23 de agosto de 2015
13º domingos após Pentecostes
Salmo 14; Isaias 29.11-19; Efésios 5.22-33; Marcos
7.1-13
Tema: Regimentos, Estatutos e Escritura!
O
mundo está atravessando uma verdadeira tempestade. Essa tempestade é dada pelo perda
e desapego de valores. Sem medir as consequências, grupos das mais variadas
siglas buscam resgatar ou eliminar valores humanos e éticos adquiridos ao longo
dos anos.
Em
minha opinião é urgente o
resgate de valores, não apenas humanos, mas especialmente espirituais.
Jesus
visa resgatar valores espirituais que os fariseus e escribas haviam perdido
devido a suas falsas interpretações, ou excessiva valorização das tradições e
regimentos humanos.
Os
fariseus e escribas haviam observado uma perda de valor cerimonial por parte
dos discípulos de Jesus. Os discípulos de Jesus estavam comendo sem lavar as
mãos.
Ao
observarem essa perda de valor cerimonial, os fariseus e escribas perguntam ao
mestre Jesus, pois segundo os fariseus e escribas o mestre Jesus devia estar
ensinando errado aos seus discípulos. Isso não podia acontecer, alguém
precisava ensinar Jesus. Assim, se aproximam de Jesus e dizem: “Por que é que os
seus discípulos não obedecem aos ensinamentos dos antigos e comem sem lavar as
mãos?” (Mc 7.5).
Ser
repreendido por uma pessoa mais velha é constrangedor, ainda mais, quando se
trata de perda de valores. Os discípulos de Jesus estavam escandalizando os
fariseus e escribas.
Os
fariseus viviam sob a autoridade de tradições passadas de geração à geração. As
tradições, ou seja, as interpretações feitas sobre a lei mosaica valiam mais
que as próprias Escrituras. Esse choque, a Escritura e suas interpretações de
acordo com a tradição judaica é confrontada por Jesus com as palavras: “Vocês arranjam
sempre um jeito de pôr de lado o mandamento de Deus, para seguir os seus
próprios ensinamentos” (Mc 7.9).
Jesus
não critica a Escritura, Jesus quer que os fariseus revejam se sua
interpretação escriturística vem de fato das Escrituras Sagradas ou visam
apenas ressaltar suas tradições e costumes.
As
interpretações apresentadas nas tradições dos fariseus, escribas e essênios
sufocavam a Escritura Sagrada. Jesus desejava e deseja que as Escrituras reformassem e reformem as
tradições, os costumes, os valores.
Todas
as instituições, sejam eclesiásticas ou seculares, precisam de regimentos e
estatutos. No entanto, uma pergunta é necessária: Qual é o limite das instituições com seus
estatutos e regimentos?
Se
os fariseus contemplavam em demasia os seus costumes através de uma
interpretação equivocada das Escrituras, pode-se dizer que na igreja o mesmo se
deu por ocasião da Idade Média. O catolicismo medieval asfixiou a Palavra de
Deus dentro do escolasticismo, que era uma tentativa de conciliar o pensamento
racional platônico aristotélico com as Escrituras. Diante disso, Deus levantou
Lutero que voltou seu olhar a verdadeira exegese bíblica. As Escrituras
voltaram a ser o centro e o limite dos estatutos e regimentos. As Escrituras
sempre estão acima, mesmo quando a tradição, os valores e a razão entrem em
choque.
Quando se fala sobre valores
humanos, é necessário lembrar que a igreja cristã está cercada pelo desejo de imposição
de novos valores e tradições. O valor e a tradição que está
sendo constantemente bombardeada é a família. Nesse bombardeio, a crítica é
para que as pessoas deixem de pensar na família como o modelo tido tradicional,
composto por homem e mulher. Lembre-se: a união entre homem e mulher não é
tradição ou costume, é, vontade de Deus.
Para
se proteger das ameaças impostas pela lei humana, a igreja, precisa se precaver
através de Estatutos e Regimentos. Mas, esses estatutos e regimentos não podem
superar a barreira da Escritura Sagrada. É a Escritura, o Evangelho que precisa
dar a última palavra, por isso, somos “evangélicos”.
Assim
como foi na época de Jesus, ainda hoje, muitas instituições eclesiásticas não
tem mais a Escritura Sagrada como autoridade suprema. Muitas ações dessas ditas
instituições eclesiásticas estão baseadas em seu falsa interpretação das
Escrituras.
Talvez
pensemos e quem sabe até oramos: “graças
a Deus que não somos como essas instituições”. No entanto, não há motivo
para glorificação pessoal. Ao constatar a realidade e o perigo de que podemos
destacar e valorizar os estatutos e regimentos, precisamos sempre de novo, voltar
as Escrituras Sagradas. Esse é o desafio! Essa é a constante urgência! Disse Jesus: “Vocês arranjam sempre um jeito de pôr de
lado o mandamento de Deus, para seguir os seus próprios ensinamentos”
(Mc 7.9).
A
questão não é apenas requerer o título de verdadeiro intérprete das Escrituras,
afinal, todos irão requerer o título. O fato e a verdade é que a Escritura tem
toda autoridade, pois, a Escritura interpreta a si mesma.
A
Escritura Sagrada é a nossa autoridade máxima. Que a mesma sempre elucide nossos
valores, nossas tradições, nossos costumes, regimentos e estatutos. Amém!
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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