28 de junho de 2015
5º Domingo após Pentecostes
Sl 30; Lm 3.22-33; 2Co 8.1-9, 13-15; Mc
5.21-43
Tema: Esperança! Atitude no sofrimento!
Quantas
pessoas derramam suas lágrimas solitárias. Sofrem em silêncio. Muitas vezes,
não por opção, mas por não terem um ombro amigo onde chorar, ou alguém para
compartilhar a sua dor.
No
facebook há um aplicativo onde a pessoa pode expor o que está fazendo ou
sentindo. Entre os muitos sentimentos (alegre, sortudo, irritado, livre,
perplexo, etc), há o solitário e o sem esperança.
Quando
alguém diz publicamente que está sem esperança, é porque está atravessando uma
situação quase que insuportável.
Como se lida com o
sofrimento? Que tipo de oração se faz no sofrimento?
Uns
veem no sofrimento um meio de aproximação de Deus. Outros dizem que o
sofrimento prova a não existência de Deus, que Deus não é onipotente, nem
sequer bom.
O
povo de Israel, a cidade de Jerusalém, ficou sitiada por dois anos. Nesse
período a comida se tornou escassa, a ponto de muitas mães comeram a carne de seus
próprios filhos. Após esses dois anos, o exército da Babilônia entrou em
Jerusalém. Os soldados mataram pessoas, capturaram os ricos, destruíram a
cidade e o templo.
Esse
episódio assolador, fez com que o profeta Jeremias escrevesse um “canto fúnebre”,
o livro de Lamentações. Nesse “canto fúnebre” uma preciosa
lição é justamente a resposta sobre o que fazer em meio ao sofrimento.
Se naquela época houvesse facebook, toda a população de Jerusalém iria postar
que estava sem esperança, arrasado, triste, solitário.
A
atitude de muitas pessoas diante do sofrimento é recuar. Recuar dos amigos, dos
parentes, etc. Há muitos de recuam, abandonam a vida social e eclesiástica.
O que fazer no
sofrimento?
Deus
tem uma atitude bem diferente da dos seres humanos.
No
sofrimento, Deus está presente. Assim, lembre-se que todo aquele que sofre,
sofre na presença de Deus. O profeta Jeremias não reclamou com Deus, não se
voltou contra o povo, não se entregou a desesperança e a depressão. Ele sabia
que estavam sofrendo na presença de Deus.
O
profeta Jeremias em oração lembrou-se dos atos poderosos de Deus no passado. Assim,
em meio àquela situação, alimentou-se de esperança. A esperança da certeza da
presença de Deus.
Assim
como pelo aplicativo do facebook pessoas postam se sentindo “sem esperança”,
há os que vivem uma vida real “sem
esperança”.
O
profeta Jeremias traz a memória do povo de Deus vários eventos tristes que
aconteceram com Israel (Lm 1.1-3.20). Esses eventos estão cheios de desesperança.
Mas, após todo o cenário de desesperança que o povo estava vivendo, (Lm 3.21),
o profeta muda o rumo da conversa. O profeta Jeremias começa a falar sobre uma
mudança de atitude diante do sofrimento. “Quero trazer a memória o que me pode dar esperança”
(Lm 3.21).
A
situação externa não havia mudado. A cidade continuava destruída, possivelmente
ainda haviam corpos nos escombros e nas ruas, os que haviam sobrevivido
continuavam exilados. Mas, o profeta Jeremias não perde o foco na tragédia, na
angústia, no sofrimento. Ele volta seu olhar, sua lembrança naquilo que o
fartará de esperança, no amor de Deus. Jeremias pensa e fala das misericórdias
do Senhor.
O
profeta sabe que infelizmente muitos foram mortos e exilados, mas isso não
valida o fato de muitos quererem dizer que Deus não é bom, afinal, a verdade é
que “as
misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, ...”
(Lm 3.22) para sempre.
Deus
não permitiu que o seu povo fosse exterminado completamente, pois, tinha uma
promessa feita à Abraão que precisava ser cumprida: “...em ti serão benditas todas as famílias
da terra ...” (Gn 12.3). E justamente por esse motivo o profeta
Jeremias disse que “grande é a fidelidade de Deus” (Lm 3.23). E
sendo grande a fidelidade de Deus, há esperança mesmo em meio as piores
situações de sofrimento.
Devido
a fidelidade
de Deus, o profeta Jeremias confessa que mesmo que todos os bens
materiais tenham sido destruídos, “a minha porção é o Senhor” (Lm 3.24), por isso
havia esperança.
Quem
sofre, diz o profeta Jeremias, precisa constantemente lembrar-se de que “as misericórdias
do Senhor não tem fim”, e que “Deus é a porção necessária e suficiente”. Com
essa certeza, o povo estava sendo chamado a renovar sua esperança em meio a
desesperança. Por pior que seja a devastação, Deus “usará de compaixão segundo a grandeza das
suas misericórdias; porque não aflige, nem entristece de bom grado os filhos
dos homens” (Lm 3.32-33).
A
atitude no sofrimento é olhar e ver que temos Deus que está na nossa presença. O
apóstolo Paulo sabia dessa lição, por isso, escreveu: “Pensai nas coisas lá do alto, não que são
aqui da terra” (Cl 3.2).
A
pior alternativa no sofrimento é fixar o olhar e prender o pensamento e a vida
apenas nas coisas aqui da terra. No sofrimento é necessário acalmar o coração
na certeza dada por Deus: “a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na
fraqueza” (2Co 12.9).
O
profeta Jeremias estava vivendo dias na presença daqueles que ficavam vegetando
sem rumo e sem sentido numa cidade completamente destruída. Qual é a atitude do
profeta? Ele fala sobre seus sentimentos a Deus e lembra de Deus,
pois em situações bem piores, Deus foi o socorro e a proteção. E com certeza será
assim nesse momento.
Quando choro, sou levando a usar lenço. Quando lamento, sou levado a
esperança nos bons momentos.
É
necessário lembrar, antes de terminar a pregação, que o ponto não está no
tamanho da minha fé. Pois, a fé na esperança não é obra humana, mas milagre de
Deus em nossas vidas. No sofrimento, é preciso me lembrar das manifestações da
graça de Deus em minha vida. A primeira é que quando nasci, mesmo meus pais me
chamando de anjo, “estava perdido e
condenado”. Deus veio ao meu encontro pelo Batismo e me tornou seu filho
redimido.
A
vida de um cristão não é uma vida de mar de rosas, se for, nada-se mais entre
os espinhos. E nadando entre os espinhos, por mais dolorosos que sejam, “quero que isto
chegue até o mais íntimo do meu ser e tome conta de mim totalmente”
(Lm 3.21), “as
misericórdias de Deus não tem fim; renovam-se a cada manhã” (Lm
3.22-23). Amém!
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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