segunda-feira, 29 de julho de 2019

Uma vida sem avareza


Salmo 100; Eclesiastes 1.2,12-14;2.18-26; Colossenses 3.1-11; Lucas 12.13-21
Texto para homilia: Lc 12.13-21.
Tema: Uma vida sem avareza! 

Com certeza você já dirigiu ou foi carona numa rodovia de mão dupla. O bom de uma rodovia assim é que o trânsito flui intensamente.
Tanto a tentação como a provação é como uma rodovia de mão dupla. De um lado, as tribulações que põe à prova a fé na prática da paciência. De outro lado, a prosperidade da vida, que para muitos se torna uma prova, pois é difícil não se deixar dominar pelo orgulho e arrogância em meio as riquezas.
No capítulo 12 do evangelho de Lucas há cinco advertências de Jesus. Quatro dessas (hipocrisia, avareza, preocupação, negligência) são para seus discípulos e para nós ainda hoje. Uma última reprimenda de Jesus (tolice espiritual) é para o mundo perdido.
Em meio a essa mundo perdido, vivemos nós. E nesse sentido, corremos muitos perigos. Um desses é a avareza.
O que é avareza? O termo grego pode ser traduzido como avidez em ter cada vez mais. Em outras palavras, não nos cansamos de ter bens materiais, e quanto mais temos, mais queremos ter. E essa busca desenfreada por bens materiais é porque a filosofia de felicidade do mundo está relacionada as posses.
Uma pessoa avarenta é aquela que tem uma sede insaciável de dinheiro ou de coisas que o dinheiro pode comprar e também de cargo ou poder.
O ensino transmitido por Jesus, conforme narrado por Lucas (Lc 12), é mostrar que a vida verdadeira não depende da abundância de posses, por isso disse: “Prestem atenção! Tenham cuidado com todo o tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas” (Lc 12.15).
Ao contar a parábola, Jesus ressalta que para esse homem avarento terá uma vida despreocupada e longa só por causa dos seus bens. Pode-se ver isso pelos seis característicos euLc 12.17-20.
Jesus contou essa parábola a fim de revelar os perigos que se escondem num coração avarento.
Nessa parábola temos um homem cujo problema era ter riquezas demais. Quem não gostaria de ter esse problema? Só quem não é avarento!
A Palavra de Deus indica os problemas da prosperidade (Pv 30.7-9); a riqueza é capaz de sufocar a Palavra de Deus (Mt 13.22); as riquezas podem criar armadilhas (1Tm 6.9-10,17).
A prosperidade é capaz de me conduzir a me contentar com as coisas que o dinheiro pode comprar corre o risco de perder aquilo que o dinheiro não pode comprar.
Pode ser que você adquira uma herança, ou suas terras lhe deem uma colheita que o deixe tranquilo, lembre-se que a riqueza é um dom de Deus (Ec 5.10-20), e como disse o rei Davi “...Ainda que suas riquezas aumentem, não confiem nelas” (Sl 62.10).
Esse homem rico da parábola viu na riqueza um meio para satisfazer a si mesmo. Não pensou em Deus e no seu semelhante.
As terras daquele homem rico deram uma abundante colheita. E, ao invés de ser grato a Deus, pensava consigo mesmo sobre o que fazer (Lc 12.16-18), pois não desejava repartir com ninguém o que era seu.
O evangelho desse texto está na misericórdia de Deus, que ao invés de condená-lo imediatamente por sua ingratidão, o convidou a olhar para além do aqui e agora. Por isso, chega ao clímax da história (Lc 12.19-20).
Aos avarentos Jesus diz: “Seu tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou?” (Lc 12.20). Seus filhos? Eles são avarentos, pois aprenderam com você e vão brigar até o fim por isso.
O homem avarento está atormentado sobre o que fazer diante da sua prosperidade.
Que terrível situação! Se não houvesse produção, cairia em desespero. Mas, como a produção foi abundante, já não sabe o que fazer. O homem avarento está aflito. Não quer que nada fique fora dos seus celeiros para que ninguém saiba que possui e possa ajudar. E está confiando em suas posses materiais.
Com a parábola do homem avarento, Jesus quer nos ensinar que é preciso reconhecer Deus como o doador de todas as coisas.
Na reflexão sobre o Pai Nosso, aprendemos que estamos inseridos no plano de Deus. Deus nos concede tudo o que necessitamos e nos é urgente: bens espirituais, materiais e livramento do mal. Tudo o que temos e somos, vem de Deus e vai ao próximo por nosso intermédio.
Ninguém é melhor que ninguém, por isso, ao receber muito das mãos de Deus, reconheça a generosidade de Deus.
Muitas vezes deixamos de olhar para as coisas materiais com gratidão a Deus. Olhamos como se elas fossem adquiridas por nós e que são apenas nossas.
Na oração do Pai Nosso, Jesus ao ensinar a orar, diz que, Deus sendo nosso Pai, nos concede bens espirituais, bens materiais e livramento do mal. Assim, pergunto: você já refletiu sobre o por que dos bens materiais estarem entre os bens espirituais e o livramento do mal?
Os bens materiais são bênçãos de Deus, mas, esses bens materiais recebem outro sentido quando eu reconheço de quem eu recebo e para que eu recebo. Os bens que você possui provém das mãos de Deus e se Deus não proteger a ti e tudo o que tem, isso facilmente te pode ser tirado. E daí?
Deus não quer um terrível destino a nós. Ele não quer que nos percamos na avareza.
Querido amigo, amiga, quando Jesus nos alerta sobre o perigo da avareza, sua intenção é nos ensinar que a generosidade é uma glória para o ser humano. Deus deseja que amemos nosso próximo e muitas vezes, a avareza tem nos atrapalhado a amar a quem somos enviados para amar.
Deus em Jesus nos amou e nesse amor nos coloca no mundo para amar, no entanto, corremos o risco de deixar de amar por causa da avareza. Avareza que não afastou Jesus da cruz! Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

