segunda-feira, 1 de julho de 2019

Antes da vocação, oração! (Lc 10.1-20)


07 de julho 2019
Salmo 66.1-7; Isaías 66.10-14; Gálatas 6.1-10,14-18; Lucas 10.1-20
Texto para prédica: Lucas 10.1-20
Tema: Antes da vocação, oração!

O número de discípulos ampliou consideravelmente (Jo 4.1; 6.66; At 1.15; 1Co 15.6). Jesus enviou esse grupo para as doze tribos de Israel que viviam dispersos e se sentiam abandonados por Deus. Jesus envia um número de adeptos ao sul da província, até Samaria e Peréia.
Entre o envio dos doze apóstolos e a viagem de serviço dos setenta passou-se cerca de um ano. Nesse período a resistência contra Jesus aumentou consideravelmente. E devido a essa resistência, por causa da rejeição a mensagem de Deus, Jesus destaca o envio como sendo um envio de ovelhas para o meio de lobos. Mas, os envia com uma promessa (Lc 10.4); faz seu anuncio de juízo (Lc 10.11-15).
Um missionário é como uma ovelha no meio de lobos e todos nós sabemos que os lobos querem devorar a ovelha. Todo missionário sofre rejeição, abandono, criticas. Isso é natural quando alguém é enviado da parte de Deus.
No entanto, em meio as dificuldades, os enviados devem perseverar na fé, munindo-se de simplicidade exterior e de pressa. O objetivo não é sucesso no trabalho, mas cordialidade, tendo como marca em seu comportamento a modéstia, sem receio de aceitar o salário.
O enviado não deve ficar se preocupando quanto a incredulidade das pessoas, pois os incrédulos receberão a sua devida condenação.
No verso 1 (Lc 10.1), após escolher os 12 apóstolos e partir da Galiléia para Jerusalém, Jesus envia outros (70) e dá a prerrogativa de que não eram apenas os 12 apóstolos que tinham a missão da proclamação.
A expressão “designou outros” mostra uma tênue diferença. Mesmo que os setenta tivessem sido enviados, os doze foram treinados para o ministério apostólico.
O envio dos setenta tinha um objetivo. A visitação dos 70 era a visitação da graça de Deus em toda a região que por estar dispersa sentia-se abandonada e esquecida por Deus. A visitação foi necessária, pois, a inimizade contra Jesus só pode ser superada pela proclamação do evangelho.
Outro detalhe é que o envio dos 70 preparava e abria novos caminhos para a última peregrinação do Senhor. O envio dos setenta mostra que a obra do Senhor não era mais oculta, mas, um empreendimento missionário.
Há quem diga que assim como os doze, correspondia ao número de doze tribos (Ex 15.27), os setenta, correspondia aos setenta anciãos no Israel do Antigo Testamento (Ex 24.2; Nm 11.16). Se no antigo Israel, o Sinédrio era a corte suprema da lei judaica, tendo como missão administrar a justiça, interpretar e aplicar a torá. Os 70, enviados por Jesus, era o sinédrio do reino da graça (RIENECKER, 2005).
O envio de dois em dois
- Apresentava a bênção da irmandade.
Dois é melhor que um (Ec 4.9). Trabalhar em dois é graça de Deus. O trabalho solitário é um fardo. Assim como não era bom que o homem vivesse sozinho, Deus em seu amor e misericórdia, sabe que o trabalho missionário é melhor em duas pessoas. Um apoiando o outro. Pedro e João formavam uma dupla. Paulo e Barnabé (At 13.2; 15.39).
- O valor do testemunho de duas pessoas (Dt 19.15; 17.6; Nm 35.30; 2Co 13.1; 1Tm 5.19; Hb 10.28).
O envio dos 70 era necessário por causa da colheita.
Desde a descida do Espírito Santo, estamos vivendo os tempos do fim. A primeira parte da profecia já foi cumprida. Jesus foi enviado, morreu e ressuscitou. Agora estamos nos tempos da colheita, ou seja, aguardando o retorno de Jesus que virá novamente para julgar os vivos e os mortos. Mas, nosso problema continua sendo o mesmo observado por Jesus.
