Domingo de Ramos
24
de março de 2024
Salmo
118.19-29; Zacarias 9.9-12; Filipenses 2.5-11; Marcos 11.1-19
Texto:
Marcos
11.1-19
Tema: Lugar
de todos, para todos!
Vamos começar uma
contagem regressiva! 10 09 08
07
Espera aí. Para que essa contagem regressiva?
Dizem que só se
faz contagem regressiva para algo bom que está por vir.
Domingo de Ramos
é o início da contagem regressiva para o maior evento que marca o cristianismo.
Jesus foi crucificado e no terceiro dia ressuscitou.
Na sexta
feira, Jesus e os seus caminharam por volta de seis e sete horas.
Saíram de Jericó e foram até Betânia, onde passam o sábado.
No sábado à
noite, já domingo para os judeus, na casa de Simão, o leproso, numa
festa foi ungido por Maria.
Os principais
sacerdotes que estavam presentes para verem Jesus, realizam uma reunião para
consultar a possibilidade de condená-lo a morte.
A
profecia anunciada 500 anos antes por boca do profeta Zacarias (Zc 9.9) estava
se cumprindo. As bocas que ovacionavam Jesus, em seus corações tinham expectativas
messiânicas equivocadas. Por essa razão e circunstância, a algazarra da entrada
em Jerusalém no domingo foi suplantada pelos gritos de crucifica-o na sexta
seguinte. Todavia, foram os gritos de crucifica-o que tornaram Jesus Rei. Os
gritos de hosana (“oh, salva-nos Senhor”) do domingo se concretizaram nos
gritos de crucifica-o na sexta-feira.
Observemos
um detalhe interessante. É a primeira vez no Novo Testamento que se é
mencionado que Jesus precisava de uma criatura animal (Mc 11.3). Observe ainda
que essa criatura pela lei era impura.
Conforme
nos é relatado em Êxodo 13.13,
por um animal imundo, no entanto, útil para carregar carga, o preço da sua
redenção era a morte de um cordeiro. E ao ver a cena em que Jesus adentra
Jerusalém sendo aclamado com hosanas “oh, Senhor, salva-nos”, é
significativo olhar e perceber que o asno está levando o cordeiro para ser
sacrificado e assim redimi-lo.
Esse animal era um animal dos pobres, dos
colonos. E ao montar em um jumento, Jesus está cumprindo a profecia anunciada
500 anos antes por boca de Zacarias (Zc 9.9). a entrada num jumento destaca que
Jesus é o Rei Humilde que doravante havia sido profetizado. Nesse Rei Jesus a
paz seria dada.
Na manhã de
segunda-feira Jesus se dirige ao Templo.
O templo era o
centro da vida nacional e religiosa dos judeus. Seria natural, se o povo
estivesse olhando para as Escrituras, o lugar para Jesus ser reconhecido e
entronizado como Rei. Todavia, tudo estava errado. Já vemos o cenário
complicado quando no início João Batista prega e batiza no deserto. E agora,
vemos os sacerdotes não reconhecerem Jesus.
O Templo que é de Deus
– foi apoderado por àqueles há quem o Templo havia sido confiado. Observem uma
mera aplicação: o Templo é
a casa de Deus. Cuidar dele, zelar dele é cuidar da casa de Deus.
O fato ocorrido no
templo gera um momento de crise e nos momentos de crise, Jesus passa a noite em
oração. No outro dia, na terça-feira, a figueira que havia sido
amaldiçoada é vista completamente seca.
Uma árvore cheia
de folhas era sinal de muitos frutos. No entanto, essa figueira cheia de folhas
não tinha frutos. Agora, uma árvore seca não se esperava nada.
Era decepcionante
ter uma árvore verde e cheia de folhas sem fruto nenhum. Essa árvore frondosa
era Israel, que por sua religiosidade e cheia de cerimônias, estava sem frutos.
E Jesus mostrou pela figueira cheia de folhas e depois seca como estava Israel.
Tanto que João Marcos registra a purificação do templo (vv.15-19) entre a
maldição da figueira (vv.12-14) e a descoberta de que ela havia secado (vv.
20-26).
O duplo negativo “nunca
jamais” (Mc 11.13) no grego significa maldição enfática. Era
o desprazer de Jesus quanto ao templo e as lideranças religiosas.
Ao ser edificado
no deserto como tabernáculo e anos mais tarde o Templo por Salomão, a casa de
Deus é a esquina do encontro de Deus com o ser humano. O tabernáculo e depois o
Templo objetivavam dar a paz de Deus a todas as nações e não somente aos judeus.
No Templo havia
um espaço em que se permitia o acesso aos gentios.
O templo era
formado por uma série de pátios que conduziam ao templo propriamente dito e ao
lugar santo.
Primeiro:
pátio dos gentios;
Segundo:
pátio das mulheres;
Terceiro:
pátio dos israelitas e o pátio dos sacerdotes.
O comércio
tornou-se conveniente, afinal, os romanos dominavam os judeus e por isso, a
moeda romana precisa ser cambiada para a moeda judaica (shekel). Os animais
também eram vendidos no pátio dos gentios e ali eram carimbados como sendo “sem
defeito”.
O pátio dos
gentios - no único lugar em que os gentios podiam transitar, o comércio
tornou-se um entrave.
