Mensagem
para celebrar os 121 anos da IELB
Texto
base: Gálatas 5.1
Tema: Luteranos
realmente livres!
Cerca
de 3,8 milhões de estrangeiros ingressaram no Brasil entre os anos de 1887 e
1930, até 1914, haviam ingressado 2.732 milhões. A segunda guerra mundial
reduziu a entrada de mais imigrantes, sendo que de 1915 até 1930 ingressaram
apenas 1.064 milhões.
Desses
milhões de imigrantes, o quarto maior grupo foram os alemães. Italianos ocupam
a primeira posição (1.513.151); Portugal (1.462.117); Espanha (598.802) e
Alemanha (250.000).
Desses
250 mil alemães, 21.225 filiaram-se ao Distrito Brasileiro do Sínodo de
Missouri em 1924. Haviam 116 capelas e 35 paróquias.
A
atuação nesses anos iniciais era realizada por missionários americanos. Apesar
o sempre haver muita ênfase no fato de que a atuação da Igreja Luterana não era
apenas as pessoas de origem alemã e mesmo que tenha existido já no início do
trabalho uma comunidade exclusivamente de afro-brasileiros, o luteranismo
sempre foi caracterizado como uma igreja de alemães.
O
historiador René Gertz escreveu que “a opinião
publica brasileira e os cientistas sociais que as comunidades de origem alemã,
em especial as luteranas, se caracterizam pelo isolamento”.
A
Igreja nunca quis, mas, acabou recebendo alcunha de igreja de alemães. Steyer
(1999) comentou que a ajuda que a Igreja Luterana prestou aos alemães era uma
responsabilidade étnica. Dizia-se: “são alemães,
são luteranos, cabe-nos ajudá-los”.
Um
fato pouco considerado era que os missionários, atendendo os alemães, não
precisavam aprender uma nova língua. Por saberem alemão. Podiam logo transmitir
a Palavra na língua materna desses imigrantes. O nome dado a Igreja era em
alemão: Der Brasilianische District der deutschen evangelisch-lutherischen
Synode von Missouri, Ohio und andem Staaten (Distrito Brasileiro do Sínodo
Evangélico Luterano Alemão de Missouri, Ohio e outros Estados).
Aos
poucos, o Synodo Evangélico Lutherano do Brasil sentiu a necessidade de
abrasileira-se e na Convenção Nacional de 1953, o nome foi alterado para o que
temos até hoje, Igreja Evangélica Luterana do Brasil, IELB. Mas, somente
em 27 de janeiro de 1954 este nome foi registrado em cartório.
Observem
um detalhe. Há atendimento aqui em Querência do Norte, PR, desde 1953, assim,
também passamos por esse período de transição.
O
nome Igreja Evangélica Luterana do Brasil, IELB, a igreja se desafiava a
sair do reduto germânico, ser uma igreja brasileira, falar a língua do país e
levar o evangelho ao povo brasileiro.
É
verdade que o nosso DNA está atrelado a um denominado grupo de imigrantes
europeus. Todavia, não podemos negar, a IELB tem em suas fileiras um trabalho
prestado a sociedade brasileira.
Vou
destacar o atendimento que já ocorre desde 1988 aqui em Querência do Norte,
entre os acampados e assentados rurais denominados sem-terra.
Aliás,
nesse ponto fico refletindo: como pode uma
igreja alemã ir em busca de pessoas que na época eram denominados como
terroristas, ladrões de terra?
Talvez
seja como alguém me disse esses dias: foram lá porque tinha alemães e
luteranos. Verdade! A Igreja Luterana sempre se ocupa com suas ovelhas, sejam
elas quem forem e onde estejam. Diga-se de passagem: é uma mistura de fé
missionária com ética cristã.
Celebramos
121 anos de Igreja Evangélica Luterana Do Brasil no Brasil em 2025 e ainda
enfrentamos o paradigma: igreja de alemães querendo ser brasileira para os
brasileiros.
Como se comunicar com um país pluricultural? Como se manter
confessional sem incorrer no perigo de se pentecostalizar?
Querendo
ou não, a marca “Igreja Alemã” ainda
traz problemas para nossa amada igreja. Todavia, a IELB não é uma igreja para
alemães. E hoje muito me alegro ao ver tantos sobrenomes Silva, Santos, Pereira,
Nogueira, Oliveira em nossa lista de membros.
É
preciso lembrar que em nenhum outro lugar a Igreja Luterana enfrentou tanta
oposição, ameaça, antagonismo e animosidade e perseguição como no Brasil.
Pastores foram presos, igrejas queimadas, escolas fechadas e o idioma alemão
proibido (1917). O conflito internacional diante da guerra, fez a igreja
sofrer. Muitos posicionamentos em prol da Alemanha, o uso da língua alemã, o
cultivo das tradições alemãs, geraram antipatia e conflito com a opinião
pública.
Em
meio a esses conflitos, a confessionalidade luterana fez a diferença em sua
comunicação. Afinal, para nós luteranos, a paz não é ausência de guerra, mas
estar na fé em Jesus Cristo. E esta paz só o evangelho oferece e dá. Proclamar
essa paz é o desafio da IELB. Por essa razão, nossa visão é: sermos uma Igreja Luterana
confessional que vai ao encontro das necessidades das pessoas.
- Proclamando Cristo Para
Todos;
- Compartilhando o evangelho
de Jesus;
- Exercitando o amor de
Jesus para as pessoas;
Ser
Luterano não significa ser alemão;
Ser
Luterano, conforme Martinho assinou na carta ao Papa Leão X, Martinius
Eleutherios, significa ser Liberto.
Eleutherios
é um jogo de palavras que significa liberto.
Ser
luterano significa estar liberto do peso da lei divina que acusa e atemoriza.
Ser luterano e estar livre da imposição papal. Ser luterano significa estar
livre da tradição como regra de vida.
Ser
luterano é confessar e viver como quem está em Cristo, e assim, salvo.
Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres.
Luteranos são livres, mas abusam da liberdade de não estarem presos a regras,
que muitas vezes relaxam nas ofertas, na frequência aos cultos, na atuação na
igreja.
Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres
– ser livre em Jesus Cristo é o DNA da IELB.
Continuemos
Luteranos - nos sustentando pela Palavra final, a Bíblia. Sejamos Luteranos – professando
Jesus Cristo que nos salva por sua graça redentora. Sejamos Luteranos - crendo
unicamente em Jesus, pois só a fé na obra de Jesus Cristo salva.
Ser
Luterano é ser livre e viver a liberdade em Cristo Jesus. Amém.
Edson
Ronaldo Tressmann
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