RIENECKER, Fritz. Evangelho de Lucas: Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança, Curitiba, PR, 2005.

RYLE, J.C. Meditações no Evangelho de Lucas. Editora Fiel da Missão Evangélica Literária, São José dos Campos, SP, 2002.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Pai Nosso!


Salmo 138; Gênesis 18.20-33; Colossenses 2.6-15; Lucas 11.1-13
Texto: Lucas 11.1-13
Tema: Pai Nosso!

Um pedido: “Senhor, nos ensine a orar, ...” (Lc 11.1).
Esse pedido foi feito após Jesus ter orado e por saber que João Batista também havia ensinado aos seus discípulos.
A primeira questão é que esse discípulo, sem nome, pois Lucas não o apresenta, pede para ser ensinado na pratica da oração. Talvez seu pedido tenha sido feito porque observava que Jesus sempre orava. Conheceu João Batista e soube que ele também era um homem de oração e ensinou seus discípulos a orarem.
Para aquele discípulo, em sua observação, havia algo de especial na oração e desejava aprender sobre esse algo especial, por isso pede a Jesus que o ensine a orar.
Jesus respondeu que ao orarem, deveriam orar da seguinte maneira. E assim, nos deixou o Pai Nosso (Lc 11.2-4). A oração do Pai Nosso aparece duas vezes na Bíblia (Mt 6.9-15 e Lc 11.2-4).
Você ora, ou apenas recita as palavras do Pai Nosso?
Lutero escreveu certa vez que na oração do Pai Nosso “não estamos sugerindo um programa para Deus, mas nos incluindo no plano de Deus”. Ou seja, quando Jesus ensinou a oração do Pai Nosso, nos mostrou que Deus nos concede o que de fato e de verdade necessitamos. Estar incluso no plano de Deus significa dizer que, tudo o que pedimos na oração não nasce dos nossos desejos egoístas, mas, da real necessidade que Deus nos indica ter e precisar ser atendida.
Na oração do Pai Nosso suplicamos por bens espirituais, materiais e livramento do mal.
Essas três coisas são necessárias e urgentes, pois Jesus nos disse para pedir por eles constantemente. As pessoas têm anseio por oradores e orações poderosas. Há as famosas orações do monte, da madrugada, da fogueira santa. No entanto, quando àquele discípulo pediu para que Jesus o ensinasse a orar, Jesus apenas ressaltou que ao orar peça para Deus, que é Pai (Lc 11.2), e um Pai misericordioso (Lc 11.5-13) e vocês não precisam pedir mais do que apenas aquilo que é necessário e urgente: bens materiais (Palavra, vida cristã, Espirito Santo, fé, pregação e pregadores); bens espirituais (todo necessário para o corpo e a vida); livramento do mal (proteção diária, vida de perdão, libertação das tentações).
Observe que ao ensinar a oração aos seus discípulos, a primeira palavra é Pai (Lc 11.2) e nos versos 11-13 há uma ênfase sobre Deus como Pai. Além disso, ao contar a história do amigo inoportuno, Jesus ressalta que esse Pai é um Deus misericordioso.
Se seguir o pós oração conforme registrado em Mateus (Mt 6), veremos que esse Deus não deseja que a oração seja um momento de show, ou auto promoção pessoal, mas, um momento íntimo com nosso Pai.
O desejo de Deus, que é um Pai misericordioso e que sabe das nossas reais necessidades e urgências, é que peçamos que a vontade de Deus seja feita aqui na terra, ou, que ele tenha a primazia no nosso viver diário, por isso pedimos por sua Palavra, Pregação da Palavra e Pregadores, Espírito Santo, Fé e uma vida Consagrada. Na oração do Pai pedimos a esse Deus que é um Pai misericordioso que supra as nossas necessidades materiais necessárias e não a nossa ganância. Esse Pai misericordioso e amoroso nos concede o perdão para não vivermos sofrendo com a culpa do ontem e que consigamos olhar para o futuro certo do seu cuidado.
