domingo, 23 de junho de 2019

A verdadeira liberdade é viver em favor do próximo!

Terceiro Domingo após Pentecostes

Textos: Sl 16; 1Rs 19.9-21; Gl 5.1,13-25; Lc 9.51-62
Texto para prédica: Gálatas 5. 1, 13 - 25
Tema: A verdadeira Liberdade é Viver em favor do próximo

Todos nós temos liberdade de escolha!
Somos livres para fazer o que quisermos. Qual é a tua opinião sobre a nossa liberdade de escolha e de fazer o que bem entendemos?
Toda decisão acarreta em alegria ou tristeza. Nossas decisões nos levam a rir, chorar ou sofrer.
O tema central com respeito a verdadeira liberdade é um conceito fundamental na epístola aos Gálatas. Por isso, as palavras de Paulo, diante das críticas de que o evangelho não impedia algumas liberdades que as pessoas tinham e tem. “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres” (Gl 5.13).
Ao ressaltar que Cristo nos libertou para sermos livres, o apostolo Paulo enfatiza que temos liberdade e nessa a chance de fazer escolhas.
Infelizmente, nossas escolhas não são entre o bom e o excelente, mas, entre o ruim e o menos ruim.
O slogan dos nossos dias é que “a vida é minha e faço com ela o que eu bem entender”.
Por mais que o cristão seja libertado por Cristo, nele ainda há a velha natureza e por essa, busca governar a si mesmo e muitas vezes acaba sofrendo por suas decisões. E ante nossas decisões erradas, é preciso lembrar que por ter Cristo me libertado, tenho perdão e nesse perdão uma nova oportunidade de escolha.
Ao escrever: “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres” (Gl 5.13), Paulo enfatiza que temos responsabilidade e limite.
A responsabilidade em nossas escolhas é evidenciada pelas palavras do sábio Salomão: “Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas” (Ec 11.9); e também do próprio apostolo: “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14.12).
As pessoas dizem que suas escolhas têm por objetivo a sua felicidade. E na busca pela suposta felicidade, as pessoas não consideram os limites estabelecidos por Deus em sua Palavra.
Viver uma vida livre implica ter responsabilidade e exercer muito bem os limites. “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres” (Gl 5.13).
Cristo nos libertou ...
O novo testamento não transmite a ideia de liberdade, no sentido, de fazer consigo o que bem se entende. A liberdade, e acordo com o novo testamento é um modo de vida de acordo com a vontade de Deus.
É preciso destacar que a liberdade apresentada no novo testamento é o homem e a mulher escravos de Cristo. O apostolo Pedro escreveu: “como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus” (1Pe 2.16) e Paulo aos coríntios ressaltou que “Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (1Co 9.19).
Toda decisão, seja qual for, é livre e pessoal, no entanto, minhas escolhas não interferem apenas na minha vida, mas também na de outras pessoas. Nesse sentido ao escrever: “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres” (Gl 5.13), o apostolo ressalta que nossa liberdade tem em vista o outro.
Minha liberdade tem como responsabilidade a pessoa do próximo. Minha liberdade tem como limite a pessoa do próximo.
Ao escrever que “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres” (Gl 5.13), Paulo queria chamar atenção dos judeus que queriam fazer com que os gentios se circuncidassem para viver sob a lei, sendo esses livres por causa do evangelho.
Ao escrever: “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres” (Gl 5.13), Paulo visa repreender os judeus que estavam ignorando o ponto mais importante da lei: o amar o próximo. Por isso, destaca para os judeus que não se prendam à lei, pois “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres” (Gl 5.13).
Viver uma vida na liberdade que Cristo conquistou para nós e que nos permite viver é viver a fé. E viver a fé nada mais é do que ser responsável pelo próximo, pois a fé atua pelo amor.
Ao escrever que “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres” (Gl 5.13), Paulo se coloca contra a ideia hedonista, onde vale tudo pelo prazer. Também contra os naturalistas que dizem que o que vale é a lei do mais forte. As palavras de Paulo são contra os relativistas que vivem como se não existisse norma ou lei.
Infelizmente, muitos justificam seu atos e decisões em éticas profanas. Se esquecem, de que para viver nesse mundo em meio a essas éticas é que “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres” (Gl 5.13).
O cristão vive seu dias na fé – atuando pelo amor. E atuar pelo amor é pensar e agir em favor do próximo.
Com a liberdade que Cristo nos deu, somos chamados a ser criativos para lutar por tudo o que é bom e que promova a vida, tanto a nossa como de todas as pessoas no mundo. Diante disso Paulo escreveu: “todas as coisas me são licitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1Co 6.12). Se faço tudo o que desejo, sem me preocupar comigo e com o outro, acabo perdendo a liberdade que Cristo me dá, pois de certa forma acabo me tornando escravo de alguma coisa que me domina.
Deus deu a cada um de nós uma função, pai, mãe, patrão, empregado, etc. E nessa função precisamos agir convenientemente aqui no mundo que é de Deus. Que cada um exerça sua função com amor pelo próximo e com respeito.
Na fé em Cristo todas as minhas atitudes e decisões são exercícios de fé, uma fé que atua pelo amor.
Sou responsável pelo meu próximo e meu limite é o meu próximo a quem preciso dedicar todo o amor, assim como Jesus se dedicou por mim e pensando em mim. Amém!
Pr Edson Ronaldo Tressmann

