18 de junho de 2016
2º Domingo após Pentecostes
Sl 100; Ex 19.2-8; Rm 5.6-15; Mt 9.35.10.8
Tema: A chegada da misericórdia!
As turnês de artistas de são
muito concorrida. Quando o público fica sabendo da turnê de algum cantor ou
banda de sucesso, em poucos minutos os ingressos se esgotam. Para mim é uma pena
que as turnês desses artistas são realizadas apenas em cidades populosas.
Os relatos bíblicos
mostram que Jesus esteve numa turnê em toda a região da Galiléia (nas cidades,
aldeias e vilas). A região da Galiléia era composta por mais de 200 cidades e
vilas. A turnê de Jesus era um verdadeiro espetáculo: composto por ensino (proclamação), pregação e cura.
Se esse espetáculo pudesse receber um nome, o nome seria: a chegada da misericórdia.
Numa dessas cidadezinhas,
a reação de Jesus foi surpreendente, ou seja, além do normal. Jesus contemplou
a condição de uma multidão. A contemplação não foi por causa da pobreza
material ou por serem maltrapilhos. Nada disso. Jesus contemplou a condição
espiritual. A multidão era composta por “ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36).
Nos capítulos 8 e 9 do
evangelho de Mateus, observamos Jesus contemplando as necessidades físicas, ou
seja, as enfermidades das pessoas. A partir do capítulo 10, a preocupação de
Jesus se concentra nas necessidades espirituais. Por isso, as palavras dos
versículos 35-38 do capítulo 9, narram a necessidade da expansão da igreja.
Qual é o motivo para a expansão da igreja? As multidões estão aflitas e exaustas. Os
termos gregos nos revelam que as multidões estavam assediadas e desamparadas.
Conforme registra o evangelista Mateus, as multidões era “ovelhas sem um guia pelo caminho e sem
proteção”. Essa continua sendo a motivação para a expansão da
igreja. E para que essa expansão da igreja ocorra é necessário ter a mesma
reação de Jesus. Qual? Jesus sentiu “compaixão”.
Compaixão é um termo que aparece 5 vezes em
Mateus e 12 vezes em todo o Novo Testamento. Compaixão significa “a torção dos
intestinos”. É o mesmo sentimento do pai do filho pródigo ao vê-lo
voltar ainda longe.
O intento de Jesus é que
seus discípulos sintam o mesmo pelas multidões. Por isso, primeiro, chamou a atenção
para a necessidade de trabalhadores para a colheita; segundo, pediu que orassem
por mais obreiros; terceiro, comissionou e preparou os discípulos para sair e
ministrar a multidões necessitadas.
Para que os discípulos ministrem adequadamente é
necessário que vejam a necessidade espiritual da multidão. É preciso amar os ouvintes. Precisam sentir uma compaixão genuína e
profunda pela multidão. E preciso perceber que
sozinho não dá conta de toda a missão, por isso, ora todos os dias para que
haja mais e mais obreiros.
Jesus recomenda: Rogai
(v. 38). O verbo grego é deomai e significa ter falta ou necessidade. Ou seja,
Jesus ao dizer rogai
está dizendo, sintam falta de
trabalhadores e roguem pelos mesmos. Eu sinto tanto a falta de
mais um colega, afinal, temos tantos desafios, falta tantos pastores à IELB. Roguemos.
Lembre-se: Nossa
tarefa é orar a de Deus é enviar.
A falta de obreiros não
se deve a indisposição de Deus em chamar e enviar.
Interessante é que Jesus
fala sobre a falta de obreiros num período em que havia muitos líderes
religiosos em Israel (verifique Ezequiel 34.2). Mas, os mesmos não estavam
agindo como enviados de Deus. Não anunciavam o que de fato Deus anunciava.
Vamos continuar no relato
bíblico.
Mateus 10.1-4.
Durante muitos meses, Jesus escolheu seus discípulos.
Os primeiros foram os
discípulos de João Batista (Jo 1.35-51).
Jesus dedicou-se uma
noite em oração e escolheu de entre seus seguidores os 12 que estariam
intimamente associados com ele (Lc 6.12-16).