Orar o Pai Nosso não é recitá-lo tão somente, mas é falar de coração com um Pai que conhece nossas reais necessidades.
Jesus quer que oremos ao nosso Pai, e que nossas orações sejam constantes (Lc 11.9-13).
Jesus destaca que para esse Pai misericordioso, podemos continuar pedindo, podemos continuar buscando, e continuar batendo a sua porta. Parafraseando o próprio Jesus, podemos dizer que a oração é o mesmo que “permanecer em Jesus” (Jo 15.1).
Quando Jesus inicia seu ensino sobre oração dizendo: Pai Nosso, destaca que “a oração é um ato raro que ninguém pratica senão os cristãos” (filhos e filhas de Deus e que “a oração é um exercício especial da fé” (praticado e exercido por àqueles que creem em Deus).
Lutero escreveu que “não podemos encontrar cristão sem oração, assim como não podemos encontrar ser humano sem pulsação, ...”. No entanto, devido a nossa natureza pecaminosa, Martinho Lutero escreveu que “sinto, às vezes, que fiquei frio ou perdi a vontade de rezar por causa do trabalho ou de pensamentos estranhos”.
O que têm nos atrapalhado orar? Cansaço físico, pensamentos estranhos, desejos mundanos? Ou será que esquecemos quem é nosso Deus?
Martinho Lutero em um de seus escritos ressaltou que “é certo que podem surgir tarefas diferentes, tão boas ou até melhores do que a oração... Principalmente se houver necessidade ... Precisamos cuidar para não nos desabituarmos da oração, ...ficando desse modo relaxados e preguiçosos, frios e enfastiados em relação a oração
Pois, o que atualmente existe e persiste, tanto na esfera espiritual quanto na civil, naturalmente é preservado pela oração ... Por isso é bom que a oração seja a primeira atividade da manhã e última noite”.
Deus nos conhece. Ele é nosso Pai. Deus nos ama, é o Pai que enviou seu Filho para realizar uma obra que nós não somos capazes de realizar: cumprir a lei. Sua morte e ressurreição nos garantem a herança celestial e por causa de Jesus, chamamos e temos a Deus como Pai.
Esse Deus, o nosso Pai, ao ensinar a orar ressalta nossas reais necessidades e nos garante dar todas essas coisas, inclusive o Espirito Santo, que no Antigo Testamento era sinal de bênção a pessoas especiais.
Diante do pedido: “Senhor, nos ensine a orar, ...” (Lc 11.1), Jesus destaca que somos filhos amados por um Pai misericordioso que quer que peçamos e ele nos garante dar o necessário e até bênçãos que nem sequer imaginamos. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia
RIENECKER, Fritz. Evangelho de Lucas: Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança, Curitiba, PR, 2005.

RYLE, J.C. Meditações no Evangelho de Lucas. Editora Fiel da Missão Evangélica Literária, São José dos Campos, SP, 2002.

Martinho Lutero. Obras Selecionadas. Vol. 5. São Leopoldo e Porto Alegre, RS, Sinodal e Concórdia, 1995.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Uma palavra para os que sofrem de síndrome de Marta


Salmo 27.7-14; Gênesis 18.1-10; Colossenses 1.21-29; Lucas 10.38-42
Texto para Prédica: Lc 10. 38-42
Tema: Uma palavra para os que sofrem de síndrome de Marta

