21 de maio de 2017
6º Domingo de Páscoa
Sl 66.8-20; At 17.16-31; 1Pe 3.13-22; Jo 14.15-21
At 17.16-31
Tema: Inquietação, leva à ação missionária!
O que motiva pessoas testemunharem?
“Uma vez que o cristão conhece a Cristo como seu Senhor e
Salvador, seu coração é permeado por Deus. Por isso, agora ele está ansioso
para ajudar a cada um receber os mesmos benefícios, pois seu maior prazer está
neste tesouro, o conhecimento de Cristo”. O autor da frase, Lutero,
disse que Testemunhar não é uma tarefa simples.
O apóstolo Paulo chegou pelo mar à
Atenas, pelo lado norte. Já havia solicitado que Silas e Timóteo fossem
enviados o mais rápido possível (At 17.15). Lucas, conforme escreveu (Atos
16.10), relata que Paulo esperava voltar à Macedônia. Enquanto esperava por
Silas e Timóteo, Paulo ficou sozinho em Atenas.
Paulo poderia ter passeado em Atenas
como um turista. Havia muitos edifícios e monumentos para visita. Havia muito
para se debater, afinal, Atenas era também conhecida pela sua democracia.
O apóstolo Paulo poderia ter ficado
fascinado com a arquitetura, história e sabedoria da cidade, mas, nada disso o
impressionou.
O que impediu Paulo vislumbrar o esplendor de Atenas? Paulo não se impressionou com toda a
beleza, porque Atenas estava submersa nos seus ídolos.
Lucas usa a expressão “kateidolos”,
transmitindo a ideia de que a cidade estava “sob” os ídolos. Atenas era uma
cidade “sufocada”
pela idolatria. Paulo viu uma verdadeira floresta de ídolos. Era mais fácil
encontrar um deus, do que um homem em Atenas.
Inquietação, leva a ação missionária!
1 - “seu
espírito se revoltava” (v.16).
Lucas, o médico, empregou um termo da
medicina: “paroxyno”.
Esse termo é traduzido como “o espírito de Paulo se revoltava”. Paroxyno
transmite a ideia de um ataque epilético. Esse termo é usado por Paulo em 1Co
13.5.
O verbo “paroxyno” – estimular,
irritar, provocar, causar ira, conforme escrito por Lucas, está no
tempo imperfeito, indicando
que Paulo não perdeu o controle, mas foi reagindo progressivamente,
ponderadamente.
O verbo “paroxyno” é empregado na LXX em
relação ao Santo de Israel, ou seja, indica que essa é a reação apresentada
pela Escritura ante a idolatria. Nos casos do bezerro de ouro no Sinai, a
idolatria e imoralidade em relação a Baal-Peor, ou quando o Reino do Norte fez
outro bezerro de ouro para adorar em Samaria, eles “provocaram, estimularam” a ira
do Senhor (Is 65.2-3; Dt 9.7,18,22; Sl 106.28-29; Os 8.5).
O apóstolo Paulo foi provocado pela
idolatria, e provocado à ira, ao desgosto e à indignação, assim como o próprio
Deus se indigna diante da idolatria. É um sentimento de “ciúme” (Ex 34.14).
O espírito de Paulo se revoltou, pois
ele sabia que o único que
merece adoração é Deus. Deus sente ciúme, afinal,
ninguém além dele deve ser adorado.
Na sua segunda carta (2Co 11.2), o
apostolo Paulo deseja que os coríntios permaneçam leias a Jesus, afinal, era
com Jesus que eles estavam comprometidos.
Quando Lucas escreveu que “seu espírito
(de Paulo) se
revoltava” (v.16), não estava relatando um descontrole emocional,
nem que Paulo se julgava melhor que os atenienses a quem julgava como ignorante.
Paulo
se revoltou, como quem estava tendo um ataque epilético, por causa da sua
aversão a idolatria. Ele se sentou enciumado por Deus.
No entanto, esse ciúme
levou Paulo a compartilhar boas novas com os idólatras de Atenas. Paulo
sabia que os atenienses agiam assim por estarem “sob” e serem “sufocados”
pelos ídolos.
Deus
não pode ter seu lugar negado. Sentir ciúme por Deus,
é saber que só ele é merecedor da nossa honra, glória e louvor. Esse ciúme leva a agir para que outros olhem
e revejam seus pontos de vista e voltem a adorar, louvar e glorificar ao Deus
verdadeiro.
