22 de março de 2020
Quarto
Domingo na Quaresma
Salmo
142; Isaias 42.14–21; Efésios 5.8–14; João 9.1–41
Texto-base:
Salmo 142
Tema: “Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha voz
suplico ao Senhor” (v. 1)
Zenon era um filósofo estóico. Estóico
quer dizer que não sentia dor. Foi feito escravo. E seu senhor um dia lhe pegou
no braço e o torceu. O dono de Zenon queria ver se a filosofia dele era
compatível com o seu procedimento. De tanto torcer seu braço o quebrou. E como
um bom estóico, Zenon disse: “o meu senhor quebrou o meu braço eu agora não vou
poder servir-te.”
Ao que o dono respondeu: “Isso não é um
filósofo, é um tolo.” Afinal, se quebrarem o meu braço vou gritar de dor e
pedir para que não o quebre.
É a situação de muitos cristãos
atualmente. Estão confundindo fé com estoicismo. Apanham e aguentam calado. A
Bíblia não nos exorta a sermos estoicos, ao contrário, ela nos exorta a
abrirmos o coração para Deus e clamar pela sua ajuda. E é essa lição que Davi
nos transmite nesse belo salmo.
“Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha
voz suplico ao Senhor” (v. 1)
Davi está refugiado numa caverna, fugindo
de Saul que procura matá-lo. Este episódio marcou profundamente a vida de Davi.
Ele ainda é jovem. Há um enorme peso sobre seus ombros. Seu inimigo é pai do
seu grande amigo. Está sendo caçado como se fosse o pior dos homens. Refugiado
numa caverna, desacompanhado, tem medo de morrer e se vê numa situação, assim
como a da caverna, sem saída.
Mesmo em perigo, em vez de ficar chorando,
murmurando, Davi, assim como é o objetivo desse Salmo quer ensinar algo. Mas, o
que podemos aprender desse homem que está com medo e numa caverna? Bom,
prestemos atenção no texto. Queremos defini-lo de três maneiras: a situação de
um homem na caverna; sua atitude e seu pedido.
O salmo é uma expressão de alguém
deprimido, mas ao mesmo tempo, expressão de confiança em Deus.
Essa expressão de confiança pode ser
traduzida da seguinte maneira: “quando estou a ponto de perder a esperança
então tu, tu mesmo, conheces a minha situação.”
Essas palavras são fortes para alguém que
já enfrentou a depressão. Pessoas deprimidas não conseguem expressar em
palavras o que sentem, mas nessa oração de Davi, aprendemos que mesmo que não
saibamos, Deus sabe.
Os deprimidos sofrem uma pressão muito
grande. É como se algo os empurrasse para o abismo e quisesse lança-los para
baixo. O deprimido é como alguém que vive sem esperança. No entanto, nessa
hora, como é maravilhoso ouvir a oração de Davi que nos ensina que Deus não nos
ignora.
Davi ensina o que é a situação de um homem
na caverna, sua atitude e seu pedido. Não podemos confundir as coisas.
O segundo mandamento ensina que não
devemos tomar o nome de Deus em vão. O que significa isso? Significa que é
justamente na hora das aflições, nos momentos difíceis da vida que devemos
buscar a Deus em oração e louvá-lo. Um atitude completamente diferente daqueles
que na primeira dificuldade buscam meios condenados por Deus, como a benzedura,
a feitiçaria, etc.
Na caverna, na depressão, na dificuldade,
temos àquilo que é o principal, temos Deus a quem podemos abrir nosso coração.
E abrir o coração, envolve não mascará-lo, não esconder o que de fato estamos
sentindo.
Fazemos parte de um contexto, e nosso
contexto apresenta a vida cristã com a ideia de que o cristão não passa por
dificuldades e problemas. Depressão, para muitos é falta de fé. Será? Afinal, muitos
personagens bíblicos enfrentaram a depressão. E entre esses, Davi, nos ensina
como enfrentar essa caverna que só sabe como é quem entra nela.
Os versículos 1,2 e 5: “Ao Senhor ergo a minha
voz e clamo, com a minha voz suplico ao Senhor. Derramo perante ele a minha
queixa, à sua presença exponho a minha tribulação. ... A ti clamo, Senhor, e
digo: tu és o meu refúgio, o meu quinhão na terra dos viventes” apresentam a única
alternativa na dificuldade, se entregar à oração.
Do lado de fora da caverna estão Saul e o
seu exército, dentro da caverna Davi está sozinho. Davi grita, a oração vem lá
de dentro Davi está urrando assim como um leão ferido e acossado por caçadores
que está prestes a morrer.
Como terminou a
história?
O fim da história está em I Samuel 22:1-2. Davi foi libertado. Na caverna, Davi
se sentia sozinho, completamente abandonado. Um grupo enorme foi procurar por
Davi e este grupo formou o núcleo que garantiu o reinado de Davi de volta.
Como está nossa vida de
oração?
A oração é a pulsação da fé. O coração é a fé e ele pulsa em nossas vidas um
viver em oração. Podemos falar com Deus em todas as situações da vida. Disse o
próprio Jesus: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; e o que busca encontra; e, a quem
bate, abrir-se-lhe-á” (Mt 7.7 – 8).
Uma bela promessa de Jesus. Ele ouvirá
nossas orações. E olhando para o salmista e para a promessa de Jesus, nossa
vida de oração acontece justamente na dor. Pois, assim como Davi numa caverna e
falou, clamou, gritou para Deus, Jesus diz que sejamos insistentes com ele.
Batamos a porta dele, o busquemos e sejamos mendigos pedintes em sua porta.
Que maravilhoso saber que nas piores
situações, Deus nos ouve. Não precisamos buscar meios alternativos. Na dor e no
sofrimento podemos falar com Deus. Mas pastor eu não sei orar. Mas, o que é oração? É aquele culto divino
que prestamos a Deus com nossos lábios. Orar é falar com Deus. E muitas vezes
para que eu e você falemos com Deus, Ele em seu amor e misericórdia pressiona a
nossa cabeça para baixo para que dobremos nosso joelho e gritemos por socorro.
Outras vezes, deus até permite que caiamos no poço, mas justamente para que lá
do fundo, ergamos a cabeça e reconheçamos que acima de nós há um Deus e está
pronto a nos socorrer.
Orar é falar com Deus. Deus deseja o
clamor dos seus filhos. Por isso nos ensinou a orar:
Pai nosso que estás nos céus.
Santificado seja o teu nome.
Venha o teu reino.
Seja feita a tua vontade, assim na terra
como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dá hoje.
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como
nós também perdoamos aos nossos devedores.
E não nos deixes cair em tentação.
Mas livra-nos do mal.
Pois teu é o reino, e o poder, e a glória,
para sempre. Amém.
Deus nos abençoe e que nossa vida de
oração seja algo diário, pois, Deus quer que oremos, nos ensinou a orar e
deseja o nosso clamor. Em nome de Jesus. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann