16º Domingo após Pentecostes – 28/09/14
Sl 25. 1 – 10; Ez
18. 1-4,25-32; Fp 2.1-4, 14-18; Mt 21.23-27
Tema: Resolvendo a minha situação diante de Deus
Uma sábia anedota árabe diz que, certa
feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou,
mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
- que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho. Cada
dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente – gritou o sultão, enfurecido.
Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem
cem chicotadas. Mandou também que trouxessem outro adivinho. Depois que o
adivinho ouviu o sonho do sultão, disse-lhe:
- Excelso senhor! Grande felicidade vos está
reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos
parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num
sorriso e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho.
Enquanto este saia do palácio, um dos cortesões lhe disse admirado:
- não é possível! A interpretação que você fez foi
a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo por que o primeiro ele pagou
com chicotadas e você com cem moedas de ouro.
- lembra-te sempre amigo – respondeu o adivinho:
tudo depende da maneira de dizer.
Qual é o poder de uma
palavra?
Afasta e aproxima; destrói ou constrói.
As palavras desse mundo inúmeras vezes
afasta e destrói. Deus por sua vez, com sua Palavra salvadora acolhe e integra
o pecador para que viva como filho de Deus nesse mundo e transmita a esse mundo
palavras que aproximam e edificam.
O mundo diz: “não é justo pagar pelo
erro dos outros” v.2; “os caminhos de Deus parecem confusos e estranhos”. No mundo as pessoas se questionam: “você é cristão há
tantos anos, não sei por que tudo está dando errado na sua vida”.
Esses mesmos pensamentos eram correntes
entre o povo de Deus exilado na Babilônia: “os pais comeram uvas verdes, e os dentes
dos filhos é que se embotaram?”
Esse ditado popular falado entre o povo de
Deus mostrava a falta de perspectiva para o futuro. No exílio o povo de Deus se
sentia abandonado e desprezado. O povo de Deus dizia-se injustiçado pelo
exílio, afinal, eles não mereciam aquela punição, que era devida aos seus pais.
O profeta Ezequiel foi muito importante
nesse momento, aliás, se não fosse o profeta Daniel na coorte e Ezequiel no
meio do povo, o povo da promessa teria se acabado. Eles precisavam ser
reanimados e consolados pela Promessa de Deus.
Deus por meio do profeta Ezequiel alerta o
povo que não importa olhar para outra direção, não importa querer desviar o
foco e tentar encontrar a resposta para quem errou. O fato é que cada um
precisa olhar para si mesmo e responder o quanto havia falhado e estava falhando.
Engraçado essa situação de não olhar para
nossos pecados e sempre buscar a resposta para um passado. No novo testamento
os discípulos de Jesus com um pensamento idêntico, perguntaram: “Mestre, quem pecou,
este ou seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9.2).
A deficiência, o sofrimento, a dor erram e
por que não dizer, pois muitos encaram dessa maneira, são tidos como punição de
um pecado da pessoa, afinal, “aqui se faz, aqui se paga”. Quanta ignorância!
Ao contrário dos
pensamentos humanos, Deus anuncia (v.25): “cada um é pecador, e é convidado ao
arrependimento”.
O povo havia sido instruído enquanto
caminhava pelo deserto rumo a terra prometida, “Os pais não serão
mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada qual será
morto pelo seu pecado” (Dt 24.16). O profeta Ezequiel anunciava: “A alma que pecar, essa
morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai, a iniquidade do
filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá
sobre este”
(Ez 18.20).
Cada pessoa, individualmente, é
responsável pelo seu pecado, pelos caminhos por onde anda, pelos seus
pensamentos, pelo seu agir, pelo seu deixar de agir. Essas atitudes diárias são
chamadas de Pecado Atual. Esses pecados atuais são consequência do Pecado
Original que herdamos de nossos pais. É o câncer com o qual nascemos e do
qual não nos curamos nesse mundo. Por esse motivo Deus anuncia que “..., assim como por um
só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).
O povo de Deus, exilado na Babilônia, encontrava-se desanimado e
sem esperanças. Estavam ressentidos, porque diziam que seus pais haviam
cometido pecado e eles estavam sendo punidos. A esse povo ressentido, a esse
povo que julgava seu passado como culpado da tragédia atual, Deus comunica que na
verdade, não estavam sendo punidos pelos pecados de seus pais, mas pelos seus
próprios pecados.
