segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A relação autoridade, política e o cristão.

13º Domingo após Pentecostes – 07/09/2014
Sl 32. 1–7; Ez 33. 7-9; Rm 13. 1-10; Mt 18.1-20
Tema: A relação autoridade, política e o cristão.

         Podemos resumir as leituras bíblicas (Mt 18. 1 – 20; Rm 13. 1 – 10; Ez 33. 7 – 9) no tema: correção fraterna. De acordo com a epístola acredito que é momento de uma correção fraterna, principalmente as vésperas de uma eleição. E essa correção fraterna visa responder a questão: Como relacionar-se como cristão com o governo deste mundo?
         É necessário e urgente que resolvamos a complicada relação entre o cristão e o Estado. No debate promovido pela Band no dia 26 de agosto de 2014, a candidata Luciana Genro do PSOL ao dirigir ao candidato do PSC, pastor Everaldo, disse que não o chamaria de pastor por que não gostava de misturar religião e política. Sei que é um assunto muitíssimo complicado. Falar, comentar sobre todo cenário político sem ser traído pela emoção partidária ou até anti-partidária é como andar num terreno minado. Mas, é preciso que falemos sobre política, afinal, após as eleições restará a nós cristãos o respeito ao candidato eleito, pois será nossa autoridade máxima.      Todos reclamam que as autoridades governamentais instituídas não representam o povo e nem buscam pelo seu bem estar. E por não estarem cumprindo com aquilo que é necessário, muitos resolvem ignorar a político, os políticos e até mesmo as autoridades. A realidade leva pessoas a se questionarem: Devo respeitar esse político corrupto? Alguns chegam a afirmar que quem vota no PT não é cristão! E dai, devo ou não respeitar o governo que é do PT? Já foi dito e muitos apoiam: “Hay gobierno? ...Soy contra!Como o cristão pode se posicionar diante dessas e tantas outras questões? 
         Sei que mesmo sendo um campo minado, não posso deixar, afinal, Paulo quando escreveu a carta aos Romanos estava em meio a governantes que eram extremamente cruéis e inimigos do cristianismo. Mas, isso não o impediu de ir contra o Espírito Santo que o inspirou a escrever: “Obedeçam às autoridades, todos vocês. Pois nenhuma autoridade existe sem a permissão de Deus, e as que existem foram colocadas nos seus lugares por ele” (Rm 13.1).
         Toda autoridade, seja cristã ou não, é tida como procedente de Deus. Como parte da Igreja Cristã, temos o compromisso de falar as autoridades para que as mesmas tenham em mente que como representantes de Deus nesse mundo busquem o bem e a justiça de todos. Nós não somos impedidos de denunciar nem de resistir à autoridade que não cumpre esta função. O cristão precisa estar engajado para que haja uma autoridade confiável, incorruptível. Mas, isso é utopia? Bem, se for utopia, é utopia as palavras do texto: “o amor é o cumprimento da lei.
         John Stott diz algo muito valioso sobre esse texto. Ele comenta: “Não podemos interpretar esse texto dizendo que os Calígulas, Herodes, Neros, Dominicianos da época do N.T., assim como os Hitlers, Stalins, Saddams dos nossos dias foram designados por Deus para fazerem o que fizeram e que Deus seja responsável pelo seu comportamento.” O que é divino é a autoridade do cargo. Não podemos olhar a pessoa, mas a vontade de Deus, que assim estabelece e ordena. As autoridades são representantes de Deus, mas, infelizmente, por causa da natureza pecaminosa muitos não honram o estado no qual se encontram.
         Ao nos dar a sua lei, através da segunda tábua (4º ao 10º mandamento) Deus prevê que o objetivo da mesma é honrar a autoridade, preservar a vida, a relação marido e mulher, os bens, a honra, os bens do próximo e toda sua estrutura econômica e familiar.
         A função da autoridade é garantir a convivência da sociedade através da disciplina e exigência do cumprimento da lei. E a lei visa, pelo amor, o melhor convívio social e político. Relação essa completamente estragada e corrompida pelo pecado.
         O apóstolo Paulo sabe que toda autoridade precisa “enaltecer o bem e punir os que praticam o mal.” O próprio apóstolo teve que apelar para César quando Festo para agradar os judeus queria julgá-lo sem justiça (At 25.7-11).
         No entanto, infelizmente, enaltecer o bem e punir os que praticam o mal não tem sido a realidade humana, ou do cenário político. Mas, isso não nos deve conduzir a desrespeitar as autoridades. O estado está ai para suprir as exigências da situação criada pelo pecado. E é justamente o pecado desconhecido pelas pessoas que a Igreja Cristã deve denunciar e curar com o perdão oferecido e dado por Jesus.
