26 de junho de 2016
Sl 16; 1Rs 19.9-21; Gl 5.1,13-25; Lc
9.51-62
Tema: Qual é o segredo da IELB para chegar aos 112
anos?
É filho de uma mulher livre!
O
filme “12 anos de escravidão”,
ganhador de 12 oscar, mostra uma página obscura da história dos EUA. O filme
não só retrata a época da escravidão, mas a triste fatalidade que era nascer
como filho de uma escrava. Nascer de uma mulher escrava era a sentença para uma
vida sem liberdade, um vida de escravidão.
O
apóstolo Paulo, na sua carta aos Gálatas, também usa um fato real, a vida de
Abraão, para ilustrar a vida de uma pessoa livre.
No
trecho do capítulo 4, versículos 21-31 da carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo deseja
que seus leitores se reconheçam como filhos de uma mulher livre. Ou seja,
filhos da promessa, assim como foi Isaque.
Para
o apóstolo Paulo Sara e Agar não eram apenas pessoas na história. A verdade é
que elas prefiguravam realidades maiores na história da salvação.
O tema com respeito a verdadeira
liberdade é um conceito fundamental na epístola aos Gálatas.
A
história de Abraão e Sara era conhecida e repetida muitas vezes entre o povo de
Deus. Em pleno século XXI, o episódio que envolve Sara e Hagar precisa ser
lembrada, pois para muitos é uma história que já caiu no esquecimento. Tanto
Sara, quanto Abrão, tentaram resolver a sua maneira a promessa da descendência
que Deus havia feito à Abrão.
Deus
cumpriu a promessa, deu a Abraão e Sara o filho da promessa, quando a mesma
parecia impossível de ser concretizada. Isaque foi o filho da promessa. Deus
cumpre suas promessas a seu modo e seu tempo. O próprio apóstolo Paulo
registrou que “vindo,
porém a plenitude do tempo, ...” (Gl 4.4). Ou seja, tudo é realizado
no tempo designado por Deus.
Paulo
relembra o episódio dos filhos de Hagar e Sara para transmitir aos judeus, que
por causa da lei se consideravam descendentes espirituais de Abraão, que devido
a lei, eles eram escravos. Afinal, confiavam na lei e não na promessa.
Os
crentes em Jesus Cristo são descendentes espirituais de Sara, ou seja, são
verdadeiramente livres: “Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão”
(Gl 3.7).
“Os da fé” – os que creem em Jesus Cristo. Esses
são filhos da promessa, são livres. E a esses filhos da mulher livre,
descendentes de Sara, são convidados a “Permanecer, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a
jugo de escravidão” (Gl 5.1).
Será que é
necessária a admoestação para uma vida livre ao filho que é livre? Sim! Mesmo em Cristo, o velho homem, a natureza pecaminosa,
continua fazendo parte da vida do ser humano.
Mesmo
que eu seja o filho da mulher livre, o filho da promessa, o filho de Deus pela
fé e por viver pela fé e sob a graça de Deus, infelizmente, sou facilmente
conduzido a viver sob a orientação da lei.
Infelizmente,
sou constantemente tentado a agir como muitos entre os Gálatas. Ou seja, deixar
de viver a verdadeira liberdade conquistada e dada a mim por Cristo e me apegar
as supostas conquistas da lei. Infelizmente o nome “evangélico” se tornou sinônimo de alguém que supostamente cumpre a
lei exterior, ou seja, evangélico é aquele que não é idólatra, fumante,
alcoólatra, etc.
Evangélico
não deveria ser apresentado assim. A verdade é que o evangélico é aquele que é
chamado a viver como um filho livre. Como o filho da promessa. Aquele que vive
no perdão conquistado não por si mesmo, mas por Cristo Jesus. Assim como entre
os Galátas, corre-se o risco de passar a se considerar um cristão extraordinário
por causa da sua suposta vida piedosa e legalista.
“Para a liberdade
foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1).
Que
palavra poderosa!
O
filho de Deus, é o filho da mulher livre, ou seja, o filho da promessa. Esse
filho livre é aquele que vive sua vida na realização de boas obras como se não
tivesse conhecimento de nenhum preceito, de nenhuma ameaça e recompensa. O
filho livre é aquele que vive uma vida cristã de maneira natural, sem ameaça.
“Para a liberdade
foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1).
A
liberdade humana significa mudar as leis sem mudar o homem. Mas, ao dizer aos
Gálatas que “Para
a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1), o apóstolo Paulo
ensina que em Jesus Cristo homens são transformados sem que se mude a lei.
A
lei de Deus continua a mesma. Mas, ao escrever que “Para a liberdade foi que Cristo nos
libertou” (Gl 5.1), o apóstolo Paulo convida aos filhos da mulher
livre, os filhos da promessa, àqueles que vivem na fé, a continuar sua vida nessa
liberdade, ou seja, sem medo da lei que condena. Afinal, Jesus Cristo já
cumpriu a lei e nos libertou da necessidade do cumprimento da mesma como
requisito da salvação.
A dificuldade dos Gálatas e também a nossa
é confiar no "nada mais a cumprir"
para ser aceito por Deus. O “nada mais a fazer,
cumprir” ofende a religião natural do ser humano. A natureza
pecaminosa do ser humano sempre deseja "um
outro evangelho", uma alternativa de se conseguir conquistar o
que é dado e oferecido gratuitamente.
O único e doce Evangelho anuncia que “Para a liberdade
foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1), ou seja, não há
nada mais a cumprir para a salvação, tudo foi realizado em Jesus.
Ao escrever que “Para a liberdade foi que Cristo nos
libertou” (Gl 5.1), o apóstolo transmite o evangelho de que viver na
liberdade nada mais é do que viver na fé em Jesus Cristo.
A IELB completa em 2016 (24 de junho),
112 anos de proclamadora do evangelho no Brasil. Seu evangelho não é nada mais
do que o evangelho bíblico, que declara que todo aquele que vive pela fé é
filho da mulher livre. A IELB é uma igreja composta por filhos da mulher livre,
por filhos da promessa. Amém!
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
Bibliografia
Carl
Ferdinand W. Walther. A correta distinção entre lei e Evangelho. Concórdia e ULBRA, Porto Alegre e
São Leopoldo, RS, 2005. pp. 45, 140, 190, 206, 261, 271, 280, 304
IGREJA LUTERANA - NÚMERO 1 – 1998. Paulo
Moisés Nerbas. pp. 65 - 69
Martinho Lutero. Obras selecionadas, Vol. 10.
Interpretação do Novo Testamento: Gálatas e Tito. Ed. Sinodal,
Concórdia e Ulbra, São Leopoldo, Porto Alegre e Canoas, RS. 2008. pp. 474 - 523
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