22
de julho de 2018
9º
Domingo após Pentecostes
Sl
23; Jr 23.1-6; Ef 2.11-22; Mc 6.30-34
Tema:
A igreja nada mais é do que uma nova
realidade em Cristo
Lucas
em Atos dos Apóstolos (At 20.31 e 19.10) diz que Paulo permaneceu em Éfeso por
três anos. Em nenhuma outra cidade Paulo permaneceu tanto tempo estabelecendo
uma igreja. Sendo assim é possível dizer que o apostolo conhecia bem os
congregados daquela igreja, no entanto, a carta é bem impessoal, isso por ser
uma carta circular, ou seja, não só os cristãos de Éfeso iriam lê-la, mas
também os de Colossos, Hierápolis e Laodicéia (tanto que alguns dizem que essa
é a carta perdida enviada aos laodicenses Cl 4.16).
Na
semana passada, iniciamos nossa reflexão na carta de Paulo aos Efésios, a qual
concordo com William Barclay, ou seja, essa carta é a rainha das epistolas de
Paulo.
Aborda
vários temas, tendo como ênfase principal a igreja universal (não IURD), mas a
composição da igreja espalhada por todo o mundo e a missão da mesma. Muitos
consideram essa carta como sendo um tratado, um discurso.
A
carta aos cristãos da Ásia Menor, carta de Paulo aos Efésios traz o louvor
aliado a reflexão (Ef 1 e 2); inspira à missão (Ef 3.1-13) e inspira também a
uma oração de ação de graças (Ef 3.14-21), a união e santificação (Ef 4 – 6).
Essa
carta é especial, pois, ela traz uma motivação especial a uma nova geração de
crentes gentios recém batizados, para que os mesmos não esqueçam sua origem e
de que Cristo os resgatou e os tornou igreja.
Paulo
desenvolve um diálogo entre duas gerações, do passado e do presente. Do antigo
e do novo Israel.
A
igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
E
dentro dessa nova realidade em Cristo, Paulo, meditamos sobre isso na semana
passada, (Efésios 1.3-14) ressalta a obra trinitária como fundamento para nosso
louvor a Deus. Em Efésios 1.15-23, descobrimos a riqueza da nossa herança. No
capítulo 2, verso 1 ao 10, relembramos a bênção da salvação pela fé
independente das obras da lei. As boas obras apenas expressam a fé da igreja.
A
igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo. Sem o evangelho de
Cristo estamos mortos e escravos de satanás e da nossa carne. Sem Cristo
estamos debaixo da maldição de Deus.
Em
Cristo, Deus veio nos buscar e dar vida. A igreja é rica devido as bênçãos
espirituais (Ef 1.3-15) e cheia de vida (Ef 2.10).
Ler Efésios 2.11-22.
Estamos
constantemente separados por afinidade, doutrina, cor, raça, sexo. Tempos
atrás, alguém me alertou de maneira muito educada num e-mail, que eu estava num
grupo do facebook destinado a homoafetivos. Ao responder seu e-mail ressaltei
que não escolhia os grupos aos quais fazer parte, eu apenas faço parte de
grupos de face para publicar as mensagens cristãs.
Vivemos
num mundo separatista! As pessoas acham motivos para se separar e fazem questão
de mostrar que pertencem a um outro grupo.
Paulo
escreve aos Efésios e diz que os gentios (nós) éramos estranhos àquele povo que
Deus havia escolhido para ser seu povo.
Os
gentios eram todos aqueles que não eram judeus (a partir do século XVII).
Gentios, desde sempre são os não descendentes de Abraão.
A
escolha de Abraão foi feita por Deus para através dele, toda a terra, todos os
povos e raças, serem abençoados (Gn 12.3). Abrão era arameu, idólatra, dizem
que era astrólogo (Abrão, significava pai elevado. Olhava para o céu tentando
discernir o seu destino e das pessoas que o procuravam). Deus lhe apareceu e
fez uma promessa (Gn 12.3) “... de ti farei uma grande nação ...” (Gl
3.8-9). Deus poderia ter escolhido qualquer um, mas escolheu Abrão. Poderia ter
escolhido outra nação, pois a Índia já se projetava como uma nação grandiosa. A
China já tinha seu começo. Poderia ter escolhido os filisteus, povo guerreiro e
forte. Mas, escolheu um povo pequeno e insignificante, liderado por patriarcas
que conduziam seus rebanhos na terra de ninguém. Como escreveu Moisés em
Deuteronômio: “eu
os escolhi” (Dt 4.37).
Conforme
Paulo ao escrever aos Gálatas, pela fé em Cristo somos parte dessa grande
nação. Em Efésios 2.10, o apostolo ressalta que fazemos parte dessa nação por
causa da fé que recebemos como um presente dado por Deus. Por isso Jesus disse:
“Não fostes
vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi, ...” (Jo 15.16).
