Segundo Domingo de Advento
Dia da Bíblia
08 de dezembro 2019
Salmo 72.1-7; Isaías
11.1-10; Romanos 15.4-13; Mateus 3.1-12
Texto para prédica: Romanos 15.4-13
Tema: Consolação das Escrituras.
“Porque tudo o que está nas Escrituras foi escrito para
nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem
que as Escrituras nos dão” (Rm 15.4).
A
Bíblia tem tornado para muitos um livro ultrapassado, isso no país mais
católico do mundo e onde os evangélicos crescem avassaladoramente. Agnósticos,
sem religião e ateus, já somam 15 milhões no Brasil. O esfriamento da fé é uma
realidade visível, basta olhar as igrejas.
Certo
dia, quando estava voltando do interior, observei um fato que deveria ter
registrado numa fotografia. Passando pela avenida X, vi uma igreja e cerca de
45 fiéis. Ao lado, colado na parede da igreja um local de venda de lanches.
Havia nesse local, cerca de 60 pessoas. Enquanto na igreja cantavam, na
calçada, pessoas comiam, bebiam e conferiam as últimas mensagens do waths. Nada
contra as pessoas estarem ali comendo e bebendo. Lembro esse fato para destacar
a realidade a qual estamos vivendo. A fé que tem como resultado o adorar, está
esfriando. Qualquer outro evento é mais importante que a reunião para louvor e
adoração a Deus.
Nos
próximos 40 anos, países como Canadá, Austrália, Áustria, Finlândia, Irlanda,
Holanda, Nova Zelândia, Suiça e República Tcheca terão a maioria da sua
população longe de Deus. As pessoas estão rejeitando a figura de Deus. Entre as
cinco grandes religiões, a terceira posição do ranking é dos indivíduos sem
filiação religiosa, com cerca de 1,1bilhão de pessoas. A primeira posição é do
cristianismo e a segunda do islamismo. No Brasil, os agnósticos, os ateus e sem
religião somam 8% da população. O grande problema é que essas pessoas tem
acesso às universidades, são economicamente favorecidas, e são formadores de
opinião.
Mas,
isso não é tudo. A verdade é que o ateísmo está sendo alimentado pela
modernidade e pelo descrédito em relação as instituições religiosas que ficam
se digladiando. Já disse outra vez e repito: parem de
falar mal das instituições religiosas. Destaquem apenas o evangelho que trata a respeito de Cristo e cada qual pelo
poder do Espírito Santo fará o correto discernimento.
Uma
característica que tem marcado o crescimento dos sem religião no Brasil é que a
decisão de deixar a ideia de Deus de lado acontece cada vez mais cedo. Tenho
observado pais deixarem seus filhos crescerem para se decidirem pelo batismo.
Daí vão para a faculdade e caem no ateísmo. No ambiente acadêmico, há muita
exposição a ideias e teorias que questionam a existência de Deus, e a própria
ortodoxia de quem segue a Bíblia. Assim, a Bíblia torna-se um livro não mais
aceito.
“Porque tudo o que está nas Escrituras foi escrito para
nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem
que as Escrituras nos dão” (Rm 15.4).
Essa oportuna declaração
permite-nos concluir cinco verdades acerca da Escritura:
1 – É sempre atual
2 – Seu valor é abrangente
3 – Seu foco é Cristo
4 – Seu propósito é prático
5 – Sua mensagem é divina
A
Escritura a qual se refere o apostolo Paulo em Romanos 15 é o Antigo Testamento,
a Bíblia da época. Dessa forma, Paulo diz que tudo o que foi escrito pelos
profetas, suas exortações, suas promessas, valem atualmente. Elas nos ensinam,
nos corrigem, nos educam e nos conduzem para Cristo, pois Cristo é o
cumprimento das promessas (2Tm 3.15; 2Co 3.15-16).
O que significa a “... consolação das Escrituras...”? (Rm 15.4). O cumprimento da promessa
de Deus em Jesus. O cumprimento das promessas de Deus nos dá esperança, o mesmo
sentir de uns para com os outros, e nos permite acolher o próximo mesmo que
esteja equivocado em suas posições.
