06
de maio de 2018
6º
Domingo de Páscoa
Sl
98; At 10.34-48; 1Jo 5.1-8; Jo 15.9-17
Tema:
Permanecei no meu amor!
Após a exortação de Jesus para que seus
discípulos permanecessem nEle e serem ramos bons. Em sua despedida,
Jesus dá aos seus discípulos uma doutrina, um mandamento sobre o amor que devem
vivenciar entre si.
Observe que Jesus está para sofrer todo
tipo de humilhação, sofrimento e a morte. Todo esse cenário poderia trazer ódio,
revolta, rancor e mágoa. E mesmo diante dessa situação, Jesus ordena: “...permanecei no
meu amor” (Jo 15.9).
A doutrina de Jesus quanto ao amor se
deve ao fato das suas muitas advertências sobre a desunião, a ira, a
impaciência, o ódio e a inveja que assolaria a cristandade.
Como é possível que entre os cristãos haja tanta desunião? Ira?
Ódio? Impaciência? Inveja?
A historinha pode ter sido inventada,
mas serve muito bem para ilustrar a astúcia do diabo.
Havia um casal que se amava tanto que o
diabo era incapaz de suscitar desunião entre eles, como era de seu gosto.
Finalmente, ele subornou uma bruxa, prometendo lhe dar um par de sapatos
vermelhos, caso ela conseguisse semear a discórdia entre o casal. Ela aceitou a
proposta. Primeiro, foi ao marido e o convenceu de que sua esposa se sentia
atraída por outro homem e planejava mata-lo. Como prova disso, ele encontraria
sob o travesseiro da esposa uma navalha afiada com a qual ela pretendia cortar
a sua garganta enquanto dormia. A partir desse dia o marido começou a ficar
desconfiado. Entrementes, a velha bruxa também se dirige à esposa e lhe conta a
mesma história. Ela disse que o marido andava atrás de outras mulheres e que
planejava estrangulá-la às escondidas. Assim, aconselha a esposa a levar uma
navalha para a cama para poder se defender. Desse dia em diante, marido e
mulher, mal se olhavam. Os momentos de felicidade que viviam antes foi
transformado em momentos de desconfiança e desprezo. Certo dia, enquanto o
marido a espiava, a mulher levou a navalha para cama. E assim, durante a noite
o marido pegou a navalha e cortou o pescoço da sua esposa.
Disse Jesus: “...permanecei no meu amor” (Jo
15.9).
É preciso que o cristão conheça a
artimanha do diabo. E assim ser prudente e precavido para que o seu veneno
destruidor não atinja a nossa vida.
Em Cristo, o cristão está limpo, caso
permaneça nEle. Mas, mesmo assim, devido a nossa natureza pecaminosa, o cristão
está sujeito as mais variadas tentações. As mesmas, são usadas por Deus para
fortalecer a nossa fé, mas, o inimigo do cristão, o diabo quer de todas as
maneiras destruir a fé e tirar dos filhos de Deus a vida eterna. E é exatamente
por isso, que o diabo semeia a discórdia. Faz com que amigos mais chegados que
irmãos briguem e se separem. O diabo injeta veneno nas relações por um olhar,
uma palavra, uma atitude. O exemplo bíblico vem do relato de Lucas em Atos dos
apóstolos (At 15.39), onde Paulo e Barnabé tiveram uma grande divergência e,
por isso, se separaram. Essa
desavença aconteceu por causa de João Marcos (o evangelista). No entanto, isso
não prejudicou o trabalho missionário, pois Barnabé o levou a Chipre, enquanto
Paulo e outros companheiros foram visitar as igrejas já evangelizadas na primeira
viagem missionário. Ademais, Paulo não guardou mágoa de João Marcos, pois se
refere a ele (Cl 4.10; Fm 24) e mais tarde pede sua companhia (2 Tm 4. 11).
Pode-se dizer que se amaram um ao outro mesmo após esse episódio.
O diabo é mestre e se dedica dia e noite
para que ocorram as discórdias entre os filhos e filhas de Deus.
Quando surge contrariedade e desunião
entre os filhos de Deus, é preciso restaurar e melhorar o amor e a amizade. É
preciso repelir qualquer suspeita de desunião e não deixar que o amor vá embora
e seja extinguido entre nós, por isso Jesus recomenda: “...permanecei no meu amor” (Jo
15.9).
Para começar a amar não se necessita de
muita habilidade, mas para permanecer no amor é necessário verdadeira
habilidade e virtude. Quantos matrimônios iniciaram com uma paixão intensa,
mas, depois de algum tempo, tornaram-se inimigos mortais. Isso também acontece
entre irmãos cristãos. Qualquer coisa é capaz de desfazer o amor e separar os
que mais deveriam se ajudar e manter unidos, fazendo desses inimigos.
