12º Domingo após Pentecostes – 31/08/2014
Sl 26; Jr 15. 15 – 21; Rm 12. 9 – 21; Mt 16. 21 - 28
Servir a Deus em tempos difíceis.
15.15 Então eu respondi: — Ó
SENHOR, tu és que sabes. Lembra de mim e ajuda-me. Vinga-me daqueles que me
perseguem. Não tenhas paciência com os meus inimigos para que eles não me
matem. Lembra que é por causa de ti que eles me insultam.
15.16 Tu falaste comigo, e
eu prestei atenção em cada palavra. Ó SENHOR, Deus Todo-Poderoso, eu sou
teu, e por isso as tuas palavras encheram o meu coração de alegria e de
felicidade.
15.17 Não tenho gasto o meu
tempo rindo e gozando a vida junto com outras pessoas. Por causa do
trabalho pesado que me deste, fiquei sozinho e muito indignado.
15.18 Por que continuo a
sofrer? Por que as minhas feridas doem sem parar? Por que elas não saram?
Será que não posso confiar em ti? Será que és como um riacho que seca no
verão?
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Palavras
duríssimas essas do profeta Jeremias. A resposta de Deus aparentemente é
severa. Eu não ouso me comparar com Jeremias, pois seus sofrimentos foram bem
maiores aos quais enfrento. E também eu não ousaria em fazer o que francamente
fez Jeremias, xingar Deus.
O
versículo 15 diz que a paciência de Deus está acabando com Jeremias. É como se
diz hoje: “é pra caba”.
Jeremias
prevê um castigo que não vem. O servo é quem sofre perseguição enquanto espera
a ação de Deus.
O
profeta Jeremias recebe com muita alegria a mensagem de Deus (v.16). Mas,
segundo o próprio profeta, a Palavra de Deus ingerida por ele, criou azia, o estufou.
O profeta despejou, vomitou a ira de Deus sobre o povo. Esse vômito afetou o
circulo de amizade do profeta. Ele ficou marcado, “carregador de más noticia”.
A
solidão e o abandono que Jeremias experimentou parecem ser intermináveis e
incuráveis. Até mesmo Deus, que o havia encarregado de transmitir a mensagem,
agora parecia tê-lo abandonado. O profeta diz que Deus sumiu, assim como a água
de um pequeno ribeirão em tempo de seca.
15.19 O SENHOR respondeu: —
Se você voltar, eu o receberei de volta, e você será meu servo de novo. Se
você disser coisas que se aproveitem e não palavras inúteis, você será de
novo meu profeta. O povo voltará para você, mas você não deve voltar para
eles.
15.20 Farei com que você
seja para este povo como um forte muro de bronze. Eles lutarão contra você,
mas não conseguirão derrotá-lo, pois eu estarei com você para protegê-lo e
salvá-lo.
15.21 Eu o livrarei das mãos
dos perversos e o libertarei do poder dos violentos. Eu, o SENHOR, falei.
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Comunicar
a vida é viver em constante tensão. A tensão do ser ignorado, ser tachado, etc.
Mas, jamais podemos virar as costas para Deus.
Quando
Deus chamou Jeremias (1.1-10) prometeu que o profeta iria resistir, mesmo na
pior crise. Essa resistência só seria possível porque Deus estaria ao seu lado.
Jeremias
sofre não por causa da missão a qual Deus o havia enviado, mas por estar
lidando com um povo rebelde.
O
lamento de Jeremias é um espelho do lamento de Deus. Deus está de luto! Deus
não tem mais lar, família, alegria. Deus enfrenta uma enorme tensão, a tensão
pela atitude que precisa tomar em relação ao povo que ama.
Deus
resiste à tensão, o profeta aprende que ser profeta de Deus é resistir a
tensão. Mas essa resistência só se dará enquanto Deus a resistir.
Essas
e outras palavras (Jr 11. 18-12.6; 17. 14-18; 18.18-23; 20.7-18) são
classificadas como confissões de Jeremias. Nessas confissões Jeremias fala em
seu próprio nome. As confissões mostram que a vocação de profeta é vocação para
o conflito. A mensagem do profeta é um mundo alternativo. Esse mundo
alternativo gera conflito com esse mundo reinante.
Deus enfrenta uma
enorme tensão, a tensão pela atitude que precisa tomar em relação ao povo
que ama.