O apostolo Paulo está tratando
(Rm 15) sobre a questão dos relacionamentos entre as pessoas da comunidade. As pessoas
estavam discutindo sobre o que comer e beber. Uma discussão que só atrapalha o
evangelho. Para uma solução, o apostolo cita as palavras do Salmo 69.9 em Rm
15.3, indicando que Cristo fez o que fez, não para agradar a si mesmo, mas,
para cumprir uma promessa em prol de outros.
Assim, o apostolo Paulo deseja
que cada cristão viva não querendo agradar a si mesmo, mas, buscando ter o
mesmo sentimento e acolhendo o próximo, afinal, o desejo de Deus é salvar em
especial o fraco na fé.
A nossa esperança não
está naquilo que comemos ou bebemos, ou naquilo que deixamos de beber ou comer
(Cl 2.17). A esperança do cristão está nas promessas realizadas por Deus em
Jesus. Paulo cita quatro promessas (Rm 15.9, 10, 11, 12) registradas no Antigo
Testamento.
1 - Rm 15.9 é uma referência a 2Sm 22.50.
2 - Rm 15.10 refere-se
a Dt 32.43.
3 - Rm 15.11 - Sl
117.1,
4 - Rm 15.12 é a
citação do profeta Isaías 11.10.
Esses textos transmitem um
convite para que todos os povos se a unissem a Israel na sua alegria, ou seja,
na promessa a respeito de Jesus. Temos aqui uma convocação para que todas as
nações louvem ao Senhor, afinal, todas as nações são abençoadas pelo tronco de
Jessé que é o próprio Jesus.
A Bíblia não é um livro ultrapassado!
O Antigo Testamento não perdeu o seu valor devido ao Novo Testamento. A Bíblia
é a Palavra de Deus. E conforme escreveu o apostolo Paulo, muitos no Antigo
Testamento viveram na esperança de que Deus cumpriria suas promessas, e sabemos
pelo Novo Testamento que Deus cumpriu as suas promessas. Gosto de lembrar que para nós é muito
mais fácil. Afinal, enquanto os cristãos do Antigo Testamento precisariam
esperar todas as promessas, nós temos apenas mais uma à esperar: a volta de
Jesus para julgar os vivos e os mortos.
“Porque tudo o que está nas Escrituras foi
escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência
e da coragem que as Escrituras nos dão” (Rm 15.4).
Deus
nos consola com suas promessas feitas e cumpridas. Ele não pede para que
façamos nada para nossa salvação, tudo foi e é realizado por Jesus. Deus, nas
Escrituras prometeu o salvador e cumpriu sua promessa. Todo esse plano de
salvação foi um plano realizado com muita paciência, pois muitas vezes se
parecia que não seria possível realizar esse plano. Deus em sua paciência
divina manteve sua promessa, cumpriu sua promessa e Jesus com paciência cumpriu
sua parte na missão. Agora somos unidos a Deus pelo próprio amor de Deus, ou
melhor, na consolação das Escrituras.
O
texto está inserido dentro de uma grande discussão. Os fortes na fé pensam
poder comer de tudo, enquanto que os fracos na fé não têm essa certeza. E daí o que fazer?
Numa discussão cada pessoa tem a sua opinião. Cada um quer que sua opinião
seja a válida. Muitas discussões duram anos, afinal, ficam as mágoas, os
desentendimentos e o afastamento das pessoas. Ninguém quer dar o braço a
torcer.
Alguém me perguntou certo dia, o que você acha de determinada igreja x. A minha resposta foi muito simples: àqueles que estão consolados nas Escrituras, ou seja, na promessa de Deus, realizada em Cristo, estão bem.
Paulo
tem uma preocupação muito grande. Ele não quer que as pessoas se afastem da
igreja por motivos banais, ou seja, por causa de discussão sem valor, discussão
que não tem nada a ver com a fé salvadora. Uma igreja sadia, de paz, não pode
ser manchada por julgamentos e desprezo. E para ressaltar esse união entre
fracos e fortes na fé, o apostolo lembra algo muito importante: “Porque tudo o
que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos
esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão”
(Rm15.4).
ERT
Edson
Ronaldo TREssmann
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