24 de abril 2022
2º Domingo de Páscoa
Dia festivo – Marcos, evangelista
Salmo
146; Isaías 52.7-10; 2Timóteo 4.5-18; Marcos 16.14-20
Tema:
“...Procure Marcos e traga-o com você porque ele pode me ajudar
no trabalho...” (2Tm 4.11)
Dia
25 de abril, a igreja cristã celebra o dia de João Marcos, o evangelista. João
Marcos nasceu em Cirene (Líbia) por volta do ano 10 a.C. e morreu por volta de 68
d.C. em Alexandria.
A
respeito desse Marcos, lemos na segunda carta para Timóteo: “...Procure Marcos e traga-o com você porque ele pode me
ajudar no trabalho...” (2Tm 4.11).
Se no inicio das viagens de Paulo, houve um grande
desentendimento e decepção de Paulo para com Marcos, no final da vida de Paulo,
o apostolo pede por sua companhia para ajudar no trabalho.
João
Marcos foi escolhido para acompanhar Barnabé e Paulo na primeira viagem
missionária. João Marcos por sua vez desistiu no meio da viagem e voltou para
casa. Qual
motivo em ter abandonado o trabalho (At 15.38)?
Não
se sabe dizer o real motivo, mas pode-se supor que houve apenas uma conversão
em Chipre e com forte oposição demoníaca (At 13.4-12). É possível que João
Marcos tenha desanimado com a dificuldade do trabalho e pouca adesão ao
evangelho.
Por
ocasião da segunda viagem missionária, Barnabé, tio de Marcos quis dar outra
chance ao mesmo, mas, Paulo disse não. E como não houve acordo, cada qual foi
para seu lado, Paulo levou Silas e Barnabé levou Marcos (At 15.38).
Passaram-se
cerca de 11 a 12 anos e encontramos Marcos na Bíblia e junto com Paulo. Entre
os anos de 60-61, enquanto na sua primeira prisão em Roma, o apostolo Paulo
enviou algumas cartas e em uma delas é a carta aos Colossenses onde Paulo
escreve que Marcos está com ele e que deve ser bem recebido se caso passar em
Colosso (Cl 4.10-11). Paulo chamou Marcos como “auxilio fortificante” (Cl 4.11).
Na
carta para Timóteo, Paulo enfatiza Marcos como sendo “lucrativo para o ministério”, ou
seja, de fundamental importância.
“...Procure Marcos e
traga-o com você porque ele pode me ajudar no trabalho...” (2Tm 4.11).
Nessa
época, Nero,
um homem sanguinário era o imperador.
Na noite do dia 17 de
julho de 1964, Roma foi incendiada. O fogo durou seis dias e sete noites. Dos
14 bairros de Roma, 10 foram completamente destruídos. Historiadores destacam
que Nero arquitetou toda essa trama, para culpar os cristãos e persegui-los. Afinal,
dos 4 bairros que não incendiaram, em dois moravam cristãos.
Cristãos
foram amarrados em postes e incendiados vivos para servirem de luminária para
os jardins e praças. Outros eram enrolados em peles de outros animais para
serem devorados por cachorros famintos.
Paulo
estava visitando igrejas quando a loucura da perseguição por parte de Nero foi
lançada. Estava em Trôade na casa de Carpo quando foi preso por agentes do
Imperador e levado a Roma. Dessa cadeia escreve a segunda carta para Timóteo e
solicita que a capa que deixou em Trôade na casa de Carpo e os livros com capa
de couro (2Tm 4.13) fossem trazidos para Paulo.
De
Roma, dessa que seria sua ultima prisão antes da morte, Paulo escreve a carta
para Timóteo orientando-o para que viesse vê-lo assim que possível (Tm 4.9);
pois, alguns o abandonaram por causa do mundo e outros o deixaram por causa do
trabalho da evangelização (2Tm 4.10,12). Entre tantos colaboradores apenas
Lucas estava com ele (2Tm 4.11). é interessante que Paulo solicita que João
Marcos seja procurado
e trazido a sua presença. “...Procure
Marcos e traga-o com você porque ele pode me ajudar no trabalho...” (2Tm 4.11). Paulo enfatiza a utilidade em Marcos
no ministrar!
Marcos
não foi apostolo, não exercia pela de liderança, e nem era profeta, no entanto,
teve um importante papel na evangelização na igreja primitiva. Dizem que foi
uma grande viajante a exemplo de Paulo, a ponto de Pedro entre os anos de 62-64
escrever que Marcos havia ido a Babilônia (1Pe 5.13). Por pedido de Pedro,
Marcos atuou no Egito e na África, residindo e morrendo em Alexandria. Por
volta do oitavo ano do governo de Nero, após pregar em Alexandria sobre a morte
de Jesus, sacerdotes pagãos e outras pessoas com ganchos e cordas prenderam
Marcos e saíram arrastando seu corpo pela cidade. O prenderam muito machucado e
no outro dia o arrastaram novamente. Os pagãos queriam queimar seu corpo, mas,
uma forte chuva os impediu e assim os cristãos pegaram seu corpo e o
sepultaram.
“...Procure Marcos e traga-o com você porque ele pode me ajudar
no trabalho...” (2Tm 4.11).
