25
de março de 2018
Domingo
de Ramos
Sl
118.19-29 ou 31.9-16; Zc 9.9-12; Fp 2.5-11; Mc 14.1-15.47 ou 11.1-10 ou Jo
12.20-43
Tema: Prisioneiros da esperança
Você
alguma vez já foi prisioneiro?
Um
prisioneiro da paixão?
Um
prisioneiro da depressão?
Um
prisioneiro de algum vício?
Pessoas aprisionadas vivem num certo
limite e ninguém consegue fazer com que vejam outra coisa. Só conseguem ver
aquilo que querem ver.
O povo de Israel que havia retornado do
exilio, mas, ainda sob domínio dos persas, e rodeados por nações hostis,
poderosas, o povo vivia como prisioneira. Prisioneira do medo e da apreensão.
Para esse povo, o profeta Zacarias que
era da geração que nasceu na Babilônia, que conheceu a vida do povo de Deus em
loco, que havia junto com Israel retornado à Jerusalém em 538 a.c., proclamava
uma mensagem.
Zacarias, cujo nome significa, Iahweh lembra, também chamado O Profeta da Esperança, foi enviado por
Deus para proclamar esperança para um povo que estava prisioneiro da
adversidade, do desânimo e da oposição.
Qualquer coisa é capaz de nos
aprisionar. Há pessoas aprisionadas na tristeza. Há outras aprisionadas na
culpa, nas falhas, no pecado.
Tentemos imaginar a cena triste daquelas
pessoas do tempo do profeta Zacarias que, voltando do cativeiro babilônico que
perdurou 70 anos, agora ameaçados por povos vizinhos. Para esse povo, veio a mensagem
do profeta Zacarias, “o profeta da esperança”, para tirá-los do cativeiro da tristeza
e desânimo.
Deus anuncia para Jerusalém: “alegra-te muito filha de Sião ...” (Zc
9.9).
A julgar pelo contexto dos
acontecimentos na Pérsia, anunciar a vinda de um rei era causar alvoroço em
toda a cidade de Jerusalém.
Deus estava enviando uma mensagem de
consolo a Jerusalém e alerta para as nações (Hadrade, Damasco, Hamate, Tiro,
Sidom, Asquelom, Gaza, Ecrom, Asdode) que eram arrogantes, hostis e oprimiam as
outras nações, inclusive o povo de Deus. Mas, por mais soberbas que sejam, Deus
vai destrui-las em sua soberba (Zc 9.6).
No contexto do Oriente, o anúncio: “alegra-te muito,
ó filha de Sião ...” (Zc 9.9). Por filha se diz que a mesma é dependente
do pai, precisa da sua ajuda, pois é frágil. Ao anunciar para Jerusalém que a
mesma é filha,
está anunciando que o pai tem Jerusalém como objeto de sua ajuda e
preocupação.
E em sua preocupação anuncia que: “eis que o teu
rei virá a ti.”. Ou seja, o futuro de Jerusalém já começou agora e
terá continuidade.
Ao dizer “o teu rei virá a ti...”, não
está dizendo que o rei virá da Pérsia, ele vem de Jerusalém. E justamente num
contexto em que nações são hostis e soberbas, tal anuncio causa tumulto e
preocupação.
Esse rei que vem é “justo e salvador, pobre e montado sobre
jumento...”
Ao convidar o povo a exultar, o profeta apontava
para o motivo da alegria. Deus os tinha como filha, ou seja, velava e os
protegia. E além do mais, era o seu rei. O rei era importante para o reino e
mais ainda para o indivíduo. Pois, indicava que o mesmo era o seu protetor.
Quando se dizia eu sou de tal lugar, queria dizer que tinha a proteção de tal
rei.
O rei do povo era justo e salvador e
humilde. Ele carregava consigo a salvação. Ele é o portador da salvação. Com
ele está a salvação. Era humilde – no sentido financeiro Dt 24.15. Com isso, se
estava enfatizando que cuidava dos pobres. O rei justo e salvador era um rei diferente
dos reis daquela e da nossa época (Is 53).