Jesus passou a lhes ensinar com exemplos e preceitos.
Eles aprenderam do próprio Jesus a respeito da missão de Deus. E assim, após um
longo período de preparação, inclusive a do reconhecimento das necessidades
espirituais das pessoas e sentir compaixão por elas, os enviou sob sua
supervisão.
O capítulo 10 é o desfecho do método de Jesus.
Ele chamou, preparou,
autorizou e delegou homens para representa-lo no mundo. Como representar Jesus nesse mundo? “Jesus deu autoridade” (Mt 10.1).
“toda
autoridade me foi dada, vão” (Mt 28.19-20). A igreja, os discípulos,
agem e servem sob a autoridade de Jesus. Sob essa autoridade realizamos a mesma
missão daquele que nos enviou Jesus. Sob a autoridade de Jesus, a igreja e os
discípulos: proclamam,
pregam e curam. A proclamação e a pregação não está especificada
nessa texto, mas fica evidente em Mt 28.18-20.
Após chamar e enviar seus
discípulos, no verso 2, os discípulos são caracterizados de apóstolos. Essa é a
única vez em que Mateus emprega esse termo. Qual é o objetivo de Mateus em apresentar
essa mudança de nomenclatura (discípulo – apóstolo)? Discípulos são
aprendizes sem autoridade recebida para efetuar algo. Apóstolo implica ter aprendido e ter sido
enviado sob autoridade de Jesus.
O termo apóstolo deriva
do verbo apostéllo, e significa alguém enviado
e com a
autoridade para representar outro como um embaixador.
O Novo Testamento usa o
termo apóstolo em dois sentidos: particular e geral. Em sentido
particular só houve 12 apóstolos, se contarmos o apóstolo Paulo (2Co 11.5;
12.11), são 13. Em sentido Geral pode-se acrescentar a lista de
apóstolos, Barnabé (Atos 14.13-14); Matias (Atos 1.26); os irmãos de Jesus (1Co
9.5; Gl 1.19); Andrônico e Júnia (Rm 16.7). O próprio Jesus foi chamado de
apóstolo (Hb 3.1).
No Novo Testamento a
lista com 12 apóstolos aparece quatro vezes (Mt 10.2-4; Mc 3.16-18; Lc 6.14-16;
At 1.13). Geralmente Pedro aparece primeiro não por ser infalível (Mt 16.23; Gl
2.11) ou estar acima dos demais (1Pe 5.1). Judas é sempre o ultimo e nem aparece
na lista de Lucas em Atos.
Após delegar os discípulos
para agir em nome de Jesus sob sua autoridade e os nomear como apóstolos. Jesus
apresentam a série de instruções aos novos apóstolos quanto a missão de devem
realizar (Mt 10. 5-15). A
missão de graça, misericórdia e fé. Recebida por uns e ignorada por
outros.
O que chama atenção é o
fato de Jesus limitar o alcance da missão dos apóstolos (Mt 10.5). Um alcance
temporário (Mt 28.18-20).
É preciso e convém
ressaltar que primeiro o evangelho deveria ser pregado aos judeus e depois aos
gentios (Rm 1.16). Isso pelo fato de, se porventura Jesus e os discípulos
tivessem ido primeiro aos gentios, os judeus teriam argumentos para rejeitá-lo.
A missão aos gentios só foi direcionada após a rejeição dos judeus. A missão
deveria iniciar-se por algum lugar e começou na localidade mais próxima e no
meio de um povo que lhes era comum. As “ovelhas perdidas da casa de Israel” – um povo
com necessidade do evangelho. A missão era de misericórdia (At 9.36-43;
20.9-10; 16.18).
Conforme Mt 10.8, a missão
era de graça. Aqui não se trata de valores em dinheiro. O texto refere-se a mordomia completa do ministério. Ninguém pagou
para entrar no reino, não cobrem para que outros entrem no reino. O serviço
cristão não é realizado por dinheiro, mas pela misericórdia. Afinal, a turnê de
Jesus se caracterizou pelo
ensino (proclamação), pregação e cura. Com Jesus, eis que chegou a misericórdia.
Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
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