14 de maio de 2017
5º Domingo de Páscoa
Sl 146; At 6.1-9; 7.2ª,51-60; 1Pe 2.2-10; Jo 14.1-14.
Tema: Cada um no seu
quadrado!
O episódio narrado por Lucas em Atos
6.1-9 apresenta segundo opinião de muitos estudiosos a terceira tentativa do
diabo de destruir a recém iniciada atuação missionária da igreja. Se os
apóstolos se ocupassem da administração da ação social da igreja, deixariam de
ocupar-se com a responsabilidade de orar e pregar.
A situação é clara: “naqueles dias,
multiplicou-se o números dos discípulos” (Atos 6.1). A excitação do
crescimento foi abafada por um lamentável “goggysmos” (queixa, murmuração). Essa queixa
era idêntica àquela que foi destinada a Moisés (Ex 16.7).
Uma igreja em crescimento, mas, mesmo
assim muitos murmuravam contra os apóstolos. A queixa das pessoas era que os
apóstolos recebiam o dinheiro das contribuições (Atos 4.35,37), mas, esse
dinheiro segundo alguns estava sendo mal administrado.
Nas páginas do antigo testamento
aprende-se que Deus prometeu defender as viúvas (Ex 22.22; Dt 10.18). No início
da atuação missionária da igreja, os apóstolos se ocuparam em socorrer as
viúvas que não podiam e não tinham ninguém para sustentá-las. Deus socorreu e
socorre as viúvas pela igreja. Os apóstolos estavam ocupados na distribuição do
dinheiro entre as pessoas necessitadas.
A questão se tornou polêmica porque
havia dois grupos: os helenistas e os hebreus. Os helenistas “murmuravam”
contra o segundo grupo, os hebreus. Murmuravam porque “as viúvas estavam sendo esquecidas na
distribuição diária” (v.1).
Observe que não há indicação de que
esse esquecimento foi proposital. Talvez, isso é uma suposição, a causa era
devido a uma falha administrativa ou de supervisão. Há aqueles que afirmam que
a causa era uma tensão cultural. Os helenistas não só falavam grego, mas
pensavam e agiam como gregos, enquanto que os hebreus não só falavam aramaico,
mas estavam enraizados na cultura hebraica.
Para os apóstolos, parece que a
questão era muito mais que essa suposta tensão cultural. Para os apóstolos o problema era a administração social (a organização da
distribuição e a própria resolução da disputa). A organização e resolução dessa
disputa ocupava demasiadamente os apóstolos e os impedia de se ocupar com seu
verdadeiro ofício: ensino e pregação.
Não quero jogar pedra no telhado do vizinho, porque o meu é de
vidro. Muito se questiona sobre o porquê de outras igrejas fazerem tanto e nós tão pouco na área social.
A resposta é simples, direta e pode até magoar pessoas: somos falhos na administração social
(Organização, distribuição e realização). A falha não é diretamente no
recolhimento e na distribuição. A falha está no fato de que tudo está atrelado
a pessoa do pastor. É um pastor-centrismo que não deveria existir. Observo que
em muitos lugares “naquilo que o pastor não está envolvido, as coisas não
andam”. O planejamento 2015-2018, quais planos estão em ação, porque?
O problema é que o pastor deixou de
ser considerado como um ministro do evangelho, e se tornou um CEO (diretor de
operações). O pastor ocupa todas as funções, precisa saber de tudo e resolver
tudo.
O que fazer? Qual atitude tomar?
Os apóstolos apontaram o problema: “Não é razoável
que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas” (Atos
6.2).
O pastor-centrismo não era algo bem
vindo no início da atuação missionária da igreja. Na verdade, os apóstolos
disseram que “cada
um deveria ocupar seu espaço e sua função dentro da comunidade”.
“Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos...”
(Atos 6.2).
A situação foi conversada e discutida
com todos. O problema foi compartilhado.
Lembre-se,
os apóstolos não consideravam a ação social inferior ao ofício pastoral. Nada disso! Eles apenas enfatizaram que
era uma questão de chamado. Ou seja, fomos chamados para: ensinar
e orar.
Trago aqui um extrato inicial de um
chamado feito para um pastor da IELB:
Em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo. Amém.
A CONGREGAÇÃO EVANGÉLICA
LUTERANA ___________, local, reunida em assembleia extraordinária em dia
e ano, votou e decidiu entregar o presente CHAMADO DIVINO ao Rev. ______,
para ser seu pastor, Guia Espiritual,
Cura D’almas e Líder na missão evangelizadora.