Jesus fala de colheita e destaca que os trabalhadores são poucos. Mesmo que tenham sido setenta enviados, devido à imensa multidão, esses eram poucos. A julgar por Querência do Norte, dizemos que há muitas igrejas. 35 igrejas, num município de 12 mil habitantes. Mas, devido a multidão dos que ignoram o evangelho, são poucas.
Jesus envia os setenta após sua ilustração sobre colheita. O trabalho de colher ilustra o fim de um tempo (Jl 3.13; Mt 3.12; Lc 3.17; Ap 14.15). Jesus enviou os doze e os 70 para colher. Mas, o que consiste esse colher? A proclamação da boa nova é um trabalho de colheita. Estando indo aos dispersos que estavam na Samaria e Peréia e proclamando o evangelho, era como estar indo buscar os feixes para o celeiro. A proclamação faz parte do trabalho que prepara para a colheita.
Jesus sabe que no reino de Deus há carência de obreiros que trabalham corretamente (1Co 3.9; 1Tm 5.17; 2Tm 2.15; Fp2.20-23). Por isso, Jesus instrui para que pedissem ao Senhor da colheita para que enviasse trabalhadores a sua grande colheita. Jesus recomendou “rogai ao Senhor”.
Essa expressão, muitas vezes passa despercebida, mas, rogar ao Senhor constitui a parte mais importante de todo o discurso. O Senhor espera pela oração em prol do envio dos trabalhadores na colheita.
A oração é e nunca deixa de ser o principal. A oração gera e cria os trabalhadores para o Senhor. Jesus ensina que a oração sempre vem antes da vocação.
Por que orar para que Deus envie mais trabalhadores?
Os versos 3 e 4 mostra que o ide é para o meio dos lobos. Isso sinaliza hostilidade a pessoa do mensageiro e rejeição a mensagem que não é sua.
O envio das ovelhas para o meio dos lobos era proverbial em Israel. Se os lobos adentrassem no meio das ovelhas já era perigoso, imagine as ovelhas adentrando na alcatéia de lobos.
Jesus está dizendo que as ovelhas devem viver, atuar, e permanecer entre os lobos e até superá-los. Isso é inimaginável e inconcebível.
Olhando Mateus (Mt 7.15) observa-se que lobos são os falsos profetas de Israel. Àqueles que recebem a mensagem do Senhor com ódio mortal. E, ao dizer que os discípulos, os trabalhadores, são ovelhas em meio aos lobos, Jesus revela e perspectiva de sofrimento aberto e sem escrúpulo contra os trabalhadores do reino de Deus. Eles precisam de oração e para que outros se sujeitem a esse trabalho, é preciso oração.
Qual é a segurança dos trabalhadores? Apenas as palavras de Jesus “eu vos envio”.
Quando Jesus recomenda que não levem nada, ele deseja que seus discípulos estejam atentos somente a cumprir com seu envio, a proclamação.
A expressão: Não cumprimentem ninguém pelo caminho (2Reis 4.29), significa urgência. A saudação oriental é muito demorada e não havia tempo a perder. Afinal, a colheita está madura.
Os versos 5 - 11 apresentam os discípulos no exercício do ministério.
Jesus não envia os discípulos para reuniões públicas ou sinagogas, mas às pessoas receptivas nas casas e nas cidades. Lucas 10.5 – 7: uma missão nas casas. Lucas 10.8-11: uma missão urbana.
Lucas 10.5-7: evangelizando uma casa
Os 70 não deveriam escolher e verificar se havia pessoas receptivas ou dignas dessa paz nas casas em que entrassem (Mt 10.11). O trabalho missionário não requer atraso desnecessário é preciso pressa. Há uma mensagem de paz que precisa ser anunciada. Enquanto que os profetas da antiga aliança e João Batista trouxeram o arrependei-vos, os pregadores do reino de Deus trazem a saudação de paz (Is 52.7).
A expressão casa refere-se a família (Jo 4.53; 1Co 16.15; Fp 4.22). E para essa casa, ofereça paz.
