segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Espiritualmente pobre

Comunicando sempre (Jesus - a fonte da água viva)
Eu os guiarei e os levarei até as fontes de água (Is 49.10)
Tema anual: IELB - 110 anos alimentada na fonte de água viva
 FEVEREIRO 2014
4º Domingo após Epifania – 02/02/2014

Sl 15; Mq 6. 1 – 8; 1Co 1.18 – 31; Mt 5. 1 - 12

Tema: Espiritualmente pobre

           Os vv. 1 e 2 de Mateus capítulo 5 assinala que o ministério da pregação não deve ser exercido na clandestinidade, mas deve ser no alto do monte e abertamente, ou seja, em público.  
               Abertamente, Jesus iniciou seu ministério da Pregação subindo num monte e corajosamente abriu sua boca e ensinou a verdade e condenou a falsa doutrina e a vida falsa. 
         O ministério da pregação está sendo confundido em nossos dias. Pessoas buscam aqueles que lhes fale aquilo que desejam ouvir. Há também os pregadores que fazem suas pesquisas para dizerem o que as pessoas querem ouvir. Mas, ministério da pregação consiste em dizer abertamente sem temer a ninguém, quer doa ou não, a verdade que condena o erro doutrinário e a vida falsa.
         Se por pregar a verdade, Jesus advertiu que os seus seriam perseguidos, imaginem na atualidade, onde o “politicamente correto” diz que tal coisa não pode ser dito?
         Não importa o “politicamente correto,” não importa o que o mundo pensa e quer ouvir. Nós pregadores, chamados e ordenados, podendo publicamente pregar em nome de nossas congregações, falemos a verdade condenando a vida e a doutrina falsa.
         Durante o mês de fevereiro nesse ano de 2014 usaremos o sermão proferido por Jesus.
         Jesus inicia seu ministério da Pregação com belas palavras. Não se apresenta como doutor da lei, mas como um amigo que incentiva e atrai seus ouvintes com lindas promessas.
         Infelizmente, muitos por estarem correndo atrás de algo que lhes atrai os ouvidos, pois os acomoda em suas vidas e doutrinas falsas, não valorizam nem tem como preciosa a própria Palavra de Deus pregada por pregadores que conhecem e sabem de sua responsabilidade como tal.
         O sermão proferido por Jesus é doce e amável para os seus discípulos e outros cristãos, mas aborrecedor e insuportável para muitos daqueles que se julgavam santos.
         Uma das frases dita por Jesus em seu sermão foi: “Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do céu é delas” (v.3). Essas palavras, além de doces, são ao mesmo tempo um duro golpe para aqueles que estão no ringue de luta e se acham invencíveis devido a sua piedade.
          Essas palavras são doce e suave para os ouvidos daqueles que se sentem horríveis diante de seus pecados. Ao mesmo tempo palavras que condenam o ensino e pregação de muitos que distorcem a Palavra de Deus. Muitos pregadores anunciavam que se uma pessoa era bem sucedida aqui na terra, essa era feliz e estava em boa situação diante de Deus. Diziam que se fossem piedosos e servissem a Deus, Deus lhes daria tudo aqui na terra e não lhes deixaria faltar nada. Esse ensino provinha de uma falsa interpretação do Salmo 144. 8,13,14.
         Ao dizer “Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do céu é delas” (v.3), Jesus anuncia que é preciso mais do que ter todas as coisas aqui na terra. Jesus instrui aos seus discípulos para não inverterem o verdadeiro ensino, mas anunciem aos pobres e miseráveis que os mesmos são amados por Deus, e esses não estão rejeitados nem abandonados por Ele devido a sua situação financeira. Não são as riquezas que mostram a nossa aceitação da parte de Deus.
         Os judeus acreditavam que quando “uma pessoa era bem sucedida” era sinal de que a mesma era agraciada por Deus.
        Pastor, eu pensava que esse tipo de pregação fosse consequência do nosso tempo!? Na verdade querido irmão e irmã no Senhor, essa horrível distorção da Palavra e do ensino de Deus já vem desde a queda em pecado. O diabo lança essa terrível semente entre nós. Está conduzindo milhares de pessoas ao  Dinheiro Endeusado, Idolatrado, Amado e Servido.  Com suas primeiras palavras em seu sermão, “Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do céu é delas” (v.3), Jesus quer arrancar dos corações à falsa ilusão de que são amados por Deus por aquilo que possuem. Jesus deseja tirar o obstáculo à pregação da Palavra que gera a fé, que alimenta.
         A correta pregação da Palavra de  Deus é a água viva que nos alimenta e fortalece. E é justamente para essa verdadeira Palavra que Jesus quer trazer seus ouvintes de volta, pois estavam sendo iludidos por falsos mestres e supostos piedosos.
