07 de Dezembro de 2025
Segundo Domingo no Advento
Salmo
72.1-7; Isaías 11.1-10; Romanos 15.4-13; Mateus 3.1-12
Texto:
Mateus 3.1
Tema: João
Batista no deserto: propósito, mensagem e legado!
O
ato de João Batista “ir para o deserto da Judeia
e começar a pregar” (Mateus 3.1) é carregado de simbolismo e
significado, tanto para sua época quanto para nós atualmente. Sua jornada não
foi um movimento aleatório, mas um ato profético que ressoa com a história e a
fé de Israel.
Para
o povo judeu, o deserto não era um lugar vazio, mas um espaço de profundo
significado espiritual. Foi lá que Israel se encontrou com Deus após o êxodo do
Egito, recebeu a Lei e selou a aliança. O deserto simbolizava um retorno às
origens, à pureza, e à total dependência de Deus.
Ao
pregar no deserto, João Batista estava, simbolicamente, convocando o povo a uma
nova jornada, a um novo “êxodo”. Ele
clamava para que deixassem a corrupção da cidade, a religião estabelecida e as
formalidades vazias, e voltassem para o essencial: a dependência de Deus.
A
mensagem de João Batista era confrontadora e sem rodeios: “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo”
(Mateus 3.2). Ele não se preocupava em agradar ou ser popular. Pelo contrário,
sua aparência rude — vestido com pelos de camelo e alimentando-se de gafanhotos
e mel silvestre — e sua pregação severa serviam para chocar e despertar as
pessoas. Ele se alinhava aos antigos profetas do Antigo Testamento, que muitas
vezes pregavam longe dos centros religiosos, denunciando a hipocrisia.
João
Batista se coloca como uma “ponte”
entre o Antigo e o Novo Testamento. Ele é a última voz profética que aponta
para o Messias. Seu principal papel não era ser o protagonista, mas preparar o
caminho para Jesus. Sua humildade é a essência do seu ministério, como ele
mesmo disse: “É necessário que ele cresça
e que eu diminua” (João 3.30).
A
pregação de João, no deserto, simboliza sua distância do mundo e sua total
dedicação a Jesus. Ele era uma voz de Deus que se opunha à complacência dos
líderes religiosos, preparando os corações para o Evangelho de Cristo.
Além
da pregação, João ficou conhecido como o “Batista”.
Embora o ritual de mergulhar na água fosse uma prática judaica comum, João
trouxe um significado revolucionário: um batismo público que exigia a confissão
de pecados.
Ao
batizar as pessoas no rio Jordão, ele colocava judeus e pagãos no mesmo patamar
de necessidade. Exigir o batismo era uma forma de evidenciar que Israel havia
se tornado um povo que também precisava de arrependimento e de uma
reaproximação com Deus.
A
história de João Batista nos convida a uma reflexão profunda, especialmente em
tempos de mensagens superficiais e focadas no bem-estar pessoal.
A
pregação de João nos ensina que a Palavra de Deus não tem como objetivo
agradar, mas confrontar. Ela revela o pecado para gerar o arrependimento, que é
o primeiro passo para a busca da misericórdia de Deus.
Ao
pregar no deserto, longe das instituições religiosas, João mostra que a Palavra
de Deus tem poder e autoridade por si mesma, não estando ligada a lugares
físicos ou à hierarquia humana.
O
ministério de João é um exemplo perfeito de que o pregador deve desaparecer
para que Cristo seja exaltado. Sua vida inteira foi uma preparação para o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
João
Batista foi a encarnação perfeita da Lei no Novo Testamento, um mensageiro que
com sua vida e palavras forçava as pessoas a reconhecerem sua necessidade de um
Salvador. Como Jesus disse, “entre os nascidos
de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista” (Mateus 11.11).
Sua vida e sua pregação no deserto continuam a ser um convite radical para nos
afastarmos das distrações e prepararmos nossos corações para a presença de
Cristo. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann