08/09/13 – 16º Domingo após
Pentecostes
Sl 1; Dt 30. 15 - 20; Fm 1 - 21; Lc 14. 25 - 35
Tema: Multidões diferentes, lição necessária.
Nos
textos bíblicos para nossa conversa, Deuteronômio 30. 15 – 20 e Lucas 14. 25 –
35, falam de duas multidões separadas por milhares de anos. Cerca de 1.300
anos. Quero acrescentar uma terceira multidão nessa conversa, nós, eu e você. Três
multidões separadas por milhares de anos, mas possuem grandes semelhanças. A mesma
distância que separa essas multidões parece que as une em suas semelhanças
apresentadas pelos textos bíblicos. Multidões diferentes, lição necessária.
Deuteronômio
30 bem como Lucas 14 nos transmite sobre as escolhas feitas e a prioridade na
escolha.
Hoje
estou deixando que vocês escolham
entre o bem e o mal, entre a
vida e a morte. Se vocês obedecerem aos mandamentos do SENHOR, nosso
Deus, que hoje eu estou dando a vocês, e o amarem, e andarem no caminho que ele
mostra, e cumprirem todas as suas leis e todos os seus mandamentos, vocês
viverão muito tempo na terra que vão invadir e que vai ser de vocês. E Deus os
abençoará e lhes dará muitos descendentes. Porém eu lhes afirmo hoje mesmo que,
se abandonarem a Deus e não quiserem
obedecer e se caírem na tentação de adorar e servir outros deuses,
nesse caso vocês serão completamente destruídos e não viverão muito tempo na
terra que estão para possuir no outro lado do rio Jordão. Neste dia chamo o céu
e a terra como testemunhas contra vocês. Eu lhes dou a oportunidade de escolherem entre a vida e a morte, entre a bênção e
a maldição. Escolham a vida,
para que vocês e os seus descendentes vivam muitos anos. Amem o SENHOR, nosso Deus, obedeçam ao que ele manda e fiquem ligados com ele. Assim
vocês continuarão a viver e viverão muitos anos na terra que o SENHOR Deus
jurou que daria aos nossos antepassados Abraão, Isaque e Jacó.
Viver
requer tomar decisões. E decisões nem sempre são fáceis de serem tomadas. E a
mais difícil é a decisão que Deus requer de seus filhos: adorá-lo e confiar
nele acima de todas as coisas.
Adorar
a Deus e confiar nele acima de todas as coisas implica em responder quem de
fato é o nosso Deus. Jesus no sermão do monte disse: “Pois onde estiverem as
suas riquezas, aí estará o coração de vocês” (Mt 6.21).
Viver
é tomar decisões. Deus, nosso Pai, criador e sustentador quer que tenhamos uma
vida boa, por isso, direciona a nossa escolha. Uma escolha que tem em si ricas
bênçãos. E a bênção não está em nossa escolha, está na oferta que Deus noz faz.
Sua oferta é de bem e vida.
Adorar
a Deus e confiar nele acima de todas as coisas não é uma escolha fácil. Afinal,
muitas são as ofertas para que busquemos e adoremos outros deuses. A adoração e
busca de outros deuses está na maldição pela qual muitas pessoas estão vivendo
em seus dias. A maldição em que muitos estão envolvidos se deve ao fato de se
deixarem conduzir pela carne, pela velha natureza. Assim estão produzindo e
colhendo, conforme o apóstolo Paulo, imoralidade sexual, impureza, ações
indecentes, adoração a ídolos, feitiçarias, inimizades, brigas, ciumeiras,
acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, divisão, vícios (Gl 5. 19 – 21).
Escolher
a vida e o bem nem sempre é uma escolha fácil. Afinal, numa sociedade corrupta,
onde se dá bem quem é desonesto, muitos escolhem pelo mesmo caminho. A vida se
tornou uma escolha difícil.
Atualmente,
em meio aos pecados modernos não conseguimos separar tão claramente entre o bem
e o mal. Muitas vezes, infelizmente descartamos o trigo e deixamos o joio. Até
uma coisa bem feita pode se tornar um mal. Raras vezes o bem e o mal são
separados adequadamente. Multidões diferentes, lição necessária.
