Dia
25 de fevereiro de 2018
2º
Domingo na Quaresma
Sl
22.23-31; Gn 17.1-7,15-16; Rm 5.1-11; Mc 8.27-38
Tema:
É necessário!
João Marcos descreve a relação de Jesus
com seus discípulos. E nessa relação há um verdadeiro objetivo de Jesus, Ele
quer ensinar seus discípulos o que de fato é necessário.
O que é necessário em sua vida hoje? O que é necessário para a
igreja hoje?
Para ensinar sobre a principal necessidade
dos discípulos, da igreja, e de toda a humanidade, num momento delicado no
ministério de Cristo, o mesmo questiona os seus sobre o que as pessoas estavam
dizendo quem ele era. Quem dizem os homens ser eu?
Jesus quer ouvir dos seus discípulos
como ele estava sendo identificado na sociedade da época. Os discípulos revelam
os que a pesquisa apontava, ou seja, Jesus era identificado com João Batista,
Elias, qualquer outro profeta.
A identificação com João Batista era
porque Jesus e João Batista foram vistos juntos muito pouco, ou quase nada,
fora aquele encontro no batismo.
Sua identificação com Elias, se deve ao
fato da profecia do profeta Malaquias de que o sol da justiça viria guiado por Elias. Jesus era Elias, não o
salvador.
Ao ser identificado com um dos profetas do
antigo testamento, devia-se a lembrança da profecia anunciada por Moisés (Dt
15.15-20). Uma identificação genérica.
A pesquisa da época apontava a tendência
do pensamento reinante. Já observamos essa tendência em Marcos 6.14-16. Os
judeus acreditavam que nos fins dos tempos, grandes personagens da história se
manifestariam novamente.
Após ouvir a tendência corrente entre o
povo, Jesus, e é isso que João Marcos quer transmitir, queria saber sobre a
opinião dos discípulos.
Os discípulos já haviam vivenciado
muitos ensinamentos de Jesus. Esses homens que já haviam convivido com Jesus
muitos momentos durante o ministério na Galileia, deveriam ter outra opinião do
que a corrente entre o povo.
Jesus pergunta, no entanto, sendo um
momento crucial para o ministério de Jesus, momento em que inicia sua caminhada
rumo a cruz, rumo à Jerusalém, Jesus busca uma afirmação dos discípulos. Até o
momento, os demônios já haviam afirmado que Jesus era o Cristo (Mc 1.24; 3.11;
5.7).
Jesus pergunta: “E vocês, quem dizem que eu sou?”
(Mc 8.27). Na caminhada, Jesus quer saber dos que estão mais próximos dele, como o chamavam? Ou, o que afirmavam sobre ele?
João Marcos escreveu seu evangelho com o
objetivo de apresentar quem é o Cristo.
E no momento crucial do ministério é preciso
saber quem os seus discípulos diziam ser Jesus.
Diferentemente do povo, diferentemente
da ideia geral do povo, os discípulos por Pedro afirmam: Tu és o Messias.
Cristo o ungido
– aquele que foi prometido que viria.
Falar que Jesus era o Cristo era dizer
que Jesus era o rei, pois, Cristos tem uma semelhança no seu significado com
o título basileus,
rei. O rei era o ungido. Confessar que alguém era o
messias era confessar o aspecto real desse alguém. Os discípulos estavam
consoantes com as primeiras palavras de Jesus apresentadas no evangelho de
Marcos: “O
tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; ...” (Mc 1.15).
A resposta dos discípulos a respeito do
pensamento do povo e a resposta dos próprios discípulos já era uma resposta dada
por outro alguém. A resposta do povo, mostrava a opinião geral do povo a
respeito de Cristo. A resposta dos discípulos foi dada pelo poder do Espírito
Santo (Mt 16.17).
Tanto o povo, bem como os discípulos,
tiraram a resposta de algum lugar. O povo, dizia quem era Jesus a partir de um
consenso geral entre as pessoas. Os discípulos souberam responder por causa do
poder do Espírito Santo e porque estavam sempre na companhia de Jesus.
O verso 27
descreve que Jesus e os discípulos estavam caminhando.
João Marcos descreve quem é Jesus. E o
apresenta na visão dos que estão fora do caminho e daqueles que estão na
caminhada com Jesus.
Quem
é Jesus?
Para saber quem Jesus é, os que estão no
caminho precisam constantemente ser ensinados que era necessário que o Filho do homem
sofresse muitas coisas, fosse rejeitado ... morto ... e ressuscitasse
(Mc 8.31).
É necessário
– deve
acontecer - Verbo δεω que é usado
nos evangelhos para designar aquilo que conforme o propósito divino deve
ocorrer para que os planos de Deus se realizem.
Essa pequena palavra: “é
necessário” é como estar na frente de um trilho de trem com a placa: Pare! Olhe!
Escute!
João Marcos relata o episódio da
confissão de Pedro não por mero acaso, mas por julgar o ensinamento de Jesus
nesse exato momento como sendo algo necessário, urgente e importante. Jesus ensinando
a partir de agora, ou seja, a partir da confissão de Pedro que o Filho do homem
deve sofrer muitas coisas.