Não se espante, mas isso aconteceu na
cristandade após os dias dos apóstolos. O diabo sempre semeou a discórdia, a
heresia, espíritos cismáticos. Muitos bispos, pastores e presbíteros se
inflamaram uns contra os outros, dividindo, então, igualmente o povo em muitas
seitas e cismas e isso tudo acarretou grandes danos à cristandade.
A aspiração do diabo é uma só: destruir o amor entre os cristãos e suscitar tão somente o
ódio e a inveja. Afinal, o diabo sabe que a cristandade é
edificada e preservada mediante o amor.
Conforme o apóstolo Paulo, o amor, é o “vínculo da
perfeição” (Cl 3.14). O apóstolo Paulo também classifica o amor como
a maior de todas as virtudes (1Co 13.13). Sem amor não é possível manter uma
doutrina pura e uma comunhão divina. Por isso, Jesus diz: “...permanecei no meu amor” (Jo
15.9). Para que haja permanência no amor, Jesus coloca a si mesmo e o Pai como
exemplos. É de Deus e de Jesus que vem toda a força e o poder para que haja
permanência no amor. Que o amor de Jesus reflita no amor entre os filhos e
filhas de Deus. Por mais que haja motivos para que os filhos de Deus se afastem
dele, permaneçam firmes e pacientes. O amor de Deus e de Jesus é mais forte que
qualquer sofrimento ou dor que os cristãos tem de enfrentar.
O diabo não sossega e fará tudo para que
os cristãos fiquem tristes, cansados e impacientes, para que desistam e pensem
que nunca deveriam ter iniciado a vida cristã. Infelizmente, muitos cristãos se
sentem assim agora.
Diante dessa tentação, Jesus diz “...permanecei no
meu amor” (Jo 15.9). Jesus insiste para que cada qual pense no
quanto o Pai tem amado, a ponto de enviar o seu único filho para morrer pelos
pecadores.
Jesus estava preste a assumir a cruz em
favor do pecador, mas “não abandonou a cruz” (Fp 2.8). Nada impediu
Jesus de ir até o fim. E isso por amor a nós. E é nesse amor que cada filho e
filha é convidado a permanecer. Nesse amor é convidado a amar.
Jesus incentiva o amor recíproco. Ele
sabe que onde desaparece o amor e a unidade, ali surgem as discórdias, o cisma
e a harmonia na doutrina e por consequência, desaparece Cristo.
O cristão é ramo na videira que é
Cristo. E essa videira precisa se alimentar do amor de Deus em seu Filho. Os
ramos participam da videira em amor. A prática do amor é evidência, fruto e força
de que se está na videira e se é um dos ramos.
Jesus ordena “...permanecei no meu amor” (Jo
15.9).
Quem são os que recebem essa ordem de Jesus?
Jesus disse: “Já não vos chamo de servos, ... mas
tenho-vos chamado de amigos...” (Jo 15.15).
Jesus ordena aos seus amigos, para que
esses “...permaneçam
no seu amor” (Jo 15.9).
A designação “servo”
apresenta a situação do povo judeu sob a lei antes de Jesus Cristo ser
conhecido. O servo nada sabia dos planos do seu Senhor. Tudo o que um servo
fazia, o fazia por obrigação devido ao salário ou até mesmo o fazia para obter
vantagens pessoais e não por amor sincero. No entanto, o “amigo”
recebe benefícios. Os que agora fazem parte da videira nada fizeram para estar
na videira, assim são amigos, pois apenas foram beneficiados (Jo 15.16). E esse benefício é demonstrado
pela prática e permanência no amor.
O cristão foi feito amigo de Deus e
recebe toda a revelação do Pai. Tudo o que serve para a minha salvação, o Pai
me revelou em sua Palavra. E toda a revelação se dá em Cristo.
Em Cristo o cristão é feito amigo de
Deus (Jo 15.16) sem nenhum merecimento por parte do ser humano.
O ser humano, ramo enxertado na videira,
amigo de Jesus, é colocado no mundo para “amar uns aos outros” (Jo 15.17).
O amor identifica crentes verdadeiros e
cristãos. Afinal, a fé não é preguiçosa, inútil e uma arvore sem fruto. Onde a
fé é genuína, ela se manifesta na vida.
Pergunta novamente: Como é possível que entre os cristãos haja
tanta desunião? Ira? Ódio? Impaciência? Inveja?
Ao repetir o mandamento, “amem uns aos
outros”, Jesus alerta seus discípulos que os mesmos encontrarão e
experimentarão a inimizade e a discórdia.
Jesus fala sobre a prática do amor, por
saber e, não quer que nenhum deles se surpreenda quando encontrar o ódio e a
perseguição mesmo entre os cristãos, por isso adverte: “amem uns aos outros”.
Diante do ódio, Jesus lembra que é
necessário que cada qual se apegue firmemente uns aos outros, mediante o amor.
A maldade das pessoas não deve desviar o cristão de fazer o bem. O amor precisa
continuar sendo praticado para louvor e honra de Deus e do Senhor Jesus Cristo.
Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
Idéias tiradas do volume 11 de obras selecionadas
de Lutero.
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