14 de junho de 2015
3º Domingo após Pentecostes
Sl 1; Ez 17.22-24; 2Co 5.1-10; Mc 4.26-34
Tema: A porta de entrada de uma grande casa.
Cada
casa tem a sua porta de entrada. Dependendo o grau de amizade, é a entrada da
casa. Alguns entram pela porta dos fundos porque são conhecidos, outros nem
entram, por que são estranhos. E todos nós sabemos que para estranhos não se
pode abrir a casa.
O
Salmo 1 é “porta de entrada”
numa casa formada por 150 quartos. Cada
um dos salmos é uma oração. Nesse caso, é necessário e
importante que se abra a porta de entrada para que todos, conhecidos e
desconhecidos tenham acesso a essa casa denominada, casa dos salmos, com 150
quartos.
Toda
a construção dessa enorme casa, com 150 quartos, levou muitos séculos, vão
desde a época pré-exílica, passando por todo o tempo do cativeiro, até o
pós-exílio. Foi concluído somente no final do século III a.C.
Porque é tão importante e necessário que eu entre nessa
casa composta por 150 quartos? No
século XVI, Martinho Lutero afirmou que o livro dos Salmos “não coloca diante de nós somente a palavra dos santos, (...) mas também
nos desvenda o seu coração e o tesouro íntimo de suas almas”, onde
aprendemos a “falar com seriedade em meio a todos os tipos de
vendavais”, e que o saltério “faz promessa tão clara acerca da
morte e ressurreição de Cristo e prefigura o seu Reino, condição e essência de
toda a cristandade – e isso de tal modo que bem poderia ser chamado de uma
‘pequena Bíblia’”. Bonhoffer disse que “se em nossas igrejas
já não oramos os Salmos, então devemos incluí-los com mais afinco em nossas
meditações matutinas e vespertinas”. Na igreja antiga não era
incomum saber ‘o Davi todo’ de cor. Nas igrejas orientais isto era condição
para o exercício eclesiástico. Jerônimo, um dos pais da igreja, conta que na
sua época ouvia-se o cântico de Salmos nas lavouras e nos quintais. Os Salmos
marcavam a vida da jovem cristandade. Jesus Cristo morreu na cruz com a palavra
dos Salmos em seus lábios.
Deixar
de entrar nessa casa composta por 150 quartos, deixar de visitar cada quarto é
perder um tesouro inigualável.
Lutero
disse que “é muito benéfico ter palavras
prescritas pelo Espírito Santo, que homens piedosos podem usar em suas aflições”.
Por isso, a porta está aberta e é importante que ela não fique fechada, pois,
desconhecer a casa é desconhecer quem a construiu e o repouso que a mesma
oferece. O salmo 1 é belo, simpático e atual.
Afinal, com tantos escandâ-los, a pergunta é geral: “vale
a pena ser cristão? Honesto? Ir e estar na igreja?” O Salmo 1, a porta de entrada para uma
enorme casa, parece mostrar que o número de pessoas más é muito mais numeroso
que o número de pessoas boas, honestas, dedicadas a servir a Deus. Essas pessoas perversas, pecadoras e
zombadoras das coisas de Deus não são desconhecidas, elas fazem parte da
convivência social. Lembre-se que “pecador, perverso e zombador” são
denominadas como as pessoas que desfavorecem a comunidade cristã, são aqueles
que se comportam de maneira negativa, para desfavorecer o evangelho, Deus e a
igreja.
No
antigo Israel, bem como em todo o antigo oriente, não havia oposição entre a
vida profana e a vida religiosa da pessoa. O cristão era cristão em todos os
lugares, não apenas na igreja. A vida em sociedade era o reflexo da sua vida
cristã.
A
pergunta é geral: “vale
a pena ser cristão? Honesto? Ir e estar na igreja?” O salmo 1 faz uma crítica à
sociedade que parece ter mais malvados, perversos e pecadores e que todos agem
de forma planejada. Ou seja, os corruptos, corruptores, desonestos, ateus, etc, agem de forma
estratégica, consciente. E muitas dessas pessoas são os mais influentes
numa cidade.
