segunda-feira, 11 de julho de 2016

A melhor parte não nos será tirada!

17/07/2016

9º Domingo após Pentecostes

Sl 27.(1-6)7-14; Gn 18.1-10a(10b-14); Cl 1.21-29; Lc 10.38-42
Tema: A melhor parte não nos será tirada!

       A primeira vista, o texto (Lucas 10.38-42) simplesmente apresenta duas mulheres. Uma sempre ocupada e incansável no trabalho doméstico. Outra um pouco despreocupada.
        Você se assemelha a qual dessas duas mulheres? Se preocupa com a limpeza e se esquece de tratar bem o visitante, ou se ocupa e se preocupa com o visitante e a limpeza fica para depois.
       Por um breve momento Jesus deixa seus discípulos seguindo viagem rumo a Jerusalém. Jesus permanece na pequena vila de Betânia, cerca de 3 km antes de Jerusalém. Em Betânia conhece a família de três irmãos: Lázaro, Maria e Marta.
        O evangelista Lucas não apresenta o irmão Lázaro, sabemos dele por outros relatos. Lucas apenas se fixa, nesse primeiro contato entre Jesus e as duas irmãs.
       Quando se vai a uma casa onde moram duas mulheres (Exemplo: mãe e filha), é comum que, enquanto uma dá as honras da casa, a outra arrume um lanche para a visita.
      A hospitalidade é uma característica cristã e recomendada pela Bíblia. A hospitalidade era tida como dever sagrado. Entre os cristãos chegou a ser um importante vínculo, tanto pela proteção que se oferecia ao visitante, bem como as oportunidades de estímulo mútuo e companheirismo. Por isso, as Escrituras dão muito destaque a hospitalidade, tais como: “Não negligencieis a hospitalidade, pois, alguns praticando-a, sem saber acolheram anjos” (Hb 13.2) e: “compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade;” (Rm 12.13) também: “sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração” (1Pe 4.9).
      Assim, num primeiro momento pode-se compreender a reação de Marta, ela “estava ocupada com todo o trabalho da casa...” (Lc 10.40). Marta não compreendia a atitude de Jesus em ver Maria aos seus pés ouvindo seus ensinos, enquanto que que ela trabalhava sozinha para lhe oferecer uma boa recepção.
      Na expectativa de estar agindo corretamente, partindo do pressuposto da hospitalidade, da recepção calorosa de cuidado e boa alimentação, Marta se indignou com Jesus. Em seu íntimo, acredito que pensava consigo mesma: “Que Jesus é esse? Sabe que a hospitalidade é um dever sagrado e não diz nada para minha irmã vir me ajudar”.
      Marta, inquieta com a postura de Jesus e da sua irmã Maria que estava se aproveitando da situação, já que o visitante não lhe repreendia quanto a falta de hospitalidade, resolve externar sua indignação: “Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena lhe, pois, que venha ajudar-me” (Lc 10.40).  

    É complicado ter que se meter em briga familiar. No entanto, Jesus com muito amor e compreensão não reprova a atitude hospitaleira de Marta, na verdade, reprova a sua “inquietação”.
       Por mais que Marta estivesse se esforçando para ser hospitaleira e receber bem a Jesus, no seu íntimo estava “chateada”. E a chateação se devia ao fato de que Maria ouvia Jesus e ela, agitava-se, preparando tudo com muito carinho.
       Diante da indignação de Marta, Jesus, ao repetir seu nome duas vezes, quer lhe mostrar o quanto a amava. Ele não estava desprezando Marta por deixa-la trabalhar sozinha. O fato é que Marta havia se deixado levar pela agitação do dia-a-dia.
       Ao dizer “Marta! Marta!...”, Jesus desejava tocar seu coração para aquilo que de fato era importante e necessário naquele momento.
         “Marta! Marta!...”, é uma censura de Jesus devido a divisão de mente. Ou seja, Marta, você pode até estar ocupada nos afazeres domésticos tentando me recepcionar da melhor maneira, mas não sabe o que fazer. Não sabe se faz seus afazeres, ou se, ouve as palavras que eu estou transmitindo à Maria.
         “Marta! Marta!...”, é uma a censura suave e amorosa. Jesus ama Marta e quer a sua salvação. O problema é que Marta estava fora do lugar, ou seja, inquieta, chateada, etc.
         Ao dizer “Marta! Marta!...”, Jesus ressalta que por mais que Marta esteja tentando demonstrar e valorizar seu amor e carinho por Jesus pela hospitalidade, ainda lhe falta algo. O que será que falta para Marta? Jesus não responde. No entanto, a julgar pelo texto (Lc 10.38-42), pode-se concluir que Maria optou em não se deixar distrair com nada naquele momento. Ocupou-se apenas de uma coisa: ouvir a mensagem de Jesus. Enquanto que Marta queria fazer tudo ao mesmo tempo, Maria, aos pés de Jesus, ocupava-se de apenas uma: das palavras de Jesus.
         Maria estava tão convicta que as palavras de Jesus era a melhor parte que nem sequer o fato de sua irmã tê-la repreendido, a ponto de falar com Jesus sobre a situação, a fez desistir de ouvir a Palavra de Jesus.
         Ao ouvir as palavras de Jesus, Maria encontrou paz e descanso, e é justamente essa paz e esse descanso a parte que “não lhe será tirada” (Lc 10.42).
         Ao dizer “Marta! Marta!...”, Jesus convida. Venha Marta, fique com a melhor parte, ou seja, descanse sua alma e seu coração em minhas palavras. Não fique ocupada e distraída com coisas também importantes, mas que apenas te afligem. Ocupe-se daquilo que de fato vai te tranquilizar: a minha palavra.
         Lucas que tem como objetivo mostrar Jesus como aquele que foi enviado por Deus para resgatar o homem do seu maior drama humano, apresenta o maravilhoso convite feito por Jesus a Marta. Convite esse que continua sendo feito a muitos nós. O Marta, Marta, pode facilmente ser substituído pelo nosso nome. Jesus deseja a nossa salvação e por isso, não quer que devido a coisas também importantes e necessárias nesse mundo, fiquemos desatentos aquilo que de fato é necessário.
         Após receber esse maravilhoso convite da parte de Jesus. Houve outros episódios entre Jesus, Maria, Marta e Lázaro. O apóstolo João no evangelho que leva seu nome, relata que meses antes de ser crucificado, Jesus ressuscitou Lázaro (João 11.38-44). Nesse relato Marta se apresenta confiante e tranquila a ponto de ter confessado: “...eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo” (Jo 11.27).
         O convite amoroso de Jesus continua sendo feito: ...! ...! Andas inquieto e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa. Ouvir a Palavra de Jesus. Amém!

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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