Antigo ou Novo Testamento?

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Vivendo e praticando a fé em meio aos problemas diários!


Texto: Salmo 3
Tema: Vivendo e praticando a fé em meio aos problemas diários!

É muito comum as pessoas quando estão enfrentando um problema desesperador, se concentrarem no problema. Na busca por resolução desse problema, qualquer alternativa parece ser válida, não importa como é essa alternativa.
Absalão, por meio de dissimulações e tramoias, reuniu, em Hebrom, a título de uma festa pela tosquia do seu rebanho, um grupo de aristocratas e de militares de Israel (2Sm 15). E secretamente conspirou contra Davi em todo o país. No momento certo, Absalão se proclamou rei em Hebrom e, ao som de trombetas tocadas do Sul até o Norte a frase que se passou a ouvir foi: “Absalão é rei em Hebrom” (2Sm 15.10). E em pouco tempo, “tornou-se poderosa a conspirata e crescia em número o povo que tomava o partido de Absalão” (2Sm 15.12).
Após isso, Absalão partiu para Jerusalém a fim de sentar-se no trono de Davi, o seu pai. Davi já estava fugindo do filho, pois estava sendo perseguido e atacado até por pessoas simples de Jerusalém (2Sm 16.5-8). Davi era insultado e amaldiçoado por muitas pessoas. Samuel descreveu que Davi saiu chorando, andando descalço e com a cabeça coberta (2Sm 15.30).
Davi em sua oração (v.1) descreve essas pessoas como agressores (inimigos). Era um grupo violento. Mesmo sendo um general e guerreiro, a situação era desesperadora. Absalão conseguiu executar o maior e mais bem executado golpe de estado de todos os tempos. Pouquíssimas pessoas permaneceram fiéis a Davi. E esses exclamavam que nada poderia salvar Davi. Mas, o ponto é que Davi sabe quem é e principalmente, sabe quem Deus é. Por esse motivo, exclama (v.1-2). E nessa exclamação é possível observar duas coisas:
1 – Ele confronta os agressores dizendo que esses estão se colocando contra Deus e não contra ele, Davi.
2 – Confessa sua fé dizendo que mesmo que não pareça, Deus lhe salvaria mais uma vez.
Os versos 3 a 8 são palavras de confissão diante das pessoas que julgavam ser uma situação irreversível.
Tente imaginar a cena. Os poucos que permaneceram fiéis, desesperados, julgando tudo perdido e Davi simplesmente responde a todos: Deus está no comando (v.8), é Ele quem atuará em meu favor, pois, és meu escudo, és a minha glória e o que exaltas a minha cabeça (v.3). Tudo o que eu sou, Rei, poderoso e exaltado, devo ao Senhor no qual não deixarei de confiar nesse momento. Ele ainda está no comando dessa situação (Dn 4.32; Pv 14.34).
Com essas palavras, Davi estava confessando que conhecia as promessas de Deus. Ele sabia que Deus o havia escolhido para ser rei (1Sm 16.12-13) e que seu reinado terminaria em paz (2Sm 7.11. Claro que esse reinado de paz se daria em Jesus, o cumprimento dessa promessa).
Um detalhe que não pode passar despercebido, pois o pano de fundo do Salmo 3 é o episódio narrado em 2Samuel 15, é que Davi poderia estar em dúvida. Pois, havia acabado de ser perdoado de dois graves pecados (2Sm 12). Talvez, pudesse dizer que Deus o estava punindo pelos seus graves pecados. Mas, o que ouvimos é contrário as nossas expectativas. Davi confiante e certo do amor de Deus, o qual havia acabado de experimentar pelo perdão recebido, confessa sobre o amor de Deus aos seus poucos aliados e diz que tudo está bem.