O único espaço
aberto no templo para “todas as nações” o pátio externo, dos gentios, o
comércio tornou o mesmo em sendo inadequado para o culto.
A expulsão dos
cambistas foi um protesto verbal de Jesus.
Se no projeto
original de Deus, nesse lugar, no pátio dos gentios, eles podiam orar e meditar,
era inadmissível e intolerável mudar o propósito da casa de Deus.
Jesus, que nos
amou até a morte de cruz, era apaixonado pela reverência a casa de Deus.
O único lugar em
que os gentios podiam conhecer a Deus era nesse pátio. E com aquele comércio,
que Deus estariam conhecendo. Afinal, o lugar de oração e meditação, foi
transformado em uma feira a ponto de ninguém conseguir orar e meditar. Ouvia-se
bois mugindo, ovelhas com seus balidos, arrulho de pombas, gritos de
vendedores, filas para trocar dinheiro, tilintar de moedas, mas não se ouvia
clamores e adorações.
O gentio havia
perdido o espaço que Deus lhe havia dado. No Templo, Deus estava recluso aos
gentios.
A falsa piedade de
supostamente estarem pensando nas pessoas que vinham de longe e facilitar a
vida desses não se justifica. A lei prescrita em Deuteronômio 14.24-26 definia
os animais a serem oferecidos em sacrifícios e a permissão de Deus em se levar
o dízimo em vez de produtos agrícolas propriamente ditos. Com a suposta
alegação de que a troca de dinheiro facilitaria a vida do peregrino os judeus
passaram a obter muito lucro. Por causa do lucro é que os sacerdotes se
enfureceram com Jesus querendo de qualquer maneira o matar (Mc 11.18).
Essa não foi a
primeira vez que Jesus havia ido ao Templo.
Aos 12 anos Jesus
estava no Templo e ao ser procurado por José e Maria, o menino respondeu: “é necessário estar na casa do meu pai” (Lc
2.49).
Jesus desde que
nasceu sabia da sua missão, estar ocupado com as coisas do Pai. O zelo pelo
Templo como escreveu Werner de Boor foi tanto que isso o levou a morte.
William Hendriksen
destaca que ao purificar o templo, Jesus atacou o espírito secularizado dos
judeus e expôs sua corrupção e ganância (Mc 11.17).
Ao virar as mesas
Jesus atacou o que é muito importante para o ser humano: bens, finanças. É como
o amor de muitos casais: eu amo meus bens.
A purificação do
Templo nos ensina muitas e variadas lições.
Jesus não se
interessa em que você apenas esteja no templo. Jesus se interessa sobre o real
interesse pelo qual se está no Templo. Muitos estavam lá apenas para obter
lucro.
Outro fato
importante que nos é ensinado é que o maior lucro da igreja são as pessoas e
não dinheiro.
Se parece ríspida
o modo de Jesus fazer, por causa da sua atitude, Jesus proclama de forma
eloquente que a verdadeira adoração e o relacionamento com Deus é o essencial e
especial no templo.
Jesus é motivado
por zelo à casa de Deus (Sl 69.10) e, amor aos gentios.
Recordo a observação
de Matthew Henry que escreveu que Jesus nunca usou a força para levar alguém
para o Templo, mas usou toda sua força para expulsar àqueles que o estavam
profanando. Já imaginou a faxina que seria se começasse a expulsar quem não
tem mais zelo pelo Templo?
Com esse relato
aprendo também a tomar muito cuidado para não industrializar a fé.
Todavia, fazendo um contraponto. A industrialização da fé só está ocorrendo por
um fato, erro, pecado: as pessoas estão deixando de ofertar.
Jesus certa vez
esteve observando como as pessoas faziam as suas ofertas no Templo. E ao ver a
oferta de uma viúva pobre ensinou que a verdadeira oferta é de coração e
confiança em Deus.
Os
industrializadores da fé são os que muito podem ofertar, mas, por não quererem
se desapegar e ofertar generosamente acabam cobrando dos outros.
A leitura sobre
Jesus no Templo expulsando cambistas e mercadores nos alerta o zelo pelo
Templo. E para zelar do Templo, Deus amorosamente abençoa seus filhos e filhas
e espera justamente dos seus filhos e filhas ofertas generosas e abundantes
para que não caia no perigo de industrializar a fé e tornar a piedade fonte de
lucro.
Jesus se revoltou
contra a distorção do projeto de Deus.
Deus queria a
oração e meditação dos gentios. Deus quer salvar. Esse continua sendo seu
projeto.
O que falta muitas
vezes é Jesus voltar e virar as mesas. Afinal, se vende tudo na igreja:
sabonetes abençoados, lenços, caneta ungida, colares milagrosos, envelopes para
fogueira santa; ...
Vamos começar a
contagem regressiva! 10 09 08
07
Espera aí. Para que essa contagem regressiva?
Domingo de Ramos -
início da contagem regressiva para o maior evento que marca o cristianismo.
Jesus foi crucificado e no terceiro dia ressuscitou. E essa festa a
celebraremos, mas, estamos em outra contagem regressiva – a da volta de Jesus.
Enquanto Jesus não volta, continuemos consumidos por zelo da casa do nosso
Deus. Um lugar de todos e
para todos. Amém!
Edson
Ronaldo Tressmann
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