terça-feira, 17 de setembro de 2013

Provando da Misericórdia Divina


22/09/13 – 18º Domingo após Pentecostes
Sl 113; Am 8. 4 - 7; 1Tm 2. 1 – 15; Lc 16. 1 - 15
Tema: Provando da Misericórdia Divina
 

        Jesus está caminhando rumo a Jerusalém. As parábolas apresentadas pelo evangelista Lucas desde o capítulo 15 ao 18.14, tratam de um único tema: a misericórdia divina. Podemos até colocar esse tema em nossa parábola de estudo, Lc 16. 1 – 15.


Jesus disse aos seus discípulos: — Havia um homem rico que tinha um administrador que cuidava dos seus bens. Foram dizer a esse homem que o administrador estava desperdiçando o dinheiro dele. Por isso ele o chamou e disse: “Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar como meu administrador.” — Aí o administrador pensou: “O patrão está me despedindo. E, agora, o que é que eu vou fazer? Não tenho forças para cavar a terra e tenho vergonha de pedir esmola. Ah! Já sei o que vou fazer... Assim, quando for mandado embora, terei amigos que me receberão nas suas casas.” — Então ele chamou todos os devedores do patrão e perguntou para o primeiro: “Quanto é que você está devendo para o meu patrão?” — “Cem barris de azeite!” — respondeu ele. O administrador disse: — “Aqui está a sua conta. Sente-se e escreva cinqüenta.” — Para o outro ele perguntou: “E você, quanto está devendo?” — “Mil medidas de trigo!” — respondeu ele. — “Escreva oitocentas!” — mandou o administrador. — E o patrão desse administrador desonesto o elogiou pela sua esperteza. E Jesus continuou: — As pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz. Por isso eu digo a vocês: usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno. Quem é fiel nas coisas pequenas também será nas grandes; e quem é desonesto nas coisas pequenas também será nas grandes. Pois, se vocês não forem honestos com as riquezas deste mundo, quem vai pôr vocês para tomar conta das riquezas verdadeiras? E, se não forem honestos com o que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês? — Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro. Os fariseus ouviram isso e zombaram de Jesus porque amavam o dinheiro. Então Jesus disse a eles: — Para as pessoas vocês parecem bons, mas Deus conhece o coração de vocês. Pois aquilo que as pessoas acham que vale muito não vale nada para Deus.

        Desse relato podemos destacar:

        - o administrador foi denunciado pelo seu patrão;

        - o patrão pede que o mesmo preste conta de seu gerenciamento;

        - o silêncio comprova sua culpa;

        - ele reconhece e vê a possibilidade de trabalhar em serviços, mesmo que dignos, mas não o pode por ser para ele uma humilhação;

        - Reconhece o pratão como um senhor justo e que exigia obediência;


        Qual foi o grande delito do administrador?

        O administrado adquiriu riqueza ilicitamente. Mesmo que a lei judaica proibisse, ele cobrava juros sobre empréstimos que as pessoas faziam ao seu patrão. Superfaturava sobre o trigo e o azeite de oliva com juros entre 20% a 50%. Pela lei judaica isso era cúmulo de injustiça. E conhecendo a lei, esse administrador sabia que era esperado dele todo o rigor na administração. Esperava-se que o administrador fosse fiel em seu gerenciamento. Mas, o texto indica que: ““Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar como meu administrador.”

        Mesmo que o administrador tenha tremido ao saber que o seu patrão sabia de toda a verdade, descobriu outra virtude de seu patrão. Afinal, deveria ter sido imediatamente preso e não ter mais acesso às contas do patrão. Mas, o patrão o deixa livre, e esse detalhe é muitíssimo importante em nossa parábola.

        O administrador percebe nesse ato do patrão sua imensa misericórdia. E conhecendo essa misericórdia, o administrador arrisca todas suas cartas. Sem que os outros saibam que havia sido despedido, ele chama um dos devedores e reduz os juros das dívidas. Na verdade, não estava reduzindo nada, estava apenas deixando de cobrar as taxas indevidas. E o objetivo é ser recebido posteriormente na casa desses empreiteiros.

