terça-feira, 26 de junho de 2012

No silêncio e nas lágrimas, a certeza ...


A IGREJA COMUNICA A VIDA
Fundamentando (Jesus a Rocha Firme)
O Senhor é a minha rocha poderosa e o meu abrigo” (Sl 62.7)
                                                            Julho de 2012

Tema do mês: Férias Fundamentadas em Jesus

01/07/12 – 5º Domingo após Pentecostes
Sl 30; Lm 3. 22 - 33; 2Co 8. 1 – 9, 13 - 15; Mc 5. 21 - 43
Tema: No silencio e nas lágrimas, a certeza


Introdução
            Seis meses já se foram. O cansaço começa a tomar conta. Seis meses de muita correria, reuniões, compromissos assumidos, muitos cumpridos e outros que infelizmente não foi possível realizar. Mas, continuamos a olhar para a agenda e vemos quantos compromissos ainda restam, afinal temos ainda seis meses pela frente até o próximo ano.
            Nesse dia-a-dia corrido e agitado é comum as pessoas se aproximarem de nós e fazerem o seguinte comentário: “nossa, como você está pálido?” E diante dessa constatação fazemos uma vasta descrição dos motivos da nossa palidez.
            Muita correria; não estou dormindo bem; meu marido não está mais chegando cedo em casa; minha mulher está saindo muito; meus filhos estão muito rebeldes; a violência me assusta; e ainda estou preocupado com a crise que quem sabe chegará ao Brasil; etc.
            As preocupações diárias – muitas delas reais, outras imaginárias, estão nos levando ao desespero e a angústia. Vivemos dias de silêncio, pois não se há mais resposta para muitos questionamentos. Vivemos dias de lágrimas, afinal as tragédias, a violência, assusta e aterroriza as famílias. E daí, como agir? O que fazer? No silêncio e nas lágrimas, a certeza: Qual?
Desenvolvimento
NO SILÊNCIO E NAS LÁGRIMAS, A CERTEZA
Deus é bom
            Jeremias foi chamado para ser profeta ainda jovem. E durante 40 anos foi profeta em Israel. As autoridades não recebiam bem sua mensagem. Ele foi rejeitado, perseguido, preso, (veja outros relatos em Jr 26; 28; 32; 35-43). Ele testemunhou a queda de Jerusalém sob os babilônios, depois foi levado ao Egito e lá em adiantada velhice morreu.
            Qual era a situação da cidade de Jerusalém? Lm 2.7-12, 19, 21; 4.1b,4,5,10-13. Situação desoladora. Quanta tristeza.
            O profeta já havia anunciado o castigo de Deus, e ele ainda esteve vivo para ver o cumprimento dessa profecia (Jr 52). E quando aconteceu o profeta Jeremias disse que a culpa era inteiramente do povo. Qual foi o erro do povo? Lm 1.18-19,22; 4.17 “por causa dos seus pecados,... procurar seus aliados e se revoltar contra Deus e esperaram auxilio das nações e não de Deus”. E junto a isso constatou a falha dos líderes, qual foi a falha? 2.14; 4.13,17 “não condenaram o pecado do povo, os enganou com mentiras, foram maldosos”. E agora o profeta Jeremias anuncia que o castigo é justo, o povo é o próprio culpado.
            A destruição de Jerusalém foi o método de Deus para levar seu povo ao arrependimento. Nesse cenário de destruição e tristeza, cada um era convidado a olhar para seus erros e voltar a Deus. O profeta reconhece que não é da vontade de Deus castigar o homem, mas assim como o autor da carta aos Hebreus reconhece que “...o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo o filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hb 12.6-7).
            Se analisamos o livro do profeta Jeremias vemos que por 5 vezes é anunciado que o povo não havia aceitado a disciplina de Deus, e que ao invés de voltarem a Deus, viraram as costas, endureceram o pescoço mais que uma rocha e se recusaram a dar ouvidos (Jr 2.30; 5.3; 6.8; 7.28; 17.23). E o profeta em lágrimas aponta para o verdadeiro sentimento de Deus, “não é com prazer que ele nos causa sofrimento e dor” (Lm 3.33). O coração de Deus é movido pelo amor. Ele ama sua criatura, tanto que havia uma promessa a cumprir, a promessa de enviar seu Filho e justamente desse povo que havia virado as costas para Ele nasceria o salvador do mundo. Foi com esse povo que fez uma nova aliança, Jr 31.31-34. O exílio era mais uma prova que Deus amava aos hebreus e que os queria provar da sua total dependência e confiança em Deus.
