22 de junho de 2025
Segundo
Domingo após Pentecostes
Salmo
3; Isaías 65.1-9; Gálatas 3.23-4.7; Lucas 8.26 - 39
Texto:
Salmo 3
Tema: Em
meio a batalha, a segurança!
A maior
necessidade humana é sentir-se seguro. Onde se
está seguro? Qual é a verdadeira
segurança?
Davi estava dentro
do palácio, cercado por soldados, mas, teve que fugir. Davi teve que sair do
local de refúgio e esteve verdadeiramente refugiado num campo aberto.
O Salmo 3 é
chamado de Salmo da manhã e da noite.
Davi passou a ser
odiado pelo próprio filho, o filho favorito, Absalão.
Na calada da
noite, Davi teve que fugir, atravessou o riacho Cedrom com alguns seguidores
fiéis e se escondeu por um tempo da fúria de seu filho rebelde.
O evento narrado
aqui é tipológico, apontando diretamente para Jesus. Jesus também precisou
fugir e passou pelo ribeiro Cedrom e foi ao jardim do Getsêmani.
Para entendermos o
Salmo3, nessa reflexão meditaremos nas palavras introdutórias do Salmo: “Davi escreveu este salmo quando fugia do seu filho
Absalão”. Esse relato é lido no texto narrado por Samuel (2Samuel
15-18).
O Salmo 3 é uma
oração de Davi que expressa confiança em Deus durante momentos de adversidade,
no caso uma traição de Absalão.
Absalão ficou
obstinado em tomar o trono de seu pai e estava disposto a fazer isso a qualquer
custo e o filho amado passou a ser um perigoso inimigo. Diante disso, Davi foi
obrigado a fugir de Jerusalém para escapar da ira de seu próprio filho.
Junto aos membros
de sua casa, Davi atravessou o vale do Cedrom e acampou em Maanaim.
Jesus ao ser
traído por Judas também atravessou o vale do Cedrom e seguiu ao Monte das
Oliveiras com seus discípulos (Jo 18.1-2). De acordo com uma tradição baseada
numa passagem do profeta Zacarias, o Messias começaria a redimir os mortos a
partir do Monte das Oliveiras (Zc 14).
O Vale do Cedrom
possui um significado simbólico importante. Está associado a momentos de
transição, julgamento e arrependimento.
O vale é
mencionado em passagens bíblicas que retratam eventos significativos na
história do povo judeu. Serve como um lembrete da importância de se arrepender
dos pecados e buscar a reconciliação com Deus.
No livro de 2
Samuel, capítulo 15, versículo 23, é mencionado que o rei Davi passou pelo vale
enquanto fugia de seu filho Absalão. Nesse contexto, o vale representa um
momento de reflexão e arrependimento para Davi, que reconhece seus erros e
busca a reconciliação com Deus.
Outro aspecto
simbólico do Vale do Cedrom é o seu papel como local de luto. No livro de
2Samuel (2Sm 15.30) é mencionado que Davi subiu o Monte das Oliveiras chorando,
com a cabeça coberta e descalço, enquanto atravessava o vale. Esse episódio
retrata o momento em que Davi lamenta a traição de seu filho Absalão e expressa
sua tristeza e dor.
No Salmo 23 (Sl
23.4), esse vale é mencionado como um lugar de sombras da morte. Assim como no
Salmo 23, também no Salmo3, Davi não mostra medo, mas confiança em Deus.
Em 2Samuel (2Sm
18.6), é mencionado que uma batalha ocorreu no vale entre as tropas de Davi e
as de Absalão. Essa batalha foi decisiva para o desfecho da história de Davi e
Absalão, representando a luta pelo poder e a busca pela justiça.
Davi está passando
por uma experiência dolorosa. Davi é vítima da rebelião de seu próprio filho,
Absalão, que usurpa o trono. Davi não reage, apenas se quebranta diante de Deus
(2Sm 15.23).
Jesus também
passou pelo Vale de Cedrom e foi além. Caminhando com os discípulos até o
Getsêmani, entregou ao Pai tudo o que tinha, até o seu último e desesperado
desejo: “E, indo um pouco mais para diante,
prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe
de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”
(Mt 26.39).
Durante a fuga, Samuel
narra que veio um mensageiro à Davi e disse: “Todo
o povo de Israel segue decididamente a Absalão” (2Sm 15.13), esses
são tidos como os muitos inimigos de Davi.
Por isso, o Salmo 3 é um clamor em meio a uma crise pessoal. Davi está cercado
por inimigos e ameaças.
Ao fugir do seu
filho rebelde, Davi, mesmo sendo rei, é um pai vulnerável.