Ao confessar sua fé, Davi ora (vv. 4,7).
Ao dizer: com a minha voz clamo ao Senhor (v.4), Davi ressalta que mesmo sendo rei, nesse momento só pode fazer uma coisa: clamar. Por isso, clama dizendo: levanta-te Senhor! Salva-me, Deus meu, pois feres nos queixos a todos os meus inimigos e aos ímpios quebras os dentes (Sl 3.7). Em outras palavras, Davi reconhece que nesse momento, em que muitos duvidam, só há um único socorro: Deus.
Naquele momento, como um general numa batalha, Davi dizia aos poucos que lhe permaneceram fiéis. Eles tem o exército e o povo como seus aliados, mas, não se aflijam, eu tenho Deus. E saibam que esses agressores não estão agredindo a mim, que fui escolhido por Deus para ser rei, estão agredindo aquele que me colocou como rei e que a mim fez uma promessa.
Observe um detalhe muito importante. Os poucos que permaneceram com Davi, se concentraram no problema e exclamaram que “não há em Deus salvação para ele” (Sl 3.2). No entanto, Davi, sabendo quem era e quem é Deus, concentrou naquele que o salvaria desse problema: Deus.
Não posso deixar de lembra-los sobre o segundo mandamento. O mesmo está registrado em Êxodo 20.7: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, ...”. O que isso significa? Significa que nos momentos difíceis da vida não devemos negar nossa fé. Nos momentos difíceis da vida, é momento de oração. Mas, nos momentos difíceis, muitos tendem a se concentrar tanto no problema que se esquecem de Deus e acabam, pois o momento é desesperador, buscando outros meios, até meios proibidos por Deus para tentar resolver o problema.
Davi se confessou confiante em Deus por saber quem era Deus, e após orar, descansa (v.5).
Pra que perder o sono por esse conflito familiar, falsas acusações e o risco de perder a vida? Meu descanso está em Deus! Eu durmo e acordo na certeza do sustento de Deus.
Jesus nos aconselha a descansar nEle. Certa vez disse: “...não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mt 6.25).
Descansar em Deus é ter certeza da sua providência e cuidado. O apostolo Tiago aconselha: “...Hoje ou amanhã, iremos para cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instantes e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tg 4.13-15).
Todos nós passamos por problemas, são muitas as ocasiões e situações em que nos vemos em completo desespero. Problemas pessoais, familiares, econômicos, físicos. Esses momentos são oportunidades que recebemos de Deus para confessar pela boca e atitude em quem de fato confiamos. É uma oportunidade para oração e descanso. Afinal, do Senhor é a salvação (v.8).
Quem disse pra você que em meio aos problemas e inquietações tudo está perdido?
Davi não confiou na sua fé, não reagiu com pensamentos positivos, ele apenas confessou orando e descansando naquele que o livraria: Deus.
No momento mais crítico da sua vida, Davi reconhece que tudo o que ele era, poderoso, exaltado, cheio de honras o era por causa de Deus. Nesse momento, Davi, não apelou para si mesmo, mas, olhou para Deus e por saber quem é Deus, confessou, exclamou e descansou.
Nosso Deus é um Deus de salvação! Por isso, enviou seu Filho Jesus para nos salvar de uma situação desesperadora eternamente. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Ministrando! (1Pe 4.11)

