terça-feira, 17 de julho de 2018

A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo


22 de julho de 2018
9º Domingo após Pentecostes
Sl 23; Jr 23.1-6; Ef 2.11-22; Mc 6.30-34
Tema: A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo

Lucas em Atos dos Apóstolos (At 20.31 e 19.10) diz que Paulo permaneceu em Éfeso por três anos. Em nenhuma outra cidade Paulo permaneceu tanto tempo estabelecendo uma igreja. Sendo assim é possível dizer que o apostolo conhecia bem os congregados daquela igreja, no entanto, a carta é bem impessoal, isso por ser uma carta circular, ou seja, não só os cristãos de Éfeso iriam lê-la, mas também os de Colossos, Hierápolis e Laodicéia (tanto que alguns dizem que essa é a carta perdida enviada aos laodicenses Cl 4.16).
Na semana passada, iniciamos nossa reflexão na carta de Paulo aos Efésios, a qual concordo com William Barclay, ou seja, essa carta é a rainha das epistolas de Paulo.
Aborda vários temas, tendo como ênfase principal a igreja universal (não IURD), mas a composição da igreja espalhada por todo o mundo e a missão da mesma. Muitos consideram essa carta como sendo um tratado, um discurso.
A carta aos cristãos da Ásia Menor, carta de Paulo aos Efésios traz o louvor aliado a reflexão (Ef 1 e 2); inspira à missão (Ef 3.1-13) e inspira também a uma oração de ação de graças (Ef 3.14-21), a união e santificação (Ef 4 – 6).
Essa carta é especial, pois, ela traz uma motivação especial a uma nova geração de crentes gentios recém batizados, para que os mesmos não esqueçam sua origem e de que Cristo os resgatou e os tornou igreja.
Paulo desenvolve um diálogo entre duas gerações, do passado e do presente. Do antigo e do novo Israel.
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
E dentro dessa nova realidade em Cristo, Paulo, meditamos sobre isso na semana passada, (Efésios 1.3-14) ressalta a obra trinitária como fundamento para nosso louvor a Deus. Em Efésios 1.15-23, descobrimos a riqueza da nossa herança. No capítulo 2, verso 1 ao 10, relembramos a bênção da salvação pela fé independente das obras da lei. As boas obras apenas expressam a fé da igreja.
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo. Sem o evangelho de Cristo estamos mortos e escravos de satanás e da nossa carne. Sem Cristo estamos debaixo da maldição de Deus.
Em Cristo, Deus veio nos buscar e dar vida. A igreja é rica devido as bênçãos espirituais (Ef 1.3-15) e cheia de vida (Ef 2.10).
Ler Efésios 2.11-22.
Estamos constantemente separados por afinidade, doutrina, cor, raça, sexo. Tempos atrás, alguém me alertou de maneira muito educada num e-mail, que eu estava num grupo do facebook destinado a homoafetivos. Ao responder seu e-mail ressaltei que não escolhia os grupos aos quais fazer parte, eu apenas faço parte de grupos de face para publicar as mensagens cristãs.
Vivemos num mundo separatista! As pessoas acham motivos para se separar e fazem questão de mostrar que pertencem a um outro grupo.
Paulo escreve aos Efésios e diz que os gentios (nós) éramos estranhos àquele povo que Deus havia escolhido para ser seu povo.
Os gentios eram todos aqueles que não eram judeus (a partir do século XVII). Gentios, desde sempre são os não descendentes de Abraão.
A escolha de Abraão foi feita por Deus para através dele, toda a terra, todos os povos e raças, serem abençoados (Gn 12.3). Abrão era arameu, idólatra, dizem que era astrólogo (Abrão, significava pai elevado. Olhava para o céu tentando discernir o seu destino e das pessoas que o procuravam). Deus lhe apareceu e fez uma promessa (Gn 12.3) “... de ti farei uma grande nação ...” (Gl 3.8-9). Deus poderia ter escolhido qualquer um, mas escolheu Abrão. Poderia ter escolhido outra nação, pois a Índia já se projetava como uma nação grandiosa. A China já tinha seu começo. Poderia ter escolhido os filisteus, povo guerreiro e forte. Mas, escolheu um povo pequeno e insignificante, liderado por patriarcas que conduziam seus rebanhos na terra de ninguém. Como escreveu Moisés em Deuteronômio: “eu os escolhi” (Dt 4.37).
Conforme Paulo ao escrever aos Gálatas, pela fé em Cristo somos parte dessa grande nação. Em Efésios 2.10, o apostolo ressalta que fazemos parte dessa nação por causa da fé que recebemos como um presente dado por Deus. Por isso Jesus disse: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi, ...” (Jo 15.16).