Você está aqui de corpo e mente?
Essa história foi narrada tão somente por Lucas. Sabe-se um pouco mais dessa família em João (Jo 11).
Apesar de serem irmãs, Lucas nos apresenta duas mulheres de personalidade diferente. Marta quer servir com coisas materiais. Maria também lhe serve tempo de ouvir. Uma está apegada ao terreno e a outra ao espiritual.
Marta está voltada para ação, sempre atarefada. Maria concentrada no íntimo. Enquanto Jesus não voltar, na igreja haverá muitas Marias e muitas Martas.
Jesus está numa caminhada que teve seu início em Lc 9.51. E por um momento recolhe-se numa aldeia chamada Betânia (Jo 11.2ss). Faltavam 4 meses para a realização da obra de Jesus na cruz e ainda haveria outro encontro de Jesus e essa família (Jo 11).
Estando Jesus na casa dos irmãos Lázaro, Marta e Maria, eis que algo aconteceu. Maria prestava atenção nos ensinos de Jesus, Marta, atarefada não prestava atenção nas palavras de Jesus, mas gostaria de poder prestar atenção.
Se no episódio anterior (Lc 10.25-37) Jesus destacou o verdadeiro entendimento da lei e que por mais que se esforce a lei não salva, aqui (Lc 10.38-42) uma das irmãs está ocupada com a lei da hospitalidade (Lv 19.33-34) e impedida de ouvir a Palavra de Deus da boca do próprio Jesus.
A lei visa indicar nosso pecado e nos conduzir a real necessidade de Jesus, mas, assim como no episódio do escriba, bem como no episódio de Marta e Maria, vê-se o quanto a possível pratica da lei, afasta pessoas de Cristo. Destaco as palavras de Paulo na carta aos Colossenses (Cl 2.16-17).
Dessa forma ao repreender Marta dizendo: “Marta, Marta...”, Jesus está sendo amoroso e a chama de volta ao seu amor. As repetições dos nomes são muito frequentes nas Escrituras e expressam um amor intenso.
Nesse sentido, Jesus exalta Maria, dizendo que a melhor parte, ouvir Jesus e não se distrair pela observância da lei é a melhor parte e Maria já a tem.
Lucas ressalta que Marta estava agitava (Lc 10.40). Marta estava distraída pelo servir (lei da hospitalidade), mas desejosa em ouvir Jesus (Lc 10.41).
Jesus não repreende Marta por seu serviço ou sua hospitalidade (Rm 12.13), mas sua distração mental. E Marta ao dizer para Jesus (Lc 10.40) que ele havia permitido deixa-la servir sozinha, estava sendo conivente com o não cumprimento da lei de Maria. E a isso, Jesus responde (Lc 10.42).
Você é uma pessoa que se distrai facilmente?
Você, quando está num lugar, em especial na igreja, está de corpo e mente?
Vivemos numa sociedade agitada, onde as pessoas não tem tempo para ouvir ou prestar atenção. Em outro sentido, essa sociedade agitada imersa na pós-modernidade, não se atém mais aos fatos reais e inquestionáveis da verdade. Não há mais referências e nem sequer autoridade absoluta.
O mundo vive uma verdadeira Síndrome de Marta, ou seja, constantemente distraídos sem saber o que fazer e para onde seguir. Por esse motivo, é preciso ouvir o convite amoroso de Jesus: “Fulano, Fulano ...”; “Ciclano, ciclano...”.
Deixe de viver distraído por coisas que não te levarão a nada, principalmente por situações em que acha estar cumprindo a lei, mas, que o está afastando de Jesus.
Paulo, o apostolo enfrentou o problema da distração em Corinto (1Co 7.35). Onde num contexto de casamento, o apostolo destaca o cuidado, pois a ansiedade pode puxar para uma direção diferente. Pode ser que o casamento até esteja interferindo na sua disposição à Jesus!
Para esse mundo, o relato de Lucas 10.38-42, tem muito a nos ensinar. Vamos aprender!?
1 – Lc 10.39 – assentar-se aos pés de Jesus
Postura de discípulo. Aprendizado.
Para um mundo cercado de conhecimento, sentar-se ao pés de Jesus, e querer aprender não faz muito sentido.
No entanto, esse mundo cercado e influenciado pelas redes sociais, guiado pela inteligência artificial, vez ou outra está confuso em meio as fake News.
Sente-se aos pés de Jesus!
Pare com essa agitação onde não se descansa mais.
Todos nós temos uma agenda e nesse agenda consta um tempo para descanso. Mas, o que é descansar? Descansar é concentrar-se em outra coisa e não na agenda semanal. Conseguimos desligar de fato de verdade? Dificilmente!
Nesse sentido é que Jesus repreende Marta, ou seja, concentre-se! Ou você se ocupa de fato e de verdade em cumprir a lei da hospitalidade ou ouve a mim. E assim ressalta a postura de Maria, que sem deixar-se distrair ouve Jesus.
É preciso voltar a pergunta do escriba: “o que devo fazer para ser salvo?” (Lc 10.25).
A resposta que Lucas, o médico pesquisador nos dá, fundamenta-se em dois relatos que são únicos de Lucas. Para ser salvo é preciso ver e perceber que a lei nos fere e que o Bom samaritano Jesus nos socorre, quando que a lei não pode e não faz mais nada. E num segundo momento, Lucas mostra que enquanto a lei nos distrai, ou melhor, tira nosso olhar e ouvido de Cristo, é preciso sentar-se e ouvir Jesus.
Uma segunda e importante lição desse texto é justamente o equilíbrio entre ser Marta e ser Maria.
2 – Servir e adorar – adorar e servir!
Maria havia ajudado Marta na cozinha, mas soube o momento de sentar-se. Marta, era uma excelente servidora, mas, não soube sentar-se. Queria, mas achava que não devia, pois precisava ser hospitaleira.
Presa na lei, fez a opção errada. Liberta da lei, Maria escolheu a melhor parte. Ouvir e ser consolada!
Saiba querido irmão e irmã em Jesus. Você precisa agir, mas, precisa saber quando sentar-se para ouvir.
Esse mundo que vive na síndrome de Marta - sempre distraído com outras coisas, Jesus convida com palavras de amor, carinho e misericórdia e garante algo: “escolher a melhor parte, não se deixar distrair de Jesus (a boa parte), isso não lhe será tirado” (Lc 10.42).
Deus nos abençoe. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia
RIENECKER, Fritz. Evangelho de Lucas: Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança, Curitiba, PR, 2005.

