12 de março de 2017
2º Domingo na Quaresma
Sl 121; Gn 12.1-9; Rm 4.1-8,13-17; Jo 3.1-17
Tema: A justificação pela Fé é mais que slogan Luterano.
Era dia 22 de março de 2016 quando recebi
a visita de um ex aluno a quem tive a honra de lecionar no ano de 2014, quando
substitui uma professora nas aulas de filosofia em uma escola estadual.
Durante as aulas, já que todos me
conheciam e sabiam que era pastor, fizeram questões relacionadas a religião.
Para não entrar “numa
saia justa, já que fui advertido em não me ater no ensino religioso”,
em uma das aulas no período vespertino, simplesmente respondi que não queria
discutir determinado assunto, pelo mesmo não estar relacionado à matéria em
questão. Apenas ressaltei que todos são salvos pela fé somente.
Ressaltei que todos são justificados pela fé.
Assim, após dois anos, fui surpreendido
pela visita desse ex aluno, o Ícaro. Naquela visita inesperada, Ícaro, veio me
agradecer. E tamanha foi a minha surpresa quando o mesmo me agradeceu por ter enfatizado com
tanta veemência que o pecador é justificado pela fé.
O Ícaro se confessou cristão, mas
ressaltou que a partir da descoberta de que o pecador é justificado pela fé,
passou a ser um cristão completamente diferente.
Na conversa, muito agradável, o Ícaro
sorridente afirmou: obrigado professor, por ter me libertado de um sistema
religioso opressor.
Deus age pela Palavra para libertar seus
filhos e filhas. A mensagem libertadora é a mensagem da justificação pela fé,
assim como confessado por Habacuque, Paulo, Ícaro, ...
A justificação pela fé é
mais que um slogan luterano.
Ser justificado pela fé é a mensagem
central das Escrituras.
O apóstolo Paulo ao ressaltar a
justificação pela fé não estava trazendo um novo ensino, uma nova doutrina, ou
até mesmo um slogan para o cristianismo que estava se espalhando entre os
gentios.
A justificação pela fé é ensino de todas
as páginas da Escritura Sagrada. Infelizmente, muitos distorceram e apagaram
esse ensino.
O capítulo 4 de Romanos é fundamental sobre
a questão da justificação pela fé.
No capítulo 4 da carta aos Romanos, o
apóstolo Paulo aponta para dois personagens representativos do Antigo
Testamento. Um deles é: Abraão.
Quem foi Abraão?
É o pai dos patriarcas. Abraão é “aquele que se
submeteu”. Tem para o Islamismo valor idêntico ao do Cristianismo.
Para os islâmicos, Abraão é o “protótipo do muçulmano”. Para o Cristianismo é o “exemplo de fé”.
Abraão é considerado exemplo de fé, por ter sido o primeiro. Ele não tinha em
quem se espelhar.
Observe que Abraão creu antes de ser
circuncidado (Rm 4.11). A circuncisão foi um selo da justiça que havia sido
obtida pela fé. Os sinais externos apresentam a nossa fé. Ao batizarmos uma
criança, o fazemos na certeza de que pelo Batismo, Deus opera a fé e dá a
remissão dos pecados.
Josué (Js 24.2), relata que Abraão viveu
numa família que havia servido a outros deuses. Mesmo assim, em meio a um
panteão de deuses, Abraão ouviu a voz de Deus e confiou em sua promessa: “de ti farei uma
grande nação” (Gn 12.2; Gl 3.29). Deus chamou Abrão por graça. Não
havia nenhum mérito em sua pessoa.
Moisés em seus relatos, principalmente em
Gênesis (Gn 12), não ressalta as qualidades de Abrão, apenas enfatiza que Deus
disse: “Sai
da tua terra, ... e vai para uma terra que te mostrarei; de ti farei uma grande
nação...” (Gn 12.1,2). Ou seja, Moisés enumera que a história da
humanidade estava entrando numa nova etapa. De uma sociedade imersa no pecado,
para um povo escolhido por Deus. Um povo através do qual Deus enviaria o
salvador do mundo. A bênção de Deus anunciada a Abraão apresenta como seria destruída
a maldição do pecado. O apóstolo Paulo interpreta essa promessa como sendo o
evangelho dado à Abraão (Gl 3.8) e a todos os gentios. O evangelho anunciado
por Deus a Abraão, é o mesmo evangelho anunciado pelo apóstolo Paulo em sua carta
aos Romanos capítulo 4.