        Reduzir as dívidas em até 50% levou muitos a comemorarem. Houve festa de gratidão na vila em resposta a imensa bondade do patrão. No entanto, o que não era conhecido, era o fato de que o administrador havia sido despedido e não podia dar tal ordem e nem sequer os devedores podiam assinar qualquer contrato. Mas, mesmo assim, o patrão elogia o administrador pela sua inteligência.

        Mas, o que levou o patrão a elogiar o administrador, se o mesmo não podia fazer o que fez?

        Bem. O pano de fundo histórico é muito importante nesse momento. Agora, tendo feito tudo isso, permitindo, por sua misericórdia que o administrador focasse solto e tendo liberdade para agir, o patrão passou a ter duas alternativas diante do acontecido, mesmo que não houvesse legitimidade para tal.

        Primeiro: poderia voltar aos devedores que seu mordomo havia sido despedido dias antes e que por isso o desconto não era válido.

        Segundo: ficar em silêncio e aceitar a gratidão daquelas pessoas que haviam recebido perdão de boa quantia de suas dívidas. As pessoas estavam louvando a generosidade do patrão. E no Oriente, a maior qualidade de um nobre é justamente sua generosidade.

        Já que a ideia de generosidade está desconstruída em nossos dias, citamos as palavras de Jesus: “as pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem a luz” (Lc 16.8).

        O termo “espertas, esperto” transmite a ideia de “instinto de auto preservação.” Na parábola é esse instinto de auto preservação que leva o administrador a agir. Ele, pensando consigo mesmo, “não tenho forças para cavar a terra e tenho vergonha de pedir esmola,” mostra que seu maior desejo naquela situação é se auto preservar. E para que ele se preserve, se agarra na única coisa que o podia preservar, na generosidade, na misericórdia do seu patrão.

        Nesse sentido Jesus diz que nesse mundo, quando as pessoas precisam se auto preservar, elas sabem como agir. Mas, infelizmente, os filhos da luz não estavam nem aí diante do eminente fato de que o salvador do mundo estava ali.

        O patrão da parábola, o homem rico é Deus, criador do céu e da terra. Tudo o que há nesse mundo é dEle. Nós, seus filhos, somos os administradores. Como administradores do corpo, vida, dons, bens, evangelho, como estamos gerenciando?

        A parábola de Lucas 16 é uma parábola escatológica, ou seja, dos fins dos tempos. A pergunta pode ser feita de outra maneira: “Como está gerenciando se hoje fosse seu último dia de administração?” Será que nós também ouviríamos a frase: “Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar como meu administrador.”

        Como estamos gerenciando? Tudo o que temos e somos veio e vem como um empréstimo de Deus. Ele não nos cobra juros, apenas deseja que administremos da melhor maneira possível.

        Nesse mundo somos agentes administrativos no Reino de Deus. E diante das muitas vezes em que fomos e somos negligentes só resta nos apegar na misericórdia do nosso Pai celestial.

        As parábolas do administrador infiel, do filho pródigo e do fariseu e do publicano anunciam a necessidade de apego na misericórdia divina.

        Tanto Filho Pródigo como o Administrador traem a confiança neles depositada. Nenhum dos dois apresentou desculpas. Eles sabem e reconheceram seu erro. No entanto, filho pródigo e administrador infiel provam da misericórdia do pai e do patrão. O filho não foi punido nem o administrador foi preso.

        Desde o inicio do capítulo 15 vemos que os cobradores de impostos, as pessoas de má fama estavam juntos dos discípulos e desejavam ouvir e aprender de Jesus. Fariseus e mestres da lei criticavam Jesus pela sua atitude de acolhimento a essas pessoas. Jesus conta a parábola da ovelha e da moeda perdida, do filho pródigo, do administrador desonesto, do rico e de Lázaro, da viúva e do juiz, do fariseu e do publicano. Em todas essas histórias, Jesus se apresenta como enviado de Deus para buscar o perdido. Está comunicando que cada pecador desesperado, assim como o administrador infiel, precisa se agarrar na única alternativa que os salva, na misericórdia divina, no próprio Jesus Cristo.

        Deus nos abençoe. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

cristo_para_todos@hotmail.com

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