Mediante o presente CHAMADO DIVINO,
realizado de acordo com as normas da Palavra de Deus, a Paróquia requer de seu pastor:
1. que ensine e pregue tanto pública como particularmente a
Palavra de Deus em sua originalidade e pureza, de acordo com as Sagradas
Escrituras do Antigo e Novo Testamento e, de acordo com as Confissões da Igreja
Evangélica Luterana contidas no Livro de Concórdia de 1580, que são a
verdadeira exposição e reta exegese da Palavra de Deus;
2. que administre os sacramentos do
Batismo e da Santa Ceia conforme a instituição deles pelo Senhor Jesus Cristo;
3. que exerça a cura d’almas dos enfermos, fracos, desconsolados
e desviados;
4. que se dedique ao trabalho de instruir crianças, jovens, senhoras, e leigos na
Palavra de Deus;
5. que lidere os membros
da igreja na evangelização das pessoas carentes de Cristo e da
Salvação;
6. que leve uma vida
exemplar e cristã, em palavras e atitudes, constituindo-se em bom
exemplo para todos, cf. Tt 1.6-9 e 1Tm 3.2-7 e, finalmente,
7. procure trabalhar e coordenação e
harmonia com os pastores do Distrito;
8. que faça a obra de um verdadeiro evangelista e cura d’almas entre os que lhe são
confiados, bem como de um evangelizador entre os que ainda não conhecem o
Salvador.
É preciso dialogar sobre isso, pois,
acredito que muitas vezes ocorre desvios de função por parte de um pastor. O chamado pastoral se resume a que? Como congregação não se tem falado
sobre esse assunto. Um assunto necessário e urgente. Por isso o faço num dia
tão especial como é o dia das mães.
O pastor não faz nada sozinho! Infeliz daquele que assim pensa e
age. Mas, compreendo aqueles que assim o fazem. Há pastores que fazem por si só
para não se incomodar com aqueles que querem usar seus dons não para benefício
do Reino de Deus, mas pensam em si mesmos. Vale a pena ler Efésios
4.1-6.
Os apóstolos estavam sendo tentados
pelo diabo a se desviarem da sua real função: pregação e oração.
Convocaram a comunidade e alertaram
sobre o problema.
“Não é razoável...” conforme o termo grego (ouk areston estin), “não está certo”.
Diante de Deus isso não está certo.
O apóstolo João em seu evangelho
(João 8.29) mostra que Jesus fazia aquilo que agradava a Deus, ou seja, aquilo
que estava em consonância com a sua vontade. O termo grego arestos, aparece só 4 vezes no NT, sendo
duas em Atos, (6.2; 12.3), e significa “agradável, certo” e o termo sublinha a união entre
aquele que é enviado e aquele que envia.
Ao dizer: “não é razoável – não está certo”
é o mesmo que dizer, “estamos agindo como enviados por parte daquele que nos
enviou”.
Quando se estuda o livro de Atos,
pastores e membros gostam de versículos que enfatizam o ir de casa em casa,
testemunhar, etc. Mas, observe: esse trecho nos desafia a irmos
um pouco além daquilo no que nos enclausuramos. O desfio é: cada qual fazer a sua parte.
Pastor confiar a
administração à diretoria eleita.
Confiar as respectivas
comissões as suas atribuições.
A congregação confiar ao
pastor o único e exclusivo exercício que o mesmo precisa exercer: ensinar e orar.
Cada qual precisa exercer com amor,
humildade, respeito a sua vocação como filho de Deus.
Não podia haver desvio de função a
tarefa prioritária. Qual é a nossa prioridade como congregação? A
mesma só irá se realizar mediante profundo estudo das Escrituras. Ao criar o
homem, Deus: “lhe
soprou nas narinas o fôlego de vida....” (Gn 2.7). O mesmo acontece quando
se estuda a Palavra de Deus. Pela Palavra, Deus “sopra no homem o fôlego da vida... “a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”
(2Tm 3.17).
Sem o fôlego da vida se está morto.
Nosso desejo precisa ser: “Pastor, por favor, ocupe-se do estudo da Bíblia e nos
transmita esse fôlego. Nós estaremos ocupados de todas as outras coisas”.
Essa é a sugestão dos apóstolos Atos 6.3-4.
A igreja entendeu o plano, ou seja,
entendeu que os apóstolos foram enviados para a pregação e oração. Esse foi, é,
e continua sendo o plano de Deus. Vale a pena ler Efésios 4.7-16.
Após a divisão da responsabilidade,
aquilo que estava em perigo “a pregação da palavra”, é relato por Lucas que
“crescia a
palavra de Deus”.
A maior preocupação e ocupação da
igreja é a Palavra de Deus, ela precisa crescer. Deus utiliza os mais variados
dons para que a sua Palavra cresça e através dela muitos discípulos sejam
feitos. Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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