Permanecei na mesma casa - com a finalidade de serem bem sucedidos, ou seja, conquistarem as pessoas para o evangelho, os enviados não devem trocar arbitrariamente de hospedeiro, pois isso, dará a impressão de que buscam um tratamento melhor. Assim como não se prega o evangelho por causa de lucro nefasto (1Pe 5.2; 1Tm 3.3; Tt 1.7,11) qual como um comerciante (1Tm 6.5; Rm 16.17), não se pode desprezar as dádivas de amor fraterno para seu necessário sustento.
Por qual motivo pastores trocam de paróquia? Foi tentador para mim, quando estava com salários atrasados, receber um chamado que não só se propunha a pagar em dia, como pagavam muito mais. Ao não aceitar o referido chamado, conquistei as pessoas do grupo, que viram que o objetivo não é material, mas espiritual.
O Senhor da colheita cuida dos seus trabalhadores.
Pastores disseminam a semente espiritual e colhem frutos físicos (1Co 9.11), ou seja, sempre têm o necessário para o corpo e a vida. É necessário lembrar que Jesus diz que os seus trabalhadores não recebem esmola, mas um salário digno pelo seu serviço. A Paróquia tem buscado remunerar de maneira adequada o trabalho do pastor?
Lucas 10.8-11 - evangelizando uma cidade
Essa evangelização deve ser livre de inibição. Ou seja, não fiquem implicando com tudo, principalmente com a comida.
Comam o que lhes for oferecido – Jesus adverte aos enviados de que eles estão livres das observações e prescrições rabínicas sobre o puro e impuro (Mt 15.1-3; 1Co 10.27). Pedro estava bloqueado e precisou entender essa questão para atender Cornélio (Atos 10).
A missão dos 70, numa cidade mista de judeus e gentios, não era desejada. A missão dos setenta encontraria uma ou outra alternativa: casa ou cidade, aceitação ou rejeição.
Lucas 10.12-16: O reino de Deus chegou.
A rejeição a mensagem do evangelho poderia desmotivar os mensageiros, por isso, Jesus assegura que as cidades que rejeitam vão atrair sobre si a pior das condenações.
Lucas cita apenas Sodoma e isso por uma razão simples. Vê-se em Gn 19.4-11 que Sodoma violou o direito da hospitalidade. Negaram hospitalidade a anjos desconhecidos e assim rejeitaram os mensageiros da paz de Jesus.
As palavras de Jesus para as cidades que rejeitarem seus enviados o faz lançar um olhar para as localidades que usufruíram por tanto tempo de sua presença, mas que não utilizaram este período para salvação de sua alma. Lucas 10. 13-15 são palavras graves.
O médico Lucas (Lc 10.16) destaca a dignidade e autoridade de seus mensageiros. Eles representam a Cristo e a Deus. Quem os despreza lesa a majestade de Deus. Com essa dignidade e autoridade Jesus visa fortalecer a consciência de serviço e coragem dos discípulos, afinal, são ovelhas entre lobos.
Pela proclamação da Palavra, Cristo fala e atua por intermédio dela (Rm 15.18). Na pregação, Cristo é ouvido e acolhido (1Ts 4.8).
Lucas 10.17-24: o retorno da ação evangelística.
Os versos 17-20 apresentam a alegria dessa ação. Essas palavras são exclusivas de Lucas. Mas, um ponto a ser destacado é que de nada adianta todas essas vitórias sobre satanás, se os enviados esquecerem a salvação pessoal (v.20). Os enviados precisam saber que muito maior do que conceder graça é saber que se tem a graça (Lc 10.20). A salvação é o agir de Deus por nós, por isso, continuemos orando para que mais e mais trabalhadores sejam enviados à seara.

Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia
RIENECKER, Fritz. Evangelho de Lucas: Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança, Curitiba, PR, 2005.

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