terça-feira, 17 de junho de 2025

Em meio a batalha, a segurança! (Salmo 3)

 22 de junho de 2025

Segundo Domingo após Pentecostes

Salmo 3; Isaías 65.1-9; Gálatas 3.23-4.7; Lucas 8.26 - 39

Texto: Salmo 3

Tema: Em meio a batalha, a segurança!

 

A maior necessidade humana é sentir-se seguro. Onde se está seguro? Qual é a verdadeira segurança?

Davi estava dentro do palácio, cercado por soldados, mas, teve que fugir. Davi teve que sair do local de refúgio e esteve verdadeiramente refugiado num campo aberto.

O Salmo 3 é chamado de Salmo da manhã e da noite.

Davi passou a ser odiado pelo próprio filho, o filho favorito, Absalão.

Na calada da noite, Davi teve que fugir, atravessou o riacho Cedrom com alguns seguidores fiéis e se escondeu por um tempo da fúria de seu filho rebelde.

O evento narrado aqui é tipológico, apontando diretamente para Jesus. Jesus também precisou fugir e passou pelo ribeiro Cedrom e foi ao jardim do Getsêmani.

Para entendermos o Salmo3, nessa reflexão meditaremos nas palavras introdutórias do Salmo: “Davi escreveu este salmo quando fugia do seu filho Absalão”. Esse relato é lido no texto narrado por Samuel (2Samuel 15-18).

O Salmo 3 é uma oração de Davi que expressa confiança em Deus durante momentos de adversidade, no caso uma traição de Absalão.

Absalão ficou obstinado em tomar o trono de seu pai e estava disposto a fazer isso a qualquer custo e o filho amado passou a ser um perigoso inimigo. Diante disso, Davi foi obrigado a fugir de Jerusalém para escapar da ira de seu próprio filho.

Junto aos membros de sua casa, Davi atravessou o vale do Cedrom e acampou em Maanaim.

Jesus ao ser traído por Judas também atravessou o vale do Cedrom e seguiu ao Monte das Oliveiras com seus discípulos (Jo 18.1-2). De acordo com uma tradição baseada numa passagem do profeta Zacarias, o Messias começaria a redimir os mortos a partir do Monte das Oliveiras (Zc 14).

O Vale do Cedrom possui um significado simbólico importante. Está associado a momentos de transição, julgamento e arrependimento.

O vale é mencionado em passagens bíblicas que retratam eventos significativos na história do povo judeu. Serve como um lembrete da importância de se arrepender dos pecados e buscar a reconciliação com Deus.

No livro de 2 Samuel, capítulo 15, versículo 23, é mencionado que o rei Davi passou pelo vale enquanto fugia de seu filho Absalão. Nesse contexto, o vale representa um momento de reflexão e arrependimento para Davi, que reconhece seus erros e busca a reconciliação com Deus.

Outro aspecto simbólico do Vale do Cedrom é o seu papel como local de luto. No livro de 2Samuel (2Sm 15.30) é mencionado que Davi subiu o Monte das Oliveiras chorando, com a cabeça coberta e descalço, enquanto atravessava o vale. Esse episódio retrata o momento em que Davi lamenta a traição de seu filho Absalão e expressa sua tristeza e dor.

No Salmo 23 (Sl 23.4), esse vale é mencionado como um lugar de sombras da morte. Assim como no Salmo 23, também no Salmo3, Davi não mostra medo, mas confiança em Deus.

Em 2Samuel (2Sm 18.6), é mencionado que uma batalha ocorreu no vale entre as tropas de Davi e as de Absalão. Essa batalha foi decisiva para o desfecho da história de Davi e Absalão, representando a luta pelo poder e a busca pela justiça.

Davi está passando por uma experiência dolorosa. Davi é vítima da rebelião de seu próprio filho, Absalão, que usurpa o trono. Davi não reage, apenas se quebranta diante de Deus (2Sm 15.23).

Jesus também passou pelo Vale de Cedrom e foi além. Caminhando com os discípulos até o Getsêmani, entregou ao Pai tudo o que tinha, até o seu último e desesperado desejo: “E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39).

Durante a fuga, Samuel narra que veio um mensageiro à Davi e disse: “Todo o povo de Israel segue decididamente a Absalão” (2Sm 15.13), esses são tidos como os muitos inimigos de Davi. Por isso, o Salmo 3 é um clamor em meio a uma crise pessoal. Davi está cercado por inimigos e ameaças.

Ao fugir do seu filho rebelde, Davi, mesmo sendo rei, é um pai vulnerável.

