terça-feira, 22 de outubro de 2013

Qual é a nossa justificativa diante de Deus?


27/10/13 – 23º Domingo após Pentecostes
Sl 5; Gn 4. 1 - 15; 2Tm 4. 6 – 8, 16 - 18; Lc 18. 9 - 17
Tema: Qual é a nossa justificativa diante de Deus?
 

         O mês de outubro, que está por terminar, é mês das crianças, para muitos da padroeira do Brasil, para outros, halloween, e muitos lembram como o mês da Reforma.

         Se eu fosse definir o mês de outubro, iria defini-lo como o mês do questionamento.

         Crianças, quem são?

         Padroeira do Brasil, como assim?

         Dia das bruxas, por quê?

         Reforma, qual?

         Entre essas questões, levando em consideração Lucas 18. 9 – 14, pergunto: O que nos justifica perante Deus?

         Justificativa! As pessoas sempre tentam se justificar de algo que fizeram, ou de alguma coisa que deixaram de fazer. É comum as seguintes justificativas: “o que eu não tenho em casa, eu procuro na rua;” “eu não fui ao culto por causa do pastor, ele fez isso e eu não gostei;” “eu não tenho tempo;” “eu sou uma pessoa boa, não mato, não roubo, gosto de todo mundo;Justificativas. As pessoas gostam de se justificar.

         Conforme o texto de Lucas 18. 9 – 14, Jesus faz uma análise contando uma parábola. Jesus compara o jeito errado do fariseu se justificar perante Deus e perante os homens, e a justificativa que agrada a Deus, a do publicano que implorou “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!

         Analisemos essa parábola por partes.

         Primeiro: Jesus está falando para um grupo que “confiava em si mesmo.” Para esse grupo, Jesus começa a falar sobre algo comum do dia-a-dia. Conforme Atos 3.1, todos os dias os judeus iam ao templo para orar, isso por volta das três horas da tarde. Os judeus como era costume oravam de si para si mesmos, ou seja, em pé, com a voz alta. Depois liam um trecho das Escrituras. Diante de Jesus esse grupo de pessoas que aparentemente cumpriam a lei com todo o rigor, e por esse motivo se consideravam justos, olhavam para os outros cheios de desprezo. Eles estavam no meio da multidão para qual Jesus conta a história.

         Segundo: Jesus inicia falando sobre o fariseu que faz uma oração muito bonita. Temos conhecimento de uma oração semelhante relatada no escritos dos judeus do primeiro século, o Talmude: “Eu te agradeço, Senhor, meu Deus, porque me deste parte junto daqueles que se assentam na sinagoga, e não junto daqueles que se assentam pelas esquinas das ruas; pois eu me levanto cedo, eles também levantam cedo; eu me levanto cedo para as palavras da lei, e eles, para as coisas fúteis. Eu me esforço, eles se esforçam: eu me esforço e recebo a recompensa, eles se esforçam e não recebem a recompensa. Eu corro e eles correm: eu corro para a vida no mundo futuro, e eles, para a fossa da perdição.

         Ao fazer a comparação, Jesus usa uma oração comum entre os fariseus. Jesus fala de algo corriqueiro. Entrar no templo e orar. Ao dizer isso, consegue a atenção dos fariseus para chamar a atenção para o seu jeito de orar. Um orar que envolve a  enumeração dos pecados que não cometeu. Oh Deus eu não sou zombador (Segundo mandamento); não sou injusto; não cometo adultério (Sexto mandamento); nem sou como este publicano. Jesus fala de moralidade quando o fariseu anuncia as suas qualidades e perfeições. Jejuo duas vezes por semana, a lei prescrevia um jejum por ano. Dou 10% de tudo, até mesmo daquilo que ele comprava, mesmo que o produtor já tivesse dado os 10% do produto, ele o fazia novamente. Esse era o cara do momento. Ser idêntico a ele era praticamente impossível.

Com a atenção dos fariseus garantida, Jesus segue sua história. Junto com esse exemplo de homem, entrou no templo um publicano. Os  publicanos eram mal vistos, trabalhavam para o governo, os romanos. Os romanos eram inimigos políticos dos judeus. Os cobradores de impostos, além de cobrar o estipulado cobravam uma taxa a mais. Eram tidos como ladrões, pecado contra o sétimo mandamento.

Jesus sabia que o publicano era considerado um pecador desprezível. Esse desprezado pecador fez a seguinte oração, não de pé, de joelhos e arrependido bate no peito e ora: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!

         Jesus chegou ao ponto máximo de sua comparação. O publicano apesar de rejeitado pelo povo foi aceito por Deus. Pelo maior de todos os motivos: se aproximou de Deus não querendo justificar a si mesmo, mas confiou unicamente na misericórdia de Deus, que era quem o podia justificar.

         Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!

         Jesus faz um alerta aos fariseus para pararem de confiar em si mesmo. Entre eles, a oração tida como bela, o homem que era tido como exemplo, podia até ser bonito, bem visto. Mas, perante Deus, tudo isso não adiantava nada. Jesus disse: “misericórdia quero e não holocaustos” e “Aí de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês dão a décima parte até mesmo da hortelã, da erva doce e do cominho, mas não obedecem aos mandamentos mais importantes da lei, que são: o de serem justos com os outros, o de serem bondosos e o de serem honestos. Mas são justamente essas coisas que vocês devem fazer, sem deixar de lado as outras (Mt 23.23).

         Jesus mostra que a única maneira de ser justificado é confiar nEle. Ele não fica admirado quando as pessoas se exaltam, assim como fez o fariseu. O fariseu olhou para ele mesmo, achando-se bom demais por não roubar, não ser injusto, nem adúltero, por jejuar duas vezes por semana, dar o dízimo.

         Esse cara, o fariseu encantava as pessoas na época de Jesus e encanta também em nossos dias. Ficamos impressionados com as pessoas que testemunham, “eu nunca roubei nada de ninguém, nunca matei, nunca adulterei, nunca...” As pessoas começam a olhar e apontar para si mesmas. Queremos nos justificar. “Eu sou bom, sou evangélico, sou cristão, sou católico, eu nunca... Perante os homens essas justificativas tem muito valor. Mas, será que valem diante de Deus?

         Nós luteranos, no dia 31 de outubro estaremos nos lembrando da reforma. Precisamos recordar que o tema da reforma é o pecado. Quem de nós pode dizer, eu nunca pequei? Impressionado com o testemunho de alguém que diz: “eu nunca matei,” recordemos que a Bíblia diz “todo aquele que odeia o seu irmão é pecador.” Impressionado com aquele que diz “eu nunca adulterei..” lembre-se que a Bíblia diz “todo aquele que olhar com olhos impuros para uma mulher, em seu coração já adulterou com ela;

         Somos pecadores! Por isso vale lembrar que Jesus diz para confiar nEle e não em si mesmo. Somos pecadores! Por isso nossa oração precisa ser como a do publicano “Ó Deus, tem piedade de mim, pois sou pecador!” Somos pecadores! E diante dos nossos pecados, não adianta olharmos para aquilo que fazemos e deixamos de fazer. Nossa salvação depende daquilo que Jesus fez por nós na cruz. Crer em Jesus é estar justificado perante Deus.

         Quando Deus Pai, enviou seu filho, Jesus Cristo, para sofrer e morrer em meu lugar, além de provar seu imenso amor por mim, provou que não posso me justificar perante ele, devido ao meu pecado. Deus enviou Jesus para que eu me apegue nEle, olhe para cruz e para àquilo que fez por mim e não naquilo que eu suponho fazer.

         Paulo também é um exemplo de um homem que até os 28 anos de idade sempre procurava cumprir a lei com todo o rigor. Mas, quando Jesus o encontrou na estrada de Damasco, sua vida mudou. Ele deixou de confiar em si mesmo e passou a confiar completamente na graça de Deus. Tanto é, que ele mesmo diz em sua segunda carta a Timóteo “Deus teve misericórdia de mim...” Não podemos esquecer do que disse ainda na sua carta aos Filipenses 3. 4 – 9. Paulo, um fariseu zeloso, perseguia a igreja. Para ele os cristãos estavam pervertendo aquilo que a lei de Deus dizia. Paulo aprendeu que tudo aquilo que ele fazia para ser salvo de nada adiantava. A salvação era dada por aquilo que Jesus fez na cruz. Ao ser encontrado por Jesus, Paulo descobriu essa verdade e passou a anuncia-la, assim como fez aos Romanos 10. 1 – 4.

         As pessoas podem até se justificar para o pastor e para as pessoas. Mas perante Deus, minha justificativa é uma só: Jesus. Ele é quem perdoa meus pecados. Ele morreu por mim. Ele é meu salvador.

         Pessoas procuram se justificar, e ainda muitos vem ao culto como o fariseu, “eu sou assim...eu faço isso...”. Olhando para si mesmos, esquecem que: Culto é Deus vindo ao homem para perdoar seus pecados, para fortalecer a fé, orientar e consolar. No culto eu e você não fazemos nada pra Deus, ele faz tudo por nós.

         Querido amigo, e amiga. Enquanto muitos querem se justificar perante os homens, “eu sou... eu nunca...”, busquemos com humildade mudar as coisas e orar: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!” Saiba que qualquer justificativa perante Deus só é válida em Jesus, pois o “justo viverá pela fé.” Amém!


Edson Ronaldo Tressmann.

cristo_para_todos@hotmail.com

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