         Pessoas estavam se tornando avarentas, desejavam ter dias bons sem carência e adversidade e assim viviam uma vida hipócrita e mentirosa. Pessoas buscavam a vida piedosa para não ficar para trás na prosperidade. Lembro que, qualquer semelhança com nossos dias é mera coincidência.
         Infelizmente queridos amigos e amigas, essa é a maior e mais difundida religião na terra. Por essa razão, mesmo proferido a mais de dois mil anos, o sermão de Jesus é completamente atual aos meus ouvidos: “Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do céu é delas” (v.3).
         O sermão de Jesus não quer ensinar que não podemos julgar as riquezas como aceitação de Deus, e ao mesmo tempo, que não precisamos ser pobres, miseráveis, e abrir mão de tudo que temos para que Deus nos aceite. Se todos fossemos pobres o mundo em si não iria subsistir. Não poderíamos ter famílias, pois não poderíamos sustenta-las.
         O diabo tem muitas armadilhas, uma dessas é justamente a “teologia da prosperidade” encarada como bênção de Deus. Muitos se julgam amados por Deus por causa de sua vida cheia de alegrias e vitórias. E outra artimanha do nosso inimigo é a “teologia da pobreza” como requisito de salvação.
         Relembremos que a riqueza é uma dádiva de Deus. Há muitos ricos “pobres de espirito” assim como há muitos mendigos arrogantes e perversos.
         Jesus não entra na discussão Riqueza versus Pobreza. Ele está falando sobre os “...que são espiritualmente pobres,...” (v.3). O que significa ser espiritualmente pobre? É não saber nada da Bíblia? É não ter nenhuma igreja?
         ... espiritualmente pobres,...” (v.3) significa não colocar a confiança, consolo e segurança nos bens materiais nem prender neles o nosso coração, ou seja, amá-lo, servi-lo e querer-lhes bem. Muitos se julgam agradáveis a Deus por estarem bem financeiramente, mas Jesus chama os “pobres” de felizes. Jesus diz que não é a riqueza nesse mundo que mostra o amor de Deus por nós.
         Davi era Rei em Israel, seu reino foi rico e próspero, mas confessou que era “...um hóspede e peregrino” (Sl 39.12). Davi não olhou para sua situação de riqueza e se vangloriou como sendo agraciado por Deus. Reconheceu-se, assim como cada um de nós precisa reconhecer, “um hóspede,” alguém que está na estrada, não tendo lugar para ficar, pois a nossa pátria está no céu (Fp 3.20). Não podemos ficar presos aos bens materiais. Ouçamos o convite do apóstolo Pedro: “Queridos amigos, lembrem que vocês são estrangeiros de passagem por este mundo....” (1Pe 2.11). Vamos fazer uso de nossos bens materiais assim como quando estamos numa viagem. Numa viagem precisamos apenas de duas coisas: comida e cama. Numa viagem nunca dizemos, “isso aqui é meu.” Tudo pertence a outro, como viajantes estamos apenas usufruindo daquilo que está a nossa disposição.
         Muitos vivem suas vidas imaginando que viverão eternamente nesse mundo e com seus bens. Mas sabemos e precisamos estar certos de que não será assim. Não prenda sua vida, seu coração, seu servir, sua adoração àquilo que possui. Seja um pobre de espírito. Mesmo que você tenha muito, viva como se não tivesse nada.
         A fé cristã nunca pode ser medida pela riqueza ou pobreza. A fé olha apenas para o coração, onde o mesmo é depositado. A fé julga entre o “espiritualmente rico,” aquele que é avarento e o “espiritualmente pobre” aquele que não prende sua confiança e adoração aos seus bens materiais, mas apenas em Cristo Jesus. A fé cristã deseja que o coração esteja livre da avareza e consolado e apegado em Jesus Cristo.
         Aos “espiritualmente pobres” Jesus acrescenta uma promessa maravilhosa e excelente: “deles é o Reino dos céus.” A pobreza espiritual só pode ser produzida pelo Espírito Santo, a água viva.
         Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do céu é delas” (v.3) são as primeiras palavras no ministério da Pregação de Jesus. Com essas palavras Cristo nos deixa seguir nosso caminho. Não quer nos forçar nem nos arrastar pelos cabelos, mas está nos dando seu conselho e quem quiser aceita-lo saiba que será feliz eternamente.
         Querido amigo(a) quer você seja rico ou pobre, se você deseja ter o suficiente nessa vida e depois dessa vida, não seja avarento a ponto de se esquecer de Jesus Cristo. Amém!
 

Pr. Edson Ronaldo Tressmann

cristo_para_todos@hotmail.com

Bibliografia: Martinho Lutero. Obras Selecionadas. Vol. 9. Ed. Sinodal, Concórdia e ULBRA; São Leopoldo, Porto Alegre e Canoas, RS. 2005. pp. 25 - 35

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