A
escolha de Abraão não foi para separar as pessoas, os povos e as raças. Assim
como a raça humana foi separada na torre de Babel pela confusão das línguas, no
Pentecostes, pelo poder do Espírito Santo, todos os povos ouviram e entenderam
a mesma mensagem. Ao escolher Abrão e fazer dele um povo o objetivo de Deus era
que por esse povo todos os povos e raças do mundo fossem abençoados.
Em Cristo derrubou o muro da
separação (Ef 2.14). O que isso significa?
O
único meio de um gentio ser salvo é pela fé. A fé que se agarra naquilo que
Cristo realizou na cruz (Ef 2.10).
No
Templo havia um local chamado pátio dos gentios. Essa parte estava fora do
templo. O templo era dividido em três partes: altar, a nave e a parte depois
dos muros. E esta parte depois dos muros, lá longe do altar, longe da presença
de Deus que se dava no Templo, era o local dos gentios.
Em
1871, arqueólogos encontraram uma pedra que ficava diante do templo de
Jerusalém. Nessa pedra estava escrito em grego e hebraico: “qualquer homem de outra raça que ultrapassar
esta parede e entrar no santuário, será punido com a morte”.
A
comunhão direta com Deus era somente aos judeus. No entanto, Deus que reservou
um lugar para os gentios, em Cristo derrubou o muro da separação (Ef
2.14).
A
expressão em
Cristo é usada por Paulo em torno de 200 vezes em suas cartas. É
fácil concluir que o ponto está em Cristo. Deus mudou a história humana em Cristo.
Para
uma nova geração de cristãos o apostolo Paulo lembra que: “Naquele tempo vocês estavam separados de
Cristo; eram estrangeiros e não pertenciam ao povo escolhido de Deus. Não
tinham parte nas suas alianças, que eram baseadas nas promessas de Deus para o
seu povo. E neste mundo viviam sem esperança e sem Deus” (Ef 2.12).
É
preciso reconhecer que está surgindo uma nova geração de cristãos. No entanto,
a pergunta é: como
está sendo formada essa nova geração de cristãos? Afinal, nas muitas
pregações, canções, palestras que se ouve por aí, o ponto não está mais em Cristo.
A
igreja tem raízes e fundamentos fortes: Cristo.
Mas, deixando Cristo, passa a viver dias complicados.
Deus,
nunca quis excluir os gentios, pelo contrário, seu coração missionário, ao
chamar Abrão, pensou em todas as raças: “...de ti farei uma grande nação...” (Gn 12.3)
“...os da fé
são abençoados com o crente Abraão” (Gl 3.9).
Todas
as leis dada aos judeus (365 negativas, significando cada dia do ano, e as 206
positivas, para cada osso do corpo humano) resumiam-se em três: sábado, comida
e circuncisão. Leis que infelizmente levaram os judeus, luz para as nações (Is 49.6; Zc
8.22; At 1.8; 13.47) a se separar e excluir os gentios, não permitindo que eles
tivessem o que Deus em Cristo oferece: comunhão com Deus. Por isso, para uma
igreja composta por judeus e gentios, correndo perigo de se separarem, ou se
auto excluírem, Paulo escreve: “Lembrem que vocês, os não judeus, eram chamados de
incircuncidados pelos judeus, que chamam a si mesmos de circuncidados por
praticar a circuncisão. Lembrem do que vocês eram no passado. Naquele tempo
vocês estavam separados de Cristo; eram estrangeiros e não pertenciam ao povo
escolhido de Deus. Não tinham parte nas suas alianças, que eram baseadas nas
promessas de Deus para o seu povo. E neste mundo viviam sem esperança e sem
Deus. Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus,
foram trazidos para perto dele pela morte de Cristo na cruz” (Ef
2.11-13).
Cuidado
– pois, o que Deus fez em Cristo pode ser desfeito pela nossa
natureza pecaminosa que apenas quer excluir e se auto excluir. Não aceitamos o
diferente e o de opinião contrária.
Se
Paulo conhecia aqueles cristãos, tendo ficado lá por 3 anos, recebeu notícias
dos mesmos e escreve essa carta para falara entre outros temas sobre a igreja,
tem por objetivo ressaltar que a igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Nesse
século 21 a igreja, ao menos aqui no Brasil, não vive o conflito entre gentios
e judeus, mas vive o conflito das gerações. E para esse conflito digo uma
coisa: passado, presente e futuro estão em Cristo.
Deus
ao chamar Abraão e fazer dele um povo tinha apenas um objetivo: reunir todos os
povos. Em
Cristo, Deus agora tem um novo povo, Deus tem uma nova família (Ef
2.11-22). Você e eu fazemos parte desse povo e dessa família em Cristo.
Deus seja louvado por isso!
A
igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Ao
seu povo Deus fez uma promessa, fez uma aliança, entregou seu culto, sua lei.
Agora, isso também é nosso!
