5º Domingo de Páscoa – 18/05/2014
Leituras Bíblicas: Salmo 146; Atos 6. 1 – 9; 7. 2ª, 51 –
60; 1Pedro 2.2 – 10; João 14. 1 - 14
"Como vocês são teimosos! Como são duros de coração
e surdos para ouvir a mensagem de Deus!..." (At 7.51)
Dizer
a verdade atualmente está sendo difícil. Mas, além de dizer a verdade, está
sendo quase que impossivel saber quem está falando a verdade.
Há
um ditado popular que diz: "a verdade
dói". A verdade
doeu nos judeus a quem Estevão disse: "Como vocês são teimosos! Como são duros de coração e surdos para ouvir a
mensagem de Deus!..."
(At 7.51)
Estevão
disse a verdade pura e clara sobre a história do povo de Deus para os judeus.
Estevão convidou ao povo para que circuncidassem os ouvidos e o coração. Mas, o
povo não quis dar ouvidos a essas palavras. Na verdade “...ficaram furiosos e rangeram
os dentes contra ele”
(At 7. 54).
O
discurso sobre a verdadeira verdade foi um golpe duro demais para aqueles
judeus. Estevão sabia que a verdade devia ser dita, “doa
a quem doer”. A verdade doeu
a ponto dos judeus gritarem e taparem seus ouvidos, e pegarem Estevão e o
lançarem fora da cidade.
Deus
age de maneira estranha aos nossos olhos. Em cada situação, Deus vai além
daquilo que nós conseguimos ver ou até mesmo imaginar. Lembremos por um momento
de José. Vendido pelos seus irmãos com 17 anos. Depois caluniado e preso. Mas, quando
teve a chance de se vingar dos seus irmãos, testemunhou que todo aquele evento
passado tinha um propósito nos planos de Deus. José disse: "Vocês tentaram o mal contra
mim, mas Deus o reverteu em bem, para conservar muita gente com vida" (Gn 50.20). Recordemos as palavras do
apóstolo Paulo: "sabemos que
todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo seu propósito"
(Rm 8.28). A mesma estranheza no agir de Deus nas mais variadas situações
aconteceu no apedrejamento de Estevão. Esse tragico evento serviu de testemunho
para um jovem chamado Saulo, dias depois Paulo.
O
discurso de Estevão foi à verdadeira interpretação da história de Moisés como
espelho da história de Jesus. Estevão olhava e falava de Moisés, mas apontava
para Jesus.
Tentando
chamar a atenção dos judeus, Estevão disse que condenar Jesus era o mesmo que
condenar Moisés. Estevão acusou os judeus de cegueira e surdez diante da
Palavra de Deus manifestada em Jesus, “...Vocês sempre têm rejeitado o Espírito Santo, como os seus
antepassados rejeitaram. Qual foi o profeta que os antepassados de vocês não
perseguiram? Eles mataram os mensageiros de Deus que no passado anunciaram a
vinda do Bom Servo. E agora vocês o traíram e o mataram. Vocês receberam a lei
por meio de anjos e não têm obedecido a essa lei” (At 7. 51-53).
Estevão
não se calou, falou veementemente a verdade. Ele sabia que estava doendo nos
judeus, mas não se calou. Sabia que iria doer fisicamente nele, mas não se
calou. Mesmo sentindo a dor física do apedrejamento testemunhava: "Senhor não o condenes por este
pecado!" (At 7.60).
"Estou vendo
o céu aberto, e o filho do homem, de pé, à direita de Deus!" (At 7.55).
Esse
testemunho incomodou os judeus. Qual motivo? Não requeria o cumprimento da lei. Nosso testemunho
de que “o justo
viverá por sua fé, pela fé somente”
continua incomodando muitas pessoas. Qual motivo? Não há apego a tradições e requisitos legalistas.
O testemunho de Estevão num primeiro momento
incomodou outro praticante da lei. Na verdade um jovem zeloso no que dizia
respeito à lei. Mas, anos mais tarde, após a conversão, esse mesmo jovem
testemunhou: “É verdade que eu também poderia
pôr a minha confiança nessas coisas. Se alguém pensa que pode confiar nelas, eu
tenho ainda mais motivos para pensar assim. Fui circuncidado quando tinha oito
dias de vida. Sou israelita de nascimento, da tribo de Benjamim, de sangue
hebreu. Quanto à prática da lei, eu era fariseu. E era tão fanático, que
persegui a Igreja. Quanto ao cumprimento da vontade de Deus por meio da
obediência à lei, ninguém podia me acusar de nada. No passado, todas essas
coisas valiam muito para mim; mas agora, por causa de Cristo, considero que não
têm nenhum valor. E não somente essas coisas, mas considero tudo uma completa
perda, comparado com aquilo que tem muito mais valor, isto é, conhecer
completamente Cristo Jesus, o meu Senhor. Eu joguei tudo fora como se fosse
lixo, a fim de poder ganhar a Cristo e estar unido com ele. Eu já não procuro
mais ser aceito por Deus por causa da minha obediência à lei. Pois agora é por
meio da minha fé em Cristo que eu sou aceito; essa aceitação vem de Deus e se
baseia na fé. Tudo o que eu quero é conhecer a Cristo e sentir em mim o poder
da sua ressurreição. Quero também tomar parte nos seus sofrimentos e me tornar
como ele na sua morte, com a esperança de que eu mesmo seja ressuscitado da
morte para a vida” (Fp 3. 4 – 11).