            O profeta no v.25 confessa: “O Senhor é bom para todos os que nele confiam”. O povo não esperou em Deus, ao contrário, se afastaram. Deus em seu amor sempre esperou o arrependimento a dependência e a confiança nele, mas preferiram se aliar com outros países, confiando mais nas armas e nos guerreiros. Quem não confia e espera em Deus caminha por caminhos difíceis, não que os cristãos tenham um caminho fácil, mas o cristão, mesmo em caminhos difíceis reconhece a bondade de Deus, o amor e o cuidado, sabe que quem “põe a sua vida nas mãos do Senhor, confia nele. E ele o ajudará” (Sl 37.5), e ainda “entregam todas as suas preocupações a Deus, pois ele cuida de cada um” (1Pe 5.7), cada cristão reconhece que “...O Pai ..., que está no céu, sabe que ... precisam de tudo isso” (Mt 6.32b), pois a cada novo dia cumpre com sua promessa, “eis que está ao nosso lado...” (Mt 28.20).
            Jesus está velando por nós, “nunca dorme nem cochila” (Sl 121.4b), e Ele nos convida: “Venham a mim, todos ... que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28), não sejamos orgulhosos, querendo carregar nós os fardos, achando que nós com nossas forças conseguiremos superar os momentos difíceis. Deus nos auxilia a carregar nossos fardos, “Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação” (Fp 4.13). Se afastar desse Cristo não é a melhor alternativa. Cristo nos auxilia pela Palavra e pelo seu Corpo e Sangue que nos oferece e dá.
            O Profeta Jeremias convida o povo a ter humildade, e reconhecer que a esperança está em Deus. Ficar quietos e com muita paciência esperar pelo socorro de Deus. O mesmo ensino Paulo transmite aos romanos: “E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança. Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu” (Rm 5.3-5). Humildade e esperança no Senhor.
            O profeta em meio às lágrimas diz: “Não tenho muito tempo de vida, a minha esperança no Senhor acabou” (Lm 3.18). É assim que nos sentimos diante das tragédias, das situações difíceis. No entanto, o profeta nos aponta para o fato de que mesmo na tristeza, sozinho, e em meio a todo sofrimento e dor sua esperança é restaurada quando pensa e reconhece “o amor do Senhor Deus não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do Senhor! Deus é tudo o que tenho... O Senhor é bom para todos os que confiam nele. O melhor é ter esperança e aguardar em silêncio a ajuda do Senhor. E é bom que as pessoas aprendam a sofrer com paciência desde a juventude. Quando Deus nos faz sofrer, devemos ficar sozinhos, pacientes e em silêncio. Devemos nos curvar, humildes, pois ainda pode haver esperança...” (Lm 3.22 – 29).
            Diante dessa verdade nos resta apenas ter Humildade. Humildade para reconhecer que muitas vezes não nos importamos com Deus. Não oramos, não colocamos e deixamos nas mãos de Deus tudo aquilo que nos incomoda e perturba. Não nos dedicamos a Ele nem a sua obra fielmente. Relaxamos na vida de comunhão e de mordomos. E ao reconhecermos nossa falha, que o pedido de Humildade feito pelo profeta Jeremias ao povo possa ser ouvido por nós, e que reconheçamos que somos totalmente dependentes de Deus, que sem Ele nada somos, que precisamos dEle em toda e qualquer circunstância, pois o próprio Deus disse: “A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco” (2Co 12.9).
            Orar, Confiar, Servir a Deus com alegria e em toda e qualquer situação mostrará a nossa confissão prática assim como foi a do profeta Jeremias: Deus é bom.
NO SILÊNCIO E NAS LÁGRIMAS, A CERTEZA
Deus é tudo o que tenho
            A cidade está destruída, arrasada. Como se diz: “uma tristeza de se ver”. A dor e o sofrimento são visíveis entre as pessoas que restaram. As lágrimas eram demonstração do tamanho da tragédia que havia ocorrido. Em meio e toda essa cena desoladora, o profeta transmite uma bela certeza, “Deus é tudo o que tenho; por isso, confio nele” (v. 24).