         O pecado que atrapalha nossas relações é o mesmo que gerou e gera um efeito contrário a lei. Deus deu a sua lei para mostrar o quanto somos pecadores, o quanto necessitamos do amor de Deus em Jesus, mas o pecado nos faz olhar a lei com temor da prisão e do castigo. Não se vê a lei como o cumprimento do amor. A lei de Deus foi dada a um povo livre. Mas, esse povo livre está aprisionado no pecado e no pecado desrespeita a própria lei e macula a autoridade. Muitos pagam seus impostos por medo da prisão ou da “malha fina”. Outros que já descobriram como burlar a fiscalização não o fazem. Nossa vida ante a autoridade e todas suas prerrogativas não deve ser por medo, mas, pelo fato de isso ser correto diante de Deus.
         Não podemos olhar a pessoa, mas o ofício ao qual exerce. É o seu ofício que merece nosso respeito.
         A relação: cristão X sociedade; cristão X política; cristão X autoridade; é um campo minado desde o novo testamento. Na época do novo testamento os saduceus conseguiam entrar em acordo com a anomalia que o domínio romano constituía. Os fariseus se submetiam ao governo romano, mas o viam como castigo de Deus sobre o povo. Os zelotes rejeitavam o governo como intolerável e se rebelavam freneticamente.
         Deus é a fonte de toda autoridade. Resistir à autoridade é resistir à autoridade de Deus. E por sermos de natureza pecaminosa e termos como inimigo o diabo, pouco a pouco somos colocados contra nossas autoridades e no fim contra a autoridade de Deus. Opor-se a autoridade é opor-se à bondade de Deus. As autoridades são manifestação da bondade de Deus. As autoridades foram instituídas por Deus para reprimir o mal nesse mundo. Quem não pratica o mal não precisa temer as autoridades e nem tem motivo para se rebelar contra ela.
         Na época que o apóstolo Paulo escreveu a carta aos Romanos, o cristianismo era considerado inimigo do estado, do governo. Assim sendo, Paulo poderia facilmente ser considerado um desertor. Mesmo nessa circunstância, inspirado pelo Espírito Santo, Paulo escreveu: “...se você não quiser ter medo das autoridades, então faça o que é bom, e elas o elogiarão” (Rm 13.3). Será que estamos sendo elogiados pelas nossas autoridades? Estamos sendo louvado pelas autoridades? Meses antes de escrever a carta aos romanos, Paulo na sua segunda carta aos coríntios diz que por três vezes apanhou de porrete (2Co 11.25) das autoridades romanas, mas isso não o impediu de ver nas autoridades a mão de Deus. O apóstolo Paulo, mesmo pregando a mensagem de Jesus, mesmo sendo considerado um desertor, recebeu louvor da autoridade em seus dias. Mediante apelo por sua cidadania romana foi levado a Roma na tentativa de um julgamento justo.
         Cada autoridade é serva de Deus. A autoridade como serva de Deus recebe a espada para agir com retidão e justiça. A espada para os romanos era símbolo de execução e justiça equitativa. Cada qual que não executa com sabedoria, como servo de Deus a sua autoridade e não age com justiça equitativa será julgado pelo próprio autor e doador da autoridade. Lembre-se! Os governantes desse século tem poder somente aqui e agora.
         As nossas atitudes para com as autoridades procedem da fé. A lealdade cívica faz parte da vida de amor. A fé é ativa no amor. A pregação da fé não anula a pregação da lei, pois a lei se resume no amor. E por amor a todos é que Jesus nos ordena a amar o nosso próximo como a nós mesmos. Busquemos o melhor para todos, inclusive através da nossa atuação política, seja no conselho municipal, seja no envolvimento político, no conselho de classe do filho, seja por ocasião do voto, etc. Pois, “quem ama os outros não faz mal a eles.
         O tema das leituras bíblicas (Mt 18. 1 – 20; Rm 13. 1 – 10; Ez 33. 7 – 9) mostram a correção fraterna. Essa correção fraterna se torna necessária e urgente, afinal, em meio a todo cenário político, muitos cristãos estão esquecendo que toda autoridade procede de Deus. Deus é amor! Mesmo que não se veja a mão de Deus através da atuação política, recordemos que através da atuação de muitos governantes, Deus agiu para que seu único Filho fosse enviado ao mundo. Em Jesus fomos e somos resgatados do poder do pecado que nos fere e nos atinge dia após dia nas nossas relações sociais e políticas. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann
http://sermoescristoparatodos.blogspot.com
cristo_para_todos@hotmail.com

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