22/09/13 – 18º Domingo após
Pentecostes
Sl 113; Am 8.
4 - 7; 1Tm 2. 1 – 15; Lc 16. 1 - 15
Tema: Provando da
Misericórdia Divina
Jesus está caminhando rumo a Jerusalém.
As parábolas apresentadas pelo evangelista Lucas desde o capítulo 15 ao 18.14,
tratam de um único tema: a misericórdia divina. Podemos até colocar esse
tema em nossa parábola de estudo, Lc 16. 1 – 15.
Jesus disse aos seus discípulos: —
Havia um homem rico que tinha um administrador que cuidava dos seus bens. Foram
dizer a esse homem que o administrador estava desperdiçando o dinheiro dele.
Por isso ele o chamou e disse: “Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de
você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais
continuar como meu administrador.” — Aí o administrador pensou: “O patrão está
me despedindo. E, agora, o que é que eu vou fazer? Não tenho forças para cavar
a terra e tenho vergonha de pedir esmola. Ah! Já sei o que vou fazer... Assim,
quando for mandado embora, terei amigos que me receberão nas suas casas.” —
Então ele chamou todos os devedores do patrão e perguntou para o primeiro:
“Quanto é que você está devendo para o meu patrão?” — “Cem barris de azeite!” —
respondeu ele. O administrador disse: — “Aqui está a sua conta. Sente-se e
escreva cinqüenta.” — Para o outro ele perguntou: “E você, quanto está
devendo?” — “Mil medidas de trigo!” — respondeu ele. — “Escreva oitocentas!” —
mandou o administrador. — E o patrão desse administrador desonesto o elogiou
pela sua esperteza. E Jesus continuou: — As pessoas deste mundo são muito mais
espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz. Por isso eu
digo a vocês: usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que,
quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno. Quem é fiel nas
coisas pequenas também será nas grandes; e quem é desonesto nas coisas pequenas
também será nas grandes. Pois, se vocês não forem honestos com as riquezas
deste mundo, quem vai pôr vocês para tomar conta das riquezas verdadeiras? E,
se não forem honestos com o que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?
— Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um
e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem
servir a Deus e também servir ao dinheiro. Os fariseus ouviram isso e zombaram
de Jesus porque amavam o dinheiro. Então Jesus disse a eles: — Para as pessoas
vocês parecem bons, mas Deus conhece o coração de vocês. Pois aquilo que as
pessoas acham que vale muito não vale nada para Deus.
Desse relato podemos destacar:
- o administrador foi denunciado pelo seu patrão;
- o patrão pede que o mesmo preste conta de seu
gerenciamento;
- o silêncio comprova sua culpa;
- ele reconhece e vê a possibilidade de trabalhar
em serviços, mesmo que dignos, mas não o pode por ser para ele uma humilhação;
- Reconhece o pratão como um senhor justo e que exigia obediência;
Qual foi o
grande delito do administrador?
O administrado adquiriu riqueza
ilicitamente. Mesmo que a lei judaica proibisse, ele cobrava juros sobre
empréstimos que as pessoas faziam ao seu patrão. Superfaturava sobre o trigo e
o azeite de oliva com juros entre 20% a 50%. Pela lei judaica isso era cúmulo
de injustiça. E conhecendo a lei, esse administrador sabia que era esperado
dele todo o rigor na administração. Esperava-se que o administrador fosse fiel
em seu gerenciamento. Mas, o texto indica que: ““Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você.
Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar
como meu administrador.”
Mesmo
que o administrador tenha tremido ao saber que o seu patrão sabia de toda a
verdade, descobriu outra virtude de seu patrão. Afinal, deveria ter sido
imediatamente preso e não ter mais acesso às contas do patrão. Mas, o patrão o deixa livre, e esse detalhe é muitíssimo
importante em nossa parábola.
O administrador percebe nesse ato do
patrão sua imensa misericórdia. E conhecendo essa misericórdia, o administrador
arrisca todas suas cartas. Sem que os outros saibam que havia sido despedido,
ele chama um dos devedores e reduz os juros das dívidas. Na verdade, não estava
reduzindo nada, estava apenas deixando de cobrar as taxas indevidas. E o
objetivo é ser recebido posteriormente na casa desses empreiteiros.