Deus é paciente e
amoroso...
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Nessa
confissão de Jeremias é comunicado algo critico ao povo de Deus. Nem mesmo o
mais fiel, corajoso mensageiro de Deus, entende o que está acontecendo. Nem
mesmo o profeta consegue ver a presença óbvia de Deus. É aqui que está a
mensagem de consolo, de conforto e de esperança aos que querem ser fiéis ao
Senhor. Os conflitos fazem parte da vida cristã.
Os
conflitos fazem parte da vida cristã.
Não é
o nosso desejo que irá fazer a ação de Deus.
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As
pessoas sentem falta da ação de Deus. Perdemos a paciência, mas Deus continua
paciente conosco e com esse mundo. A cada situação somos convidados ao
arrependimento, a mudar nossa mentalidade e voltar nosso rosto a Deus.
O
convite feito pela Palavra de Deus através de um cântico “Servi ao Senhor com alegria” (Sl 100.2),
parece ser bastante oportuno quando as coisas vão de “vento em popa”. Mas, e quando surgem as tribulações?
Os sofrimentos?
A
confissão de Jeremias e a resposta de Deus ao profeta nos ensina justamente
isso. Deus está sempre ao nosso lado, basta voltar nosso rosto para ele. Sabedores
de que Deus está ao nosso lado, podemos recomeçar e continuar com o mesmo
entusiasmo do início, sem desanimar.
Os
que servem ao Senhor passam por grandes aflições. Não se deixe levar pela “lenda, fábula” (2Tm 4.4) de que a vida
cristã não é uma vida de angústia. Paulo disse a Timóteo: "Portanto, não se envergonhe de dar o seu testemunho a
favor do nosso Senhor, nem se envergonhe de mim, que estou na cadeia porque sou
servo dele. Pelo contrário, com a força que vem de Deus, esteja pronto para
sofrer comigo por amor ao evangelho. ... Como fiel soldado de Cristo Jesus, tome parte no meu
sofrimento ... Mas
você, seja moderado em todas as situações. Suporte o sofrimento, faça o
trabalho de um pregador do evangelho e cumpra bem o seu dever de servo de Deus"
(2Tm 1:8; 2:3; 4:5).
O
convite feito por Deus ao profeta Jeremias de voltar-se para Deus e estar
diante dele é uma convocação à lembrança do dia em que foi chamado por Deus. Nessa
ocasião, Deus já o havia prevenido da sua presença e da capacitação que lhe
daria para que encarasse as dificuldades. Deus disse: "Escute, Jeremias! Todas as pessoas desta terra, isto
é, os reis de Judá, as autoridades, os sacerdotes e o povo, vão ficar contra
você. Mas hoje eu estou lhe dando forças para poder enfrentar essa gente. Você
será como uma cidade cercada de muralhas, como um poste de ferro, como um muro
de bronze. Eles não o derrotarão, pois eu estarei ao seu lado para protegê-lo.
Eu, o SENHOR, falei" (Jr 1:18-19).
Nossos
dias são marcados por recompensas e castigos. Essa é a ação que esperamos de Deus.
Mas, diferentemente de nós, Deus com amor e misericórdia, age ao seu tempo e
modo. Muitos questionam: Porque os injustos e imorais prosperam? Assim,
somos e caímos na tentação de abandonar uma vida honesta. Como os que não têm igreja tem uma vida tão
feliz? Assim somos e caímos na tentação de abandonar a igreja. Porque sofremos?
Assim somos e caímos na tentação de abandonar a Deus.
Antes
de uma de suas confissões, Deus disse ao profeta Jeremias: Se não consegue caminhar um quilometro, como irá
correr uma maratona? A vida cristã é uma longa maratona. Mas, o
estar e o correr essa maratona não é mérito nem conquista nossa. Deus nos
chamou pelo Evangelho. Pelo Evangelho nos dá e aumenta nossas forças para que
continuemos a correr a corrida que está marcada para nós. (Jr 12.5,6, 7-8).
Durante
a nossa corrida de fé rumo a linha de chegada, Deus não deixará que paremos de
sofrer, mas a cada sofrimento, a cada angústia, estará fortalecendo nossa fé e
mostrando como é preciosa a sua presença. Uma presença constante, basta olhar
do lado, Jesus está contigo. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
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