terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Na provação - Confissão!

Dia 18 de fevereiro de 2018
1º Domingo na Quaresma
Sl 25.1-10; Gn 22.1-18; Tg 1.12-18; Mc 1.9-15
Tema: Na provação – Confissão!

As pessoas gostam de histórias tocantes!
A pessoa que não conhece o final da história e a acompanha, depois de descobrir o seu final fica tocado com a história do quase sacrifício de Isaque.
Essa fantástica história descrita por Moisés (Gn 22.1-18), relata apenas o episódio, mas nada nos proíbe pensar na pressão psicológica para o pai Abraão. Ele havia aguardado por vinte cinco anos o cumprimento da promessa de ter um filho, e agora Deus o nisah, ou seja, “prova”. Após anos de espera, após a promessa de que por meio de Isaque faria uma grade descendência, agora de um momento para outro, Deus o prova, sem Abraão saiba e pede o sacrifício de Isaque.
Toda a história se desenrola no monte Moriá. Mil anos após esse episódio, esse local foi comprado por Davi de Ornã para nele ser construído o Templo de Jerusalém (1Cr 21.18; 2Cr 3.1). O monte Moriá (2Crônicas 3.1) é o morro de Jerusalém, onde Salomão construiu o Templo.
Abrão é um exemplo de fé e essa fé é demonstrada nesse relato extraordinário.
Abraão não sabia como a história iria terminar. Deus sim! Deus prova seus filhos. Assim como Deus havia solicitado, Abraão foi sacrificar seu filho. Para ele o fim seria voltar para casa e explicar para Sara o que havia feito.
Pode-se pensar que Abraão tenha orado a exemplo de Jesus no Getsêmani: “Pai, se for possível, passa de mim este cálice”. Deus passou, mas de uma maneira espetacular.
Abraão passou por um teste! O teste de Deus.
O relato bíblico termina assim como se iniciou, ou seja, Deus falando. Quando Deus não está falando, Abraão fala o essencial. E nessa fala, mesmo sem saber, apenas pela fé, Abraão faz uma belíssima confissão de que Deus resolveria tudo da melhor maneira: “... eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós” (Gn 22.5).
Abraão vivia, caminhava e falava movido pela fé. Outra confissão de fé se deu quando seu filho, aquele que seria o sacrifício perguntou: “...onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22.7). Nesse momento Abraão respondeu convicto que: “...Deus proverá para si, ...” (Gn 22.8).
Deus Proverá!
A palavra daah aparece três vezes no texto (v.7,8,14). Ao fazer uso da palavra daah, Moisés autor do relato Bíblico, inspirado pelo Espírito Santo confirma que Deus vê e provê. Deus sabe o que os seus filhos precisam, Deus vê o que de fato seus filhos necessitam, e provê todo o necessário a seu tempo.
A Bíblia diz que Deus prova seus filhos e filhas! O apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos diz que as tribulações levam a esperança. A tribulação é a oficina da esperança.
Em muitas das provações vê-se que o povo de Deus falhou. O episódio descrito em Êxodo 17 mostra que Moisés e o povo falhou na prova enviada por Deus. O rei Ezequias também foi provado (2Cr 32). Nessa provação, Deus permitiu que Ezequias tomasse uma decisão errada (2Cr 32.31) e arcasse com suas consequências.
Abraão não sabia o que, quando e como Deus iria prover, mas pela fé confessou que Deus proveria.
Deus proverá é uma afirmação de fé!
Ao dizer que Deus iria prover, é como se Abraão estivesse dizendo, “meu filho, não vamos pensar nisso agora. Vamos apenas subir o monte e lá veremos o que irá acontecer”.
Diante da provação, é possível observar duas afirmações de fé: “Voltaremos” (Gn 22.5) e “Deus proverá para si” (Gn 22.8). Abraão caminhava, agia e falava pela fé. Eram anos vivendo sob a dependência de Deus. A fé não compreende, ela apenas crê. A fé apenas espera. E espera nos piores momentos da vida.
Não estava sendo fácil para Abraão, mas, ao mesmo tempo estava sendo mais fácil que muitos conseguem imaginar. Afinal, caminhar, agir e viver pela fé é diferente de tudo que se possa explicar. A perspectiva do cristão é que Deus sempre faz o que é melhor para seus filhos. E a provação é um desses feitos divinos.
Deus prova seus filhos (1Ts 2.4) para que aprendam a viver na prática da fé. A fé torna os filhos e filhas íntimos de Deus. E essa intimidade se dá pelas provas as quais os filhos são submetidos. Abraão foi submetido a uma dura prova, mas, tenha certeza, saiu do teste ainda mais fortalecido e o mesmo aconteceu com Isaque.
Na fronteira da terra prometida, Moisés, aquele que não poderia entrar na terra prometida por ter falhado em um teste, ressaltou ao povo: “Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava o teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos” (Dt 8.2). Nas provações e humilhações provindas de Deus, seus filhos e filhas são ensinados a viver sob a total dependência de Deus (Dt 8.5; Sl 119.71).
Quando Satanás, um ser celestial, que integrava a corte do Senhor e dialogo familiarmente com Deus, diz que havia acabado de rodear a terra e passear por ela. Ao que Deus lhe pergunta: “Observaste o meu servo Jó?” (Jó 1.8). Ao que o anjo questionou: “Será que não é por interesse próprio que Jó te teme?” (Jó 1.9).
Quão atual é essa provação: “cristãos que servem a Deus em busca de uma recompensa”.
Como o cristão está se portando na enfermidade? Jó, não se rebela contra Deus, na verdade, se curva em humildade e arrependimento confiante no amor de Deus.
A provação é um meio de Deus para que seus filhos o busquem na sua Palavra e estimula a oração (Sl 50.15; Tg 5.13).
Não pense que a provação pela qual você está passando é mais intensa que de outros, pois não é. Deus, em seu amor e misericórdia, sabe a medida, intensidade e duração do teste. Observem Abraão, ele estava com tudo pronto para sacrificar o filho, Deus, sem nenhum adiantamento e nem atraso disse: “Não estenda a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho” (Gn 22.12).
A provação é um meio divino pelo qual age para o bem da alma do pecador.
O teste de Abraão foi no monte Moriá. Monte Moriá significa “Deus se faz ver”. Moriá faz parte da cadeia de montanhas da qual o calvário fazia. Moriá e o Calvário estava distante 300 metros um do outro.
Deus se fez ver pela fé de Abraão e anos mais tarde, com o sacrifício do seu único filho Jesus.
A provação é um meio divino pelo qual Deus faz com que o mundo veja seu amor e misericórdia. Deus se faz ver pela nossa caminhada e ação na fé.
No princípio do teste, Abraão deve ter criado uma certa confusão mental. Será que esse Deus é semelhante aos deuses que adorava anteriormente? Ele me pede que eu sacrifique meu filho. Mas, isso é um costume pagão, dos muitos deuses cananeus. No entanto, ao final do teste, Abraão, pela fé novamente descobriu que Deus é diferente. Na provação, Deus quer tirar do nosso coração qualquer rival, qualquer outro deus.
O segundo mandamento cai nesse momento em minha cabeça. Deus disse: “Não tomarás em vão o meu santo nome...”. Tomar o nome de Deus em vão é deixar de lado a prática da fé, pela oração, louvor e agradecimento nos piores momentos da vida.
Abraão na sua pior provação apenas caminhou, viu tudo, e falou com fé. Na provação, cada filho e filha é convidado a caminhar, ver e falar pela fé. Amém!

Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann

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