05 de julho de 2015
6º Domingo após Pentecostes
Salmo 123; Ezequiel 2.1-5; 2Coríntios
12.1-10; Marcos 6.1-13
Tema: Chamados, enviados e animados por amor!
O
relato do chamado do profeta Ezequiel traz uma preciosa lição para nossos dias.
E antes de aprendê-las, é necessário lembrar que esse período (593-571 a.C.) foi
terrível e extremamente difícil para o povo de Deus.
Tanto
a cidade de Judá bem como a de Jerusalém havia sido destruída. O templo foi
incendiado e milhares do povo de Deus foram exilados para a Babilônia (2Rs
25.1-21).
O
ditado popular “nada
é tão rim quanto parece” se aplica bem a situação do povo de Deus nesse
período da história. Afinal, mesmo diante de toda essa calamidade, o maior
risco que o povo de Deus corria era perder a sua identidade como povo de Deus,
herdeiros de uma promessa.
Mesmo
que exilados, na Babilônia, o povo de Deus desfrutava de uma relativa liberdade
que lhes permitia formar família, trabalhar, negociar, criar riqueza e,
inclusive, alcançar cargos importantes. Um exemplo é o profeta Daniel.
O
profeta Ezequiel havia sido chamado e enviado por Deus para manter vivo entre
os judeus exilados o desejo pelo retorno a terra santa, a cidade de Deus.
Afinal, o povo de Deus poderia facilmente ser seduzido pelos atrativos da
Babilônia, que era o mais brilhante centro político e cultural de todo o
Oriente Médio (Sl 137).
Por
ser de família sacerdotal, enquanto se preparava para ser sacerdote, Ezequiel
foi levado prisioneiro à Babilônia (Ez 1.1). Recebeu seu chamado na Babilônia e
foi o primeiro profeta a atuar fora das terras de Israel. Sua missão não foi
fácil, pois, não era comum um profeta de Deus fora da terra santa. Ezequiel foi
o profeta dos exilados. O profeta dos que estavam fora da terra santa, ou seja,
daqueles que conforme pensamento da época, estavam sem Deus. E para esse povo a
mensagem que o profeta havia sido chamado e enviado para proclamar era quanto a
futura restauração de Israel. Com essa mensagem, o povo era convidado a não se
contaminar e nem se vislumbrar com a bela Babilônia.
Ezequiel
foi chamado através de visões reveladas por Deus. Essas visões apresentaram a
mensagem a ser proclamada. As visões tem um único objetivo. De maneira nenhuma as
visões visam vangloriar a pessoa que as recebeu. As visões prestam serviço a
Deus (Ez 2; 2Co 12). Por isso, o apóstolo Paulo não se gaba de suas visões (2Co
12.1,7).
Humanamente
falando, Ezequiel estava se preparando para servir no Templo, na terra santa,
mas, Deus em sua graça e misericórdia, o chama e o envia para servi-lo fora do
Templo e fora da terra santa.
Esse
chamado e envio do profeta Ezequiel traz lições necessárias e urgentes para a
igreja do século XXI.
Primeira lição:
1 – “Filho do homem”
Foi assim que Deus chamou Ezequiel. O que isso
significa? Significa que o ser humano é criatura de Deus. Essa
expressão aparece 87 vezes em todo o livro do profeta Ezequiel. Nessas
ocorrências, a expressão “filho do homem” significa que tanto o profeta como
cada qual de nós é de natureza pecaminosa. Assim, está se sujeito aos mais
variados pecados e as muitas quedas diante das tentações.
Ao
dizer “filho do homem” Deus lembra ao profeta e o povo que está
exilado o perigo da sujeição à fascinação da Babilônia. O exilio não estava
acontecendo por falta de Deus, mas por causa das inúmeras fascinações as quais
seus pais se deixaram fascinar. O exilio não era o ponto final da história do
povo de Deus, era apenas uma virgula necessária para continuação da escrita da
história da salvação.
O exilio não era o ponto final, era apenas uma virgula
necessária para continuação da escrita da história da salvação.
Segunda lição:
2 – “põe-te em pé”
Se
põe de pé após determinado tempo sentado aquele que deseja caminhar.
Justamente
essa é a mensagem de Deus ao seu povo. Deus quer que seu povo deixe a situação
cômoda da Babilônia. Deus não quer que seu povo se perca, nem perca a sua
identidade como filhos da promessa.
Para
que esse povo se colocasse de pé e caminhasse o profeta Ezequiel estava sendo
chamado e enviado. A missão não seria fácil, pois, Deus diz que “os filhos são de
duro semblante e obstinados de coração; ...” (Ez 2.4).
Toda
a dureza e obstinação levaram muitos da época do profeta Ezequiel e ainda levam
milhares no dia de hoje a não deixarem a zona de conforto. É melhor continuar ofuscado
pelas coisas desse mundo.
Profetas
continuam sendo chamados e enviados para proclamar: “Põe-te em pé”. Não se deixe
contaminar com a fascinação desse mundo e com as coisas terrenas. Como disse
Jesus: “Não
acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem
e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu,
...” (Mt 6.19-20).
Terceira lição:
3 – “o Espírito, quando falava comigo, e me pôs
em pé,...”
Como não se
deixar fascinar pelas coisas desse mundo? Como voltar para a terra santa, se
quero permanecer nos encantos da Babilônia?