Refletindo sobre a Trindade

Domingo da Santíssima Trindade
Sl 8; Pv 8.1-4,22-31; At 2.14a,22-36; Jo 8.48-59
Tema: Refletindo sobre a Trindade!

A palavra “Trindade” é uma expressão teológica que não está na Bíblia. Mas em toda a Bíblia, em diversas passagens, Deus se revela como sendo três pessoas.
Ao dizer que a Trindade é um termo teológico, o objetivo é enfatizar que essa expressão é a que melhor define o ensino Bíblico sobre Deus. Mesmo que o termo trindade não apareça na Bíblia - é um ensinamento puramente bíblico.
Muitas igrejas e pessoas que se dizem cristãs, mas negam a Trindade e outros ensinamentos da Bíblia. Entre os que negam essa doutrina estão as Testemunhas de Jeová, os Mórmons e os Espíritas. Negam esse ensino pelo simples fato do termo não aparecer na Bíblia.
O termo Trinitas (latim – Trindade) foi usada pela primeira vez por Tertuliano (200 d.C.), que também cunhou o termo Persona (latim – pessoa) para descrever a manifestação do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Não podemos simplesmente nos contentar em dizer que tanto faz se Deus é Jeová, Alá, Espírito Supremo, Energia cósmica, ou o Deus Triúno”.
Se usamos o argumento de que os apóstolos nada escreveram a respeito precisamos recordar que os apóstolos não estavam preocupados com a questão que envolve a trindade, pois não havia dúvidas (Jo 1.1; Mt 28.19-20) e questionamentos entre eles sobre esse assunto como há em nossos dias.
Conforme a igreja foi avançando e atravessando fronteiras, foram surgindo questões que não tinham preocupado os apóstolos e com esses assuntos a igreja precisou lidar.
A questão em torno da expressão Trindade desenvolveu-se a partir do segundo século.
A doutrina da Trindade é ensinada em toda a Bíblia. As principais passagens do Antigo Testamento são: Gn 1.1-3, 26 (Jo 1.1-3), Elohim (plural); Nm 6.24; 2 Sm 23.2; Sl 33.6; 45.6,7; Is 42.1; Is 48.16,17; Is 61.1. As passagens do Novo Testamento são: Mt 3.16,17; Mt 17.5; Mt 28.19; Jo 14.5; Jo 17.5,24; Rm 8.26,27; 2Co 13.13; 1Pe 1.2.
Essas verdades bíblicas foram magistralmente resumidas, após muitos estudos e orações, nos três Credos Ecumênicos, o Apostólico (AD 200), o Niceno (AD 325) e o chamado Atanasiano (AD 450).
Talvez você esteja se perguntando: mas, pastor, se somos uma igreja evangélica, por que temos Credos e Confissões?
É verdade que as igrejas intituladas evangélicas não têm os credos e até os detestam ressaltam que: “Isto é formulação humana e que só interessa a palavra de Deus, a Bíblia”.
No entanto, não podemos nos esquecer que Jesus perguntou pela confissão dos apóstolos: Quem diz o povo que eu sou? E o apóstolo Pedro confessou: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.13-16).
Para o mundo tanto faz se Deus é Jeová, Alá, Espírito Supremo, Energia cósmica, ou o Deus Triúno”, no entanto, nós, desejamos que as pessoas de fato e de verdade confessem sua fé com segurança. Para esse mundo, em que tanto faz em quem creio ou deixo de crer, eu sou enviado e com a tarefa de proclamar quem é Deus, quem é Jesus, quem é o Espírito Santo.
Toda e qualquer confissão resulta de uma leitura da Bíblia. E lendo a Bíblia, Palavra de Deus, afirmamos quem é Deus conforme os credos o fazem.
Sobre o Credo Apostólico precisamos destacar que quando um cristão vinha de outro lugar para uma comunidade cristã se dizendo cristã era interrogada sobre sua fé. A pessoa respondia com frases tomadas das cartas dos apóstolos, e assim surgiu o Credo Apostólico, que nada mais é do que frases das cartas dos apóstolos.
Com a proclamação do evangelho, ocorreram muitas conversões, sendo que entre os muitos convertidos, encontramos a conversão do imperador romano Constantino. Esse se empenhou pela unidade da Igreja Cristã. Para isso convidou 300 bispo do seu império para a cidade de Nicéia, na Turquia, para que clarificassem as divergências e buscassem a unidade da igreja, afinal, com o avanço da fé cristã muitas dúvidas surgiram a respeito de temas doutrinários. E dessa reunião para sanar dúvidas, surgiu em meio a muitos debates o Credo Niceno. E após vários outros concílios e estudos surgiu o Credo Atanasiano.
Muitas perguntas no passado e no presente foram e são sobre Deus. O assunto Deus sempre esteve e está em debate. Atualmente o debate sobre Deus se dá sobre o tema criacionismo. Há muitas perguntas sobre: Quem é Deus? Quantos deuses há? Como posso conhecer a Deus?
Os meios de comunicação estão trazendo para dentro de nossos lares diferentes opiniões sobre Deus, religiões, doutrinas e cultos. Entre nós já não há unanimidade sore vários assuntos que são apresentados de maneira clara nas Escrituras.
A globalização despertou e desperta o espírito reducionista ecumênico que afirma: Há um só Deus. Todas as religiões são boas, elas só diferem na forma, e o mais importante na religião é o amor. E por causa desse reducionismo, a questão que fica sem resposta para muitos é: Quem é o verdadeiro Deus? Como posso conhecê-lo?
Nem a natureza, nem a nossa consciência nos revelam quem é Deus. O homem por sua racionalidade não pode descobrir quem é Deus. A ciência e a filosofia não definem quem é Deus.
A verdade é que é preciso que Deus se revele. Por essa razão, ele nos deixou a sua Palavra escrita e preserva o ministério para sua palavra ser proclamada. Na carta aos Hebreus está escrito: Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas (Hb 1.1,2).