Na concepção humana,
para muitos, Deus havia abandonado Davi. No entanto, Davi declara firmemente: “Mas tu, ó Senhor, me proteges como um escudo. Tu me dás a
vitória e renovas a minha coragem” (Salmo 3.3). Davi sentia-se
seguro em Deus.
Na carta aos
Romanos, o apostolo Paulo parece parafrasear Davi ao escrever: “Diante de tudo isso, o que mais podemos dizer? Se Deus
está do nosso lado, quem poderá nos vencer? Ninguém!” (Rm 8.31; Sl
3.4).
A situação era tão
grave que muitos diziam: “Deus não o ajudará!”
(Sl 3.2).
Todo o episódio,
levou Davi a enfrentar uma luta interna. Ele teve que lidar com a dor emocional
(traição) e, a dor espiritual, onde muitos dos que o cercavam, duvidavam sobre
os cuidados de Deus. A luta interna foi vencida pela confissão de fé de Davi,
onde destaca que Deus o protege.
Você
já passou por crises pessoais? O Salmo 3 é um bálsamo
para auxiliar o cristão em situações em que precisa lidar com circunstâncias
adversas.
Salmo
3.1:
Davi declara sua vulnerabilidade.
Salmo
3.2:
Davi declara a dúvida daqueles que presenciaram
a situação. Diante da gravidade do momento, muitos diziam que nem mesmo Deus o
salvaria. Humanamente falando, Davi parecia abandonado.
Salmo
3.3:
a metáfora do escudo visa enfatiza a segurança
que Davi encontra em Deus. Esse é um maravilhoso contraste com a
vulnerabilidade do momento.
A metáfora do Senhor como um escudo conduz a reflexão sobre como
encontrar segurança na fé. Davi se sentia protegido por Deus mesmo quando
as circunstâncias pareciam sombrias.
Salmo
3.4:
Davi reafirma sua confiança de que Deus ouve
suas orações e responde ao contrário do que as pessoas estavam imaginando. Temos
um testemunho e declaração de fé de que, mesmo em meio as crises pessoais e
desespero, Deus está presente e auxilia.
Salmo
3.5:
A declaração de confiança em Deus não era vazia
e superficial; era algo que norteava sua vida.
Salmo
3.6: o clímax no Salmo. Davi expressa sua
confiança em Deus. É a fé em ação num momento paralisante.
Na cultura
israelita antiga, a honra e o respeito eram valores centrais e a posição
de um rei era vista como um reflexo da bênção divina. Dessa maneira, quando estavam
presenciando a queda de Davi, um rei escolhido por Deus, diante de seus
inimigos e da traição de seu próprio filho, a questão agora era sobre a justiça e a fidelidade de Deus. A
literatura sapiencial exemplifica em muitos dos seus Salmos a luta entre a
condição humana e a soberania divina.
As palavras de
Davi não são um desabafo de dor, mas um convite à reflexão sobre a
verdadeira natureza da fé e da confiança em Deus nos momentos de crise pessoal
e desespero.
Sentir medo e
desespero é natural, todavia, nessas situações precisamos voltar nosso olhar
para Deus em busca de ajuda e proteção.
Davi não hesita em
compartilhar sua angústia e seu clamor, e isso nos lembra que Deus está sempre
disposto a ouvir nossas orações.
A confiança de
Davi não era teórica, mas experiencial. Dizer que confia em Deus é uma coisa; viver como quem
confia em Deus é outra.
A declaração de
confiança em Deus por parte de Davi não era vazia e superficial. Era algo que
norteava sua vida, por essa razão declara que “Eu
me deito, e durmo tranquilo, e depois acordo porque o Senhor me protege”
(Sl 3.5). A confiança em Deus dá coragem (Sl 3.6) nos piores momentos da vida.
O Salmo 3 nos faz refletir
sobre a vida de oração em momentos de crise pessoal e desespero.
Deus sabe o quanto
somos fracos devido a natureza pecaminosa, por isso, ao dar seus mandamentos,
logo após o primeiro mandamento onde diz que Ele é o único Deus a ser crido, chama
os que creem a orar nos momentos de angústia e desespero. Deus deseja ser
honrado. Para isso nos convida a não tomar seu nome em vão, passando a confiar
em meios que Deus proíbe na sua Palavra quando as coisas vão de mal a pior.
Você
tem orado?
A eficácia da
oração não está no poder das palavras humanas. Orar não é uma questão de
retórica. Muitos estão caindo na tentação de terceirizar a oração. Não deixe de
orar. A oração é a pulsação da fé.
Na guerra consigo
mesmo e com seu filho rebelde, a arma de Davi era a oração, por essa razão,
alguns exegetas chamam esse salmo de grito de guerra. No Salmo, Davi enumera
que a batalha é lutada por Deus. E pelos seus, Deus lutou e luta qualquer
batalha, e a maior de todas foi vencida na cruz com o brado da vitória: está consumado. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
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