O
povo de Deus liberto da escravidão do Egito estava terminando sua peregrinação
de 40 anos pelo deserto. Esse povo foi escolhido por Deus. Sua escolha é para
que através deles, a luz de Deus se manifestasse a todas as nações. Conforme o
profeta Isaías essa luz era a salvação preparada por Deus no filho que nasceria
desse povo. Disse o profeta: “O povo que andava na escuridão viu
uma forte luz; a luz brilhou sobre os que viviam nas trevas” (Is
9.2) e também o evangelista Lucas: “...Ele fará brilhar sobre nós a
sua luz” (Lc 1.78b). Em Jesus, Deus nos escolheu e nos deu e dá a
salvação, assim como Ele mesmo disse: “Não foram vocês que me escolheram;
pelo contrário, fui eu que os escolhi para que vão e deem fruto e que esse
fruto não se perca. Isso a fim de que o Pai lhes dê tudo o que pedirem em meu
nome” (Jo 15.16).
O
povo de Deus, escolhido por Deus para ser luz para as nações, agora estava
entrando numa nova etapa no projeto de Deus. E tendo sido escolhidos por Deus,
agora estavam sendo orientados a escolherem a vida, o bem, a bênção.
Nós,
povo de Deus, “Pois, por meio da fé em Cristo Jesus, todos vocês são
filhos de Deus. Porque vocês foram batizados para ficarem unidos com Cristo e
assim se revestiram com as qualidades do próprio Cristo” (Gl 3. 27 –
28). Como filhos de Deus, revestidos de Jesus Cristo, podemos escolher assim
como aconselha Paulo: “Mas
agora livrem-se de tudo isto: da raiva, da paixão e dos sentimentos de ódio. E
que não saia da boca de vocês nenhum insulto e nenhuma conversa indecente. Não
mintam uns para os outros, pois vocês já deixaram de lado a natureza velha com
os seus costumes e se vestiram com uma nova natureza. Essa natureza é a nova
pessoa que Deus, o seu criador, está sempre renovando para que ela se torne
parecida com ele, a fim de fazer com que vocês o conheçam completamente. Como
resultado disso, já não existem mais judeus e não-judeus, circuncidados e
não-circuncidados, não-civilizados, selvagens, escravos ou pessoas livres, mas
Cristo é tudo e está em todos. Vocês são o povo de Deus. Ele os amou e os
escolheu para serem dele. Portanto, vistam-se de misericórdia, de bondade, de
humildade, de delicadeza e de paciência” (Cl 3. 8 – 12).
Como
filhos de Deus, escolhidos por Deus, nos propõe escolher a vida, o bem, a
bênção.
Três
multidões separadas por milhares de anos que possuem grandes semelhanças. A
mesma distância que separa essas multidões as une em suas semelhanças
apresentadas pelos textos bíblicos. Deuteronômio 30 bem como Lucas 14 nos
transmite sobre as escolhas feitas e a prioridade na escolha. Multidões diferentes, lição necessária.
Como filhos
de Deus em Jesus, reconhecemos que as escolhas não são fáceis de serem tomadas.
No entanto, nossas decisões estão baseadas na nossa nova vida, a vida em
Cristo, pois, “Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o
que era velho, e já chegou o que é novo” (2Co 5.17).
Ouvimos que a primeira multidão foi
aconselhada sobre a melhor escolha a se fazer. O evangelista Lucas mostra que
Jesus ensinou outra multidão a priorizar suas escolhas.
Não é fácil escolher, a vida é marcada
por escolhas. Escolhas ruins, consequências terríveis. Escolhas boas, vida
tranquila e boa. A dificuldade da escolha é visível em nossa sociedade. E
justamente, nessa sociedade, Jesus nos colocou como seus filhos e nos capacita
a vivermos como seus discípulos. E o discípulo é um escolhido de Deus, colocado
por Deus em seu Reino. O discípulo sabe qual é a prioridade de suas escolhas. Multidões diferentes, lição necessária.
