segunda-feira, 29 de julho de 2019

Uma vida sem avareza


Salmo 100; Eclesiastes 1.2,12-14;2.18-26; Colossenses 3.1-11; Lucas 12.13-21
Texto para homilia: Lc 12.13-21.
Tema: Uma vida sem avareza! 

Com certeza você já dirigiu ou foi carona numa rodovia de mão dupla. O bom de uma rodovia assim é que o trânsito flui intensamente.
Tanto a tentação como a provação é como uma rodovia de mão dupla. De um lado, as tribulações que põe à prova a fé na prática da paciência. De outro lado, a prosperidade da vida, que para muitos se torna uma prova, pois é difícil não se deixar dominar pelo orgulho e arrogância em meio as riquezas.
No capítulo 12 do evangelho de Lucas há cinco advertências de Jesus. Quatro dessas (hipocrisia, avareza, preocupação, negligência) são para seus discípulos e para nós ainda hoje. Uma última reprimenda de Jesus (tolice espiritual) é para o mundo perdido.
Em meio a essa mundo perdido, vivemos nós. E nesse sentido, corremos muitos perigos. Um desses é a avareza.
O que é avareza? O termo grego pode ser traduzido como avidez em ter cada vez mais. Em outras palavras, não nos cansamos de ter bens materiais, e quanto mais temos, mais queremos ter. E essa busca desenfreada por bens materiais é porque a filosofia de felicidade do mundo está relacionada as posses.
Uma pessoa avarenta é aquela que tem uma sede insaciável de dinheiro ou de coisas que o dinheiro pode comprar e também de cargo ou poder.
O ensino transmitido por Jesus, conforme narrado por Lucas (Lc 12), é mostrar que a vida verdadeira não depende da abundância de posses, por isso disse: “Prestem atenção! Tenham cuidado com todo o tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas” (Lc 12.15).
Ao contar a parábola, Jesus ressalta que para esse homem avarento terá uma vida despreocupada e longa só por causa dos seus bens. Pode-se ver isso pelos seis característicos euLc 12.17-20.
Jesus contou essa parábola a fim de revelar os perigos que se escondem num coração avarento.
Nessa parábola temos um homem cujo problema era ter riquezas demais. Quem não gostaria de ter esse problema? Só quem não é avarento!
A Palavra de Deus indica os problemas da prosperidade (Pv 30.7-9); a riqueza é capaz de sufocar a Palavra de Deus (Mt 13.22); as riquezas podem criar armadilhas (1Tm 6.9-10,17).
A prosperidade é capaz de me conduzir a me contentar com as coisas que o dinheiro pode comprar corre o risco de perder aquilo que o dinheiro não pode comprar.
Pode ser que você adquira uma herança, ou suas terras lhe deem uma colheita que o deixe tranquilo, lembre-se que a riqueza é um dom de Deus (Ec 5.10-20), e como disse o rei Davi “...Ainda que suas riquezas aumentem, não confiem nelas” (Sl 62.10).
Esse homem rico da parábola viu na riqueza um meio para satisfazer a si mesmo. Não pensou em Deus e no seu semelhante.
As terras daquele homem rico deram uma abundante colheita. E, ao invés de ser grato a Deus, pensava consigo mesmo sobre o que fazer (Lc 12.16-18), pois não desejava repartir com ninguém o que era seu.
O evangelho desse texto está na misericórdia de Deus, que ao invés de condená-lo imediatamente por sua ingratidão, o convidou a olhar para além do aqui e agora. Por isso, chega ao clímax da história (Lc 12.19-20).
Aos avarentos Jesus diz: “Seu tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou?” (Lc 12.20). Seus filhos? Eles são avarentos, pois aprenderam com você e vão brigar até o fim por isso.
O homem avarento está atormentado sobre o que fazer diante da sua prosperidade.
Que terrível situação! Se não houvesse produção, cairia em desespero. Mas, como a produção foi abundante, já não sabe o que fazer. O homem avarento está aflito. Não quer que nada fique fora dos seus celeiros para que ninguém saiba que possui e possa ajudar. E está confiando em suas posses materiais.
Com a parábola do homem avarento, Jesus quer nos ensinar que é preciso reconhecer Deus como o doador de todas as coisas.
Na reflexão sobre o Pai Nosso, aprendemos que estamos inseridos no plano de Deus. Deus nos concede tudo o que necessitamos e nos é urgente: bens espirituais, materiais e livramento do mal. Tudo o que temos e somos, vem de Deus e vai ao próximo por nosso intermédio.
Ninguém é melhor que ninguém, por isso, ao receber muito das mãos de Deus, reconheça a generosidade de Deus.
Muitas vezes deixamos de olhar para as coisas materiais com gratidão a Deus. Olhamos como se elas fossem adquiridas por nós e que são apenas nossas.
Na oração do Pai Nosso, Jesus ao ensinar a orar, diz que, Deus sendo nosso Pai, nos concede bens espirituais, bens materiais e livramento do mal. Assim, pergunto: você já refletiu sobre o por que dos bens materiais estarem entre os bens espirituais e o livramento do mal?
Os bens materiais são bênçãos de Deus, mas, esses bens materiais recebem outro sentido quando eu reconheço de quem eu recebo e para que eu recebo. Os bens que você possui provém das mãos de Deus e se Deus não proteger a ti e tudo o que tem, isso facilmente te pode ser tirado. E daí?
Deus não quer um terrível destino a nós. Ele não quer que nos percamos na avareza.
Querido amigo, amiga, quando Jesus nos alerta sobre o perigo da avareza, sua intenção é nos ensinar que a generosidade é uma glória para o ser humano. Deus deseja que amemos nosso próximo e muitas vezes, a avareza tem nos atrapalhado a amar a quem somos enviados para amar.
Deus em Jesus nos amou e nesse amor nos coloca no mundo para amar, no entanto, corremos o risco de deixar de amar por causa da avareza. Avareza que não afastou Jesus da cruz! Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

RIENECKER, Fritz. Evangelho de Lucas: Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança, Curitiba, PR, 2005.

RYLE, J.C. Meditações no Evangelho de Lucas. Editora Fiel da Missão Evangélica Literária, São José dos Campos, SP, 2002.

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