Dia
08 de abril de 2018
2º
Domingo de Páscoa
Sl
148; At 4.32-35; 1Jo 1.1-2.2; Jo 20.19-31
Tema: Um só coração, uma só mente!
Certa vez uma pessoa descreveu um
relato incrível sobre uma igreja. Em sua descrição, pela observação, destacou
as seguintes características. Vou ler para vocês e após a leitura gostaria de
saber se gostariam de fazer parte de uma igreja assim.
Éramos uma grande congregação. O ponto forte era
nossa união de coração e alma. Fiquei impressionado com o fato de que o que era
de um, pertencia a todos. Os pastores davam testemunho fiel e empolgante da
ressurreição de Jesus. Todos saíam dos cultos cheios de graça.
Nessa igreja, ninguém passava necessidade. É
preciso destacar que não havia INSS, SUS, SUAS, ...
Os ricos socorriam os pobres. Muitas pessoas venderam
suas casas, suas terras e traziam os valores para que tudo fosse em prol dos
que realmente necessitavam.
Socialmente falando: a igreja luterana faria alguma falta se não estivesse aqui em nosso
município? Qual é a diferença social na qual temos contribuído?
Desde crianças, aprendemos que o poder peculiar que
a igreja tem e recebeu de Deus é oferecer o perdão dos pecados aos pecadores
penitentes e reter o perdão aos pecadores impenitentes.
Oferecer e reter o perdão é algo peculiar da
igreja. Mas, não é a sua única tarefa, ou
é?
O evangelho do perdão é transformador!
Seu ato transformador pode ser exemplificado na
vida de um mendigo que recebeu todo o necessário para a vida.
Assim como a vida do mendigo foi transformada, o
perdão, o peculiar da igreja, transforma a vida de um pecador.
O que é extraordinário na igreja é que mesmo sendo
comparada a um corpo, sua composição só existe por causa dos muitos membros.
Infelizmente, o pecado conseguiu e consegue estragar a harmonia que deve haver
no corpo.
Qualquer que seja a doença, a mesma nunca é
diagnosticada por acaso. Muitos foram ao médico sentindo uma leve dor em alguma
parte do corpo, e a partir dessa dor, outra doença foi descoberta. Algumas foram
tratadas e curadas, outras, por terem sido negligenciadas acabaram levando a
pessoa a óbito.
O mesmo
ocorre na igreja. A falta de harmonia, de unidade, é a doença que iniciou
por alguma outra doença.
Lembre-se: quais
foram as nossas contribuições sociais como igreja nesse município?
Se houve, louvemos a Deus. Mas, se ainda não houve,
é preciso nos preocupar e começar a pensar em alguma coisa.
Problemas foram descritos também na igreja cristã
ao longo dos séculos. Mesmo apontando para as qualidades daquela igreja, Lucas
indica um problema nessa igreja, o egoísmo do casal Ananias e Safira.
O evangelho que transforma a pessoa, é o evangelho
que conduz essa pessoa a transformar socialmente a sua realidade (At 4.32-35).
Ouvimos muitas críticas à igreja cristã. E a pior
crítica é que falta união, respeito, e que reina no seio da igreja muita
hipocrisia. Ora os cristãos estão bem a congregação vai mal, outras vezes, os
cristãos e a igreja vai bem, mas a realidade social ao seu redor não é
modificada.
Por causa dessas críticas, trago para nossa
reflexão o texto de Atos 2.32-35
para esse segundo domingo de páscoa.
Lucas, convertido ao cristianismo, escreveu dois
livros a Teófilo. No livro sobre os relatos dos apóstolos (Atos dos Apóstolos) ressalta que na igreja primitiva
havia uma unidade tal que todos tinham um só coração e uma só alma.
Esses primeiros cristãos eras caracterizados como
um grupo que havia acordo entre eles. Não era um grupo para um lado e outro
grupo para outro. Eles eram um por todos e todos por um.