A escolha de Abraão não foi para separar as pessoas, os povos e as raças. Assim como a raça humana foi separada na torre de Babel pela confusão das línguas, no Pentecostes, pelo poder do Espírito Santo, todos os povos ouviram e entenderam a mesma mensagem. Ao escolher Abrão e fazer dele um povo o objetivo de Deus era que por esse povo todos os povos e raças do mundo fossem abençoados.
Em Cristo derrubou o muro da separação (Ef 2.14). O que isso significa?
O único meio de um gentio ser salvo é pela fé. A fé que se agarra naquilo que Cristo realizou na cruz (Ef 2.10).
No Templo havia um local chamado pátio dos gentios. Essa parte estava fora do templo. O templo era dividido em três partes: altar, a nave e a parte depois dos muros. E esta parte depois dos muros, lá longe do altar, longe da presença de Deus que se dava no Templo, era o local dos gentios.
Em 1871, arqueólogos encontraram uma pedra que ficava diante do templo de Jerusalém. Nessa pedra estava escrito em grego e hebraico: “qualquer homem de outra raça que ultrapassar esta parede e entrar no santuário, será punido com a morte”.
A comunhão direta com Deus era somente aos judeus. No entanto, Deus que reservou um lugar para os gentios, em Cristo derrubou o muro da separação (Ef 2.14).
A expressão em Cristo é usada por Paulo em torno de 200 vezes em suas cartas. É fácil concluir que o ponto está em Cristo. Deus mudou a história humana em Cristo.
Para uma nova geração de cristãos o apostolo Paulo lembra que: “Naquele tempo vocês estavam separados de Cristo; eram estrangeiros e não pertenciam ao povo escolhido de Deus. Não tinham parte nas suas alianças, que eram baseadas nas promessas de Deus para o seu povo. E neste mundo viviam sem esperança e sem Deus” (Ef 2.12).
É preciso reconhecer que está surgindo uma nova geração de cristãos. No entanto, a pergunta é: como está sendo formada essa nova geração de cristãos? Afinal, nas muitas pregações, canções, palestras que se ouve por aí, o ponto não está mais em Cristo.
A igreja tem raízes e fundamentos fortes: Cristo. Mas, deixando Cristo, passa a viver dias complicados.
Deus, nunca quis excluir os gentios, pelo contrário, seu coração missionário, ao chamar Abrão, pensou em todas as raças: “...de ti farei uma grande nação...” (Gn 12.3) “...os da fé são abençoados com o crente Abraão” (Gl 3.9).
Todas as leis dada aos judeus (365 negativas, significando cada dia do ano, e as 206 positivas, para cada osso do corpo humano) resumiam-se em três: sábado, comida e circuncisão. Leis que infelizmente levaram os judeus, luz para as nações (Is 49.6; Zc 8.22; At 1.8; 13.47) a se separar e excluir os gentios, não permitindo que eles tivessem o que Deus em Cristo oferece: comunhão com Deus. Por isso, para uma igreja composta por judeus e gentios, correndo perigo de se separarem, ou se auto excluírem, Paulo escreve: “Lembrem que vocês, os não judeus, eram chamados de incircuncidados pelos judeus, que chamam a si mesmos de circuncidados por praticar a circuncisão. Lembrem do que vocês eram no passado. Naquele tempo vocês estavam separados de Cristo; eram estrangeiros e não pertenciam ao povo escolhido de Deus. Não tinham parte nas suas alianças, que eram baseadas nas promessas de Deus para o seu povo. E neste mundo viviam sem esperança e sem Deus. Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram trazidos para perto dele pela morte de Cristo na cruz” (Ef 2.11-13).
Cuidado – pois, o que Deus fez em Cristo pode ser desfeito pela nossa natureza pecaminosa que apenas quer excluir e se auto excluir. Não aceitamos o diferente e o de opinião contrária.
Se Paulo conhecia aqueles cristãos, tendo ficado lá por 3 anos, recebeu notícias dos mesmos e escreve essa carta para falara entre outros temas sobre a igreja, tem por objetivo ressaltar que a igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Nesse século 21 a igreja, ao menos aqui no Brasil, não vive o conflito entre gentios e judeus, mas vive o conflito das gerações. E para esse conflito digo uma coisa: passado, presente e futuro estão em Cristo.
Deus ao chamar Abraão e fazer dele um povo tinha apenas um objetivo: reunir todos os povos. Em Cristo, Deus agora tem um novo povo, Deus tem uma nova família (Ef 2.11-22). Você e eu fazemos parte desse povo e dessa família em Cristo. Deus seja louvado por isso!
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Ao seu povo Deus fez uma promessa, fez uma aliança, entregou seu culto, sua lei. Agora, isso também é nosso!
Enquanto Deus estava ocupado em salvar a humanidade pelo seu povo, através do nascimento, sofrimento e morte de Jesus, o seu povo, exclui e se auto excluiu. Enquanto que Deus tinha como alvo incutir a noção de santidade e separação do pecado e do mundo, o seu povo luz para as nações, se separou e exclui outros dessa luz.