Jesus disse: “era necessário que ... fosse
rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, ...”
(Mc 8.31).
Com
essas palavras Jesus indica que àqueles que eram responsáveis pelo testemunho
da palavra de Deus e propagar a obra do Messias o rejeitarão.
No evangelho de Marcos, essa é a
primeira vez que Jesus é claro com aquilo que acontecerá com ele. A
crucificação de Jesus não é um acidente de percurso. É um projeto divino.
Pare!
Olhe! Escute! É
necessário – isso precisa acontecer!
Só sabe que isso foi preciso quem está
no caminho, ou seja, os que estão na companhia de Cristo. Por isso, no verso 30 vemos a proibição de Jesus que
a ninguém isso fosse contado.
O messianismo de Jesus só é entendido pela obra da cruz.
Sem o morrer e o
ressuscitar, há um falso cristianismo. Sem a cruz, sem a paixão, não há cristianismo.
Por um momento, Pedro reconheceu pelo
poder do Espírito Santo que Cristo era o Ungido de Deus. Mas, por si mesmo,
Pedro passa a censurar Jesus (Mc 8.32). Não se consegue olhar para a cruz por
si mesmo. É preciso o poder do Espírito Santo (1Co 12.3).
Por si mesmo, Pedro apenas cogitou, ou
seja, não estava em sintonia com o plano de Deus. Não estava em harmonia e nem
com o mesmo ponto de vista.
O diabo sempre quis afastar Jesus da
cruz. E nesse momento, o diabo age, defendendo o Cristos - o rei do mundo. O diabo quer que se negue o sofrimento de
Cristo. Tudo o que Jesus ouviu do diabo após seu batismo, ouve agora daqueles
que estavam no caminho.
Jesus responde aos seus amigos, pois
quer ensiná-los: “tu não pensas como Deus quer e sim como homens” (Mc 8.33). Considerar as coisas de Deus é ir a cruz.
O plano de Deus é a cruz. Jesus
precisa morrer na cruz para reconciliar o homem com Deus. O plano do diabo e
daqueles que não estão em harmonia com os planos de Deus é evitar a cruz.
O
plano de Deus passa pela cruz. E é exatamente por isso
que no verso 34 Jesus disse: “se alguém quer
vir após mim, negue-se a si mesmo”.
Jesus não está dizendo que as pessoas
não podem ter desejos. Negar a si mesmo é negar a tendência natural
de querer um Deus que se manifesta na cruz.
Jesus
está ensinando aos seus discípulos que é preciso tomar partido. E
o partido cristão é a cruz. Aos coríntios, Paulo escreveu que prefere pregar a
loucura do evangelho ao invés da sabedoria humana que afasta da cruz.
Negar a si mesmo é negar o que há de
mais profundo dentro de mim. E dentro de mim, por mim mesmo, sempre busco me
auto justificar. Mas, quando acho que estou forte, daí algo me passa uma
rasteira e me mostra que sem Cristo eu estou perdido.
Pedro
acabou de testemunhar a fé e depois logo nega o sofrimento de Cristo.
Negar a si mesmo é dar um basta a minha
fidelidade como auto promoção, ou auto justificação. Sem Cristo, não estou em
paz com Deus. E reconhecer a Cristo só é possível pelo poder do Espírito Santo.
O maior inimigo do ser humano, aliado a
satanás é desviar-se da obra de Cristo. Todos nós corremos o risco de nos
afastar da obra de Cristo. Sem a obra de Cristo na cruz, não há salvação, pois,
a salvação é a maior necessidade humana.
No verso
35 Jesus disse: “aquele que quer salvar a própria vida”. Essa é
a tendência humana, salvar-se a si mesmo. Como é possível salvar a si mesmo?
Quem ignora o caminho de Cristo, o
caminho da cruz, acabará sendo destruído. Jesus disse: “aquele que quer
salvar a própria vida a perderá; e quem perder a vida por minha causa e por
causa do evangelho, esse a salvará” (Mc 8. 35).
Com o uso do verbo απολέσει que significa ser
destruído, perder, de acordo com João 3.16 “para que não pereça...” seja condenado, Jesus ensina aos seus
discípulos que “aquele
que perder a sua vida por causa de mim e do evangelho a salvará”.
Jesus fala sobre uma vida a caminho, ou
seja, uma vida ligada a obra de Cristo. Negar essa obra é perder a vida.
No
verso 38 ouvimos as palavras de Jesus: “aquele que por ventura se envergonhar de
mim e das minhas palavras nesta geração que é adúltera (idolatria
A.T.) também
o filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória com os anjos”.
A
obra de Jesus está ligada ao fim. Em Cristo o fim não é o fim.
Viver com Cristo é viver eternamente na
comunhão com Deus.
O texto (Mc 8.) é
muito próprio para refletir sobre o que
é de fato necessário. A paixão e morte de Cristo é necessária para a história da
humanidade.
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