RYLE, J.C. Meditações no Evangelho de Lucas. Editora Fiel da Missão Evangélica Literária, São José dos Campos, SP, 2002.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Só se ama, fora da lei!


Salmo 41; Levítico 19.9-18; Colossenses 1.1-14; Lucas 10. 25-37
Texto para prédica: Lc 10.25-37
Tema: Só se ama, fora da lei!

As pessoas ainda hoje, buscam, assim como àquele escriba que se aproximou de Jesus, querer saber o que fazer para herdar a vida eterna.
As pessoas se aproximam das igrejas, buscando uma resposta sobre o que fazer para sua salvação.
O que nós luteranos fazemos para herdar a vida eterna?
O escriba que se aproximou de Jesus era rigoroso na observação da lei de Moisés, apresentada nos 5 primeiros livros da Bíblia (pentateuco).
Sua pergunta foi um teste, pois, o escriba estava convicto de que a salvação estava no cumprimento da lei.
Por conhecer as Escrituras, àquele escriba sabe que dependendo da resposta à pergunta: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna”, Jesus poderia se complicar. Se porventura Jesus dissesse que não havia necessidade de realização humana, ou, se recomendasse exigências fora da lei de Deus, seria acusado de herege.
Mas, o que àquele escriba não queria aceitar era que Jesus realmente era Deus. Por isso, não conseguiu pegar Jesus em contradição. Na verdade, àquele entendido da lei foi surpreendido pelo fato de Jesus remetê-lo à lei. E diante da pergunta de Jesus sobre o que àquele escriba interpretava sobre a lei, o mesmo cita Dt 6.5 e Lv 19.18. Sua resposta, mostra o profundo conhecimento da lei. Ele indicou os textos e com eles o cerne da lei, ou melhor, o resumo dos dez mandamentos.
Ao que Jesus lhe disse: “...faze isto e viverás” (Lc 10.28).
O escriba não conseguiu pegar Jesus em contradição. No entanto, com uma simples constatação, Jesus mostrou ao escriba o quanto o mesmo estava longe do real cumprimento da lei.
Dessa forma, se mesmo o escriba não conseguia se justificar pela lei, como que pedindo desculpas, ressalta que precisa saber quem é o seu próximo. E Jesus prossegue respondendo que o próximo é todo aquele que necessita da nossa ajuda (Lc 10.30-37).
Seria preciso que Jesus de fato apontasse para quem é o próximo do escriba?
Sim!
O mandamento do amor era limitado entre os israelitas. Próximo eram apenas os amigos pessoais (Mt 5.43). Os não judeus, no caso o samaritano, eram inimigos de Deus e não podiam ser considerados o próximo de um judeu.
O que se destaca na história contada por Jesus é que ninguém esperava o não cumprimento da lei por parte de um levita e um sacerdote. E em contraponto aos dois, o samaritano, considerado inimigo do judeu.
O samaritano faz tudo o que o levita e o sacerdote precisariam fazer pela própria lei, mas não fizeram, e em contrapartida o samaritano fez, mas não pela força da lei e sim, porque “...compadeceu-se dele” (Lc 10.33).
Sacerdote e levita fecharam o coração para o próximo por falta de misericórdia. Algo que a lei não gera nas pessoas.
No entanto, a história não para por aí. No outro dia, antes de seguir sua viagem, o samaritano, preocupado com a necessidade do seu próximo que lhe era desconhecido, paga o necessário para que àquele homem tenha tratamento digno.
Nesse ponto, Jesus pergunta ao escriba que sabia o cerne da lei, mas, estando distante dela: quem foi o próximo daquele homem que estava naquela terrível situação? Qual dos três percebeu que era o auxiliador mais próximo do miserável?
Em outras palavras, as perguntas de Jesus visam fazer no escriba uma introspecção. Preste atenção nas pessoas que precisam da tua ajuda.
Observe que o escriba não respondeu que foi o próximo daquele homem caído foi o samaritano. Ele apenas respondeu que foi àquele que exerceu com misericórdia. E por isso, Jesus lhe disse: “Vai e procede tu de igual modo” (Lc 10.37).
O mundo carece do exercício da misericórdia!
Ter misericórdia significa sentir o que a outra pessoa sente.
E essa é a carência atual. As pessoas, estão tão individualizadas que, diante de qualquer outra pessoa que precisa de ajuda, a resposta é: e eu!
Misericórdia é colocar-se no lugar do outro!
Preciso destacar que esse sentimento de misericórdia é atribuído à Deus em três diferentes religiões: judaísmo, islamismo e cristianismo.
Mas, a questão é: como está o exercício de misericórdia no judaísmo, islamismo e cristianismo?
Por favor sem bombas!
Jesus disse ao escriba e diz a nós, exerça misericórdia de igual maneira aos miseráveis. Meu próximo é todo necessitado.
Dessa forma podemos dizer que nós somos o próximo de Jesus, pois, ele veio ao nosso encontro nos socorrer. Amém!

