segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Resolvendo a minha situação diante de Deus

16º Domingo após Pentecostes – 28/09/14
Sl 25. 1 – 10; Ez 18. 1-4,25-32; Fp 2.1-4, 14-18; Mt 21.23-27
 Tema: Resolvendo a minha situação diante de Deus 

Uma sábia anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
- que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho. Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente – gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem chicotadas. Mandou também que trouxessem outro adivinho. Depois que o adivinho ouviu o sonho do sultão, disse-lhe:
- Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho.
Enquanto este saia do palácio, um dos cortesões lhe disse admirado:
- não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo por que o primeiro ele pagou com chicotadas e você com cem moedas de ouro.
- lembra-te sempre amigo – respondeu o adivinho: tudo depende da maneira de dizer.
Qual é o poder de uma palavra? Afasta e aproxima; destrói ou constrói.
As palavras desse mundo inúmeras vezes afasta e destrói. Deus por sua vez, com sua Palavra salvadora acolhe e integra o pecador para que viva como filho de Deus nesse mundo e transmita a esse mundo palavras que aproximam e edificam.
         O mundo diz: “não é justo pagar pelo erro dos outros” v.2; “os caminhos de Deus parecem confusos e estranhos”. No mundo as pessoas se questionam: “você é cristão há tantos anos, não sei por que tudo está dando errado na sua vida”.
Esses mesmos pensamentos eram correntes entre o povo de Deus exilado na Babilônia: “os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?
Esse ditado popular falado entre o povo de Deus mostrava a falta de perspectiva para o futuro. No exílio o povo de Deus se sentia abandonado e desprezado. O povo de Deus dizia-se injustiçado pelo exílio, afinal, eles não mereciam aquela punição, que era devida aos seus pais.
O profeta Ezequiel foi muito importante nesse momento, aliás, se não fosse o profeta Daniel na coorte e Ezequiel no meio do povo, o povo da promessa teria se acabado. Eles precisavam ser reanimados e consolados pela Promessa de Deus.
Deus por meio do profeta Ezequiel alerta o povo que não importa olhar para outra direção, não importa querer desviar o foco e tentar encontrar a resposta para quem errou. O fato é que cada um precisa olhar para si mesmo e responder o quanto havia falhado e estava falhando.
Engraçado essa situação de não olhar para nossos pecados e sempre buscar a resposta para um passado. No novo testamento os discípulos de Jesus com um pensamento idêntico, perguntaram: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9.2).
A deficiência, o sofrimento, a dor erram e por que não dizer, pois muitos encaram dessa maneira, são tidos como punição de um pecado da pessoa, afinal, “aqui se faz, aqui se paga”. Quanta ignorância!
Ao contrário dos pensamentos humanos, Deus anuncia (v.25): “cada um é pecador, e é convidado ao arrependimento”.
O povo havia sido instruído enquanto caminhava pelo deserto rumo a terra prometida, “Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada qual será morto pelo seu pecado” (Dt 24.16). O profeta Ezequiel anunciava: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai, a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este” (Ez 18.20).
Cada pessoa, individualmente, é responsável pelo seu pecado, pelos caminhos por onde anda, pelos seus pensamentos, pelo seu agir, pelo seu deixar de agir. Essas atitudes diárias são chamadas de Pecado Atual. Esses pecados atuais são consequência do Pecado Original que herdamos de nossos pais. É o câncer com o qual nascemos e do qual não nos curamos nesse mundo. Por esse motivo Deus anuncia que “..., assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

O povo de Deus, exilado na Babilônia, encontrava-se desanimado e sem esperanças. Estavam ressentidos, porque diziam que seus pais haviam cometido pecado e eles estavam sendo punidos. A esse povo ressentido, a esse povo que julgava seu passado como culpado da tragédia atual, Deus comunica que na verdade, não estavam sendo punidos pelos pecados de seus pais, mas pelos seus próprios pecados.

O povo de Deus exilado na Babilônia estava sendo convidado a se reconhecer como pecador. Deus os convida ao arrependimento, (v. 4) “...a alma que pecar, essa morrerá”; (v. 30) “...eu vos julgarei, a cada um segundo os seus caminhos,...”; (v. 31) “lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes...”.
Infelizmente, o fato é que a rebeldia do povo era tanta, que se julgavam injustiçados por Deus, pela suposta punição e haviam se esquecido de Deus. O povo precisava da promessa de Deus, e é justamente da promessa de Deus que haviam se esquecido. O povo havia sido preparado por Deus para o exílio, tanto que pelo profeta Jeremias havia anunciado: “Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos” (Jr 25.11).
A rebeldia contra Deus levou toda uma geração se sentir injustiçada por Deus. Fez com que toda uma geração se esquecesse das palavras anunciadas por Deus através dos profetas. O povo caiu no esquecimento, inclusive de uma promessa maravilhosa: “Assim diz o Senhor: logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar” (Jr 29.10), e “Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos, serão fecundas e se multiplicarão....Eis que vem dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor, Justiça Nossa” (Jr 23. 3,5-6).
Vivemos em um cenário diferente, estamos num país livre. Mas, quanto ao pensamento, vivemos e um período muito similar. Esquecemos com frequência que Cristo é a nossa justiça. Esquecemos que Jesus veio nos libertar do poder do pecado, da morte e do diabo. Esquecemos as palavras: “Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos” (Rm 5.15). O esquecimento da obra maravilhosa de Jesus por nós é quando afirmamos que “estamos pagando pelos nossos pecados”; “o que eu fiz de errado para merecer isso”. Nesses pensamentos buscamos alternativas para sanar nossa situação com Deus, por seções de oração, semanas de libertação, dízimos e promessas.
Deus ainda nos comunica:Tão certo como eu vivo, desejo que você viva”.
Esse é o objetivo pelo qual Deus enviou profetas para convidar o povo ao arrependimento. Deus deseja que o pecador tenha vida, mas não uma vida passageira e apegada a esse mundo. Pelo profeta Ezequiel, Deus disse ao povo: “não tenho prazer na morte de ninguém” (v.32). Pelo apóstolo Paulo comunicou: “o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4).
Deus preparou, ofereceu e oferece os meios pelos quais o pecador recebe a salvação. Não somos nós que buscamos pelas semanas de oração, pelos dízimos e promessas nossa situação perante Deus. Deus é que vem ao nosso encontro pela Pregação da Palavra, Batismo e Santa Ceia. Quer seja pela Pregação da Palavra, pelo Batismo e Pela Santa Ceia, Deus em Jesus pelo poder do Espírito Santo nos dá um novo coração, um novo espírito.
Em Jesus, e somente em Jesus, Deus nos deu e dá a salvação. Salvação oferecida a cada pecador, afinal, Deus diz que “tão certo como eu vivo, vós vivereis também”. 
Ó SENHOR, ensina-me os teus caminhos! Faze com que eu os conheça bem. Ensina-me a viver de acordo com a tua verdade, pois tu és o meu Deus, o meu Salvador. Eu sempre confio em ti. Ó SENHOR, lembra da tua bondade e do teu amor, que tens mostrado desde os tempos antigos. Esquece os pecados e os erros da minha mocidade. Por causa do teu amor e da tua bondade, lembra de mim, ó SENHOR Deus!” (Sl 25. 4 – 7)
Amém!
Edson Ronaldo Tressmann


Bibliografia:

Tema: Acolhendo e Integrando o Pecador para viver como filho de Deus nesse mundo. Autor: Edson Ronaldo Tressmann. In: Portas Abertas 2011

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