terça-feira, 9 de maio de 2017

Cada um no seu quadrado!

14 de maio de 2017
5º Domingo de Páscoa
Sl 146; At 6.1-9; 7.2ª,51-60; 1Pe 2.2-10; Jo 14.1-14.
Tema: Cada um no seu quadrado!

O episódio narrado por Lucas em Atos 6.1-9 apresenta segundo opinião de muitos estudiosos a terceira tentativa do diabo de destruir a recém iniciada atuação missionária da igreja. Se os apóstolos se ocupassem da administração da ação social da igreja, deixariam de ocupar-se com a responsabilidade de orar e pregar.
A situação é clara: “naqueles dias, multiplicou-se o números dos discípulos” (Atos 6.1). A excitação do crescimento foi abafada por um lamentável “goggysmos” (queixa, murmuração). Essa queixa era idêntica àquela que foi destinada a Moisés (Ex 16.7).
Uma igreja em crescimento, mas, mesmo assim muitos murmuravam contra os apóstolos. A queixa das pessoas era que os apóstolos recebiam o dinheiro das contribuições (Atos 4.35,37), mas, esse dinheiro segundo alguns estava sendo mal administrado.
Nas páginas do antigo testamento aprende-se que Deus prometeu defender as viúvas (Ex 22.22; Dt 10.18). No início da atuação missionária da igreja, os apóstolos se ocuparam em socorrer as viúvas que não podiam e não tinham ninguém para sustentá-las. Deus socorreu e socorre as viúvas pela igreja. Os apóstolos estavam ocupados na distribuição do dinheiro entre as pessoas necessitadas.
A questão se tornou polêmica porque havia dois grupos: os helenistas e os hebreus. Os helenistas “murmuravam” contra o segundo grupo, os hebreus. Murmuravam porque “as viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária” (v.1).
Observe que não há indicação de que esse esquecimento foi proposital. Talvez, isso é uma suposição, a causa era devido a uma falha administrativa ou de supervisão. Há aqueles que afirmam que a causa era uma tensão cultural. Os helenistas não só falavam grego, mas pensavam e agiam como gregos, enquanto que os hebreus não só falavam aramaico, mas estavam enraizados na cultura hebraica.
Para os apóstolos, parece que a questão era muito mais que essa suposta tensão cultural. Para os apóstolos o problema era a administração social (a organização da distribuição e a própria resolução da disputa). A organização e resolução dessa disputa ocupava demasiadamente os apóstolos e os impedia de se ocupar com seu verdadeiro ofício: ensino e pregação.
Não quero jogar pedra no telhado do vizinho, porque o meu é de vidro. Muito se questiona sobre o porquê de outras igrejas fazerem tanto e nós tão pouco na área social. A resposta é simples, direta e pode até magoar pessoas: somos falhos na administração social (Organização, distribuição e realização). A falha não é diretamente no recolhimento e na distribuição. A falha está no fato de que tudo está atrelado a pessoa do pastor. É um pastor-centrismo que não deveria existir. Observo que em muitos lugares “naquilo que o pastor não está envolvido, as coisas não andam”. O planejamento 2015-2018, quais planos estão em ação, porque?
O problema é que o pastor deixou de ser considerado como um ministro do evangelho, e se tornou um CEO (diretor de operações). O pastor ocupa todas as funções, precisa saber de tudo e resolver tudo.
O que fazer? Qual atitude tomar?
Os apóstolos apontaram o problema: “Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas” (Atos 6.2).
O pastor-centrismo não era algo bem vindo no início da atuação missionária da igreja. Na verdade, os apóstolos disseram que “cada um deveria ocupar seu espaço e sua função dentro da comunidade”.
Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos...” (Atos 6.2).
A situação foi conversada e discutida com todos. O problema foi compartilhado.
Lembre-se, os apóstolos não consideravam a ação social inferior ao ofício pastoral. Nada disso! Eles apenas enfatizaram que era uma questão de chamado. Ou seja, fomos chamados para: ensinar e orar.
Trago aqui um extrato inicial de um chamado feito para um pastor da IELB:
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
A CONGREGAÇÃO EVANGÉLICA LUTERANA ___________, local, reunida em assembleia extraordinária em dia e ano, votou e decidiu entregar o presente CHAMADO DIVINO ao Rev. ______, para ser seu pastor, Guia Espiritual, Cura D’almas e Líder na missão evangelizadora.
Mediante o presente CHAMADO DIVINO, realizado de acordo com as normas da Palavra de Deus, a Paróquia requer de seu pastor:
1.     que ensine e pregue tanto pública como particularmente a Palavra de Deus em sua originalidade e pureza, de acordo com as Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamento e, de acordo com as Confissões da Igreja Evangélica Luterana contidas no Livro de Concórdia de 1580, que são a verdadeira exposição e reta exegese da Palavra de Deus;
2.     que administre os sacramentos do Batismo e da Santa Ceia conforme a instituição deles pelo Senhor Jesus Cristo;
3.     que exerça a cura d’almas dos enfermos, fracos, desconsolados e desviados;
4.     que se dedique ao trabalho de instruir crianças, jovens, senhoras, e leigos na Palavra de Deus;
5.     que lidere os membros da igreja na evangelização das pessoas carentes de Cristo e da Salvação;
6.     que leve uma vida exemplar e cristã, em palavras e atitudes, constituindo-se em bom exemplo para todos, cf. Tt 1.6-9 e 1Tm 3.2-7 e, finalmente,
7.     procure trabalhar e coordenação e harmonia com os pastores do Distrito;
8.     que faça a obra de um verdadeiro evangelista e cura d’almas entre os que lhe são confiados, bem como de um evangelizador entre os que ainda não conhecem o Salvador.