Bibliografia
RIENECKER, Fritz. Evangelho de Lucas: Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança, Curitiba, PR, 2005.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Antes da vocação, oração! (Lc 10.1-20)


07 de julho 2019
Salmo 66.1-7; Isaías 66.10-14; Gálatas 6.1-10,14-18; Lucas 10.1-20
Texto para prédica: Lucas 10.1-20
Tema: Antes da vocação, oração!

O número de discípulos ampliou consideravelmente (Jo 4.1; 6.66; At 1.15; 1Co 15.6). Jesus enviou esse grupo para as doze tribos de Israel que viviam dispersos e se sentiam abandonados por Deus. Jesus envia um número de adeptos ao sul da província, até Samaria e Peréia.
Entre o envio dos doze apóstolos e a viagem de serviço dos setenta passou-se cerca de um ano. Nesse período a resistência contra Jesus aumentou consideravelmente. E devido a essa resistência, por causa da rejeição a mensagem de Deus, Jesus destaca o envio como sendo um envio de ovelhas para o meio de lobos. Mas, os envia com uma promessa (Lc 10.4); faz seu anuncio de juízo (Lc 10.11-15).
Um missionário é como uma ovelha no meio de lobos e todos nós sabemos que os lobos querem devorar a ovelha. Todo missionário sofre rejeição, abandono, criticas. Isso é natural quando alguém é enviado da parte de Deus.
No entanto, em meio as dificuldades, os enviados devem perseverar na fé, munindo-se de simplicidade exterior e de pressa. O objetivo não é sucesso no trabalho, mas cordialidade, tendo como marca em seu comportamento a modéstia, sem receio de aceitar o salário.
O enviado não deve ficar se preocupando quanto a incredulidade das pessoas, pois os incrédulos receberão a sua devida condenação.
No verso 1 (Lc 10.1), após escolher os 12 apóstolos e partir da Galiléia para Jerusalém, Jesus envia outros (70) e dá a prerrogativa de que não eram apenas os 12 apóstolos que tinham a missão da proclamação.
A expressão “designou outros” mostra uma tênue diferença. Mesmo que os setenta tivessem sido enviados, os doze foram treinados para o ministério apostólico.
O envio dos setenta tinha um objetivo. A visitação dos 70 era a visitação da graça de Deus em toda a região que por estar dispersa sentia-se abandonada e esquecida por Deus. A visitação foi necessária, pois, a inimizade contra Jesus só pode ser superada pela proclamação do evangelho.
Outro detalhe é que o envio dos 70 preparava e abria novos caminhos para a última peregrinação do Senhor. O envio dos setenta mostra que a obra do Senhor não era mais oculta, mas, um empreendimento missionário.
Há quem diga que assim como os doze, correspondia ao número de doze tribos (Ex 15.27), os setenta, correspondia aos setenta anciãos no Israel do Antigo Testamento (Ex 24.2; Nm 11.16). Se no antigo Israel, o Sinédrio era a corte suprema da lei judaica, tendo como missão administrar a justiça, interpretar e aplicar a torá. Os 70, enviados por Jesus, era o sinédrio do reino da graça (RIENECKER, 2005).
O envio de dois em dois
- Apresentava a bênção da irmandade.
Dois é melhor que um (Ec 4.9). Trabalhar em dois é graça de Deus. O trabalho solitário é um fardo. Assim como não era bom que o homem vivesse sozinho, Deus em seu amor e misericórdia, sabe que o trabalho missionário é melhor em duas pessoas. Um apoiando o outro. Pedro e João formavam uma dupla. Paulo e Barnabé (At 13.2; 15.39).
- O valor do testemunho de duas pessoas (Dt 19.15; 17.6; Nm 35.30; 2Co 13.1; 1Tm 5.19; Hb 10.28).
O envio dos 70 era necessário por causa da colheita.
Desde a descida do Espírito Santo, estamos vivendo os tempos do fim. A primeira parte da profecia já foi cumprida. Jesus foi enviado, morreu e ressuscitou. Agora estamos nos tempos da colheita, ou seja, aguardando o retorno de Jesus que virá novamente para julgar os vivos e os mortos. Mas, nosso problema continua sendo o mesmo observado por Jesus.