Deus
tem seus propósitos em cada ocasião. Com a morte de Estevão os cristãos
passaram a ser perseguidos e se espalharam por todos os lados. Saulo perseguiu
e matou os cristãos. O fruto dessa perseguição é que por onde os cristãos iam, anunciavam
sobre Jesus, e a igreja ia se expandia. Também dessa perseguição, Deus resolveu
fazer Saulo cair do cavalo. Mostrou-lhe que perseguir os cristãos era o mesmo
que persegui-lo. Ali, Paulo aprendeu que seguir Jesus não é cumprir o
tradicionalismo ou as regras da lei.
A
verdade dita por Estevão feria mais de mil anos de tradição. Uma tradição que
conforme Paulo aos Gálatas 1.13-14 feria a si mesmo. Paulo disse: "Vocês ouviram falar de como eu
costumava agir quando praticava a religião dos judeus. Sabem como eu perseguia
sem dó nem piedade a igreja de Deus e fazia tudo para destruí-la. Quando
praticava essa religião, eu estava mais adiantado do que a maioria dos meus
antepassados".
Os
judeus que mataram Estevão, Saulo e tantos outros achavam estar agindo
corretamente. Eles imaginavam estar com sua consciência tranqüila perante Deus.
Verdade!
O Pilatos pós-modernos continua questionando: “O que é a verdade?”
(Jo 18.38). Não a encontram, pois, nesse século, cada um possui a sua verdade.
Verdade! Um assunto complicado, assunto que fere a política
do “politicamente
correto”. Ouçamos Jesus: "Se permanecerem nas minhas
Palavras, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará"
(Jo 8.32).
A
verdade libertou Estevão. A verdade levou Estevão a testemunhar com coragem,
mesmo que a mesma o levasse a morte assim como levou.
A
verdade libertou Paulo. A verdade o animou a defender Jesus com unhas e dentes
e o conduziu a testemunhar diante de todos até mesmo diante do Imperador.
A
verdade libertou Lutero. A mesma o levou a testemunhar diante de todos, mesmo
que isso lhe custasse à vida.
A
verdade libertou a mim e a você.
Ouvimos
a palavra de Jesus, o Bom Pastor: "As ovelhas reconhecem sua voz quando ele as chama pelo nome, e ele as
leva para fora do curral. Quando todas estão do lado de fora, ele vai na frente
delas, e elas o seguem porque conhecem a voz dele. Mas de jeito nenhum seguirão
um estranho! Pelo contrário, elas fugirão, pois não conhecem a voz de estranhos" (Jo 10.3-4).
Nosso
desafio é permanecer na verdade. A verdade que nos liberta. A verdade que nos
conduz a Jesus, o nosso bom pastor.
Prestem atenção!
Ouvir
a voz do Bom Pastor não é cumprir uma mera tradição. Ouvir é o mesmo que ingerir
a Palavra de Deus.
Cuidado! O nosso inimigo deseja nos afastar da verdade que
é Jesus. Se afastar de Jesus é viver uma vida como ovelha desgarrada. Ovelha
desgarrada é presa fácil para seus predadores.
Jesus
é o nosso salvador, aquele que ressuscitou para que tenhamos uma vida plena.
Essa vida plena nos é transmitida através da prockamação da verdade. Na verdade
que é Jesus eu tenho a vida completa. Sou ovelha de Jesus, resgatada pela
verdade e vou testemunhar sobre essa verdade doa a quem doer.
Qual é o poder da verdade? Libertar da mentira. Principalmente da mentira que
nos leva a condenação eterna. O que pode acontecer com alguém que diz a verdade? Pode até ser apedrejado, mas estando Jesus no
controle nenhum mal eterno nos acontecerá. Continuemos comunicando a verdade
doendo em quer que doa, mesma que seja em nós. Amém!
Escrito por Edson Ronaldo Tressmann
para o 4º Domingo da Páscoa em 13/04/2008
Publicado em: http://cristaoluterano.forumeiros.com/t194-atos-751-60-morte-de-estevao-diacono no dia 15/06/2011.
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