segunda-feira, 4 de julho de 2016

Jesus, o bom samaritano!

10/07/2016

8º Domingo após Pentecostes

Sl 41; Lv (18.1-5) 19.9-18; Cl 1.1-14; Lc 10.25-37
Tema: Jesus, o Bom Samaritano.

         O texto do evangelho de Lucas 10.25-37 traz um diálogo entre um metre da lei e Jesus. Um diálogo onde se aprende pela postura do mestre da lei, o quanto o ser humano é mesquinho, soberbo e ignorante na questão da salvação.
           Relembremos o diálogo:
      O mestre da lei perguntou a Jesus: - Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
         Ao que Jesus respondeu com outra pergunta: - Que está escrito na lei? Como interpretas?
         O mestre da lei, conhecedor de toda a lei, respondeu: - Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
     Jesus, conhecedor do coração humano, respondeu: Respondeste corretamente; faze isto e viverás.
         O mestre da lei, que havia sido atingido em seu egoísmo e orgulho, perguntou: Quem é o meu próximo?
        Nesse diálogo me chama a atenção que o intérprete da lei conhece a lei, mas, não sabe da prática da lei. “Quem é o meu próximo?
         Essa pergunta revela toda a soberba do mestre da lei. Ele responde que a lei prescreve o amor a Deus e ao próximo. No entanto, sua pergunta é somente sobre “Quem é próximo?” Como mestre da lei julgava-se alguém conhecedor de quem era Deus. A pergunta sobre quem era o seu próximo parece indicar que o mestre da lei sabia quem era Deus. Sua pergunta não foi “Quem é Deus?” ou “Como é Deus?
         Mas, o mestre da lei não sabia quem era Deus, no sentido de como era Deus. O mestre da lei não conhecia a misericórdia e o amor de Deus. O intérprete da lei, bem como todos os intérpretes da lei, cometem o mesmo equívoco, imaginam obter a vida eterna por meio do cumprimento da lei. E pela de acordo com a lei, aquele intérprete queria saber quem era o seu próximo. Ele não queria falhar de maneira nenhuma no cumprimento da lei.
         O diálogo entre o intérprete da lei e Jesus é riquíssimo. Traz muitos ensinamentos e num sermão apenas não se consegue esgotar o assunto. Mas, o pouco que aprender, já será em si, um enorme aprendizado.
         Um dos objetivos de Lucas era apresentar Jesus, sua vida, suas atividades, as características pessoais, em meio à multiplicidade de situações religiosas, políticas e sociais em que se desenvolve o drama humano.
         E todo drama humano é justamente saber “o que fazer para herdar a vida eterna?
         A pergunta de Jesus “o que está escrito na lei? Como interpretas?” visa uma reflexão para que o intérprete chegue a uma resposta satisfatória. Afinal, saber o que está escrito na lei, muitos sabem, mas a questão chave é: “como interpretas?
         Bem, os intérpretes da lei afirmam que, viverá aquele que viver segundo a lei. Durante o mês de junho, tivemos o privilégio de ouvir e acompanhar a interpretação da epístola de Paulo aos Gálatas. Essa epístola ensina que “todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. É evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3.10-11). 
       Ninguém consegue cumprir a lei! Ao observar essa verdade, o intérprete que dialogou com Jesus, querendo se justificar, pergunta: “Quem é o meu próximo?” Uma pergunta que expressa, “perdoe-me Senhor, se eu estou equivocado, mas, se estão agindo contra a lei é porque ela não me diz quem é o meu próximo”.
         Os samaritanos é um povo cuja origem é uma mistura de povos da Assíria e outras regiões com os israelitas. Essa mistura, os samaritanos, desejaram se unir aos judeus quando esses voltaram do exilio babilônico, mas Zorobabel e Neemias não concordaram (Ed 4.2-3; Ne 2.19-20). Desse exato momento em diante a inimizade entre os samaritanos, mistura de israelitas com povos da Assíria e outras regiões, e os judeus se tornou evidente.
         Jesus também sentiu na própria pele a rejeição. Foi rejeitado pelos samaritanos seis meses antes de sua crucificação (Lc 9.52-53). Uma inimizade entre povos que ultrapassou séculos. Há um dito popular que reza: “Rejeição gera rejeição!” Notícias de terrorismo revelam a rejeição retribuída com rejeição.
         Jesus foi rejeitado, por samaritanos (Lc 9.52-53) e por judeus (Jo 1.11). Mas, não agiu com indiferença e rejeição.
         A pergunta de Jesus “o que está escrito na lei? Como interpretas?” era conhecida por Jesus. Ele sabia que tanto a interpretação dos judeus de amor ao próximo bem como a prática desse amor se estendia apenas aos israelitas e estrangeiros estabelecidos em Israel. Mesmo assim se vangloriavam de cumprir a lei.
         A pergunta de Jesus “o que está escrito na lei? Como interpretas?” visa revelar a todos que o rigor e a hipocrisia do supostamente cumprimento da lei apenas os estava afastando de Deus. A pergunta sobre quem seria seu próximo já mostrava o não cumprimento da lei. Mas, acima disso, revela que no seu íntimo, não conheciam a Deus.
         Enquanto que o intérprete da lei tinha como objetivo apenas se vangloriar, Jesus o conduz a reflexão de que não cumpriam a lei de fato e de verdade. O mestre da lei desejava ser elogiado por Jesus como alguém que de fato conhecia e vivia de acordo com a lei. Mas, a sua interpretação estava equivocada e Jesus mostrou a ele que estava sendo maldito, pois “...Maldito aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las...” (Gl 3.10).
            Lucas, o médico, ao apresentar Jesus para Teófilo deseja mostrar que o Salvador veio para resolver o maior drama humano: “O que fazer para herdar a vida eterna?”.
         Essa pergunta continua sendo feita por milhares de pessoas. Para essas, Jesus responde com outra pergunta: “O que está escrito na Lei? Como interpretas?” E o livro da lei responde: “Santo sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). Explico: só pode ser santo quem conhece o Deus santo. Sem ser filho ou filha de Deus, não há possibilidade de ser santo. As palavras da Lei são ditas aos filhos redimidos de Deus. Ou seja, aqueles que haviam passado pela libertação da escravidão do Egito. Como filhos livres, viveriam sua liberdade em todos os lugares e em todas as situações e com qualquer pessoa.
          A lei não me salva, a lei me conduz a minha real situação: Pecador perdido e condenado. Diante dessa constatação é preciso que a boa notícia do evangelho a qual anuncia que “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl 3.13), seja proclamada.
      Jesus é o bom samaritano que veio ao nosso encontro. A lei pronunciada pelo sacerdote e pelo levita não foram capazes de levá-los a socorrer o necessitado que fazia parte do seu povo e que conforme a lei deveria ser socorrido. Veio alguém odiado, rejeitado que cumpriu lei em lugar daqueles que a deveriam cumprir.
         Em Jesus fomos socorridos por Deus, “...Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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