Deus se revela à humanidade na Bíblia e somente na Bíblia.
Ele só revelou o que precisamos saber para nossa salvação. À base da Bíblia, nosso Catecismo Menor afirma: “Deus é espírito; eterno, onipresente, onisciente, onipotente, santo, justo, verdadeiro, bondoso, misericordioso e gracioso (Cat. Menor, perg. 111).
Deus se revelou como um único Deus, uma só essência divina em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Este mistério da Santíssima Trindade nossa razão não consegue compreender.
Há uma essência divina em três pessoas. Há três pessoas que são divinas, mas eu não posso dizer que há três deuses. Deus não está dividido em três pessoas, mas as três pessoas são distintas uma da outra, são divinas, mas em uma única essência divina. A essência divina das três pessoas é uma só.
Jesus Cristo
Assim como sempre houve e há dúvidas sobre Deus, também houve e há dúvidas sobre a pessoa de Jesus. Quem é Jesus Cristo? A virgem Maria só deu a luz a um homem? Quem morreu na cruz? Somente o homem Jesus? O Credo Niceno respondeu algumas destas perguntas e o A Fórmula de Concórdia, confissão da Igreja Luterana detalhou outras.
Muitos diziam que Jesus era chamado de filho de Deus de uma maneira figurada. Esta doutrina foi condenada no Concílio de Nicéia e afirmou-se que Jesus é da mesma essência do Pai. Anunciamos no Credo Niceno: “E um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os mundos, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas...
O Credo Niceno afirma que Jesus realmente é Deus. Maria deu a luz ao Filho de Deus.
Mesmo com essa resposta, surgiram outras perguntas sobre a pessoa de Jesus e o relacionamento das duas naturezas de Cristo: a divina e a humana.
Firmados na Escritura, nossos pais responderam que Jesus Cristo é uma pessoa, não duas, que tem uma completa natureza divina e uma completa natureza humana. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Como se explica isso? Essa união pessoal das duas naturezas em Jesus Cristo é um profundo mistério (1 Tm 3.16). Para nos transmitir uma pálida ideia, a Escritura compara essa união com a união entre corpo e alma, “Nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9). À semelhança de corpo e alma as naturezas de Jesus Cristo permanecem distintas. À semelhança de corpo e alma, a natureza divina de tal maneira permeia e penetra a natureza humana. A natureza humana é de tal maneira penetrada pela natureza divina. E assim, ambas naturezas formam uma só pessoa.
É muito importante sabermos isto. Pois, em relação à nossa salvação, se perguntamos quem morreu na cruz? Nossa resposta é que lá morreu Deus. As confissões da Igreja Luterana respondem corretamente ao dizer que “Portanto, a divindade e humanidade em Cristo é uma só pessoa, a Escritura, por causa dessa união pessoal atribui também à divindade tudo o que sucede à humanidade, e vive-versa (FC DS VIII.42). Se Deus não houvesse morrido por nós, mas apenas um homem, estaríamos perdidos eternamente. Se, porém, a morte de Deus e Deus morto está na balança, ela desce e nós subimos como prato leve e vazio... (nós, perdoados e absolvidos, justificados, pela morte de Cristo).
É correto lembrar que Deus em sua natureza não pode morrer. Mas como, Deus e homem, estão unidos em uma pessoa, é correto falar sobre a morte de Deus.