O povo de Deus exilado na Babilônia estava
sendo convidado a se reconhecer como pecador. Deus os convida ao
arrependimento, (v. 4) “...a alma que pecar, essa morrerá”; (v. 30) “...eu vos julgarei, a
cada um segundo os seus caminhos,...”; (v. 31) “lançai de vós todas as vossas
transgressões com que transgredistes...”.
Infelizmente, o fato é que a rebeldia do
povo era tanta, que se julgavam injustiçados por Deus, pela suposta punição e haviam
se esquecido de Deus. O povo precisava da promessa de Deus, e é justamente da
promessa de Deus que haviam se esquecido. O povo havia sido preparado por Deus
para o exílio, tanto que pelo profeta Jeremias havia anunciado: “Toda esta terra virá a
ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta
anos”
(Jr 25.11).
A rebeldia contra Deus levou toda uma
geração se sentir injustiçada por Deus. Fez com que toda uma geração se
esquecesse das palavras anunciadas por Deus através dos profetas. O povo caiu
no esquecimento, inclusive de uma promessa maravilhosa: “Assim diz o Senhor:
logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros
e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este
lugar”
(Jr 29.10), e “Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as
terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos,
serão fecundas e se multiplicarão....Eis que vem dias, diz o Senhor, em que levantarei
a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará
o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará
seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor, Justiça Nossa” (Jr 23. 3,5-6).
Vivemos em um cenário diferente, estamos
num país livre. Mas, quanto ao pensamento, vivemos e um período muito similar.
Esquecemos com frequência que Cristo é a nossa justiça. Esquecemos que Jesus
veio nos libertar do poder do pecado, da morte e do diabo. Esquecemos as
palavras: “Todavia,
não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só,
morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem,
Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos” (Rm 5.15). O esquecimento da obra
maravilhosa de Jesus por nós é quando afirmamos que “estamos pagando
pelos nossos pecados”; “o que eu fiz de errado para merecer isso”. Nesses pensamentos
buscamos alternativas para sanar nossa situação com Deus, por seções de oração,
semanas de libertação, dízimos e promessas.
Deus ainda nos
comunica: “Tão certo como eu vivo, desejo que você viva”.
Esse é o objetivo pelo qual Deus enviou
profetas para convidar o povo ao arrependimento. Deus deseja que o pecador tenha
vida, mas não uma vida passageira e apegada a esse mundo. Pelo profeta
Ezequiel, Deus disse ao povo: “não tenho prazer na morte de ninguém” (v.32). Pelo apóstolo
Paulo comunicou: “o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao
pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4).
Deus preparou, ofereceu e oferece os meios
pelos quais o pecador recebe a salvação. Não somos nós que buscamos pelas
semanas de oração, pelos dízimos e promessas nossa situação perante Deus. Deus
é que vem ao nosso encontro pela Pregação da Palavra, Batismo e Santa Ceia. Quer seja pela Pregação da Palavra,
pelo Batismo e Pela Santa Ceia, Deus em Jesus pelo poder do Espírito Santo nos
dá um novo coração, um novo espírito.
Em Jesus, e somente em Jesus, Deus nos deu
e dá a salvação. Salvação oferecida a cada pecador, afinal, Deus diz que “tão certo como eu vivo, vós vivereis também”.
“Ó SENHOR, ensina-me os teus caminhos! Faze
com que eu os conheça bem. Ensina-me a viver de acordo com a tua verdade, pois
tu és o meu Deus, o meu Salvador. Eu sempre confio em ti. Ó SENHOR, lembra da
tua bondade e do teu amor, que tens mostrado desde os tempos antigos. Esquece
os pecados e os erros da minha mocidade. Por causa do teu amor e da tua
bondade, lembra de mim, ó SENHOR Deus!” (Sl
25. 4 – 7)
Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
Bibliografia:
Tema: Acolhendo e Integrando o Pecador para
viver como filho de Deus nesse mundo. Autor: Edson Ronaldo Tressmann. In:
Portas Abertas 2011
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