Apesar
do desentendimento e Paulo, na segunda viagem missionária, não aceitar a
participação de Marcos na viagem, não quer dizer que Marcos não servia para o reino
de Deus. Muito pelo contrário, o próprio Paulo reconheceu seu valor na carta
aos Colossenses, bem como em seu pedido para que Marcos viesse ajuda-lo no
trabalho.
Desde
jovem, Marcos viu a igreja recém-nascida se reunir na casa da sua mãe Maria. Aliás,
após ser preso por Herodes e tendo sido libertado milagrosamente, Pedro foi até
a casa de Maria e Marcos, onde os cultos eram realizados (At 12.12; Cl 4.10).
Foi
discípulo de Pedro, chamado como “filho” (1Pe 5.13). Paulo o classificou como tendo
ajudado muito no trabalho (Cl 4.11). Em um de seus aprisionamentos, Marcos
esteve com Paulo lhe dando assistência (Fm 23-24).
Jerônimo
(tradutor da Bíblia hebraica e grega para o latim) e, Eusébio de Cesáreia (pai
da história da igreja), registraram que à pedido dos cristãos de Roma, Marcos escreveu
um pequeno evangelho levando em consideração aquilo que Pedro lhe disse. Após
ter escrito, Pedro leu e autorizou a publicação do evangelho. Esse pedido
deve-se ao fato de que os cristãos da época queriam ter algo escrito para
aprender e ensinar.
“...Procure Marcos e traga-o com você porque ele pode me ajudar
no trabalho...” (2Tm 4.11).
Você pode me ajudar
no trabalho? Eu
não estou preso, mas, estou com o platô da Tíbia quebrado.
Sem
questionar, e sabendo quem era Marcos e como havia dedicado sua vida pelo
evangelho, Paulo pede para que Timóteo o traga para auxiliá-lo no trabalho.
Merece
destaque o fato de que Paulo não ora para ser liberto da prisão e nem
transparece alguma expectativa de seguir com seu trabalho, por isso, escreveu: “Quanto a mim, a
hora já chegou de eu ser sacrificado, e já é tempo de deixar esta vida”
(2Tm 4.6), mas, “...Procure Marcos e traga-o com você porque
ele pode me ajudar no trabalho...” (2Tm
4.11).
Paulo
faz uma análise profunda do seu ministério (2Tm 4.6-8) e olha para o passado
com gratidão; para o presente com serenidade; e para o futuro com esperança.
Durante
o ministério Paulo lutou contra a maldade das pessoas; contra Satanás; contra
vícios judaizantes, cristãos gentílicos; contra a hipocrisia, violência,
conflitos e imoralidades em Corinto; lutou também contra fanáticos em Tessalônica;
contra o gnosticismo e judaizantes em Efeso e Colossos. E ao fim da sua vida,
preso em Roma, Paulo sabe do perigo que correrá Timóteo a quem está passando o
bastão.
Aos
líderes em Mileto o apostolo Paulo anunciou: “...O importante é que eu complete a minha
missão e termine o trabalho que o Senhor Jesus me deu para fazer. E a missão é
esta: anunciar a boa notícia da graça de Deus” (At 20.24).
Anunciar a boa notícia da graça de Deus!
Durante
a carreira ministerial, o apostolo enfrentou muitas dificuldades. Entre essas
dificuldades, muitos o abandonaram. Observe Demas, citado três vezes no novo
testamento (Cl 4.14; Fm 24; 2Tm 4.10). N primeira vez, Demas é cooperador, na
segunda vez, Demas é apenas mencionado e agora, na terceira vez é apresentado
como desertor. Os dias em que vivia, levou Demas a perder-se por amor ao
dinheiro. Ele foi seduzido e apaixonou-se pelo mundo.
Em
meio a tantos problemas e abandonos, Paulo recorda que Lucas está com ele. Pode
contar com Timóteo para lhe trazer livros e sua capa. E, por fim, pode contar
com Marcos para ajudá-lo no serviço.
Nunca
se está sozinho na obra do Senhor! “...o Senhor ficou comigo, me deu força para que eu
pudesse anunciar a mensagem completa a todos os não judeus e me livrou de ser
condenado à morte” (2Tm 4.17).
Há muitas situações que leva o cristão a desanimar do
serviço no Senhor!
Quantas
pessoas já abandonaram a obra da evangelização quer seja por um motivo ou
outro. João Marcos correu esse risco, mas, não abandonou o serviço mesmo quando
Paulo não o quis levá-lo na segunda viagem. Na verdade, estava a disposição do
apostolo, tanto que Paulo recomendou a Timóteo: “...Procure
Marcos e traga-o com você porque ele pode me ajudar no trabalho...” (2Tm 4.11).
Para
concluir, é preciso lembrar: “...seja moderado em todas as situações. Suporte o
sofrimento, faça o trabalho de um pregador do evangelho e cumpra bem o seu
dever de servo de Deus” (2Tm 4.5).
Não
desanime em meio ao trabalho, afinal, muitas pessoas já estão desinteressadas
em relação ao evangelho. Não desista!
Não
seja instável como tem sido muitos da nossa geração! Esteja alerta e vigilante,
permanecendo firme e persistente e pregando a Palavra.
Não desista! Haverá oposição, mas pregue
insistentemente.
Não desista! Não é pessoal, o problema é o evangelho
que muitos já não suportam ouvir.
Não desista! Sempre haverá os desertores.
Deus
nos abençoe. Amém!
ERT
Edson
Ronaldo Tressmann
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