Reduzir as dívidas em até 50% levou
muitos a comemorarem. Houve festa de gratidão na vila em resposta a imensa
bondade do patrão. No entanto, o que não era conhecido, era o fato de que o
administrador havia sido despedido e não podia dar tal ordem e nem sequer os
devedores podiam assinar qualquer contrato. Mas, mesmo assim, o patrão elogia o
administrador pela sua inteligência.
Mas, o que
levou o patrão a elogiar o administrador, se o mesmo não podia fazer o que fez?
Bem. O pano de fundo histórico é muito
importante nesse momento. Agora, tendo feito tudo isso, permitindo, por sua
misericórdia que o administrador focasse solto e tendo liberdade para agir, o
patrão passou a ter duas alternativas diante do acontecido, mesmo que não
houvesse legitimidade para tal.
Primeiro:
poderia voltar aos devedores que seu mordomo havia sido despedido dias antes e
que por isso o desconto não era válido.
Segundo: ficar
em silêncio e aceitar a gratidão daquelas pessoas que haviam recebido perdão de
boa quantia de suas dívidas. As pessoas estavam louvando a generosidade do
patrão. E no Oriente, a maior qualidade de um nobre é justamente sua
generosidade.
Já que a ideia de generosidade está
desconstruída em nossos dias, citamos as palavras de Jesus: “as pessoas deste
mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem
a luz” (Lc 16.8).
O termo “espertas,
esperto” transmite a ideia de “instinto de
auto preservação.” Na
parábola é esse instinto de auto preservação que leva o administrador a agir.
Ele, pensando consigo mesmo, “não
tenho forças para cavar a terra e tenho vergonha de pedir esmola,”
mostra que seu maior desejo naquela situação é se auto preservar. E para que
ele se preserve, se agarra na única coisa que o podia preservar, na
generosidade, na misericórdia do seu patrão.
Nesse sentido Jesus diz que nesse mundo,
quando as pessoas precisam se auto preservar, elas sabem como agir. Mas,
infelizmente, os filhos da luz não estavam nem aí diante do eminente fato de
que o salvador do mundo estava ali.
O patrão da parábola, o homem rico é
Deus, criador do céu e da terra. Tudo o que há nesse mundo é dEle. Nós, seus
filhos, somos os administradores. Como administradores do
corpo, vida, dons, bens, evangelho, como estamos gerenciando?
A parábola de Lucas 16 é uma parábola
escatológica, ou seja, dos fins dos tempos. A pergunta pode ser feita de outra
maneira: “Como está
gerenciando se hoje fosse seu último dia de administração?”
Será que nós também ouviríamos a frase: “Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você.
Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar
como meu administrador.”
Como estamos
gerenciando? Tudo o que temos e somos veio e vem como um
empréstimo de Deus. Ele não nos cobra juros, apenas deseja que administremos da
melhor maneira possível.
Nesse mundo somos agentes
administrativos no Reino de Deus. E diante das muitas vezes em que fomos e
somos negligentes só resta nos apegar na misericórdia do nosso Pai celestial.
As parábolas do administrador infiel, do
filho pródigo e do fariseu e do publicano anunciam a necessidade de apego na
misericórdia divina.
Tanto Filho Pródigo como o Administrador
traem a confiança neles depositada. Nenhum dos dois apresentou desculpas. Eles
sabem e reconheceram seu erro. No entanto, filho pródigo e administrador infiel
provam da misericórdia do pai e do patrão. O filho não foi punido nem o
administrador foi preso.
Desde o inicio do capítulo 15 vemos que
os cobradores de impostos, as pessoas de má fama estavam juntos dos discípulos
e desejavam ouvir e aprender de Jesus. Fariseus e mestres da lei criticavam
Jesus pela sua atitude de acolhimento a essas pessoas. Jesus conta a parábola
da ovelha e da moeda perdida, do filho pródigo, do administrador desonesto, do
rico e de Lázaro, da viúva e do juiz, do fariseu e do publicano. Em todas essas
histórias, Jesus se apresenta como enviado de Deus para buscar o perdido. Está
comunicando que cada pecador desesperado, assim como o administrador infiel, precisa
se agarrar na única alternativa que os salva, na misericórdia divina, no
próprio Jesus Cristo.
Deus nos abençoe. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.