segunda-feira, 6 de março de 2017

A justificação pela Fé é mais que slogan Luterano!

12 de março de 2017
2º Domingo na Quaresma
Sl 121; Gn 12.1-9; Rm 4.1-8,13-17; Jo 3.1-17
Tema: A justificação pela Fé é mais que slogan Luterano.

Era dia 22 de março de 2016 quando recebi a visita de um ex aluno a quem tive a honra de lecionar no ano de 2014, quando substitui uma professora nas aulas de filosofia em uma escola estadual.
Durante as aulas, já que todos me conheciam e sabiam que era pastor, fizeram questões relacionadas a religião. Para não entrar “numa saia justa, já que fui advertido em não me ater no ensino religioso”, em uma das aulas no período vespertino, simplesmente respondi que não queria discutir determinado assunto, pelo mesmo não estar relacionado à matéria em questão. Apenas ressaltei que todos são salvos pela fé somente. Ressaltei que todos são justificados pela fé.
Assim, após dois anos, fui surpreendido pela visita desse ex aluno, o Ícaro. Naquela visita inesperada, Ícaro, veio me agradecer. E tamanha foi a minha surpresa quando o mesmo me agradeceu por ter enfatizado com tanta veemência que o pecador é justificado pela fé.
O Ícaro se confessou cristão, mas ressaltou que a partir da descoberta de que o pecador é justificado pela fé, passou a ser um cristão completamente diferente.
Na conversa, muito agradável, o Ícaro sorridente afirmou: obrigado professor, por ter me libertado de um sistema religioso opressor.
Deus age pela Palavra para libertar seus filhos e filhas. A mensagem libertadora é a mensagem da justificação pela fé, assim como confessado por Habacuque, Paulo, Ícaro, ...
A justificação pela fé é mais que um slogan luterano.
Ser justificado pela fé é a mensagem central das Escrituras.
O apóstolo Paulo ao ressaltar a justificação pela fé não estava trazendo um novo ensino, uma nova doutrina, ou até mesmo um slogan para o cristianismo que estava se espalhando entre os gentios.
A justificação pela fé é ensino de todas as páginas da Escritura Sagrada. Infelizmente, muitos distorceram e apagaram esse ensino.
O capítulo 4 de Romanos é fundamental sobre a questão da justificação pela fé.
No capítulo 4 da carta aos Romanos, o apóstolo Paulo aponta para dois personagens representativos do Antigo Testamento. Um deles é: Abraão.
Quem foi Abraão?
É o pai dos patriarcas. Abraão é “aquele que se submeteu”. Tem para o Islamismo valor idêntico ao do Cristianismo. Para os islâmicos, Abraão é o “protótipo do muçulmano”. Para o Cristianismo é o “exemplo de fé”. Abraão é considerado exemplo de fé, por ter sido o primeiro. Ele não tinha em quem se espelhar.
Observe que Abraão creu antes de ser circuncidado (Rm 4.11). A circuncisão foi um selo da justiça que havia sido obtida pela fé. Os sinais externos apresentam a nossa fé. Ao batizarmos uma criança, o fazemos na certeza de que pelo Batismo, Deus opera a fé e dá a remissão dos pecados.
Josué (Js 24.2), relata que Abraão viveu numa família que havia servido a outros deuses. Mesmo assim, em meio a um panteão de deuses, Abraão ouviu a voz de Deus e confiou em sua promessa: “de ti farei uma grande nação” (Gn 12.2; Gl 3.29). Deus chamou Abrão por graça. Não havia nenhum mérito em sua pessoa.
Moisés em seus relatos, principalmente em Gênesis (Gn 12), não ressalta as qualidades de Abrão, apenas enfatiza que Deus disse: “Sai da tua terra, ... e vai para uma terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação...” (Gn 12.1,2). Ou seja, Moisés enumera que a história da humanidade estava entrando numa nova etapa. De uma sociedade imersa no pecado, para um povo escolhido por Deus. Um povo através do qual Deus enviaria o salvador do mundo. A bênção de Deus anunciada a Abraão apresenta como seria destruída a maldição do pecado. O apóstolo Paulo interpreta essa promessa como sendo o evangelho dado à Abraão (Gl 3.8) e a todos os gentios. O evangelho anunciado por Deus a Abraão, é o mesmo evangelho anunciado pelo apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos capítulo 4.
