Dia
04 de março de 2018
3º
Domingo na Quaresma
Sl
19; Ex 20.1-17; 1Co 1.18-31; Jo 2.13-22
Tema:
Templos purificados!
Por algumas semanas estudamos o evangelho de Marcos
e já percebemos que há uma diferença entre ordem dos episódios narrados por
Marcos com a ordem dos episódios narrados por João. Na verdade, Mateus, Marcos
e Lucas narram o episódio da expulsão do templo no fim da atividade ministerial
de Jesus, pouco antes da sua prisão, paixão e morte. Esse episódio foi a gota
d’água, foi um dos motivos que levaram as autoridades a prender e matar Jesus.
João, o apostolo, coloca o episódio da expulsão dos
cambistas e vendedores no começo da atividade ministerial de Jesus. Acredito
que o ponto de vista de João, inspirado pelo Espírito Santo é indicar desde o
início aos seus ouvintes que o ponto de encontro entre Deus e o ser humano se
dá em Jesus.
“Alguns dias antes da Páscoa dos judeus” (Jo
2.13, NTLH).
Desde os 12 anos de idade (Lc 2.42)
Jesus ia ao Templo de Jerusalém. Não sabemos indicar com precisão quantas vezes
havia estado em Jerusalém, mas, podemos afirmar que muitas foram as ocasiões.
Com certeza, todas as vezes em que Jesus
ia ao Templo, observava a prática do povo de Deus. Povo que buscava observar a
lei de Deus. No entanto, pela suposta observância da lei, acabaram corrompendo
o templo, o santuário de Deus.
Mesmo que a lei apresentada por Moisés
em Dt 14.24-26 permitisse a compra de animais para o sacrifício, algo incomodou
Jesus.
Desde a construção do tabernáculo no
deserto do Sinai, os judeus aprenderam sobre a importância do tabernáculo,
tanto que a metade do livro de Êxodo trata desse tema. Pelo tabernáculo Deus
habitava em meio ao seu povo pecaminoso (Ex 35.21).
A importância do tabernáculo era que o
mesmo representava a parceria entre o ser humano e Deus para fazer do mundo um
lugar onde Deus pudesse ser revelado.
Após a construção do Templo, os judeus
tinham no Templo o centro do mundo, o lugar onde o céu tocava na terra (Ez
5.5).
Devido a isso, o apostolo João (Jo 2.13)
ao relatar a purificação do templo, indica que o ministério público de Jesus foi
o ministério de um verdadeiro profeta. Pois, assim como profetas anteriormente
enviados por Deus, Jesus também denunciou os desvios do culto no templo. As
celebrações e os sacrifícios ordenadas por Deus não eram mais realizados
conforme a vontade de Deus.
João 2.14 - “no pátio do
templo ...”
Um dos elementos principais do Templo
era o grande altar, onde eram oferecidos os sacrifícios. O sacrifício representava
o mundo animal e o mundo vegetal. Os sacrifícios testemunhavam que tudo que há
no mundo pertence ao criador. O sacrifício representava também um testemunho de
fé, pois as posses eram dedicadas a Deus.
No pátio do Templo, os sacerdotes
lavavam e purificavam os pés e as mãos, simbolizando que deixavam de lado o
materialismo para servir a Deus.
E é exatamente por isso que Jesus se
irrita, afinal, o materialismo havia contaminado toda a prática religiosa. Os líderes
e os sacerdotes fizeram uma interpretação da lei apresentada em Dt 14.24-26 e a
usaram em seu favor.
João
2.15 – “Jesus expulsou todos dali...”
O apostolo João usa uma palavra forte
aqui. Jesus expulsou os
cambistas e vendedores, pois haviam feito da casa de Deus um ponto
comercial.
João 2.15-16
“Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai
um mercado!”
Ao expulsar os cambistas, Jesus
exerce seu ministério profético. Pelo relato da purificação do Templo, Jesus
enfatiza as palavras do Profeta Miquéias (Mq 3.11-12); do Profeta Jeremias (Jr
26.1-18) e do Profeta Isaías (Is 66.1-4).
Ao dizer “Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai
um mercado!” Jesus lembra ainda outras profecias. A profecia de Jeremias:
“Será que
vocês estão pensando que o meu Templo é um esconderijo de ladrões?”
(Jr 7.11); a profecia de Zacarias: “E naquele dia não haverá nenhum vendedor no Templo do
Senhor” (Zc 14.21); lembra também a profecia de Isaías: “Pois a minha
casa será chamada de ‘Casa de Oração’ para todos os povos” (Is 56.7).
Para os judeus o
Templo era um lugar privilegiado de encontro com Deus, mas os líderes a
transformaram em uma verdadeira mina de ouro administrada pelos sacerdotes. Os
sacrifícios com nuances de piedade, era apenas uma fonte de comércio e poder. O
local onde a luz divina deveria brilhar, brilhava a ganância e o poder.
O que precisamos tirar do nosso meio? O que está impedindo que a luz de
Cristo seja revelada em nosso meio? Infelizmente muitos estão
preferindo tirar o evangelho que fala de Cristo.
Em nome do evangelho, muitos líderes estão vendendo
vassouras ungidas, canetas abençoadas, envelopes para fogueira santa, ...
O ataque de Jesus não foi contra o templo. Jesus
atacou a arrogância e a pretensão religiosa. Jesus a atacou a piedade como
fonte de lucro.
João 2.
18-20
Diante desse ataque, os líderes religiosos, pedem um
sinal, ou melhor, pedem as credenciais de Jesus. Ao apresentar as mesmas, Jesus
não
aponta para o passado, mas para o futuro: destruam e eu reconstruirei (Jo 2.19).
É preciso confessar que todos ficaram confusos com
essa declaração. João indica que os discípulos só entenderam essa afirmação após
a ressurreição de Cristo (Jo 2.22).
A ressurreição
faz com que os discípulos compreendam e creiam.
Ao afirmar: “Derrubem este Templo, e eu construirei de novo em três
dias!” (Jo 2.19), Jesus garante que o verdadeiro templo é seu corpo,
morto e ressuscitado!
João
2.23-25
Jesus termina dizendo que conhece a natureza humana
e sabe que a mesma é incrédula.
O
que esse texto nos ensina?
Ensina que ainda muitos estão pedindo as
credenciais de Jesus. Querem um sinal. Desejam mostrar a autoridade de Jesus. Mas,
infelizmente muitos estão esquecendo que a credencial, o sinal e a autoridade de
Jesus é manifestada em sua morte e ressurreição.
Não há igreja cristã sem a mensagem da
ressurreição. A verdade é que a mensagem que caracteriza e distingue o
cristianismo de outras religiões é a mensagem da ressurreição.
Nesse período de quaresma muitas pessoas estão
oferecendo sacrifícios. Querem agradar a Deus por seu jejum, suas esmolas e
romarias.
A mensagem da restauração do templo é tão atual
como foi na época do ocorrido. As pessoas precisam entender que sem Jesus, o
jejum quaresmal, a piedade, as ofertas, os dízimos, não passam de mera
religiosidade aparente.
O ser humano não está conectado a um
santuário físico. O “povo de Deus” não precisa mais ir à Jerusalém e
oferecer sacrifícios de animais. Na pessoa de Jesus todos adoram
verdadeiramente em espírito e em verdade. Em Jesus somos templos renovados. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
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