Infelizmente, essa verdade não é aceita por todos. Muitas seitas evangélicas, mesmo se dizendo evangélicas, não aceitam esta verdade. Julgam que Jesus como homem, seu corpo, está somente no céu, e ao nosso lado somente Jesus com sua divindade, como espírito. Por isso também não aceitam o ensino bíblico da Santa Ceia, julgando ser somente uma lembrança.
Credo Atanasiano
O Credo Atanasiano é o terceiro e último dos credos ecumênicos. Foi aprovado, provavelmente no Concílio Calcedônio (a.D. 451) e reafirmado nos Concílios II e III de Constantinopla (a. D. 553 e 681, 690).
Ele surgiu devido a várias perguntas teológicas sobre a Trindade.
Inicialmente a redação foi atribuída a Atanásio. Mas, o Credo foi elaborado por uma comissão. O Credo, firmado na Bíblia, trata do mistério da Trindade. Não se buscou resolver o mistério da trindade racionalmente. O limite desse e dos outros Credos é tão somente até onde a Bíblia o revela. O Credo Atanasiano é o mais teológico dos três Credos.
Um dos aspectos que destaca o Credo Atanasiano dos dois anteriores são suas frases condenatórias no começo, meio e fim. E num mundo pós-moderno onde não há verdades absolutas, essas frases chocam os ouvintes. As frases condenatórias são:
- Aquele que quiser ser salvo, antes de tudo deverá ter a verdadeira fé cristã. Aquele que não a conservar em sua totalidade e pureza, sem dúvida perecerá eternamente.
- Aquele, portanto, que quiser ser salvo, deverá pensar assim da Trindade. Entretanto é necessário para a salvação eterna crer também fielmente na humanação de nosso Senhor Jesus Cristo.
- Esta é a verdadeira fé cristã. Aquele que não o crer com firmeza e fidelidade, não poderá ser salvo.
A base bíblica para tais afirmações são as Palavras do apóstolo João: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai (1Jo 2.22-23). E todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo” (1Jo 4.3). Ainda: “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus (1Jo 5.12-13).
As verdades do Credo Atanasiano são doutrinas fundamentais. Isto precisa ser ressaltado em nossos dias. E a urgência dessas afirmações decorre da globalização que traz consigo o reducionismo teológico que nos leva a um falso espírito ecumênico.
Não foi intenção dos confessores pronunciar as sentenças condenatórias sobre cristão que devido a certa simplicidade da mente ou por faltar-lhes melhor conhecimento. O Credo Atanasiano pronuncia a sentença condenatória sobre aqueles que propositadamente e por obstinação rejeitam estas verdades reveladas.
Creio no Deus Triúno.
Agostinho, um teólogo da Igreja Cristã que viveu no século terceiro na África, tentava entender a Trindade pela razão. Certo dia, caminhando pela praia e pensando sobre a Trindade, viu ao longe uma criança que pegava água do mar e derramava num buraco que havia cavado na areia. A cena repetiu-se várias vezes até que Agostinho passou pela criança. Algumas horas depois, voltando de sua caminhada, e ainda refletindo sobre a Trindade, Agostinho encontrou a mesma criança pegando água do mar e colocando dentro do buraco cavado na areia. O fato chamou a atenção de Agostinho que perguntou a ela o que fazia. A resposta veio logo: Estou colocando o mar dentro deste buraco. Agostinho ficou espantado com a ideia e perguntou: Será que vai caber? A criança, na sua inocência, respondeu: Estou fazendo isso desde que amanheceu, e o buraco ainda não encheu...
Naquele momento Agostinho compreendeu que estava tentando fazer o mesmo: Colocar o Deus eterno e todo-poderosos dentro de sua limitada razão.
Compreender a Trindade está fora da compreensão humana.

Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia

MUELLER, John Theodore. Dogmática Cristã. Porto Alegre, Concórdia, 2004.

GONZÁLES, Justo L. Uma História Ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1978.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Comunicar-se é dar-se por entendido! Entendeu?


Salmo 143; Gênesis 11.1-9; Atos 2.1-21; João 14.23-31
Texto para prédica: Atos 2.1-21
Tema: Comunicar-se é dar-se por entendido! Entendeu?

Há um elemento na comunicação que é quase que esquecido por muitos. O ponto principal da comunicação é se fazer entendido: entendeu? O objetivo da comunicação é conseguir transmitir uma mensagem de uma maneira que a outra pessoa entenda.
O dia de Pentecostes é o evento que marca esse elemento da comunicação (At 2.4).
Pentecostes é uma data no calendário da igreja, celebrado 50 dias após a ressurreição, evento que marca a descida do Espírito Santo. Mostra a rapidez de Jesus em enviar o Espírito Santo. Na ascensão, 40 dias após a ressurreição, Jesus subiu ao céu. E ele subiu ao céu para enviar o Espírito Santo e preparar um quarto para nós. E já dez dias depois de subir ao céu, Jesus envia o Espírito Santo. Havia urgência em que o mundo ouvisse a respeito dos atos maravilhosos de Deus e principalmente a respeito do Deus cumpre promessas. Tanto que Pedro pelo poder do Espírito Santo diz que o evento de Pentecostes, por mais que parecesse estranho para muitos, não o era, era o cumprimento de uma promessa já anunciado pelo profeta Joel (At 2.16-21).
Comunicar é dar-se por entendido!
O poder do Espírito Santo fez com que um evento que para muitos era estranho fosse esclarecido e, para tal esclarecimento, Pedro expôs, ou melhor interpretou o evento como cumprimento da profecia de Deus anunciada pelo profeta Joel.
A igreja enfrenta um enorme desafio. O desafio de comunicar a Palavra de Deus, a verdade absoluta, num mundo pós moderno que vive cercada por verdades liquidas. Faz duas décadas que o sociólogo polonês Zygmunt Baumann trouxe esse conceito ao mundo. Um mundo que não tem mais referências. Além disso, também estamos ainda permeados por uma cultura da “pós-verdade”. Ou seja, os constantes apelos a emoção e as crenças pessoais nos influenciam mais que a própria razão.
Como comunicar a fé cristã nesse mundo?
Através do evento diário do Pentecostes. Ou melhor, pela atuação do Espírito Santo.
Como se dá essa atuação do Espírito Santo? O Espírito Santo trabalha somente através dos meios da graça, Palavra e sacramentos (Pregação, Batismo e Santa Ceia). Pela Palavra de Deus, o Espírito Santo chama, ilumina com seus dons, gera a fé, santifica, congrega e conserva na verdadeira e única fé.
