27/10/13 – 23º Domingo após
Pentecostes
Sl 5; Gn 4. 1
- 15; 2Tm 4. 6 – 8, 16 - 18; Lc 18. 9 -
17
Tema:
Qual é a nossa justificativa diante de Deus?
O mês de outubro, que está por
terminar, é mês das crianças, para muitos da padroeira do Brasil, para outros,
halloween, e muitos lembram como o mês da Reforma.
Se eu fosse definir o mês de outubro,
iria defini-lo como o mês do
questionamento.
Crianças, quem
são?
Padroeira do
Brasil, como assim?
Dia das
bruxas, por quê?
Reforma,
qual?
Entre essas questões, levando em
consideração Lucas 18. 9 – 14, pergunto: O
que nos justifica perante Deus?
Justificativa! As pessoas sempre tentam
se justificar de algo que fizeram, ou de alguma coisa que deixaram de fazer. É comum
as seguintes justificativas: “o que eu não tenho em casa, eu procuro na rua;”
“eu não fui
ao culto por causa do pastor, ele fez isso e eu não gostei;” “eu não tenho
tempo;” “eu sou uma pessoa boa, não mato, não roubo, gosto de todo
mundo;” Justificativas. As
pessoas gostam de se justificar.
Conforme o texto de Lucas 18. 9 – 14, Jesus
faz uma análise contando uma parábola. Jesus
compara o jeito errado do fariseu se justificar perante Deus e perante
os homens, e a justificativa
que agrada a Deus, a do publicano que implorou “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!”
Analisemos essa parábola por partes.
Primeiro: Jesus está falando para um grupo que “confiava em si mesmo.” Para esse grupo, Jesus começa a
falar sobre algo comum do dia-a-dia. Conforme Atos 3.1, todos os dias os judeus
iam ao templo para orar, isso por volta das três horas da tarde. Os judeus como
era costume oravam de si para si mesmos, ou seja, em pé, com a voz alta. Depois
liam um trecho das Escrituras. Diante de Jesus esse grupo de pessoas que
aparentemente cumpriam a lei com todo o rigor, e por esse motivo se
consideravam justos, olhavam para os outros cheios de desprezo. Eles estavam no
meio da multidão para qual Jesus conta a história.
Segundo: Jesus inicia falando sobre o fariseu que
faz uma oração muito bonita. Temos conhecimento de uma oração semelhante
relatada no escritos dos judeus do primeiro século, o Talmude: “Eu te agradeço, Senhor, meu Deus, porque me deste parte junto
daqueles que se assentam na sinagoga, e não junto daqueles que se assentam
pelas esquinas das ruas; pois eu me levanto cedo, eles também levantam cedo; eu
me levanto cedo para as palavras da lei, e eles, para as coisas fúteis. Eu me
esforço, eles se esforçam: eu me esforço e recebo a recompensa, eles se
esforçam e não recebem a recompensa. Eu corro e eles correm: eu corro para a
vida no mundo futuro, e eles, para a fossa da perdição.”
Ao fazer a comparação, Jesus usa uma
oração comum entre os fariseus. Jesus fala de algo corriqueiro. Entrar no
templo e orar. Ao dizer isso, consegue a atenção dos fariseus para chamar a
atenção para o seu jeito de orar. Um orar que envolve a enumeração dos pecados que não cometeu. Oh Deus
eu não sou zombador (Segundo mandamento);
não sou injusto; não cometo adultério (Sexto
mandamento); nem sou como este publicano. Jesus fala de moralidade quando o
fariseu anuncia as suas qualidades e perfeições. Jejuo duas vezes por semana, a
lei prescrevia um jejum por ano. Dou 10% de tudo, até mesmo daquilo que ele
comprava, mesmo que o produtor já tivesse dado os 10% do produto, ele o fazia
novamente. Esse era o cara do momento. Ser idêntico a ele era praticamente impossível.
Com
a atenção dos fariseus garantida, Jesus
segue sua história. Junto com esse exemplo de homem, entrou no templo um
publicano. Os publicanos eram mal
vistos, trabalhavam para o governo, os romanos. Os romanos eram inimigos
políticos dos judeus. Os cobradores de impostos, além de cobrar o estipulado
cobravam uma taxa a mais. Eram tidos como ladrões, pecado contra o sétimo
mandamento.
Jesus
sabia que o publicano era considerado um pecador desprezível. Esse desprezado
pecador fez a seguinte oração, não de pé, de joelhos e arrependido bate no
peito e ora: “Ó
Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!”
Jesus chegou ao ponto máximo de sua
comparação. O publicano apesar de rejeitado pelo povo foi aceito por Deus. Pelo
maior de todos os motivos: se aproximou de Deus não querendo justificar a si mesmo,
mas confiou unicamente na misericórdia de Deus, que era quem o podia justificar.
“Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!”