A palavra profética, montado sobre
jumento, é um vínculo do passado para o futuro. A conexão está com o
episódio narrado em Gênesis 49, sobre a lembrança da aliança feita por Deus com
Abraão e Sara.
“Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém
...” (Zc 9.10).
Efraim, reino do Norte e Jerusalém reino
do Sul. O rei que vem, vem para unir as duas partes que estavam fragmentadas. Ele
vem com a finalidade de fragmentar o carro de guerra. Ele tirará as armas, pregará
(anuncia, profetiza) paz as nações.
Essa paz não é apenas para o povo de
Deus, inclusive para os filisteus.
“o seu domínio se estenderá de um mar a outro mar desde o
rio até às extremidades da terra” – indicando horizontal e vertical.
Figura de linguagem para mostrar que esse reino não tem fim.
“Ainda quanto a ti, por causa do sangue do teu concerto”.
Moisés em Êxodo 24 escreveu sobre o sangue
da aliança que Deus faz. A aliança foi feita com sangue.
“tirei os teus presos da cova em que não havia água”
– essa frase nos remete a história de José. Os irmãos lançaram ele na cisterna
que não tinha água potável. Não havia como viver. O destino era a morte. Mas,
de lá foi tirado. O final da história de José é a vida.
Deus por meio do profeta Jeremias (Jr 2.13)
diz que o povo de Deus deixa as águas cristalinas da palavra e escava para si
poços. O destino é a morte. Mas, para que não morressem e nem morram envia
profetas, pregadores. Deus quer tirar as pessoas da situação de morte.
Por isso, convida: “Voltai à fortaleza, ...” ou
seja, saiam do fundo do poço para o alto. Por que voltar para o alto? Por que nos tirar do poço
seco?
Deus prepara o seu povo para as nações. Ou
seja, são presos
da esperança.
Você alguma vez já foi prisioneiro?
Um prisioneiro da paixão?
Um prisioneiro da depressão?
Um prisioneiro de algum vício?
Pessoas aprisionadas vivem num certo
limite e ninguém consegue fazer com que vejam outra coisa. Só conseguem ver
aquilo que querem ver.
Somos filhos e filhas de Deus! Assim, só
vemos que Deus é nosso Pai, nos socorre, protege, ampara e cumpre com todas as
suas promessas.
Hoje é domingo de ramos – dia em que
relembramos o cumprir de uma das promessas de Deus. Jesus, o nosso rei entrou
em Jerusalém para nos resgatar e por esse resgate estamos sob seus cuidados e
proteção.
Deus nos prepara para as nações, somos presos da
esperança. Uma esperança libertadora. Aquele que seu amigo preso na
tristeza, na depressão, na angústia. Ele precisa conhecer a sua prisão, uma
prisão diferente, uma prisão no amor e na misericórdia de Deus.
Quero
terminar a mensagem com um breve relato:
O
mais antigo nome "cristão"
fora do Novo Testamento foi usado pelos próprios crentes e é encontrado por
isso mesmo com grande significação, em três das cartas de Inácio, Bispo de
Antioquia,
escritas quando ele estava a caminho de Roma como prisioneiro, a fim de sofrer
o martírio, provavelmente no ano 107. Seu guia roga nesta conexão que eles
vivam de modo a honrar o nome de cristão. Em sua carta aos Romanos,
capítulo 3 ele solicita a oração dos cristãos "a fim de que eu possa não
meramente ser chamado cristão, mas que eu possa viver realmente como um cristão.
Porque se eu viver verdadeiramente como cristão, poderei ser assim chamada, e
serei considerado fiel quando for apresentado diante do mundo". Do mesmo
modo em sua epístola aos Magnesianos, capítulo 4, ele diz: "Convém,
portanto, não somente ser chamado cristão, mas sê-lo na realidade".
Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
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