terça-feira, 24 de junho de 2025

Luteranos realmente livres!

 

Mensagem para celebrar os 121 anos da IELB

Texto base: Gálatas 5.1

Tema: Luteranos realmente livres!

 

Cerca de 3,8 milhões de estrangeiros ingressaram no Brasil entre os anos de 1887 e 1930, até 1914, haviam ingressado 2.732 milhões. A segunda guerra mundial reduziu a entrada de mais imigrantes, sendo que de 1915 até 1930 ingressaram apenas 1.064 milhões.

Desses milhões de imigrantes, o quarto maior grupo foram os alemães. Italianos ocupam a primeira posição (1.513.151); Portugal (1.462.117); Espanha (598.802) e Alemanha (250.000).

Desses 250 mil alemães, 21.225 filiaram-se ao Distrito Brasileiro do Sínodo de Missouri em 1924. Haviam 116 capelas e 35 paróquias.

A atuação nesses anos iniciais era realizada por missionários americanos. Apesar o sempre haver muita ênfase no fato de que a atuação da Igreja Luterana não era apenas as pessoas de origem alemã e mesmo que tenha existido já no início do trabalho uma comunidade exclusivamente de afro-brasileiros, o luteranismo sempre foi caracterizado como uma igreja de alemães.

O historiador René Gertz escreveu que “a opinião publica brasileira e os cientistas sociais que as comunidades de origem alemã, em especial as luteranas, se caracterizam pelo isolamento”.

A Igreja nunca quis, mas, acabou recebendo alcunha de igreja de alemães. Steyer (1999) comentou que a ajuda que a Igreja Luterana prestou aos alemães era uma responsabilidade étnica. Dizia-se: “são alemães, são luteranos, cabe-nos ajudá-los”.

Um fato pouco considerado era que os missionários, atendendo os alemães, não precisavam aprender uma nova língua. Por saberem alemão. Podiam logo transmitir a Palavra na língua materna desses imigrantes. O nome dado a Igreja era em alemão: Der Brasilianische District der deutschen evangelisch-lutherischen Synode von Missouri, Ohio und andem Staaten (Distrito Brasileiro do Sínodo Evangélico Luterano Alemão de Missouri, Ohio e outros Estados).

Aos poucos, o Synodo Evangélico Lutherano do Brasil sentiu a necessidade de abrasileira-se e na Convenção Nacional de 1953, o nome foi alterado para o que temos até hoje, Igreja Evangélica Luterana do Brasil, IELB. Mas, somente em 27 de janeiro de 1954 este nome foi registrado em cartório.

Observem um detalhe. Há atendimento aqui em Querência do Norte, PR, desde 1953, assim, também passamos por esse período de transição.

O nome Igreja Evangélica Luterana do Brasil, IELB, a igreja se desafiava a sair do reduto germânico, ser uma igreja brasileira, falar a língua do país e levar o evangelho ao povo brasileiro.

É verdade que o nosso DNA está atrelado a um denominado grupo de imigrantes europeus. Todavia, não podemos negar, a IELB tem em suas fileiras um trabalho prestado a sociedade brasileira.

Vou destacar o atendimento que já ocorre desde 1988 aqui em Querência do Norte, entre os acampados e assentados rurais denominados sem-terra.

Aliás, nesse ponto fico refletindo: como pode uma igreja alemã ir em busca de pessoas que na época eram denominados como terroristas, ladrões de terra?

Talvez seja como alguém me disse esses dias: foram lá porque tinha alemães e luteranos. Verdade! A Igreja Luterana sempre se ocupa com suas ovelhas, sejam elas quem forem e onde estejam. Diga-se de passagem: é uma mistura de fé missionária com ética cristã.

Celebramos 121 anos de Igreja Evangélica Luterana Do Brasil no Brasil em 2025 e ainda enfrentamos o paradigma: igreja de alemães querendo ser brasileira para os brasileiros.

Como se comunicar com um país pluricultural? Como se manter confessional sem incorrer no perigo de se pentecostalizar?

Querendo ou não, a marca “Igreja Alemã” ainda traz problemas para nossa amada igreja. Todavia, a IELB não é uma igreja para alemães. E hoje muito me alegro ao ver tantos sobrenomes Silva, Santos, Pereira, Nogueira, Oliveira em nossa lista de membros.

É preciso lembrar que em nenhum outro lugar a Igreja Luterana enfrentou tanta oposição, ameaça, antagonismo e animosidade e perseguição como no Brasil. Pastores foram presos, igrejas queimadas, escolas fechadas e o idioma alemão proibido (1917). O conflito internacional diante da guerra, fez a igreja sofrer. Muitos posicionamentos em prol da Alemanha, o uso da língua alemã, o cultivo das tradições alemãs, geraram antipatia e conflito com a opinião pública.

Em meio a esses conflitos, a confessionalidade luterana fez a diferença em sua comunicação. Afinal, para nós luteranos, a paz não é ausência de guerra, mas estar na fé em Jesus Cristo. E esta paz só o evangelho oferece e dá. Proclamar essa paz é o desafio da IELB. Por essa razão, nossa visão é: sermos uma Igreja Luterana confessional que vai ao encontro das necessidades das pessoas.

                    - Proclamando Cristo Para Todos;

                    - Compartilhando o evangelho de Jesus;

                    - Exercitando o amor de Jesus para as pessoas;

Ser Luterano não significa ser alemão;

Ser Luterano, conforme Martinho assinou na carta ao Papa Leão X, Martinius Eleutherios, significa ser Liberto.

Eleutherios é um jogo de palavras que significa liberto.

Ser luterano significa estar liberto do peso da lei divina que acusa e atemoriza. Ser luterano e estar livre da imposição papal. Ser luterano significa estar livre da tradição como regra de vida.

Ser luterano é confessar e viver como quem está em Cristo, e assim, salvo.

Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres. Luteranos são livres, mas abusam da liberdade de não estarem presos a regras, que muitas vezes relaxam nas ofertas, na frequência aos cultos, na atuação na igreja.

Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres – ser livre em Jesus Cristo é o DNA da IELB.

Continuemos Luteranos - nos sustentando pela Palavra final, a Bíblia. Sejamos Luteranos – professando Jesus Cristo que nos salva por sua graça redentora. Sejamos Luteranos - crendo unicamente em Jesus, pois só a fé na obra de Jesus Cristo salva.

Ser Luterano é ser livre e viver a liberdade em Cristo Jesus. Amém.

Edson Ronaldo Tressmann

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