            Deus é tudo o que tenho; por isso, confio nele” (v. 24). Palavras lindas, pois a situação não era nada fácil. Nessas palavras vemos também um coração fiel e cheio de confiança, “... Porque a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34b). O profeta anunciou com seus lábios a certeza que tinha em seu coração, ele conhecia, reconhecia e confessava a misericórdia de Deus, ele sabia que “o amor do Senhor Deus não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do Senhor!” (Lm 3.22-23).
            Tudo havia sido tirado. Tudo! Vírgula. Restou aquilo que é o mais importante: Deus. E o que é mais importante no nosso viver muitas vezes é esquecido. Um exemplo: é Marta e Maria. Enquanto Maria estava aos pés de Jesus ouvindo seus ensinamentos, aproveitando a oportunidade, Marta se agitava de um lado para o outro e já incomodado por não ser auxiliada por sua irmã. Pediu a Jesus que a repreendesse. Jesus, no entanto, olhou em sua direção e disse: “Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela” (Lc 10.41-42). Outro exemplo: Quando Jesus ensinava uma grande multidão, um homem lhe pediu que Jesus com sua autoridade mandasse seu irmão repartir com ele a herança. A resposta de Jesus foi contundente: “...Seu tolo! Esta noite você vai morrer; e aí quem ficará com tudo o que você guardou?” (Lc 12.20). Assim Jesus ensinou que não adianta ficarmos paralisados com as coisas deste mundo, pois as mesmas são passageiras. Por isso, costumo dizer: ninguém tem medo de morrer. Na verdade, temos medo de deixar nossa esposa, nossos filhos pequenos, nosso carro novo, etc. Estamos apegados as coisas desse mundo. E Deus em sua palavra, através de seu filho Jesus, no tema do qual mais falou, nos ensina que nossa prioridade é o reino dos céus.
            Nós até podemos planejar, mas nossa vida está nas mãos de Deus. O que nos importa é estarmos sempre na fé e na certeza de seu cuidado. As coisas acontecem quando menos imaginamos. Não sabemos quando será nossa partida desse mundo. O que importa é reconhecer como Jeremias, Deus é tudo o que eu tenho. E sendo assim, confessemos junto com Paulo: “... para mim viver é Cristo, e morrer é lucro. Mas, se eu continuar vivendo, poderei ainda fazer algum trabalho útil...” (Fp 1.21-22a).
            Depositemos a nossa confiança em Deus, “não andeis ansiosos....” (MT 6.24). A ansiedade nos faz olhar para outras coisas e nos esquecer daquele que está no comando. Pois sempre que nos encontramos sem saída confessemos com o profeta Jeremias: Deus é tudo o que tenho.
            Não confiemos e nem depositemos expectativas em nós mesmos. Pedro agiu assim, e na hora H, negou a Jesus seu mestre. Pedro se apresentava pronto para uma situação que ele não conhecia, mas quando a viveu, negou o seu Senhor três vezes. Pedro se julgou melhor do que era e se sentiu o dono da situação. Não sabia o que aconteceria, qual seria a situação, mas se julgou apto e pronto para enfrentá-la. Olhou para ele mesmo. Faltou humildade para pedir a Jesus forças para conseguir passar por aqueles momentos dos qual Jesus estava anunciando.
            Não olhemos para nós. Olhemos para Jesus. Deus é tudo o que tenho. Jesus disse: “... No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16.33). Peçamos forças a Deus em Cristo para suportamos esses momentos aos quais nós não sabemos como serão e quais serão.
            Deus é tudo o que tenho – saber e reconhecer isso em dias de tribulação renova a nossa esperança, nos dá consolo e conforto. Jeremias confessou: “Deus é tudo o que tenho”. Mostrou nessas palavras sua inteira confiança em Deus, que não desampara mesmo em meio às tragédias.
            Deus é tudo o que tenho. Que seja a nossa confissão diária, pois em meio a maior tragédia, Deus não nos abandonou, veio ao nosso socorro: “Mas Deus nos mostrou o quanto nos ama: Cristo morreu por nós quando ainda vivíamos no pecado” (Rm 5.8). Amém!
Conclusão
            Nesse dia-a-dia corrido e agitado é comum as pessoas se aproximarem de nós e fazerem o seguinte comentário: “nossa, como você está pálido?” Que todos os motivos e motivadores da nossa palidez nos levem a confessar: Deus é Bom e Deus é tudo o que eu tenho. Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann
44 – 3462 - 2796

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