Jesus fala de colheita e destaca que os trabalhadores são poucos. Mesmo que tenham sido setenta enviados, devido à imensa multidão, esses eram poucos. A julgar por Querência do Norte, dizemos que há muitas igrejas. 35 igrejas, num município de 12 mil habitantes. Mas, devido a multidão dos que ignoram o evangelho, são poucas.
Jesus envia os setenta após sua ilustração sobre colheita. O trabalho de colher ilustra o fim de um tempo (Jl 3.13; Mt 3.12; Lc 3.17; Ap 14.15). Jesus enviou os doze e os 70 para colher. Mas, o que consiste esse colher? A proclamação da boa nova é um trabalho de colheita. Estando indo aos dispersos que estavam na Samaria e Peréia e proclamando o evangelho, era como estar indo buscar os feixes para o celeiro. A proclamação faz parte do trabalho que prepara para a colheita.
Jesus sabe que no reino de Deus há carência de obreiros que trabalham corretamente (1Co 3.9; 1Tm 5.17; 2Tm 2.15; Fp2.20-23). Por isso, Jesus instrui para que pedissem ao Senhor da colheita para que enviasse trabalhadores a sua grande colheita. Jesus recomendou “rogai ao Senhor”.
Essa expressão, muitas vezes passa despercebida, mas, rogar ao Senhor constitui a parte mais importante de todo o discurso. O Senhor espera pela oração em prol do envio dos trabalhadores na colheita.
A oração é e nunca deixa de ser o principal. A oração gera e cria os trabalhadores para o Senhor. Jesus ensina que a oração sempre vem antes da vocação.
Por que orar para que Deus envie mais trabalhadores?
Os versos 3 e 4 mostra que o ide é para o meio dos lobos. Isso sinaliza hostilidade a pessoa do mensageiro e rejeição a mensagem que não é sua.
O envio das ovelhas para o meio dos lobos era proverbial em Israel. Se os lobos adentrassem no meio das ovelhas já era perigoso, imagine as ovelhas adentrando na alcatéia de lobos.
Jesus está dizendo que as ovelhas devem viver, atuar, e permanecer entre os lobos e até superá-los. Isso é inimaginável e inconcebível.
Olhando Mateus (Mt 7.15) observa-se que lobos são os falsos profetas de Israel. Àqueles que recebem a mensagem do Senhor com ódio mortal. E, ao dizer que os discípulos, os trabalhadores, são ovelhas em meio aos lobos, Jesus revela e perspectiva de sofrimento aberto e sem escrúpulo contra os trabalhadores do reino de Deus. Eles precisam de oração e para que outros se sujeitem a esse trabalho, é preciso oração.
Qual é a segurança dos trabalhadores? Apenas as palavras de Jesus “eu vos envio”.
Quando Jesus recomenda que não levem nada, ele deseja que seus discípulos estejam atentos somente a cumprir com seu envio, a proclamação.
A expressão: Não cumprimentem ninguém pelo caminho (2Reis 4.29), significa urgência. A saudação oriental é muito demorada e não havia tempo a perder. Afinal, a colheita está madura.
Os versos 5 - 11 apresentam os discípulos no exercício do ministério.
Jesus não envia os discípulos para reuniões públicas ou sinagogas, mas às pessoas receptivas nas casas e nas cidades. Lucas 10.5 – 7: uma missão nas casas. Lucas 10.8-11: uma missão urbana.
Lucas 10.5-7: evangelizando uma casa
Os 70 não deveriam escolher e verificar se havia pessoas receptivas ou dignas dessa paz nas casas em que entrassem (Mt 10.11). O trabalho missionário não requer atraso desnecessário é preciso pressa. Há uma mensagem de paz que precisa ser anunciada. Enquanto que os profetas da antiga aliança e João Batista trouxeram o arrependei-vos, os pregadores do reino de Deus trazem a saudação de paz (Is 52.7).
A expressão casa refere-se a família (Jo 4.53; 1Co 16.15; Fp 4.22). E para essa casa, ofereça paz.