Jesus faz um alerta aos fariseus para
pararem de confiar em si mesmo. Entre eles, a oração tida como bela, o homem
que era tido como exemplo, podia até ser bonito, bem visto. Mas, perante Deus,
tudo isso não adiantava nada. Jesus disse: “misericórdia quero e não holocaustos” e “Aí de vocês,
mestres da lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês dão a décima parte até mesmo
da hortelã, da erva doce e do cominho, mas não obedecem aos mandamentos mais
importantes da lei, que são: o de serem justos com os outros, o de serem
bondosos e o de serem honestos. Mas são justamente essas coisas que vocês devem
fazer, sem deixar de lado as outras” (Mt 23.23).
Jesus mostra que a única maneira de ser
justificado é confiar nEle. Ele não fica admirado quando as pessoas se exaltam,
assim como fez o fariseu. O fariseu olhou para ele mesmo, achando-se bom demais
por não roubar, não ser injusto, nem adúltero, por jejuar duas vezes por
semana, dar o dízimo.
Esse cara, o fariseu encantava as
pessoas na época de Jesus e encanta também em nossos dias. Ficamos
impressionados com as pessoas que testemunham, “eu nunca roubei nada de ninguém, nunca
matei, nunca adulterei, nunca...” As pessoas começam a olhar e
apontar para si mesmas. Queremos nos justificar. “Eu sou bom, sou evangélico, sou cristão,
sou católico, eu nunca...” Perante os homens essas justificativas tem muito valor. Mas, será
que valem diante de Deus?
Nós
luteranos, no dia 31 de outubro estaremos nos lembrando da reforma. Precisamos recordar
que o tema da reforma é o pecado.
Quem de nós pode dizer, eu nunca pequei? Impressionado
com o testemunho de alguém que diz: “eu
nunca matei,” recordemos que a Bíblia diz “todo aquele que odeia o seu irmão é pecador.”
Impressionado com aquele que diz “eu
nunca adulterei..” lembre-se que a Bíblia diz “todo aquele que olhar com olhos impuros
para uma mulher, em seu coração já adulterou com ela;”
Somos pecadores! Por isso vale lembrar
que Jesus diz para confiar nEle e não em si mesmo. Somos pecadores! Por isso
nossa oração precisa ser como a do publicano “Ó Deus, tem piedade de mim, pois sou
pecador!” Somos pecadores! E diante dos nossos pecados, não adianta
olharmos para aquilo que fazemos e deixamos de fazer. Nossa salvação depende
daquilo que Jesus fez por nós na cruz. Crer em Jesus é estar justificado
perante Deus.
Quando Deus Pai, enviou seu filho,
Jesus Cristo, para sofrer e morrer em meu lugar, além de provar seu imenso amor
por mim, provou que não posso me justificar perante ele, devido ao meu pecado.
Deus enviou Jesus para que eu me apegue nEle, olhe para cruz e para àquilo que fez
por mim e não naquilo que eu suponho fazer.
Paulo também é um exemplo de um homem que
até os 28 anos de idade sempre procurava cumprir a lei com todo o rigor. Mas,
quando Jesus o encontrou na estrada de Damasco, sua vida mudou. Ele deixou de
confiar em si mesmo e passou a confiar completamente na graça de Deus. Tanto é,
que ele mesmo diz em sua segunda carta a Timóteo “Deus teve misericórdia de mim...”
Não podemos esquecer do que disse ainda na sua carta aos Filipenses 3. 4 – 9.
Paulo, um fariseu zeloso, perseguia a igreja. Para ele os cristãos estavam
pervertendo aquilo que a lei de Deus dizia. Paulo aprendeu que tudo aquilo que
ele fazia para ser salvo de nada adiantava. A salvação era dada por aquilo que
Jesus fez na cruz. Ao ser encontrado por Jesus, Paulo descobriu essa verdade e
passou a anuncia-la, assim como fez aos Romanos 10. 1 – 4.
As pessoas podem até se justificar para
o pastor e para as pessoas. Mas perante Deus, minha justificativa é uma só: Jesus. Ele é quem perdoa meus
pecados. Ele morreu por mim. Ele é meu salvador.
Pessoas procuram se justificar, e ainda
muitos vem ao culto como o fariseu, “eu sou assim...eu faço isso...”. Olhando para
si mesmos, esquecem que: Culto é Deus vindo ao homem para perdoar seus pecados, para
fortalecer a fé, orientar e consolar. No
culto eu e você não fazemos nada pra Deus, ele faz tudo por nós.
Querido amigo, e amiga. Enquanto muitos
querem se justificar perante os homens, “eu
sou... eu nunca...”, busquemos com humildade mudar as coisas e orar: “Ó Deus, tem pena
de mim, pois sou pecador!” Saiba que qualquer justificativa perante
Deus só é válida em Jesus, pois o “justo viverá pela fé.” Amém!
Edson
Ronaldo Tressmann.
cristo_para_todos@hotmail.com
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