segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Cruz: caminho de Cristo e dos cristãos

2º Domingo na Quaresma - 01/03/15
Sl 22.23-31; Gn 17.1-7,15-16; Rm 5.1-11; Mc 8.27-38
Tema: Cruz: caminho de Cristo e dos cristãos

         Quando opinamos sobre algum assunto e somos elogiados, nosso ego se infla e logo depois acabamos falando bobeira. Não sei se isso já aconteceu com você, comigo isso é bastante comum.
         No texto de hoje, Mc 8.27-38, vemos isso acontecer com Pedro. Conforme o evangelista Mateus (Mt 16.17), Pedro foi elogiado por Jesus por causa dessa confissão. No entanto, o elogio não foi a pessoa de Pedro, mas ressaltou que jamais por sua inteligência ou capacidade Pedro seria capaz de tal confissão. No entanto, Pedro inflamado pelo orgulho, achando o dono da situação, capaz de dar qualquer opinião logo após foi repreendido, ou seja, assim como não és capaz de confessar por si mesmo sobre mim, não és capaz de resistir à tentação por si mesmo.
         O mesmo ocorre conosco! Confessamos, e nos achamos o máximo por causa da nossa confissão de fé, ou do nosso cristianismo, mas, é preciso que Jesus continue a nos repreender alertando que nada podemos, nem confessar nem sequer resistir a tentação.
         Enfrentamos o mesmo problema que Pedro e tantos outros discípulos enfrentaram: pegar a cruz a seguir Jesus.
         A caminhada na vida cristã na companhia de Jesus começou e começa no batismo. Nele fomos unidos a Cristo com sua morte e sua ressurreição (Rm 6.4). Pelo batismo passa-se a viver uma vida sob a graça de Deus.
         Em três cenas distintas, mas relacionadas, o Filho de Deus ensina a seus discípulos o que realmente importa a cada discípulo de Jesus.
         O contexto nos revela que só Jesus, em sua graça, pode operar a confissão verdadeira assim como fez Pedro.
         Jesus havia realizado a primeira multiplicação dos pães (Mc 6.30-44), andou sobre o mar (6.45-51) e, no final disso, o evangelista Marcos nos diz que os discípulos estavam com o coração endurecido (6.52) e não compreenderam o milagre dos pães. Jesus então faz a segunda multiplicação dos pães (8.1-10) e, mais uma vez, os discípulos não compreendem nada e são chamados de cegos e surdos pelo próprio Jesus (8.17-21). Foi então que Jesus preparou o ambiente para saber se os discípulos sabiam da sua verdadeira identidade e missão. Por isso inicia com a pergunta sobre o que o povo dizia que Jesus era.
         Diante da pergunta os discípulos repetem basicamente o que está escrito em Mc 6.14-16. Quando o povo dizia que Jesus era João Batista é porque talvez Herodes tivesse com medo devido a acusação de João Batista quanto ao adultério. Ao falar que Jesus era Elias, talvez seja por causa da lembrança da profecia do profeta Malaquias (Ml 4.5) que estava viva na mente dos judeus.
         Mesmo que essa fosse a ideia comum e corrente entre o povo, vale lembrar e ressaltar que eram insuficientes para definir a verdadeira identidade de Cristo e sua verdadeira missão.
         Por isso, Jesus elogia Pedro diante da sua confissão que segundo Mateus não veio de Pedro, mas do Pai que o havia revelado (Mt 16.17).
         A pergunta de Jesus continua atual: “quem o povo diz que eu sou?” (Mc 8.27).
         Num primeiro momento Jesus advertiu que os discípulos não falassem que ele era o messias. Deveriam por enquanto ficar em silêncio. Esse pedido, mesmo que pareça estranho, pode ser compreendido pelo fato do povo estar na expectativa da libertação política. Os olhos e corações das pessoas estavam sendo alimentados por esperanças políticas e econômicas. Esperavam um messias apenas na esfera humana.
         Jesus não queria ser visto como um milagreiro, não desejava ter seu ministério vinculado apenas aos milagres de cura. O silêncio pedido por Jesus era pelo fato de que nem os discípulos, nem a multidão estavam aptos a assimilar a forma como Cristo realizaria sua missão.
         Num segundo momento, Jesus fala sobre o caminho que ele deveria tomar. Ele deveria ir pelo caminho do sofrimento, da rejeição e da cruz. Pedro cegado pelo orgulho humano, já que seu ego estava inflado pelo elogio de Jesus logo o reprova.
         Pedro conhecia as palavras de Dt 21.23, onde Moisés faz referência àquele que é pendurado no madeiro como maldito de Deus e não o Cristo, o Ungido de Deus. Para Pedro que havia acabado de confessar que Jesus era o Cristo, o Messias, o Filho do Deus altíssimo, ser morto numa cruz ia contra tudo o que havia confessado. No entanto, sem justificar os planos de Deus, Jesus afirma que a obra da salvação não segue modelos e expectativas humanas.
         Atualmente Jesus é confessado por muitas pessoas, mas apenas diante de uma cura, de uma libertação financeira, etc. O problema que é pegar a cruz e seguir Jesus continua sendo a pedra de tropeço de muitos.
         A cruz foi o caminho de Cristo e é o caminho de todos os cristãos. Dizer “não” para si mesmo e seus desejos, olhar para Jesus e segui-lo. Não é uma nova lei, mas um convite e chamado do Senhor Jesus a viver em sua companhia pela fé nele.
         Milhares de pessoas confessam a Jesus, se alegram com a esperança do céu, mas, como Pedro, muitos não aceitam a cruz. Não querem conviver, nem aceitar o sofrimento.
         O problema são os traços de orgulho do ser humano, a atenção aos desejos e anseios pessoais, as vaidades e, acima de tudo, a incompreensão com o que realmente importa para um discípulo de Jesus.
         A cruz muitas vezes é difícil de compreender, aceitar e suportar. O sofrimento nos baqueia. Na verdade, é impossível carregá-la. Jesus precisa continuar dizendo “arreda Satanás” quando este nos tenta.
         Aos poucos Jesus nos convence que a vida não consiste na quantidade de bens e realizações pessoais; que a paz do perdão do Senhor Jesus é mais importante que qualquer outra paz que o mundo oferece.
Amém.
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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Bibliografia

Revista Luterana 2010. Anselmo Graff. pp. 164 – 167.

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