O capítulo 4 de Romanos é fundamental sobre
a questão da justificação pela fé.
Além de Abraão, Paulo na carta aos
Romanos, capítulo 4, fala sobre outro personagem representativo do Antigo
Testamento: Davi.
Quem foi Davi?
Davi foi o principal rei de Israel.
Assim como Abraão, Davi é importante para o judaísmo, cristianismo e islamismo.
Na Bíblia Sagrada, Davi é um dos personagens mais importantes, da sua linhagem,
nasceu Jesus Cristo. A história de Davi é registrada em mais de sessenta
capítulos. No Novo Testamento há cerca de sessenta referências a Davi. Davi foi
chamado de o “homem
segundo o coração de Deus” (1Sm 13.14; At 13.22).
Mesmo sendo um homem segundo o coração
de Deus, sua vida foi marcada por graves e terríveis pecados, mas, o perdão e a
graça de Deus o manteve firme até o fim. Davi, assim como havia sido com
Abraão, vivia na e pela fé.
O que significa ser justificado pela fé?
Significa ter recebido justiça mesmo sendo culpado. Deus imputa, credita justiça a quem não merece. Diante da
certeza desse crédito de justiça, o apóstolo Paulo pergunta aos romanos em sua
epistola: “O
que diremos que Abraão ganhou por seus poderes naturais, sem o acréscimo da
graça de Deus?” (Rm 4.1). A resposta é dada pelas Escrituras em
Gênesis 15.6, “pela
fé, Deus computou, depositou na conta de Abraão sua justiça” (Rm
4.3).
Deus decidiu reconhecer e considerar
como justiça unicamente a de Cristo. A fé é o meio que recebe, abraça e segura a Cristo
com sua justiça. Ao anunciar que a fé recebe, abraça e retém a Cristo é que
torna o cristianismo diferente do Islamismo, Judaísmo, e tantas outras
religiões.
O termo “imputado” do grego “logizomai”,
significa que algo foi creditado na conta de alguém. Creditar
o salário ao trabalhador é um direito. Na questão da salvação, creditar justiça
a alguém é algo sem merecimento, é pura graça. Deus “credita a justiça”.
Deus não exige nada do ser humano, Ele
apenas convida a crer. Deus apenas diz ao pecador: apegue-se ao que lhe é oferecido e você terá o que lhe é oferecido.
A fé é esse apegar.
A fé é o meio pelo qual Deus
nos declara justos. Pela fé, Deus computa aos pecadores a justiça como sendo
seu salário merecido.
Em resumo: Em Romanos 4, o apóstolo Paulo anuncia que Deus não computa
pecado aos pecadores, embora tenham pecado, e
computa justiça, embora o pecador não
seja justo. O que torna o pecador justo é a fé que o faz receber a
justiça de outro (Fp 3.8-9).
O apostolo Paulo na carta aos Romanos,
capítulo 3 e 4, ensina que o pecador se torna justo diante de Deus, por causa
de Cristo Jesus, mediante a fé, quando se crê que Cristo padeceu pelo pecador e
que por sua causa os pecados são perdoados.
A justiça de Deus é alcançada a todos os
descendentes de Abraão não pela lei, mas mediante a fé (Rm 11.6).
Para estender essa fé, além de instituir
o ministério da proclamação, Deus concede a igreja à boa notícia do evangelho e
os sacramentos. Assim sendo, nossa função e serviço é anunciar o evangelho e
repartir os sacramentos, pois, por meio do evangelho e dos sacramentos, Deus
concede o Espírito Santo, e o Espírito Santo acende a fé nas pessoas e por meio
da fé salvar as pessoas. Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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