30 de Julho 2017
8º Domingo após
Pentecostes
Sl 125; Dt 7.6-9;
Rm 8.28-39; Mt 13.44-52
Texto Base: Rm 8.28-39
As
boas coisas que Deus tem preparado para nós!
Você
deseja coisas boas? O que são essas coisas boas?
Essa semana, o jogador do flamengo
Ederson, anunciou que está com um tumor no testículo. Em sua entrevista
destacou também que "é até grato pelo o que aconteceu. Tenho 16 anos de carreira
profissional e nunca aconteceu de cair no doping três vezes. Deus é bom e
permitiu isso para descobrir o problema. Não quero ver ninguém com carinha
triste ou de choro...”
Minha pergunta é: e se o tumor tivesse sido descoberto no
final e não houvesse mais muita possibilidade de cura? Deus deixaria de ser
bom? Não me refiro especificamente a essa situação, mas, as muitas famílias
que não tiveram tal sorte.
Corremos o grave risco de ver Deus como
bom, maravilhoso, apenas nos bons momentos. E é justamente para compreender o
que são as coisas boas para as quais Deus converge tudo para o bem das pessoas
é que temos diante de nós as palavras de Romanos 8.28-39.
As boas coisas que Deus tem preparado para nós!
1 – A vida no Espírito
O
que são as coisas boas que desejamos? Saúde, riquezas,
família, bom vizinho, boas amizades, trabalho, ...
É preciso destacar que Deus nos concede
todas essas coisas, afinal, essa é a nossa confissão através das palavras do
credo apostólico: Creio em Deus Pai, todo
poderoso, criador do céu e da terra. E por isso que agradecemos e pedimos
na oração do Pai Nosso: o pão nosso de
cada dia nos dá hoje.
Não tenho dúvida nenhuma que Deus nos
concede muitas dessas boas coisas que desejamos. No entanto, quando o Espírito
Santo inspirou o apostolo Paulo a escrever: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”
(Rm 8.28), o objetivo era mostrar que as coisas boas de Deus envolve muito mais
que as coisas boas que desejamos nesse mundo.
Martyn Lloyd-Jones (1899 – 1981)
ressaltou que o tema principal de Rm 8 é a segurança do cristão. E a segurança
do cristão está justamente na maravilhosa obra do Espírito Santo, ou seja, ele
liberta, habita, santifica, guia, testifica, ressuscitará os filhos de Deus (Rm
8.1-17); o Espírito Santo testifica que há glória futura (Rm 8.18-27); o
Espírito Santo através do chamado, da predestinação para salvação, da
conversão, da justificação, mostra aos filhos de Deus que o seu amor é
inabalável, e Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam e não
permitirá que nada separe seus filhos de seu amor (Rm 8.28-39).
O cristão está seguro em sua vida no
Espírito e não pela sua vida na lei. Tanto que esse é o contraste entre o
capítulo 7 e 8 de Romanos. No capítulo 7, Paulo dedicou-se a escrever sobre o
papel da lei, no capítulo 8, sua dedicação é escrever sobre a obra do Espírito
Santo. Há um verdadeiro contraste entre a fragilidade da lei e o poder do
Espírito. O pecado que habita em todos os seres humanos, nos impede e atrapalha
cumprir a lei de Deus (Rm 7.17,20). O Espírito Santo, ao contrário, habitando no
ser humano, além de libertar “da lei do pecado e da morte” (Rm 8.2), também é
a garantia da “ressurreição
e eterna glória” (Rm 8.11,17,23). A segurança do cristão está na sua
vida no Espírito. John Stott escreveu que em meio aos sofrimentos e das coisas
ruins desse mundo, o cristão é sustentado pela esperança da glória que há de
vir. E toda esperança cristã tem como fundamento o inabalável amor de Deus.
Romanos 8.28 já foi comparado a um
travesseiro sobre o qual descansar a nossa cabeça fatigada.
As boas coisas que Deus tem preparado para nós!
2 – Um chamado, uma escolha e a justificação.
O filho de Deus, pela ora do Espírito
Santo e não por causa da lei, são os que sabem. O apóstolo Paulo escreveu que “sabemos”
(Rm 8.22,28). O cristão, aquele que vive sua vida no Espírito sabe. Sabe o que? Sabe que toda a criação
sofre por causa da queda em pecado (Rm 8.22), e sabe que está sobre o cuidado
providencial de Deus (Rm 8.28). O que nos chama atenção é que Paulo diz que
mesmo sabendo essas duas coisas, nós não sabemos como orar (Rm 8.26).
