4º
Domingo Advento
Sl
80.1-7; Mq 5.2-5; Hb 10.5-10; Lc 1.39-45
Texto:
Lucas 1.42
Tema:
Somos
benditos pelo “bendito fruto do teu ventre de Maria!” (Lc
1. 42).
Vivemos na sociedade do
descartável!
Muitas instituições
religiosas conduzem pessoas à viverem a vida cristã numa relação de consumo com Deus.
O verdadeiro toma lá, dá cá, para com Deus. Dessa maneira, criam uma
relação descartável com Deus, pois, quando Deus não as abençoa devido aos seus
esforços, descartam Deus e o criticam de mercenário.
Entre os muitos bens descartáveis, a sociedade está descartando as crianças fruto de uma relação amorosa frustrada. E nessa sociedade do descartável, o aborto é sempre um tema
recorrente.
Damares Alves, ao ser oficializada
como Ministra da mulher, família e direitos humanos, em sua
apresentação ressaltou que é contra o aborto e que o desejo é ter um Brasil sem
aborto. Muitos criticaram a nova ministra. a sociedade do descartável não aceita que não seja possível descartar um feto, afinal, meu corpo, minhas regras.
No último dia 06 de dezembro de 2018 uma
mãe foi condenada pela participação na morte da filha de 19 anos, levada
por ela para realizar um aborto. O caso aconteceu em 2013.
No STF, um entre os vários assuntos
debatidos, foi prorrogado sem data para novo debate a questão da
descriminalização do aborto. Assunto controverso, tão
controverso que alguém pode me questionar pelo fato de refletir sobre o assunto
em pleno quarto domingo de advento. No entanto, quero refletir sobre, pois, Lucas narra que
Isabel tendo ouvido Maria a saudar, “a
criança (João Batista) estremeceu no ventre”.
Em torno desse tema, há uma grande discussão teológica, e
sem maiores delongas, quero apenas destacar que João Batista, estremeceu na
barriga da mãe, não por causa de Maria, mas pelo fruto, ou seja, pelo filho que
Maria trazia em seu ventre (Jesus). Isabel exclamou dizendo: “bendita és tu entre as mulheres, e bendito é
o fruto do teu ventre” (Lc 1.42). Conforme o verso 41, essa saudação se
deu estando Isabel “possuída do Espírito
Santo” (Lc 1.41). Em outras palavras, poderia destacar que só é possível ver a bênção do fruto de Maria (Jesus), pelo poder do Espírito Santo.
Será que Maria tinha motivos para realizar um aborto?
Maria era jovem e vivia numa
sociedade onde aparecer grávida sem estar casada era dramático. Está descrito
na Bíblia (Números 5.11-31) a prova da água. Esse ritual era praticado de diversas
formas no antigo Oriente e em outras regiões do mundo. Os heteus e babilônicos
praticavam jogando a mulher num rio, e se a mesma saísse do rio, estaria
inocentada do seu adultério. Há relatos num livro apócrifo (Proto evangelho de Tiago), largamente difundido na igreja
primitiva, onde diz que Maria foi submetida a tal prova (Rops, 1999).
O que sabemos do texto bíblico é
que antes que houvesse qualquer retaliação mais grave, ou até mesmo uma punição
injusta, eis que um anjo do Senhor em sonho advertiu o noivo José que tinha direito
garantido de punição com as seguintes palavras: “José, filho de
Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do
Espírito Santo” (Mt 1.20). O anjo disse para José que a gravidez de Maria era a maior bênção para a humanidade.
Ao dizer "não temas receber" (Mt 1.20), se deve ao fato de trazer a memória as palavras de Dt 20.7, onde narra que só era considerado
casamento se o noivo recebesse a noiva, ou se houvesse a união.
Tanto Maria, quanto José, souberam pelo anjo que
o fruto que estava sendo gestado era o fruto de Deus para dar vida ao
mundo.
No entanto, como qualquer ser
humano nessa situação, Maria se via pressionada pela incompreensão das pessoas, bem como com a vergonha diante dos incompreensíveis. Nessa situação onde havia muita pressão, e a solidão seria um solo
fértil para a dúvida e o desânimo, Maria já sabedora da bênção que era o fruto do seu ventre, busca apoio humano e vai a casa de Isabel. Qual a razão para isso?
Maria foi até Isabel, pois o anjo
disse que ela também estava vivenciando um maravilhoso milagre: ser mãe
em idade avançada (Lc 1.36). Coisa que o povo de Deus ouviu dizer de Sara e Abraão. E naquelas montanhas de Judá, após uma caminhada
de 30 km, ao chegar na casa de Isabel, ouviu sem ter comentado nenhuma palavra
o que o anjo já havia anunciado: “bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1. 42).
Isabel
também era abençoada entre as mulheres, pois idosa, para muitos estéril, daria à luz à uma criança (aquele que prepararia o caminho do Senhor), exclama que Maria é a mais abençoada das mulheres, não por ser Maria, mas porque, o que nela estava
sendo gerado, era o salvador do mundo.
Quando se fala em aborto é preciso
buscar compreender toda e qualquer situação, no entanto, na maioria das vezes,
os abortos acontecem tão somente por estarmos vivendo na sociedade do
descartável. Mulheres se envolvem num relacionamento descartável, do usa e
abusa, e depois, acaba descartando a criança que surge dessa relação.
A sociedade do descartável deixou
de ver que seus filhos são benditos por causa do “bendito fruto do teu ventre de Maria!”
(Lc 1. 42). Jesus, dá um novo sentido a nossa vida. Cada criança, colocada no reino de Deus pelo Batismo, pelo fruto abençoado - Jesus, se torna uma bênção para outras pessoas.
Louvemos a Deus, pois em meio a uma
sociedade opressora e julgadora, Maria e José, orientados por um anjo assumiram
todos os riscos e levaram adiante a gravidez. Jesus nasceu! Pelo “bendito fruto do
teu ventre de Maria!” (Lc 1. 42), nós somos benditos. Abençoadores numa sociedade do descartável. Amém!
Edson Ronaldo
Tressmann
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