O cristão, o honesto, o que vai
e atua na igreja, parece estar sozinho. Essa é a visão inicial do salmo.
Esse homem cristão, honesto e atuante na igreja parece ser um ser humano raro. No entanto, ao
entrar na casa, através do salmo 1 e visitar todos os outros 149 quartos, vê-se
que todos os cômodos foram preparados para abrigar, consolar e dar ânimo para
esse tipo de ser humano.
O
homem que parece ser raro, o cristão, o honesto, o que atua na igreja, não
apenas diz não e se opõe aos perversos e maldosos. Sua ocupação não é opor-se
ferozmente a esse tipo de gente, antes, seu prazer e sua felicidade está na “lei do Senhor”.
Enquanto
muitos se opõe à Palavra de Deus, aos ensinos de Deus, o homem que parece ser
raro, vive uma vida intensa de felicidade por meditar na lei do Senhor em todos
os momentos.
Ao
falar em “lei do Senhor” o salmista
destaca não a “lei” como algo proibitivo,
mas na “lei” como instrução.
Instrução libertadora.
Muitas
pessoas, ao longo da caminhada do povo de Deus, desistiram do projeto de Deus.
Essa desistência aconteceu devido aos seus interesses particulares.
Infelizmente, aquele que abandona o projeto de Deus, aquele que prefere viver
sob a proteção ou abrigo de outros quartos que não o do salmos, acabará se
tornando perverso, maldoso e irá se opor a tudo o que é de Deus.
Dois
tipos de pessoas e para esses dois tipos a porta de entrada dessa enorme casa,
os salmos são abertos. Uma é a pessoa perversa e má, que parece dominar o
dia-a-dia e parece se dar bem sob qualquer situação. Há também um homem, que
parece estar sozinho, o cristão, o honesto, o que atua na igreja, mas, que
segundo o salmista é feliz. Felicidade essa que não provêm das coisas desse
mundo, mas da libertação oferecida e dada por Deus em Jesus.
Pastor,
mas, eu não devo receber uma pessoa estranha na minha casa. Claro! Concordo,
afinal, não sabemos a sua intenção. Mas, as portas do evangelho, a primeira
porta, o Salmo 1, é a porta de entrada e todos são convidados a entrar por ela.
O
salmo 1 mostra no versículo 5 que os perversos e maldosos não irão prevalecer
no juízo e no versículo 6 apresenta a certeza do porque os cristãos tem futuro.
E justamente por causa desse convite, convite ao arrependimento e convite a
permanência na fé é que a porta da casa está aberta a todos.
O
salmista diz que aquele homem raro, que nesse mundo parece estar sozinho, no
final, não mais estará. Ele estará com uma grande multidão, a multidão dos
justos, dos salvos. Lembro-me das palavras de Jesus: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste
aprisco; ...” (Jo 10.16).
“o Senhor conhece
o caminho dos justos...” – pela escrita hebraica, essa frase indica
que é algo que vale para sempre. Conhecer significa comunhão íntima. Assim como
disse Jesus: “Eu
sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim”
(Jo 10.14). Os justos só são justos por serem conhecidos por Deus em Jesus, ou
seja, são acompanhados de forma preocupada e amável.
O
salmista não está ocupado com as pessoas perversas e más. Ele se ocupa com o
ensino do Senhor. Não nos cabe ficar ocupados com as maldades desse mundo.
Nossa ocupação precisa ser a “lei do
Senhor”. Pois, se ocupar com as maldades desse mundo e com os perversos,
correremos o risco de nos expor a cairmos em suas ciladas.
Deus
não deseja a condenação do perverso, por isso, permite lhe ter acesso a porta,
como disse Jesus: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo;
entrará, e sairá, e achará pastagem” (Jo 10.9). A porta continua
escancarada, mas infelizmente, outras portas parecem mais atrativas e
convidativas para que se entrem por elas.
Feliz
o homem que continua sua vida sob a graça de Deus em Jesus, afinal, “o evangelho
mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como
dizem as Escrituras Sagradas: “Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por
Deus”” (Rm 1.17). Amém!
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.