08
de julho de 2018
7º
Domingo após Pentecostes
Sl
123; Ez 2.1-5; 2Co 12.1-10; Mc 6.1-13
Tema:
Caminhando na fronteira pela graça de Deus!
Tema: Caminhando na
fronteira pela graça de Deus!
1 - Deus realiza seus propósitos mesmo no sofrimento (2Co 12.7).
2 - Deus revela o propósito do sofrimento (2Co 12.7).
3 - Deus conforta mesmo que não seja como eu quero (2Co 12.9).
O telefone chamou às 15:30 horas numa
tarde de domingo ensolarado e brilhante. Atendi o telefone e o diálogo
prosseguiu.
- “Sr. Wolterstorff?”
- “Sim”.
- “É o pai de Eric?”
- “Sim”.
- “Sr. Wolterstorff, eu tenho que lhe
dar más notícias”.
- “Sim”.
- “Eric estava escalando nas
montanhas e sofreu um acidente”.
- “Sim”.
- “Sr. Wolterstorff, eu tenho que lhe
dizer, Eric morreu. Sr. Wolterstorff, o Sr. está aí? O Sr. precisa vir
imediatamente. Sr. Wolterstorff, Eric morreu!”
Nicholas Wolterstorff, professor de
Filosofia no Calvin College, nos Estados Unidos, a partir desse evento trágico,
onde seu filho morreu aos 25 anos, nos deixa um impressionante livro: Lamento
por um filho. Editora Ultimato, 1997. Um livro onde deseja honra seu filho e
dar voz a sua angústia.
Após o fatídico episódio da morte de
seu filho, Wolterstorff disse: “Eu vou olhar para o mundo através de lágrimas. Talvez eu
veja coisas que, com os olhos secos, eu não poderia ver”.
Nesse culto, estamos tendo a sexta
oportunidade de meditar sobre sofrimento. O sofrimento é um tempo de
oportunidade para ver o que não conseguimos ver quando tudo está bem. O
escritor irlandês C.S. Lewis, tornou-se popular durante a segunda guerra
mundial, por suas palestras transmitidas pela rádio e seus escritos, conhecido
como “apóstolo dos céticos” em seu
livro: O problema do sofrimento (Editora Vida) ressalta que “Deus sussurra em
nossos prazeres e grita em nossas dores. O sofrimento é o megafone de Deus para
um mundo surdo”.
Há
muitas coisas que só é possível ver com os olhos cheios de lágrimas.
A pedagogia da vida espiritual é
diferente. Primeiro ela dá a prova, depois a lição.
Voltamos a meditar na segunda carta
do apostolo Paulo aos coríntios. Na pericope (2Co 12.1-10) o apostolo Paulo
escreve sobre um sofrimento que muito o atormentou: o espinho na carne.
Enquanto que seus acusadores negam o
apostolado de Paulo, o mesmo escreve aos seus acusadores mostrando que mesmo depois
de ser arrebatado ao terceiro céu, suportou severa provação na terra.
O apostolo Paulo aprendeu pelas
provas a lição da simultaneidade do poder e da fraqueza (2Co 12.1-6) e como é
tênue a divisa entre poder e fragilidade, força e fraqueza.
Todos nós atravessamos as fronteiras
da alegria para a tristeza, da exultação para o desespero. Assim como Nicholas,
estamos em meio a uma tarde agradável de domingo, até que o telefone toca e
tudo fica nublado por uma má notícia.
Há alguma razão para vivermos nesse limiar constante?
A julgar pelas palavras de Paulo (2Co
12.1-12), acredito que Deus não quer de maneira nenhuma que gabemos a nós
mesmos. O salmista escreveu: “Somente a ti, ó Senhor
Deus, a ti somente, e não a nós, seja dada a glória por causa do teu amor e da
tua fidelidade” (Sl 115.1).
Não há motivos para nos gabar, pois,
Deus é fiel a sua promessa. Semana passada ao meditar nas Lamentações de
Jeremias, ouvimos que num dos piores momentos da vida do povo de Deus, o profeta exaltou a grandeza da fidelidade de Deus (Lm
3.23), mostrando que havia uma promessa de salvação a ser cumprida. Por isso, havia
motivos de esperança em meio aquele episódio de sofrimento.
Não há nada para nos
gabar de nós mesmos e, citando as Escrituras (Jr 9.24; 2Co 10.17) ressalta que “... “Quem quiser
se orgulhar, que se orgulhe daquilo que o Senhor faz” (2Co 10.17; Jr
9.24).
Tema: Caminhando na fronteira pela
graça de Deus!
1)
- A razão para
vivermos na fronteira entre a exaltação e a desvalorização, entre a alegria e a
frustração, entre a vida e a morte, é porque Deus realiza seus propósitos,
mesmo no nosso sofrimento (2Co 12.7).
