5º
Domingo de Páscoa
Sl
150; At 8.26-40; 1Jo 4.1-11; Jo 15.1-8
Tema:
Enxada e podadeira divina.
“Eu sou a videira, e vocês são os ramos.
Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês
não podem fazer nada”
Ilustração (Palm Monday, conto
ficcional) Segunda feira de Ramos.
O jumentinho acordou com um sorriso no
rosto. Ele havia sonhado com o dia anterior, o animal se espreguiçou e, feliz
da vida, saiu para a rua, mas os transeuntes simplesmente o ignoravam. Confuso,
o jumentinho se dirigiu para a área tumultuada do mercado. Com as orelhas em
pé, de tanto orgulho, ele trotou bem para o meio da rua.
- estou aqui, pessoal! Murmurou consigo
mesmo. Mas as pessoas o encaravam confusas, e algumas, bem zangadas, bateram
nele para que fosse embora.
-o que acha que está fazendo, seu
jumento, entrando assim num mercado igual a este?
-atirem seus mantos no chão – o animal
respondeu, irritado. – Vocês não sabem quem eu sou?
As pessoas ficaram boquiabertas.
Magoado e confuso, o animal retornou ao
lar, para junto da mãe.
- Não entendo – ele reclamou. - ontem as pessoas me saudaram com ramos de
palmeiras. Gritavam “Hosana” e “aleluia”. Hoje elas me tratam como um
joão-ninguém!
- Ah, menino bobinho – a mãe respondeu
com ternura -, não percebe que sem ele ... não consegue fazer nada?
Quão belas e preciosas são as palavras
de Jesus: “Eu
sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1).
Essas palavras foram ditas por Jesus
após a santa ceia, indo ao jardim do Getsemani. As palavras ditas por Jesus, “Eu sou a videira
verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1), são o verdadeiro
consolo para os cristãos de todos os tempos.
Ao dizer “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o
agricultor” (Jo 15.1), Jesus narra uma bela prosopopeia.
Conhecendo seus ouvintes, Jesus percebe
que será natural para todos entenderem a prosopopeia. O agricultor está
constantemente ocupado na vinha para que a mesma produza muitos frutos. Quando
o agricultor poda uma videira, os cortes e a adubação parecem machucar a planta,
mas é justamente esse processo que faz com que a videira produza os frutos
esperados.
Interessante notar que, no jardim do Getsemani,
pouco antes de iniciar a carregar a cruz, Jesus disse aos discípulos, que todo
o sofrimento, toda a dor, não será para destruição, mesmo que assim pareça, tudo
será para edificação.
Ao dizer essas palavras, Jesus está
olhando para seu sofrimento e morte. E ao saber que seus discípulos também passarão
por isso, não quer que os mesmos se esqueçam que os frutos são produzidos mesmo
assim.
Todo
sofrimento é um trabalho diligente do vinhateiro junto a sua vinha. Enquanto o
diabo, o mundo e a carne, buscam prejudicar os discípulos de Cristo, Deus em
seu amor e misericórdia, assim como um lavrador, faz com que tudo contribua
para a produção da vinha.
O cristão precisa encarar o sofrimento e
a tribulação de maneira bem diferente da maneira como o mundo encara. Sofrimento
e tribulação não é punição e castigo de Deus, é antes de tudo, graça e amor. No
sofrimento e na tribulação, o vinhateiro Jesus, poda, tira os galhos ruins e
aduba sua vinha.
O que
hoje parece te ferir, magoar e aborrecer, não é permitido por Deus para te
prejudicar, ao contrário, é permitido para teu bem e proveito.
Na prosopopeia de Jesus a vinha não
fala. Se falasse, com certeza se queixaria dos cortes, da capina e da adubação.
A reclamação se daria justamente por não entender que aquilo era necessário.
Assim são os filhos de Deus – a vinha de
Deus. Reclamam das provações, tribulações e sofrimentos. Reclamam sem entender
que essas situações são a enxada e podadeira de Deus.
Caríssimo
irmão e irmã em Jesus:
Não esqueça que enquanto o Diabo, aliado
ao mundo e a carne, visa destruir; Deus, em seu amor e misericórdia usa os
ataques do diabo para nos edificar. Enquanto que o diabo com as tribulações e os
sofrimentos visa nos destruir, em meio as adversidades e aflições, Deus as usa
como enxada e podadeira para nos tornar forte e produtiva.
Recordo-me da confissão feita por Inácio
de Antioquia (67 – 110 D.C.). Esse servo de Deus, enquanto estava sendo levado
para Roma para ser jogado aos leões e servir de espetáculo e diversão, confessou:
“Deixem que
venham, pois sou apenas um grãozinho de Deus. Ele precisa me esmagar e triturar
antes que eu possa servir para algo”.
Os sofrimentos e as tribulações não são
de maneira nenhuma a fúria, a ira ou o castigo de Deus. Todas essas coisas são
enxada e podadeira de Deus para, através delas, nos podar e adubar com o
objetivo de produzir frutos.
Na tribulação e no sofrimento é preciso ver o amor e a
misericórdia de Deus! (Rm 5.3-4).
Houve duas mártires, século III e IV,
que encararam o caminho da prisão e da morte com ânimo e coragem, como se
estivessem indo ao próprio casamento. Se mostravam felizes como se estivessem
sendo levadas a um baile. Seus nomes eram Agnes e Ágata. Essas duas mulheres só
reagiram assim por causa da fé. A fé que lhes tirou os olhos desse mundo e as
fez ver a alegria eterna.
Todo sofrimento e tribulação servem
unicamente para promover nossa vida cristã e produzir frutos para um
conhecimento mais pleno e uma confissão mais forte da Palavra de Deus.
Deus
é o agricultor que, podando e adubando, visa fortalecer a fé e a esperança para
tornar seus filhos em adoradores fervorosos e com uma vida de oração mais
aguçada.
Deus é mestre e sabe converter aquilo
que visa prejudicar seus filhos para algo que promova e preserva a vida. O
maior exemplo disso é José (Gn 50.20).
Ouça Jesus que diz: “Eu sou a videira
verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1).
Deus quer cultivar a vida e cuidar da
mesma de maneira tal que todos os tipos de sofrimento e desgraça apenas se
resumam em melhorar a vinha. Como diz o provérbio: “Depois de punir o filho, o pai lança a vara
no fogo”.
Jesus disse: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o
agricultor” (Jo 15.1).
No
jardim do Getsemani Jesus consola a si mesmo. Jesus sabe que por mais que irá
sofrer, nada impedirá que a maravilhosa obra da salvação seja realizada.
Tudo o que acomete a vida do cristão é
uma bem-aventurança, pois é poda e adubação de Deus para que muitos frutos
sejam produzidos. Amém.
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
Idéias tiradas do volume 11 de obras
selecionadas de Lutero.
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