A vida cristã é uma vida de tensão. A
tensão entre o que sabemos e o que não sabemos.
Sabemos que todas as coisas cooperam
- (todas as coisas concorrem, contribuem) do grego sinergia.
O dicionário define sinergia como “ação associada de dois ou mais órgãos,
sistemas ou elementos anatômicos ou biológicos, cujo resultado seja a execução
de um movimento ou a realização de uma função orgânica”.
Para aqueles que amam a Deus - todas as
coisas convergem para o bem.
Enquanto que a riqueza, o conforto, a
saúde, ... são coisas boas para nós. Deus, vai além, e nos dá uma coisa bem
melhor e faz tudo convergir para essa coisa boa. Deus faz tudo convergir para trazer
a pessoa para sua glória. Para dar-lhe a salvação. Alguma coisa em sua vida está ruim? Deus está convergindo isso para
salvá-lo. Deus trabalha em cima de projetos eternos (Rm 8.29 e 30). Por pior
que esteja sendo o momento, em Jesus, pelo poder do Espírito há um laço amoroso
que Deus quer ter e tem com muitos (Rm 8.35). Esse laço amoroso de Deus em
Jesus, ultrapassa a própria morte (Rm 8.38 e 39).
Deus atua nesse mundo com o objetivo de
salvar o ser humano (1Tm 2.4). No entanto, o apostolo Paulo diz que “todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, ...” (Rm 8.28). Quem são esses que amam a Deus? Já são
os chamados, os escolhidos, os justificados. No entanto, Deus deseja e quer
salvar outros, afinal, ele ama a todos.
O ponto é que o cristão não pode se
sentir ignorado ou até mesmo rejeitado por Deus quando está sofrendo. O grande
perigo para a fé cristã, são as pregações que afirmam que o cristão não sofre.
É preciso ter cuidado. Jesus alertou que “No mundo, passais por aflições; mas, tende bom ânimo; eu
venci o mundo” (Jo 16.33).
As boas coisas que Deus tem preparado para nós!
3 – A salvação.
Vamos lembrar do homem de quem Jesus nos diz na parábola (Mt 13. 44 - 45). O mesmo está
procurando pérolas, ou seja, está buscando uma satisfação pessoal, riqueza.
Busca por coisas boas. Mas, encontra algo muito mais valioso. “O reino do céu é como um tesouro escondido num campo, que certo homem
acha e esconde de novo. Fica tão feliz, que vende tudo o que tem, e depois
volta, e compra o campo” (Mt 13.44). Esse homem, assim como
tantos hoje, estava vivendo sua vida normalmente. Estava voltado para muitas
coisas boas, mas não para as coisas de Deus. No entanto, de repente, se
defronta com a Palavra de Deus e por esta Palavra foi chamado e iluminado.
Ouvindo a voz do
evangelho, a pessoa reconhece que o maior de todos os tesouros é o Reino de
Deus. “O reino do céu é também como um comerciante que
anda procurando pérolas finas. Quando encontra uma pérola que é mesmo de grande
valor, ele vai, vende tudo o que tem e compra a pérola” (Mt 13.45-46).
As duas parábolas,
do tesouro escondido e da pérola (Mt 13.44-52), apresenta que inesperadamente,
na rotina diária, homens são confrontados com a Palavra de Deus. Pela semente
do evangelho são chamados à fé. Pelo evangelho reconhecem a graça de Cristo.
Cristo é o maior tesouro. Diante da Palavra de Deus só resta confessar que
Cristo com seu Reino é o maior tesouro.
Nesse mundo caído, que geme e suporta
angústias (Rm 8.22), é preciso que o cristão saiba que Deus age e converge
todas as coisas com o objetivo de salvar.
O apostolo Paulo dá a melhor resposta ao
sofrimento e a dor para os filhos de Deus nesse mundo caído. Muitas vezes não vemos
nada de bom nos desastres e sofrimentos desse mundo. No entanto, esse mundo
caído e sofredor, que geme, não é o todo da realidade. Há uma realidade
fantástica, ou seja, a eternidade. Por isso, não deixe de carregar a sua cruz
por ser filho de Deus. Pois, se nesse presente, carregamos a cruz, assim como
Cristo tomaremos posse da vida eterna.
É preciso que os cristãos aprendam a
definir o que é bom. Se definirmos “bom” apenas as coisas que vemos nesse mundo, perderemos
de vista o “bom”
que Deus em Jesus já nos preparou (Rm 8.18). Amém!
Rev. Edson Ronaldo
Tressmann
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