Inquietação, leva a ação missionária!
2 - Paulo viu, sentiu e agiu
(v.17-18).
A ação do apóstolo Paulo foi positiva
(testemunho).
Paulo não resmungou, não chorou, não
praguejou, não amaldiçoou. Paulo compartilhou as boas novas do evangelho.
A indignação justa que agitou seu
espírito, motivou-o a abrir a boca. Abriu a boca todos os dias entre os judeus
tementes a Deus na sinagoga e entre aqueles que frequentavam o Areópago. Também
debateu com filósofos, epicureus e estóicos.
Paulo tinha uma habilidade incrível.
Falava com a mesma facilidade entre os religiosos, os transeuntes nas praças e
os filósofos.
O diálogo de Paulo com os judeus,
tementes a Deus, transeuntes e filósofos, pode ter durado muitos dias. Suas
palavras lhe deram a maior de todas as oportunidades de seu ministério: pregar no
Areópago.
Os filósofos reagiram chamando Paulo
de “tagarela”.
Ao fazer uso do termo “spermologos” - “apanhador de grãos”. A palavra era usada para
descrever os pássaros que se alimentavam de grãos e carniça. Assim, ao
chamar Paulo de “tagarela”,
os filósofos estavam dizendo que o apostolo era “catador
de lixo”.
A palavra “tagarela” era dita para mestres
que não tinham ideia própria e que, sem escrúpulos nenhum plagiavam os outros,
apanhando restos de conhecimento aqui e ali. Quando os filósofos chamaram Paulo
de “tagarela”,
estavam dizendo que ele era “plagiador ignorante”, “papagaio” ou “tagarela
intelectual”.
“Parece que ele está falando de estranhos deuses”
– “daimonia”,
ou seja, um semideus, deuses secundários. De acordo com o contexto, “deidades
estrangeiras”. Os atenienses imaginaram que Paulo estivesse falando
sobre um novo par de deuses, Jesus e a Ressurreição.
Alguns dizem com base no v.18, que
Paulo estava sendo acusado de introduzir novos deuses, e assim foi lhe
solicitado que prestasse contas do seu ensino. Diante da corte, uma comissão de
educação da cidade, expôs a sua crença e seu ensino, uma afirmação pessoal do
evangelho (v.22-23).
O tema da mensagem de Paulo foi o altar anônimo. Um Deus desconhecido. No entanto, esse Deus desconhecido
pelos atenienses é o Deus criador do universo (v. 24), o mantenedor da vida
(v.25), o governador de todas as nações (v.26-28), o pai dos seres humanos
(v.28-29).
Com esses argumentos Paulo mostra que
a idolatria é uma tentativa fracassada de limitar, domesticar, domar, mimar,
alienar e destronar a Deus. A idolatria é uma tentativa de
colocar Deus sob o controle humano. A idolatria é uma inversão da ordem, ou seja, o homem
imagina que pode criar e governar a Deus.
Diante disso tudo, Paulo diz que Deus
é juiz do mundo (v. 30-31). Por esse motivo, toda ignorância e idolatria é
indesculpável. Deus se revela em todas as coisas.
As pessoas hoje continuam rejeitando
evangelho. Não por julgá-lo falso, mas por julgá-lo insignificante. As pessoas
querem respostas a toda sua experiência. Mas o evangelho narra “todo o desígnio de Deus” (At 20.27).
Falta sentir o ciúme de Deus em nós.
Só oramos “Santificado
seja o teu nome”, mas não vivemos essa oração.
A ação de Paulo começou pelos
olhos. Ele viu, sentiu e falou.
Paulo não se limitou a “reparar”.
Nos versículos (16,22,23) Lucas faz uso do termo “theoreo” ou “anatheoreo”
– “observar,
considerar”. Paulo
viu e observou pessoas que criadas por Deus, mantidas por Deus, governadas por
Deus e filhos de Deus dando a honra devida a Ele somente para outros deuses
criados por homens como um meio de aproximar deus dos homens.
Infelizmente os ídolos estão ocupando
o lugar de Deus. E atualmente, assim como sempre foi, muitas coisas ocupam o
lugar de Deus: a fama, a riqueza, o poder, a comida, o álcool, pais, esposa,
filhos, amigos, trabalho, lazer, propriedades, ...
“o seu espírito se revoltava...” – Será que
estamos tendo epilepsia diante da idolatria, quer seja individual ou coletiva?
Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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