20 de novembro de 2022
Salmo 46;
Malaquias 3.13-18; Colossenses 1.13-20; Lucas 23.27-43
Texto para
prédica:
Colossenses 1.13-20
Tema: “reconciliou consigo todas as coisas” (Cl
1.20)
Cada pessoa vive em alguma cultura. Essa cultura exerce influência
no seu viver, pensar, agir e também na sua crença. Essa era a realidade na cidade
de Colossos.
Paulo não conheceu pessoalmente os cristãos colossenses, onde Epafras
iniciou o trabalho. E, esse, preocupado com os problemas relacionados à vida
espiritual dos colossenses, viajou até Roma, lugar onde Paulo estava preso,
para considerar os assuntos com o apostolo. Epafras se submeteu à prisão voluntária para
ficar perto de Paulo (Fm 23). Onesímo, o escravo fugitivo, estava sendo discipulado nesse
tempo, por isso Epafras é citado na carta a Filemon e também pelo fato da
igreja de Colossos se reunir na casa de Filemon (Fm 2). Junto a eles estava ainda
Aristarco. Uma reunião com muitos assuntos a serem abordados.
Ao refletir sobre os problemas provenientes da influencia cultural
dos colossenses, Paulo enviou duas cartas aos irmãos do Rio do Lycus (Rio Lico
- Colossos, Laodicéia, Hierapolis), a carta aos Colossenses e aos Laodicenses
(Cl 4.16, essa é uma carta perdida).
Os cristãos em Colossos estavam expostos ao perigo das filosofias
pagãs (dualismo, ascetismo, espiritismo, superstições idólatras) e, além disso,
ensinamento sobre abstinência de certos alimentos e observância de dias e
regras do judaísmo (Cl 2.4, 8, 16,20-23).
Essas filosofias pagãs e
requisitos judaicos estavam pressionando os cristãos colossenses e, muitos
estavam abandonando a fé cristã.
A carta aos colossenses é um encorajamento para que os cristãos se
devotem a Jesus. O objetivo era
corrigir alguns erros doutrinários e práticos que estavam ameaçando
sorrateiramente aquela comunidade cristã.
Epafras realizou
a atuação de um agente comunicador - tipo de fiscal que vê e avisa. Por causa desse aviso, Paulo soube o que
combater e assim escrever a carta.
O capítulo 1.1-23 é um poema ao
Messias exaltado - Jesus. Paulo agradece pela fé dos colossenses e ora por sabedoria
e pela conversão dos colossenses. Os versos
15-20 é um poema a Cristo trazendo a memoria imagens de Gn 1; Ex 40; Sl
2; 8; 68 e Pv 8 e assim, o apostolo destaca que Cristo é o Messias criador e
que por sua obra da redenção traz uma nova criação. Pela morte e ressurreição
de Jesus, Deus reconciliou-se com o mundo que pela falsa ideia dualista parecia
não poder ser reconciliada.
As cartas de Paulo aos Romanos, Efésios e Colossenses destacam o
tema a respeito da igreja. Aos Romanos, a igreja é apresentada com muitos
membros e muitos dons. Na carta aos Efésios e Colossenses a igreja é um corpo
com um só cabeça. Em Efésios a ênfase da igreja está nela como corpo e na carta
aos Colossenses a ênfase está no cabeça da igreja que é Cristo (Cl 1.18).
Por acolherem as mais variadas filosofias, na expectativa de
entender e explicar o mundo espiritual, os colossenses desenvolveram uma
concepção de mundo chamada dualismo.
Dualismo é a
distinção firme entre Reino Espiritual e Reino Material. O Reino Espiritual é bom e o Reino Material é ruim e mal. O ser divino não criaria um
reino físico maligno, pois o contato com esse reino contaminaria o ser divino.
E a pergunta era: - como reconciliar esse espírito mal com Deus? Daí
era necessário observar requisitos tais como a lei judaica prescrevia. Para
eles, Paulo escreveu: “Este é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos
céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam
soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e
para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça
do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para
em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse
toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos
céus” (Cl 1.15-20). Enquanto os colossenses em suas filosofias e
crenças judaicas respondiam que sua
libertação desse reino material estava fora de Cristo, o apostolo Paulo
elenca duas palavras que são únicas no Novo Testamento – Redenção e
Relacionamento – para destacar a salvação em Cristo (Cl 1.15-23).
A palavra redenção é fundamental na Escritura. Compreende toda a
história da salvação. Redenção é a tradução
do termo lytrosis
ou apolitroses
e significa resgate,
libertação mediante pagamento, soltura de quem estava preso por uma dívida não
paga.
O sentido teológico dessa palavra é bem mais amplo. Os israelitas,
após saírem do Egito, não permaneceram indefinidamente no deserto, mas entraram
em Canaã, a terra da promessa. Assim, os cristãos, após serem libertos da
escravidão do pecado, da morte e de Satanás, são chamados a abandonar o estado
de servidão para entrar na condição de filho e herdeiro. “Fomos transportados” de um reino
para outro reino, do poder das trevas para o poder de Deus (At 26.18).
Deus não se contaminou ao vir para este mundo, pelo contrário,
redimiu o mesmo e em Jesus, “reconciliou consigo todas as coisas” (Cl 1.20).
A palavra reconciliação não é tão comum no Novo Testamento. É empregada
apenas por Paulo em cinco textos (Rm 5.10,11; 11.15; 2Co 5.18-20; Ef 2.14-17;
Cl 1.19-22) em conexão com o relacionamento entre Deus e os homens.
Reconciliação é uma palavra chave, pois é a
substância do evangelho. Reconciliação é a mensagem central do evangelho – descreve a obra salvífica que
Deus realizou em Jesus.
Reconciliar significa unir novamente pessoas que antes estavam
separadas. E o fato é que Deus, a parte ofendida, quem toma a iniciativa (2Co
5.19). Deus é o reconciliador. Dessa forma, não é o que eu posso fazer para ser
salvo, mas, aceitar pela fé a reconciliação (2Co 5.20; Cl 2.16-17).
É preciso recordar que há inimizade entre Deus e os homens, todos
são objetos da hostilidade divina, então, não há o que eu faça que me aproxime
de Deus. Ele se aproximou de mim em Cristo e é mediante a fé, presente de Deus
(Ef 2.8) que agrado a Deus (Hb 11.6).
Estou reconciliado com Deus! Mesmo sendo assim tão pecador, estou
em paz com Deus. Essa paz foi estabelecida “pelo sangue da sua cruz” (Cl 1.20; Rm 5.20; Ef
2.16). Da cruz, de onde os pecadores ouviram a oração do autor da paz, da
redenção, da reconciliação: “Pai,
perdoa-os, porque não sabem o que fazem” e também aos que creem: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Amém!
ERT
Edson Ronaldo Tressmann
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