As leis apenas identificavam a identidade de Deus a qual aquele povo pertencia. Mas, infelizmente o povo se deixou levar exacerbação. Tanto que tratavam os gentios de maneira desprezível, os tratando como incircuncisos.
A lei de Deus ensina a diferença entre o certo e errado. As datas festivas mostram que Deus é dono do tempo. A mistura, no sentido de confusão, apenas geraria sincretismo.
A separação estava muito acentuada quando Cristo veio. Tanto que Jesus foi duramente criticado quando se aproximava dos gentios com o objetivo de mostrar que Deus também os amava. Os judeus orgulhavam-se de serem descendentes de sangue de Abraão e se fecharam aos gentios e isso levou a separação. Eles se vangloriavam da lei e menosprezavam os outros povos.
A vinda de Cristo mudou essa situação e Paulo ensina isso a igreja dizendo que A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Grande apostolo Paulo. Quanta riqueza em suas palavras aos cristãos da Ásia Menor, pois essa carta seria lida em outras cidades. E todos precisavam compreender que em Cristo as diferenças haviam terminado.
Antes de Cristo:
- os gentios eram desprezados por causa da circuncisão.
- se os gentios estavam separados da aliança e sem esperança.
- se os gentios não tinham conhecimento de Deus.
Em Cristo, tudo isso havia acabado.
Vivemos numa época cercada de variados deuses, de uma intensa religiosidade, filosofia, culturas, no entanto, sem querer separar, sem Cristo somos pobres, miseráveis e destinados ao inferno. A união única e verdadeira está apenas em Cristo.
Observe que sem Cristo ... separados de Cristo v.12, ... sem pátria celestial (estrangeiros, v. 12), ..., sem identidade (não pertenciam ao povo escolhido, v.12), ... sem esperança (Não tinham parte nas suas alianças, que eram baseadas nas promessas de Deus para o seu povo, v. 12) e o pior, ... (sem esperança e sem Deus, v.12).
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
O ponto é Cristo: “Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram trazidos para perto dele pela morte de Cristo na cruz” (Ef 2.13).
Um mundo sem Cristo, uma cultura sem Cristo, uma filosofia sem Cristo, uma história sem Cristo, uma religiosidade sem Cristo, uma espiritualidade sem Cristo, diz o apostolo Paulo é sem esperança, é sem Deus, é perdição.
Sem Cristo, nós – gentios, éramos sem Deus e sem esperança. Em Cristo somos um novo povo, uma nova raça, e temos uma nova identidade. Louvemos a Deus por isso!
Deus em Cristo reverteu a nossa terrível situação. Em Cristo Deus realizou importantes e necessárias mudanças:
1) - v. 13Cristo aproximou os gentios ao povo de Deus;
2) – v.14reconciliou judeus e gentios que estavam separados. De ambos os povos (diferentes) fez um só. Judeus e gentios são comuns por serem pecadores, se salvam em Jesus mediante a fé.
3) – v.14derrubou o muro da separação. As leis de Deus que separavam os gentios de Deus, Cristo derrubou essa parede. v 15 - Cristo aboliu na sua carne. Na crucificação a lei estava sendo consumada. A condenação que a lei traz foi desfeita em Cristo.
4)v.16 - Reconciliou ambos em um só corpo com Deus. E é essa reconciliação que é evangelizada, v.17.
5)v.18em Cristo, judeus e gentios tem acesso ao Pai. Por isso, v.19 - não sois estrangeiros e peregrinos. Agra temos uma pátria e um destino certo. E só crescemos em Cristo, v. 20-21. E nessa comunhão somos constantemente edificados.
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Seja tolerante! Custou muito caro ser igreja – o sangue de Cristo. Briga na igreja é feio.
Em Cristo - Deus aboliu as diferenças! Estamos unidos pela fé em Jesus.
Em Cristo o desejo de Deus continua sendo a comunhão do santos, a reunião do seu povo.
Deus nos fez igreja em Cristo. Nos deu uma comunhão num povo para louvá-lo. Em Cristo, Deus nos fez uma nova raça, nação, família, edifício.
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo. “Pois foi Cristo quem nos trouxe a paz, tornando os judeus e os não judeus um só povo. Por meio do sacrifício do seu corpo, ele derrubou o muro de inimizade que separava os judeus dos não judeus” (Ef 2.14). Amém.

Edson Ronaldo TREssmann


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.

Saindo ileso da cova!

30 de março de 2024 Salmo 16; Daniel 6.1-28; 1Pedro 4.1-8; Mateus 28.1-20 Texto : Daniel 6.1-24 Tema : Saindo ileso da cova!   Tex...