Enquanto
Deus estava ocupado em salvar a humanidade pelo seu povo, através do
nascimento, sofrimento e morte de Jesus, o seu povo, exclui e se auto excluiu.
Enquanto que Deus tinha como alvo incutir a noção de santidade e separação do
pecado e do mundo, o seu povo luz para as nações, se separou e exclui outros
dessa luz.
As
leis apenas identificavam a identidade de Deus a qual aquele povo pertencia.
Mas, infelizmente o povo se deixou levar exacerbação. Tanto que tratavam os
gentios de maneira desprezível, os tratando como incircuncisos.
A
lei de Deus ensina a diferença entre o certo e errado. As datas festivas
mostram que Deus é dono do tempo. A mistura, no sentido de confusão, apenas
geraria sincretismo.
A
separação estava muito acentuada quando Cristo veio. Tanto que Jesus foi
duramente criticado quando se aproximava dos gentios com o objetivo de mostrar
que Deus também os amava. Os judeus orgulhavam-se de serem descendentes de
sangue de Abraão e se fecharam aos gentios e isso levou a separação. Eles se
vangloriavam da lei e menosprezavam os outros povos.
A
vinda de Cristo mudou essa situação e Paulo ensina isso a igreja dizendo que A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Grande
apostolo Paulo. Quanta riqueza em suas palavras aos cristãos da Ásia Menor,
pois essa carta seria lida em outras cidades. E todos precisavam compreender
que em Cristo
as diferenças haviam terminado.
Antes
de Cristo:
-
os gentios eram desprezados por causa da circuncisão.
-
se os gentios estavam separados da aliança e sem esperança.
-
se os gentios não tinham conhecimento de Deus.
Em Cristo,
tudo isso havia acabado.
Vivemos
numa época cercada de variados deuses, de uma intensa religiosidade, filosofia,
culturas, no entanto, sem querer separar, sem Cristo somos pobres, miseráveis e
destinados ao inferno. A união única e verdadeira está apenas em Cristo.
Observe
que sem Cristo ... separados de Cristo v.12, ... sem pátria
celestial (estrangeiros,
v. 12), ..., sem identidade (não pertenciam ao povo escolhido, v.12), ...
sem esperança (Não
tinham parte nas suas alianças, que eram baseadas nas promessas de Deus para o
seu povo, v. 12) e o pior, ... (sem
esperança e sem Deus, v.12).
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
O
ponto é Cristo: “Mas
agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram
trazidos para perto dele pela morte de Cristo na cruz” (Ef 2.13).
Um mundo sem Cristo, uma cultura sem Cristo, uma filosofia sem
Cristo, uma história sem Cristo, uma religiosidade sem Cristo, uma
espiritualidade sem Cristo, diz o apostolo Paulo é sem esperança, é sem Deus, é
perdição.
Sem
Cristo, nós – gentios, éramos sem Deus e sem esperança. Em Cristo somos um novo povo,
uma nova raça, e temos uma nova identidade. Louvemos a Deus por isso!
Deus
em Cristo
reverteu a nossa terrível situação. Em Cristo Deus realizou importantes e
necessárias mudanças:
1) -
v. 13
– Cristo aproximou os gentios ao povo de
Deus;
2) – v.14
– reconciliou judeus e gentios que
estavam separados. De ambos os povos (diferentes) fez um só. Judeus e
gentios são comuns por serem pecadores, se salvam em Jesus mediante a fé.
3) – v.14
– derrubou o muro da separação. As
leis de Deus que separavam os gentios de Deus, Cristo derrubou essa parede. v 15
- Cristo aboliu na sua carne. Na
crucificação a lei estava sendo consumada. A condenação que a lei traz foi
desfeita em
Cristo.
4)
– v.16
- Reconciliou ambos em um só corpo com
Deus. E é essa reconciliação que é evangelizada, v.17.
5)
– v.18
– em Cristo, judeus e gentios tem acesso
ao Pai. Por isso, v.19 - não
sois estrangeiros e peregrinos. Agra temos uma pátria e um destino certo. E
só crescemos em
Cristo, v. 20-21. E nessa comunhão somos
constantemente edificados.
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Seja
tolerante! Custou muito caro ser igreja – o sangue de Cristo. Briga na igreja é feio.
Em Cristo - Deus aboliu as
diferenças! Estamos unidos pela fé em Jesus.
Em Cristo
– o desejo de Deus continua sendo a
comunhão do santos, a reunião do seu povo.
Deus
nos fez igreja em
Cristo. Nos deu uma comunhão num povo para louvá-lo. Em Cristo,
Deus nos fez uma nova raça, nação, família, edifício.
A igreja nada mais é do que uma
nova realidade em Cristo. “Pois
foi Cristo quem nos trouxe a paz, tornando os judeus e os não judeus um só
povo. Por meio do sacrifício do seu corpo, ele derrubou o muro de inimizade que
separava os judeus dos não judeus” (Ef 2.14). Amém.
Edson Ronaldo
TREssmann
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