A
disposição em não se fascinar com as coisas desse mundo não é fruto da vontade
humana. Essa disposição vem do Espírito Santo, “andai no Espírito e jamais satisfareis à
concupiscência da carne” (Gl 5.16).
A
palavra “Espírito”
foi usada exaustivamente pelo profeta Ezequiel. “Espírito” pode ser traduzido,
conforme o contexto, por “sopro vital, força, poder”. O Espírito é o
sopro vital, a força e o poder que dá vida, que levanta e faz agir e não se
contaminar com as fascinações das Babilônias.
Três
preciosas lições: 1º – “Filho do homem”,
ou seja, criaturas que após a queda em pecado se tornou fraca e sujeita as
tentações desse mundo; 2º – “Põe-te em pé”,
isso quer dizer, cuidar com as fascinações da Babilônia. O comodismo impede de
caminhar. 3º – “O Espírito, quando falava comigo, e me pôs em
pé...” mostra que sozinhos não conseguimos vencer as tentações das
fascinações desse mundo. Somos tentados a esquecer da nossa pátria que está no
céu e ficarmos presos ao que é desse mundo. Só o Espírito, pelos meios da
graça, batismo, pregação e santa ceia nos mantém em pé e no caminho do Senhor.
Por
amor e misericórdia aos seus filhos exilados nesse mundo corrompido pelo pecado,
Deus continua chamando e enviando os profetas Ezequiéis para que ensinem essas
preciosas lições.
O
chamado e envio do profeta Ezequiel visa também animar aos profetas Ezequiéis
em pleno século XXI para que não desanimem em meio as dificuldades e
responsabilidades diante de um povo que está sendo tentado a se acomodar e
influenciar pelas fascinações desse mundo.
A
exemplo do povo da época do profeta Ezequiel, os profetas Ezequiéis são chamados
e enviados para comunicar o amor de Deus a pessoas que se afastaram desse amor
e de Deus. Afinal, por mais que as pessoas abandonem a Deus, Deus nunca esquece
suas criaturas. Deus conhece a fraqueza e fragilidade de seus filhos, por isso,
enviou seu Filho Jesus, para que todo aquele que nele crê não pereça
eternamente, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
Os
profetas Ezequiéis são chamados, enviados e motivados na sua missão de falar a
um povo que não acolherá a mensagem salvadora. No entanto, a missão é apenas
falar. A responsabilidade é apenas falar. O ouvir ou deixar de ouvir não é
responsabilidade do profeta. O êxito não está nas mãos do profeta, “...o crescimento
veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas
Deus, que dá o crescimento” (1Co 3.6-7).
Desejo
terminar a mensagem de hoje com um Poema de Olmiro Ribeiro Junior: Profeta Moderno
Um profeta moderno,
entristecido com a maldade e a perversão da humanidade, pede demissão a Deus.
Ele não quer mais falar sobre o seu Senhor às pessoas. Consequentemente, Deus
interroga o profeta sobre as razões que redundaram em tal convicção. O profeta
indignado responde:
- Senhor, como vou falar de um Deus que age como um
pai e uma mãe, que cuida e protege, enquanto existe tanta fome, violência e
morte? As pessoas matam por matar, criminosos atormentam e executam as suas
indefesas vítimas friamente. A polícia pouco protege, e quando o faz, assassina
os delinquentes para puni-los. As pessoas brigam, se ofendem, fazem inimizades
por motivos banais. Pouca gente protege e respeita a vida que tu nos deste.
- Senhor, como eu vou falar do teu amor, enquanto o
sexo, a prostituição, a promiscuidade e o egoísmo são mais importantes do que
teu amor? Como falar de amor a uma família que perde sua única filha atropelada
por uma pessoa embriagada, à mão que vê seu filho morto por overdose?
- Senhor, como eu posso falar da misericórdia e perdão
se os países ricos oprimem, lançam bombas, devastam com guerras países mais
fracos para explorá-los e empobrecê-los ainda mais? Como falar de justiça e
misericórdia para uma mulher que viu seu marido ser preso por ter roubado
comida para alimentar seus filhos famintos, enquanto políticos, empresários e
parte da elite enriquecem desviando verbas, sonegando impostos, praticando o
estelionato, e tudo fica por isso mesmo? Como posso acreditar na justiça se ela
pune a pobreza, a cor da pele e não o delito?
Pacientemente, Deus escuta o
profeta moderno e responde-lhe com olhos cheios de lágrimas:
- Meu querido filho, isso não é motivo para desistir.
Justamente por causa de tudo isso, eu necessito comunicar meu amor às pessoas,
para que meu amor, a minha misericórdia, transforme a vida dessas pessoas. Meu
desejo é que elas ouçam e recebam meu amor, e assim sejam libertadas do egoísmo
e da indiferença.
- Não desista meu filho! Muitas pessoas não entendem e
nem querem entender meu amor. Eu nunca desisti e nem desistirei da minha
criatura. Por isso, eu chamo, envio e animo meus profetas, para que eles não
desistam e continuem a propagar meu amor.
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com
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Muito bom! Que o Espírito Santo continue te inspirando por escrever mensagens tão apropriadas.
ResponderExcluirMuito bom. Bênçãos de Deus.
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