2º Domingo na Quaresma - 01/03/15
Sl 22.23-31; Gn 17.1-7,15-16; Rm 5.1-11; Mc 8.27-38
Tema: Cruz: caminho de Cristo e dos cristãos
Quando
opinamos sobre algum assunto e somos elogiados, nosso ego se infla e logo
depois acabamos falando bobeira. Não sei se isso já aconteceu com você, comigo
isso é bastante comum.
No
texto de hoje, Mc 8.27-38, vemos isso acontecer com Pedro. Conforme o
evangelista Mateus (Mt 16.17), Pedro foi elogiado por Jesus por causa dessa
confissão. No entanto, o elogio não foi a pessoa de Pedro, mas ressaltou que
jamais por sua inteligência ou capacidade Pedro seria capaz de tal confissão.
No entanto, Pedro inflamado pelo orgulho, achando o dono da situação, capaz de
dar qualquer opinião logo após foi repreendido, ou seja, assim como não és
capaz de confessar por si mesmo sobre mim, não és capaz de resistir à tentação
por si mesmo.
O
mesmo ocorre conosco! Confessamos, e nos achamos o máximo por causa da nossa
confissão de fé, ou do nosso cristianismo, mas, é preciso que Jesus continue a
nos repreender alertando que nada podemos, nem confessar nem sequer resistir a
tentação.
Enfrentamos
o mesmo problema que Pedro e tantos outros discípulos enfrentaram: pegar a cruz
a seguir Jesus.
A
caminhada na vida cristã na companhia de Jesus começou e começa no batismo.
Nele fomos unidos a Cristo com sua morte e sua ressurreição (Rm 6.4). Pelo
batismo passa-se a viver uma vida sob a graça de Deus.
Em
três cenas distintas, mas relacionadas, o Filho de Deus ensina a seus
discípulos o que realmente importa a cada discípulo de Jesus.
O
contexto nos revela que só Jesus, em sua graça, pode operar a confissão
verdadeira assim como fez Pedro.
Jesus
havia realizado a primeira multiplicação dos pães (Mc 6.30-44), andou sobre o
mar (6.45-51) e, no final disso, o evangelista Marcos nos diz que os discípulos
estavam com o coração endurecido (6.52) e não compreenderam o milagre dos pães.
Jesus então faz a segunda multiplicação dos pães (8.1-10) e, mais uma vez, os
discípulos não compreendem nada e são chamados de cegos e surdos pelo próprio
Jesus (8.17-21). Foi então que Jesus preparou o ambiente para saber se os
discípulos sabiam da sua verdadeira identidade e missão. Por isso inicia com a
pergunta sobre o que o povo dizia que Jesus era.
Diante
da pergunta os discípulos repetem basicamente o que está escrito em Mc 6.14-16.
Quando o povo dizia que Jesus era João Batista é porque talvez Herodes tivesse com
medo devido a acusação de João Batista quanto ao adultério. Ao falar que Jesus
era Elias, talvez seja por causa da lembrança da profecia do profeta Malaquias (Ml
4.5) que estava viva na mente dos judeus.
Mesmo
que essa fosse a ideia comum e corrente entre o povo, vale lembrar e ressaltar
que eram insuficientes para definir a verdadeira identidade de Cristo e sua
verdadeira missão.
Por
isso, Jesus elogia Pedro diante da sua confissão que segundo Mateus não veio de
Pedro, mas do Pai que o havia revelado (Mt 16.17).
A
pergunta de Jesus continua atual: “quem o povo diz que eu sou?” (Mc
8.27).
Num
primeiro momento Jesus advertiu que os discípulos não falassem que ele era o
messias. Deveriam por enquanto ficar em silêncio. Esse pedido, mesmo que pareça
estranho, pode ser compreendido pelo fato do povo estar na expectativa da
libertação política. Os olhos e corações das pessoas estavam sendo alimentados
por esperanças políticas e econômicas. Esperavam um messias apenas na esfera
humana.
Jesus
não queria ser visto como um milagreiro, não desejava ter seu ministério
vinculado apenas aos milagres de cura. O silêncio pedido por Jesus era pelo
fato de que nem os discípulos, nem a multidão estavam aptos a assimilar a forma
como Cristo realizaria sua missão.
Num
segundo momento, Jesus fala sobre o caminho que ele deveria tomar. Ele deveria ir
pelo caminho do sofrimento, da rejeição e da cruz. Pedro cegado pelo orgulho humano, já que seu ego estava inflado pelo elogio de Jesus logo o reprova.
Pedro
conhecia as palavras de Dt 21.23, onde Moisés faz referência àquele que é
pendurado no madeiro como maldito de Deus e não o Cristo, o Ungido de Deus. Para
Pedro que havia acabado de confessar que Jesus era o Cristo, o Messias, o Filho
do Deus altíssimo, ser morto numa cruz ia contra tudo o que havia confessado.
No entanto, sem justificar os planos de Deus, Jesus afirma que a obra da
salvação não segue modelos e expectativas humanas.
Atualmente
Jesus é confessado por muitas pessoas, mas apenas diante de uma cura, de uma
libertação financeira, etc. O problema que é pegar a cruz e seguir Jesus
continua sendo a pedra de tropeço de muitos.
A
cruz foi o caminho de Cristo e é o caminho de todos os cristãos. Dizer “não” para si mesmo e seus desejos, olhar
para Jesus e segui-lo. Não é uma nova lei, mas um convite e chamado do Senhor
Jesus a viver em sua companhia pela fé nele.
Milhares
de pessoas confessam a Jesus, se alegram com a esperança do céu, mas, como
Pedro, muitos não aceitam a cruz. Não querem conviver, nem aceitar o
sofrimento.
O
problema são os traços de orgulho do ser humano, a atenção aos desejos e
anseios pessoais, as vaidades e, acima de tudo, a incompreensão com o que
realmente importa para um discípulo de Jesus.
A
cruz muitas vezes é difícil de compreender, aceitar e suportar. O sofrimento nos
baqueia. Na verdade, é impossível carregá-la. Jesus precisa continuar dizendo “arreda Satanás” quando este nos tenta.
Aos
poucos Jesus nos convence que a vida não consiste na quantidade de bens e
realizações pessoais; que a paz do perdão do Senhor Jesus é mais importante que
qualquer outra paz que o mundo oferece.
Amém.
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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Bibliografia
Revista Luterana 2010. Anselmo Graff. pp. 164 – 167.
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