É preciso dialogar sobre isso, pois, acredito que muitas vezes ocorre desvios de função por parte de um pastor. O chamado pastoral se resume a que? Como congregação não se tem falado sobre esse assunto. Um assunto necessário e urgente. Por isso o faço num dia tão especial como é o dia das mães.
O pastor não faz nada sozinho! Infeliz daquele que assim pensa e age. Mas, compreendo aqueles que assim o fazem. Há pastores que fazem por si só para não se incomodar com aqueles que querem usar seus dons não para benefício do Reino de Deus, mas pensam em si mesmos. Vale a pena ler Efésios 4.1-6.
Os apóstolos estavam sendo tentados pelo diabo a se desviarem da sua real função: pregação e oração.
Convocaram a comunidade e alertaram sobre o problema.
Não é razoável...” conforme o termo grego (ouk areston estin), “não está certo”. Diante de Deus isso não está certo.
O apóstolo João em seu evangelho (João 8.29) mostra que Jesus fazia aquilo que agradava a Deus, ou seja, aquilo que estava em consonância com a sua vontade. O termo grego arestos, aparece só 4 vezes no NT, sendo duas em Atos, (6.2; 12.3), e significa “agradável, certo” e o termo sublinha a união entre aquele que é enviado e aquele que envia.
Ao dizer: “não é razoável – não está certo” é o mesmo que dizer, “estamos agindo como enviados por parte daquele que nos enviou”.
Quando se estuda o livro de Atos, pastores e membros gostam de versículos que enfatizam o ir de casa em casa, testemunhar, etc. Mas, observe: esse trecho nos desafia a irmos um pouco além daquilo no que nos enclausuramos. O desfio é: cada qual fazer a sua parte.
Pastor confiar a administração à diretoria eleita.
Confiar as respectivas comissões as suas atribuições.
A congregação confiar ao pastor o único e exclusivo exercício que o mesmo precisa exercer: ensinar e orar.
Cada qual precisa exercer com amor, humildade, respeito a sua vocação como filho de Deus.
Não podia haver desvio de função a tarefa prioritária. Qual é a nossa prioridade como congregação? A mesma só irá se realizar mediante profundo estudo das Escrituras. Ao criar o homem, Deus: “lhe soprou nas narinas o fôlego de vida....” (Gn 2.7). O mesmo acontece quando se estuda a Palavra de Deus. Pela Palavra, Deus “sopra no homem o fôlego da vida... a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.17).
Sem o fôlego da vida se está morto.
Nosso desejo precisa ser: “Pastor, por favor, ocupe-se do estudo da Bíblia e nos transmita esse fôlego. Nós estaremos ocupados de todas as outras coisas”.
Essa é a sugestão dos apóstolos Atos 6.3-4.
A igreja entendeu o plano, ou seja, entendeu que os apóstolos foram enviados para a pregação e oração. Esse foi, é, e continua sendo o plano de Deus. Vale a pena ler Efésios 4.7-16.
Após a divisão da responsabilidade, aquilo que estava em perigo “a pregação da palavra”, é relato por Lucas que “crescia a palavra de Deus”.

A maior preocupação e ocupação da igreja é a Palavra de Deus, ela precisa crescer. Deus utiliza os mais variados dons para que a sua Palavra cresça e através dela muitos discípulos sejam feitos. Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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