O capítulo 4 de Romanos é fundamental sobre a questão da justificação pela fé.
Além de Abraão, Paulo na carta aos Romanos, capítulo 4, fala sobre outro personagem representativo do Antigo Testamento: Davi.
Quem foi Davi?
Davi foi o principal rei de Israel. Assim como Abraão, Davi é importante para o judaísmo, cristianismo e islamismo. Na Bíblia Sagrada, Davi é um dos personagens mais importantes, da sua linhagem, nasceu Jesus Cristo. A história de Davi é registrada em mais de sessenta capítulos. No Novo Testamento há cerca de sessenta referências a Davi. Davi foi chamado de o “homem segundo o coração de Deus” (1Sm 13.14; At 13.22).
Mesmo sendo um homem segundo o coração de Deus, sua vida foi marcada por graves e terríveis pecados, mas, o perdão e a graça de Deus o manteve firme até o fim. Davi, assim como havia sido com Abraão, vivia na e pela fé.
O que significa ser justificado pela fé? Significa ter recebido justiça mesmo sendo culpado. Deus imputa, credita justiça a quem não merece. Diante da certeza desse crédito de justiça, o apóstolo Paulo pergunta aos romanos em sua epistola: “O que diremos que Abraão ganhou por seus poderes naturais, sem o acréscimo da graça de Deus?” (Rm 4.1). A resposta é dada pelas Escrituras em Gênesis 15.6, “pela fé, Deus computou, depositou na conta de Abraão sua justiça” (Rm 4.3). 
Deus decidiu reconhecer e considerar como justiça unicamente a de Cristo. A fé é o meio que recebe, abraça e segura a Cristo com sua justiça. Ao anunciar que a fé recebe, abraça e retém a Cristo é que torna o cristianismo diferente do Islamismo, Judaísmo, e tantas outras religiões.
O termo “imputado” do grego “logizomai”, significa que algo foi creditado na conta de alguém. Creditar o salário ao trabalhador é um direito. Na questão da salvação, creditar justiça a alguém é algo sem merecimento, é pura graça. Deus “credita a justiça”.
Deus não exige nada do ser humano, Ele apenas convida a crer. Deus apenas diz ao pecador: apegue-se ao que lhe é oferecido e você terá o que lhe é oferecido. A fé é esse apegar.
A fé é o meio pelo qual Deus nos declara justos. Pela fé, Deus computa aos pecadores a justiça como sendo seu salário merecido.
Em resumo: Em Romanos 4, o apóstolo Paulo anuncia que Deus não computa pecado aos pecadores, embora tenham pecado, e computa justiça, embora o pecador não seja justo. O que torna o pecador justo é a fé que o faz receber a justiça de outro (Fp 3.8-9).
O apostolo Paulo na carta aos Romanos, capítulo 3 e 4, ensina que o pecador se torna justo diante de Deus, por causa de Cristo Jesus, mediante a fé, quando se crê que Cristo padeceu pelo pecador e que por sua causa os pecados são perdoados.
A justiça de Deus é alcançada a todos os descendentes de Abraão não pela lei, mas mediante a fé (Rm 11.6). 
Para estender essa fé, além de instituir o ministério da proclamação, Deus concede a igreja à boa notícia do evangelho e os sacramentos. Assim sendo, nossa função e serviço é anunciar o evangelho e repartir os sacramentos, pois, por meio do evangelho e dos sacramentos, Deus concede o Espírito Santo, e o Espírito Santo acende a fé nas pessoas e por meio da fé salvar as pessoas. Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann


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