Quando estamos sofrendo, enfrentando momentos
difíceis, nós não conseguimos entender o propósito de Deus por ocasião daquele
episódio. Como aprendemos na semana passada (Lm 3.22-33), Deus está presente no
sofrimento, no entanto, não conseguimos ver.
Lembre-se: o nosso sofrimento e a
nossa consolação são instrumentos usados por Deus para abençoar outras vidas.
Na escola espiritual, pelos sofrimentos, Deus nos prepara para sermos
consoladores. Se talvez Jó compreendeu seu sofrimento, ele morreu sem jamais
saber porque sofreu.
O apostolo Paulo passou por muitos
sofrimentos. Entre suas prisões, naufrágios, espancamentos, fugas, parece que
nada era pior do que o seu espinho na carne, que não sabemos do que se trata.
Paulo orou três vezes para que Deus tirasse o espinho da sua carne.
O apostolo Paulo aprendeu o que nós
precisamos aprender: quando Deus não remove “o
espinho”, é porque tem uma razão. Deus não permite que seus filhos
sofram por sofrer. Há um
propósito: nesse caso, para
que Paulo não se ensoberbece.
Tema: Caminhando na fronteira pela
graça de Deus!
2)
- A razão para
vivermos na fronteira entre a força e a fraqueza é porque muitas vezes seja
possível que Deus nos revele o propósito do sofrimento (2Co 12.7).
Para o apostolo Paulo, Deus decidiu lhe
revelar a razão da permissão do seu “espinho na carne”, ou seja, Deus queria evitar
que Paulo ficasse orgulhoso.
É interessante observar que Paulo
orou, mas não perguntou o porquê de seu sofrimento.
Quando Deus assim deseja, ele revela
a razão do sofrimento. Revelou à Moisés o porque não lhe seria permitido entrar
na Terra Prometida. Disse a Josué porque o exército foi derrotado em Ai.
O sofrimento, ao qual Deus como um
pai amoroso e misericordioso permite, tem por finalidade humilhar, aperfeiçoar
e nos usar.
Para nos usar para seus propósitos, viver
na fronteira entre a alegria e a tristeza, entre a saúde e doença, o sofrimento
pode ser um dom de Deus (2Co 12.7).
Por não conseguirmos compreender como
Deus nos ama, mesmo no sofrimento, a nossa tendência é pensar que o sofrimento
é algo que Deus faz contra nós e não por nós.
Jacó, quando José exigiu aos seus
irmãos, para que trouxessem Benjamim, não entendendo para que, disse: “Vocês
querem que eu perca todos os meus filhos? José não está com a gente, e Simeão
também não está. Agora vocês querem levar Benjamim, e quem sofre com tudo isso
sou eu!” (Gn 42.36). Tempos mais
tarde, José, explicou aos seus irmãos que “É verdade que vocês planejaram aquela maldade contra mim,
mas Deus mudou o mal em bem para fazer o que hoje estamos vendo, isto é, salvar
a vida de muita gente” (Gn 50.20).
Paulo não questionou por que de tanto
sofrimento, e entendeu que o “espinho na carne” permitido por Deus era uma
dádiva.
Tema: Caminhando na fronteira pela
graça de Deus!
3)
- A fronteira
entre um bom e mau momento é um fio de navalha, no entanto, Deus me
conforta, mesmo que não seja como eu quero (2Co 12.9).
“Mas ele me
respondeu: “A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais
forte quando você está fraco.” Portanto, eu me sinto muito feliz em me gabar
das minhas fraquezas, para que assim a proteção do poder de Cristo esteja
comigo” (2Co 12.9).
A resposta que Deus ao pedido de
Paulo não era a que ele esperava nem a que ele queria, no entanto, era a que
ele precisava.
Aprendemos pelo profeta Jeremias em
suas lamentações (Lm 3.22-33) que não estamos sozinhos no sofrimento, pois
sofremos na presença de Deus. Paulo ouviu de Deus (2Co 12.9) que o mesmo não
estava sozinho em seu sofrimento.
Senhor, por que estou sofrendo?
Deus nos assiste em nosso sofrimento.
Deus é gracioso, mesmo no sofrimento.
Nenhuma outra tradição religiosa tem ideia desse Deus gracioso. Sem a graça de
Deus, não compreendemos os por quês do dia-a-dia. Nosso Deus, é um Deus
gracioso, mesmo quando nos permite ver a sua graça e amor com os olhos cheios
de lágrimas.
A expressão máxima da graça de Deus é
o abandono de Jesus na cruz para que nós não fossemos abandonados. Amém!
Edson Ronaldo
Tressmann
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