Permanecei na mesma casa - com a finalidade de serem bem sucedidos, ou seja, conquistarem as pessoas para o evangelho, os enviados não devem trocar arbitrariamente de hospedeiro, pois isso, dará a impressão de que buscam um tratamento melhor. Assim como não se prega o evangelho por causa de lucro nefasto (1Pe 5.2; 1Tm 3.3; Tt 1.7,11) qual como um comerciante (1Tm 6.5; Rm 16.17), não se pode desprezar as dádivas de amor fraterno para seu necessário sustento.
Por qual motivo pastores trocam de paróquia? Foi tentador para mim, quando estava com salários atrasados, receber um chamado que não só se propunha a pagar em dia, como pagavam muito mais. Ao não aceitar o referido chamado, conquistei as pessoas do grupo, que viram que o objetivo não é material, mas espiritual.
O Senhor da colheita cuida dos seus trabalhadores.
Pastores disseminam a semente espiritual e colhem frutos físicos (1Co 9.11), ou seja, sempre têm o necessário para o corpo e a vida. É necessário lembrar que Jesus diz que os seus trabalhadores não recebem esmola, mas um salário digno pelo seu serviço. A Paróquia tem buscado remunerar de maneira adequada o trabalho do pastor?
Lucas 10.8-11 - evangelizando uma cidade
Essa evangelização deve ser livre de inibição. Ou seja, não fiquem implicando com tudo, principalmente com a comida.
Comam o que lhes for oferecido – Jesus adverte aos enviados de que eles estão livres das observações e prescrições rabínicas sobre o puro e impuro (Mt 15.1-3; 1Co 10.27). Pedro estava bloqueado e precisou entender essa questão para atender Cornélio (Atos 10).
A missão dos 70, numa cidade mista de judeus e gentios, não era desejada. A missão dos setenta encontraria uma ou outra alternativa: casa ou cidade, aceitação ou rejeição.
Lucas 10.12-16: O reino de Deus chegou.
A rejeição a mensagem do evangelho poderia desmotivar os mensageiros, por isso, Jesus assegura que as cidades que rejeitam vão atrair sobre si a pior das condenações.
Lucas cita apenas Sodoma e isso por uma razão simples. Vê-se em Gn 19.4-11 que Sodoma violou o direito da hospitalidade. Negaram hospitalidade a anjos desconhecidos e assim rejeitaram os mensageiros da paz de Jesus.
As palavras de Jesus para as cidades que rejeitarem seus enviados o faz lançar um olhar para as localidades que usufruíram por tanto tempo de sua presença, mas que não utilizaram este período para salvação de sua alma. Lucas 10. 13-15 são palavras graves.
O médico Lucas (Lc 10.16) destaca a dignidade e autoridade de seus mensageiros. Eles representam a Cristo e a Deus. Quem os despreza lesa a majestade de Deus. Com essa dignidade e autoridade Jesus visa fortalecer a consciência de serviço e coragem dos discípulos, afinal, são ovelhas entre lobos.
Pela proclamação da Palavra, Cristo fala e atua por intermédio dela (Rm 15.18). Na pregação, Cristo é ouvido e acolhido (1Ts 4.8).
Lucas 10.17-24: o retorno da ação evangelística.
Os versos 17-20 apresentam a alegria dessa ação. Essas palavras são exclusivas de Lucas. Mas, um ponto a ser destacado é que de nada adianta todas essas vitórias sobre satanás, se os enviados esquecerem a salvação pessoal (v.20). Os enviados precisam saber que muito maior do que conceder graça é saber que se tem a graça (Lc 10.20). A salvação é o agir de Deus por nós, por isso, continuemos orando para que mais e mais trabalhadores sejam enviados à seara.

Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia
RIENECKER, Fritz. Evangelho de Lucas: Comentário Esperança. Editora Evangélica Esperança, Curitiba, PR, 2005.

Aprenda a lição que a figueira ensina (Mc 13.28)

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