Na concepção humana, para muitos, Deus havia abandonado Davi. No entanto, Davi declara firmemente: “Mas tu, ó Senhor, me proteges como um escudo. Tu me dás a vitória e renovas a minha coragem” (Salmo 3.3). Davi sentia-se seguro em Deus.

Na carta aos Romanos, o apostolo Paulo parece parafrasear Davi ao escrever: “Diante de tudo isso, o que mais podemos dizer? Se Deus está do nosso lado, quem poderá nos vencer? Ninguém!” (Rm 8.31; Sl 3.4).

A situação era tão grave que muitos diziam: “Deus não o ajudará!” (Sl 3.2).

Todo o episódio, levou Davi a enfrentar uma luta interna. Ele teve que lidar com a dor emocional (traição) e, a dor espiritual, onde muitos dos que o cercavam, duvidavam sobre os cuidados de Deus. A luta interna foi vencida pela confissão de fé de Davi, onde destaca que Deus o protege.

Você já passou por crises pessoais? O Salmo 3 é um bálsamo para auxiliar o cristão em situações em que precisa lidar com circunstâncias adversas.

Salmo 3.1: Davi declara sua vulnerabilidade.

Salmo 3.2: Davi declara a dúvida daqueles que presenciaram a situação. Diante da gravidade do momento, muitos diziam que nem mesmo Deus o salvaria. Humanamente falando, Davi parecia abandonado.

Salmo 3.3: a metáfora do escudo visa enfatiza a segurança que Davi encontra em Deus. Esse é um maravilhoso contraste com a vulnerabilidade do momento.

A metáfora do Senhor como um escudo conduz a reflexão sobre como encontrar segurança na fé. Davi se sentia protegido por Deus mesmo quando as circunstâncias pareciam sombrias.

Salmo 3.4: Davi reafirma sua confiança de que Deus ouve suas orações e responde ao contrário do que as pessoas estavam imaginando. Temos um testemunho e declaração de fé de que, mesmo em meio as crises pessoais e desespero, Deus está presente e auxilia.

Salmo 3.5: A declaração de confiança em Deus não era vazia e superficial; era algo que norteava sua vida.

Salmo 3.6: o clímax no Salmo. Davi expressa sua confiança em Deus. É a fé em ação num momento paralisante.

 

Na cultura israelita antiga, a honra e o respeito eram valores centrais e a posição de um rei era vista como um reflexo da bênção divina. Dessa maneira, quando estavam presenciando a queda de Davi, um rei escolhido por Deus, diante de seus inimigos e da traição de seu próprio filho, a questão agora era sobre a justiça e a fidelidade de Deus. A literatura sapiencial exemplifica em muitos dos seus Salmos a luta entre a condição humana e a soberania divina.

As palavras de Davi não são um desabafo de dor, mas um convite à reflexão sobre a verdadeira natureza da fé e da confiança em Deus nos momentos de crise pessoal e desespero.

Sentir medo e desespero é natural, todavia, nessas situações precisamos voltar nosso olhar para Deus em busca de ajuda e proteção.

Davi não hesita em compartilhar sua angústia e seu clamor, e isso nos lembra que Deus está sempre disposto a ouvir nossas orações.

A confiança de Davi não era teórica, mas experiencial. Dizer que confia em Deus é uma coisa; viver como quem confia em Deus é outra.

A declaração de confiança em Deus por parte de Davi não era vazia e superficial. Era algo que norteava sua vida, por essa razão declara que “Eu me deito, e durmo tranquilo, e depois acordo porque o Senhor me protege” (Sl 3.5). A confiança em Deus dá coragem (Sl 3.6) nos piores momentos da vida.

O Salmo 3 nos faz refletir sobre a vida de oração em momentos de crise pessoal e desespero.

Deus sabe o quanto somos fracos devido a natureza pecaminosa, por isso, ao dar seus mandamentos, logo após o primeiro mandamento onde diz que Ele é o único Deus a ser crido, chama os que creem a orar nos momentos de angústia e desespero. Deus deseja ser honrado. Para isso nos convida a não tomar seu nome em vão, passando a confiar em meios que Deus proíbe na sua Palavra quando as coisas vão de mal a pior.

Você tem orado?

A eficácia da oração não está no poder das palavras humanas. Orar não é uma questão de retórica. Muitos estão caindo na tentação de terceirizar a oração. Não deixe de orar. A oração é a pulsação da fé.

Na guerra consigo mesmo e com seu filho rebelde, a arma de Davi era a oração, por essa razão, alguns exegetas chamam esse salmo de grito de guerra. No Salmo, Davi enumera que a batalha é lutada por Deus. E pelos seus, Deus lutou e luta qualquer batalha, e a maior de todas foi vencida na cruz com o brado da vitória: está consumado. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

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