Naquela oportunidade, assim como hoje, o cenário
político estava conturbado. Desde o século IV d.C. houve muitas rupturas
políticas. Haviam insurreições que eram combatidas com violência. A situação
econômica era desastrosa. Chegou a ter fome (At 11.28). A fiscalização
exagerada onerava os mais pobres. E nesse contexto, a igreja contribuía
socialmente. De que maneira? Atos
4.32-35.
A comunidade cristã era exemplo para a sociedade na qual estavam
inseridos.
Quando era necessário ajudar alguém, aquilo que
pertencia a determinada pessoa, passava a pertencer ao outro. Um exemplo bonito
de amor ao próximo. Era a verdadeira demonstração de que cada um amava o outro,
como se amasse a si mesmo.
Ter o mesmo coração e a mesma alma era
também um testemunho no mundo religioso.
Entre as nações pagãs, a prestação sistemática das
necessidades dos pobres era desconhecida. Até os judeus havia a corrente que
considerava como não cristão alguém que fosse pobre e necessitado.
Milhares de pessoas foram mortas por causa de suas
doenças ao longo da história. A igreja ao invés de socorrer, condenou e matou
pessoas doentes por julgar como algo demoníaco ou algo semelhante.
Em muitas situações a igreja deixou de agir
socialmente. E sua falha social causou estragos e a fez parecer pagã.
O belo relato das características da igreja cristã
é para nós um tremendo desafio.
Ter o mesmo coração e a mesma mente – é ir
contra um mundo individualista.
Ter o mesmo coração e a mesma mente – é ir na contramão da filosofia
existencial, ou seja, é dizer não ao espírito reinante do “cada um por si e Deus por todos!”
Ter o mesmo coração e a mesma mente – é o desafio da igreja cristã. É preciso
e é urgente alcançar e preservar a unidade no seio da congregação (Ef 4.1-6).
Ter o mesmo coração e a mesma mente - (Rm 15. 5,6; 2Cor
13.11; Fp 2.2; 1Pd 3.8).
Ter o mesmo coração e a mesma mente
é uma expressão que diz que havia uma união terna e próxima. E essa
união os protegeu da desunião mesmo diante de situações egoístas.
Ao dizer que tinham o mesmo
coração e a mesma mente, Lucas mostrou o quanto aquela igreja era
unida.
É
possível fazer parte de uma igreja assim?
Algumas dores revelam outra doença. Se falta o
social, o problema é outro. E um dos problemas da igreja é que a mesma perdeu o
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus Cristo.
Os apóstolos eram poderosos em seu testemunho a
respeito da ressurreição de Cristo. A mensagem da ressurreição transformava a
vida cristã e impactava a sociedade como um todo.
Certos da ressurreição, nos desprendemos desse mundo.
O evangelho gerava “grande favor”
para com as pessoas. A igreja não era um clube fechado, nem era uma empresa,
era a reunião dos transformados pelo evangelho que transformavam pelo evangelho
a realidade social.
Ter o mesmo coração e a mesma mente – é vencer o egoísmo.
Ter o mesmo coração e a mesma mente – é atuar para transformação
social, que também faz parte da missão de Deus. Em sua missão, Deus enviou seu
filho para pessoas inseridas numa realidade de desespero. Essa situação foi
transformada em uma situação de vida, nova vida.
Ter o mesmo coração e a mesma mente – é o objetivo de Deus. Afinal,
ele não quer uma igreja abastada financeiramente, com irmãos e irmãs sofrendo
por necessidades pessoais e básicas.
A igreja
luterana faria alguma falta se não estivesse aqui em nosso município? Qual tem
sido nossa contribuição social?
Na igreja primitiva a distribuição era feita a
medida em que surgiam as necessidades.
As necessidades eram supridas por aquilo que
cristãos e cristãs haviam recebido de Deus. Muitos cristãos daquela época havia
desapegado do seu amor ao dinheiro e por causa dessas pessoas, os necessitados
passaram a ser assistidos. O
evangelho encarnou-se na prática diária dos filhos de Deus.
A visão econômica, onde se busca apenas o lucro não
era a prática comum daqueles cristãos. O maior lucro na igreja primitiva era não ter ninguém necessitado.
Deus não quer que ninguém careça do evangelho, mas
também não quer que ninguém careça de pão e água. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
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