Disse Jesus,
narrado por Lucas no seu evangelho capítulo 14, versículos 25 – 35:
Certa
vez uma grande multidão estava acompanhando Jesus. Ele virou-se para eles e
disse: Quem quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais
do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos,
as suas irmãs e até a si mesmo. Não pode ser meu seguidor quem não estiver
pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhar. Se um de vocês quer
construir uma torre, primeiro senta e calcula quanto vai custar, para ver se o
dinheiro dá. Se não fizer isso, ele consegue colocar os alicerces, mas não pode
terminar a construção. Aí todos os que virem o que aconteceu vão caçoar dele,
dizendo: “Este homem começou a construir, mas não pôde terminar!” Se um rei que
tem dez mil soldados vai partir para combater outro que vem contra ele com
vinte mil, ele senta primeiro e vê se está bastante forte para enfrentar o
outro. Se não fizer isso, acabará precisando mandar mensageiros ao outro rei,
enquanto este ainda estiver longe, para combinar condições de paz. Jesus
terminou, dizendo: Assim nenhum de vocês pode ser meu discípulo se não deixar
tudo o que tem. O sal é uma coisa útil; mas, se perde o gosto, deixa de ser
sal. É jogado fora, pois não serve mais nem para a terra nem para o monte de
esterco. Se vocês têm ouvidos para ouvirem, então ouçam.
O discípulo de Jesus tem um preço a
pagar, mas esse preço não o faz discípulo, tendo sido já escolhido. O preço é que o discípulo não é aquele que está na multidão apenas por estar empolgado
com um suposto milagre de Jesus, ou encantado com seu ensino. Ser discípulo é
como disse Jesus: “Quem
quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais do que ama o
seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs
e até a si mesmo. Não pode ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer
como eu vou morrer e me acompanhar” (Lc 14. 26 – 27).
Essas palavras assustam muitas pessoas.
Muitos até imaginam que ser discípulo de Cristo se torna algo penoso e sofrido
por essa afirmação. No entanto, precisamos entender o precioso e rico ensino de
Jesus. Para isso primeiramente olhemos para o contexto.
O evangelista Lucas apresenta Jesus no
caminho para Jerusalém. Nessa caminhada rumo a cruz, Jesus está preparando seus
discípulos, os seus escolhidos para todo o sofrimento que estaria diante deles
em Jerusalém. Disse estas palavras às multidões que o seguiam. No entanto,
Jesus era seguido por muitos, por interesse pessoal. Diante desse interesse
pessoal, Jesus adverte que o discípulo, o escolhido por Deus, precisa estar
disposto a carregar sua cruz.
Outro detalhe que enriquece nossa
compreensão das palavras de Jesus a multidão, não apenas naquela época, mas
para nós ainda hoje, são as duas parábolas. Multidões diferentes, lição necessária.
As duas parábolas tem como conexão o
planejamento. O homem que vai construir e o rei que vai para a guerra.
“Quem quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se
não me amar mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos,
os seus irmãos, as suas irmãs e até a si mesmo. Não pode ser meu seguidor quem
não estiver pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhar” (Lc
14. 26 – 27).
No caso do homem que vai construir a
torre, o planejamento mostra se a obra vai ou não vai acontecer.
A multidão a quem Jesus disse essas
palavras e outros que estavam em Jerusalém conseguiu ir até a entrada triunfal
de Jesus em Jerusalém. Cantaram hosanas, jogaram suas vestes, folhas no chão
para Jesus passar. Mas, ao verem que a obra de Jesus não era política, o
abandonaram.
A segunda parábola mostra um rei que
precisa tomar uma decisão. Seu reino está para ser invadido. Lutar? Se render?
O rei não podia ficar omisso.
Ter sido escolhido por Jesus. E esse
detalhe é riquíssimo. Afinal, o discípulo era quem escolhia seu mestre, mas
sabemos pela Palavra de Deus que foi o mestre Jesus quem nos escolheu. Diante dessa
escolha não podemos ficar omissos. Estamos prontos à correr todos os riscos de
seguir Jesus ou buscamos maneiras de negociar para evitar o confronto com o
mundo.
De nenhuma maneira Jesus vai contra o
quarto e sexto mandamento. Alerta para o fato e que muitos o abandonam diante
da primeira dificuldade, da primeira provação na fé. Multidões diferentes, lição necessária.
A vida é feita de escolhas e entre as
escolhas algumas tem prioridade. A prioridade de Deus foi e é nos amar. Seu amor
está revelado a nós no seu caminho e na sua chegada até a cruz. Jesus escolheu
nos amar e nos tornar seus filhos e herdeiros.
Diante da escolha que Deus em Jesus fez
e faz por nós, na luz de Cristo podemos escolher e priorizar o discipulado,
carregar a nossa cruz sabendo que aquele que a carregou em nosso lugar não nos
abandona nem nos abandonará. Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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