Em meio a tantas denominações religiosas, há os que afirmam que o Espírito Santo trabalha principalmente pela Bíblia, mas também diretamente como no passado por sonhos, visões, revelações especiais, .... Há correntes dentro da igreja que afirmam que o Espírito Santo não precisa de meios para trabalhar, por isso não há necessidade da palavra escrita, da água no batismo, pão e vinho na santa ceia. Afirmam que Deus trabalha diretamente no coração das pessoas. Nesse sentido surgem pessoas que dizem “eu tenho muita fé”, ou, “aquele pregador é um homem cheio do Espírito Santo, ele tem muito poder”. São as famosas correntes teológica que creem no poder de sua fé.
Querido irmão e irmã na fé em Jesus. A fé, que nos é oferecida pelo Espírito Santo, na Palavra e Sacramento nos agarra em Cristo.
Não podemos crer na fé das pessoas, afinal, a obra do Espírito Santo é nos fazer crer em Jesus.
Pela Palavra e Sacramento o Espírito Santo torna compreensível o amor de Deus em Jesus para as pessoas, mesmo em tempos pós modernos e de pós-verdade. O Espírito Santo dá e preserva a fé (Lc 24.44-49; Jo 3.5,6; Rm 10.17).
Quando lemos a respeito do evento de Pentecostes, ficamos estupefatos pelo barulho do vento forte, as chamas, e nos esquecemos que o evento tinha por objetivo fazer com que a mensagem sobre os atos poderosos de Deus fosse proclamada e compreendida. E outro detalhe, a interpretação de Pedro, dizendo que esse evento era cumprimento da promessa de Deus, já anunciada pelo profeta Joel.
O Espirito Santo age pela Palavra, por isso, Deus instituiu o oficio da pregação. O evento de Pentecostes marca justamente que diante do espanto das pessoas, por terem se fascinado pelo barulho do vento, pelas chamas de fogo, Pedro se levantou e explicou que não havia nada de extraordinário ou anormal, mas, tão somente o cumprimento da promessa de Deus.
Querido irmão e irmã em Jesus, Deus instituiu o ofício da pregação, dando a nós o evangelho e os sacramentos, meios pelos quais, nos dá o Espírito Santo, opera a fé. Não é necessário preparação para recebermos e alcançarmos o Espírito Santo. Isso nos é dado pela Palavra (Confissão de Augsburgo, Artigo V, Livro de Concórdia, 1980, p. 30).
Observe que no evento de Pentecostes, quando todos estavam atônitos, Pedro não indagou fora da Bíblia. Na verdade, chamou todos a ouvirem o que já havia dito na Palavra, na profecia proclamada por Joel.
Pentecostes traz como reflexão o ato de comunicar-se, ou melhor, fazer-se por entendido. O nosso desafio como igreja é comunicar, não a nós, mas, os atos poderosos de Deus, as promessas de Deus em Jesus. Como isso se dá? Pelo poder do Espírito Santo que age pela sua Palavra e Sacramentos. Continuemos vivendo o Pentecostes entre nós. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia
Ideias retiradas de um escrito enviado por e-mail pelo Pr Horst R. Kuchenbecker. São Leopoldo, 29/05/2017.

Confissão de Augsburgo, Artigo V, Livro de Concórdia, 1980, p. 30

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