19 de março de 2017
3º Domingo na Quaresma
Sl
95.1-9; Êx 17.1-7; Rm 5.1-8; Jo 4.5-26
Tema:
Tribulação: a oficina da esperança
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias
tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança,
experiência; e a experiência, esperança” (Rm 5.3-4).
Dia 03 de abril de 2015 realizei uma
palestra em Ponta Grossa, PR. O tema foi: Família
e o tempo.
De acordo com Eclesiastes 3.1-8,
ressaltei que não se vive mais o tempo adequado, justamente por não se conhecer
os tempos que Deus nos disponibiliza. As pessoas desejam apenas viver as vidas
do facebook: alegria e sucesso. Cada pessoa deseja apenas
viver o tempo esperado, e todos esperam ter um ano cheio de “dinheiro no
bolso, saúde para dar e vender”.
Deixou-se de viver e aceitar o tempo que
Deus presenteia a cada dia para que o mesmo seja vivido.
Quando se fala sobre Deus ser o autor
dos tempos (Ec 3.1-8) e que Deus criou o tempo
para servir ao homem e não o homem ao tempo, logo se imagina que
sendo Deus amoroso e misericordioso, nunca permitirá que venham dias difíceis.
O apóstolo Paulo ao escrever a carta aos
cristãos da cidade de Corinto disse que havia muitos motivos para se gloriar, pois
havia sido arrebatado até o terceiro céu e lá no paraíso ouviu palavras
inefáveis. No entanto, para não se gloriar como sendo um cristão melhor que
outros e mais amado por Deus, diante do seu espinho na carne, o apostolo Paulo ouviu
de Deus que a graça divina lhe bastava, pois o poder se aperfeiçoa na fraqueza
(2Co 12.7-10).
Certa vez um professor universitário
entrou em sala de aula e fez a seguinte ilustração: Diante da classe de
filosofia, sem dizer uma só palavra, pegou um pote de vidro, grande e vazio, e
começou a enchê-lo com bolas de golfe. Em seguida, perguntou aos seus alunos se
o frasco estava cheio e imediatamente todos disseram que sim. O professor então
pegou uma caixa de bolas de gude e a esvaziou dentro do pote. As bolas de gude
encheram todos os vazios entre as bolas de golfe. O professor voltou a
perguntar se o frasco estava cheio e voltou a ouvir de seus alunos que sim. Em
seguida, pegou uma caixa de areia e a esvaziou dentro do pote. A areia encheu
os espaços vazios que ainda restavam e ele perguntou novamente aos alunos, que
responderam que o pote agora estava cheio. O professor pegou um copo de café
(líquido) e o derramou sobre o pote umedecendo a areia.
Os estudantes riam da situação, quando o
professor falou: “Quero que entendam que o pote de vidro representa nossas vidas. As
bolas de golfe são os elementos mais importantes, como Deus, a família e os
amigos. São com as quais nossas vidas estariam cheias e repletas de felicidade.
As bolas de gude são as outras coisas que importam: o trabalho, a casa bonita,
o carro novo, etc. A areia representa todas as pequenas coisas”.
O professor continuou: Observem, se tivesse
colocado a areia em primeiro lugar no frasco, não haveria espaço para as bolas
de golfe e para as de gude. O mesmo ocorre em nossas vidas. Se gastamos todo
nosso tempo e energia com as pequenas coisas nunca teremos lugar para as coisas
realmente importantes. Prestem atenção nas coisas que são primordiais para a sua felicidade.
Há tempo para tudo.
Dediquemos para cada tempo aquilo que ele nos reserva. Pois, em cada situação,
seja ela qual for, sempre haverá um tempinho para um café.
“E não somente
isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a
tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência,
esperança” (Rm 5.3-4).
A carta do apóstolo Paulo aos Romanos, de
maneira muito especial o capítulo 5, apresenta nos versículos 1-5, os benefícios da justificação pela fé; e nos versículos 6-11, a segurança desses benefícios.
Em paz com Deus pela justiça de Cristo,
a qual Deus nos concede gratuitamente pela fé, vive-se na certeza de que Deus dá
tudo para nosso bem nessa vida. Na fé podemos esperar e superar tudo.
A paz de Deus em Jesus ocupa todo nosso
presente.
Ao saber que Deus em Jesus realizou a
maravilhosa obra da salvação e que pela fé me oferece gratuitamente a mesma,
sei que o meu futuro é garantido.
Dizem por aí que é necessário viver o
presente no limite, afinal, ninguém sabe o dia de amanhã. Aproveitar
o presente sem limites era o slogan do império Romano quando este estava em
decadência.
Os jovens de hoje tomam rivotril como
nunca na história. Afinal, querem aproveitar cada milésimo de segundo como se
fosse o último. Assim, acabam metendo os pés pelas mãos.
A graça de Deus é ativa. Pela graça,
Deus concede aos seus os mais variados tempos, inclusive a tribulação.
A tribulação é a oficina da esperança.
Por ser oficina da esperança, o apóstolo
Paulo convida os justificado a “gloriar-se nas próprias tribulações”.
Nas tribulações que Deus permite cair
sobre seus filhos, muitas são as interrogações para com a paz de Deus.
Gloriar-se nas tribulações é um conselho difícil de aceitar. Mas, é a
experiência de milhares de pessoas que tomaram a sério a Palavra de Deus que
entregou seu Filho pelos pecadores e que governa toda a história.
Esse Deus que enviou seu Filho e governa
a história do mundo através dos mais variados tempos, tem domínio completo das
nossas tribulações (Rm 8.28).
Qualquer pai e mãe sabe que sofre ao
corrigir seu filho, mas, a correção é necessária. Deus, o nosso Pai, age para o
bem de seus filhos. Através das tribulações está
ofertando aos seus filhos uma formação para esperança.
As
tribulações nos disciplinam e nos temperam. As tribulações
produzem “perseverança”.
Vive-se o presente na certeza de que a paz com Deus nos garante um futuro. Viver
o presente em função do futuro, passo a passo, imprime a marca em nós, a “experiência”. E essa “experiência” a “esperança”.
Na oficina da esperança, no tempo de
tribulação, lembre-se: no momento do nosso maior desespero,
no auge da nossa rebelião contra Deus, quando tudo era vergonha e pecado, um
segundo Adão veio para combater e nos resgatar. “Deus prova o seu próprio amor para conosco
pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”
(Rm 5.8). Amém!
Rev. Edson Ronaldo
Tressmann
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