todos os do
povo de Deus que tiverem os seus nomes escritos no livro de Deus. Muitos dos
que já tiverem morrido viverão de novo: uns terão a vida eterna, e outros
sofrerão o castigo eterno e a desgraça eterna. Os mestres sábios, aqueles que
ensinaram muitas pessoas a fazer o que é certo, brilharão como as estrelas do céu,
com um brilho que nunca se apagará” (Dn 12.1-3). Amém.
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
Olá Rev. Edson.
ResponderExcluirMuito bom seu sermão. Parece que o texto da trienal desse final de semana caiu como uma luva com os fatos que aconteceram no Brasil (MG) e na França.
Sinais dos fins dos Tempos...
Vc foi abençoado em dizer, mesmo escrevendo isso alguns dias antes, que "Afinal, sinais como: falsos mestres, guerras, terremotos, fome, são vistos a muitos anos e todas esses sinais deixaram de ser sinais de Deus como um aviso e passaram a ser erros humanos na realização de suas grandes construções. Todo efeito colateral que a sociedade vive, é devido ao seu progresso. Para edificação de grandes prédios, foi necessário derrubar grandes árvores. E o desmatamento gerou o que vivemos hoje, o aquecimento global." Parece que estávamos prevendo o que aconteceria em MG... o homem intervendo na natureza e as consequências foram e serão desastrosas tanto para a natureza, como para o próprio ser humano.
Obrigado pelo texto e que Deus continue abençoando seu trabalho.
Diego Neumann.